Franz Schubert (1797-1828): Sinfonias Nº 8 (Inacabada) e Nº 9 (A Grande) (Savall)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Savall tem o toque de Midas. Neste CD, ele lança o seu primeiro álbum de Schubert, na sequência de uma gravação das sinfonias completas de Beethoven que muito contribuiu para renovar a nossa visão do repertório romântico inicial. O maestro catalão apresenta uma gravação liberta do peso das tradições passadas para sublinhar a dinâmica, o equilíbrio de secções e os timbres que se impõem neste repertório. Jordi Savall decidiu intitular este álbum de Transfiguração, porque, como ele explica, sempre nos surpreendemos com a capacidade de Schubert de atingir essa dimensão essencialmente interna e espiritual, esse tipo de Transfiguração, que ele simplesmente resume da seguinte forma em seu diário em 1824: “Minha produção é fruto do meu conhecimento musical e da minha dor” ou, para citar um poema que escreveu um pouco antes: “Quando eu queria cantar o amor, virava dor. Quando eu quis cantar a dor, ela se transformava em amor.”

Franz Schubert (1797-1828): Sinfonias Nº 8 (Inacabada) e Nº 9 (A Grande) (Savall)

1. Symphony No. 8 in B Minor, D. 759 ‘Unfinished’: I. Allegro moderato (14:41)
2. Symphony No. 8 in B Minor, D. 759 ‘Unfinished’: II. Andante con moto (09:57)

3. Symphony No. 9 in C Major D. 944 ‘The Great’: I. Andante · Allegro ma non troppo – Più mosso (15:26)
4. Symphony No. 9 in C Major D. 944 ‘The Great’: II. Andante con moto (13:55)
5. Symphony No. 9 in C Major D. 944 ‘The Great’: III. Allegro vivace – Trio – Scherzo da capo (16:27)
6. Symphony No. 9 in C Major D. 944 ‘The Great’: IV. Allegro vivace (15:27)

Le Concert des Nations
Jordi Savall

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Jordi Midas Savall

PQP

4 comments / Add your comment below

  1. Franz Schubert Sinfonia Nº 8 É o meu favorito de suas sinfonias. Estou ansioso para ouvir o CD, muito. Imagine a música que estaríamos ouvindo se Schubert tivesse vivido uma vida longa? Obrigado pela devoção à boa música.

  2. Gosto muito de um conto do Tchekhov cujo personagem, único escritor de uma vila, não dispõe de respeito e reconhecimento de seus vizinhos, e a certa altura, amargurado, ironiza as “bagatelas francesas”, obras a um só tempo banais, desimportantes e famosas, a chamar a atenção de todos. Conheci este álbum de Savall por causa de uma postagem do Carlinus lá no Ser da Música. Me abalou completamente. Sem dúvida, há como enquadrá-lo historicamente em meio aos estendais de registros deste repertório. Citaria, neste sentido, o diálogo possível com a abordagem de Harnoncourt (Concertgebouw). Seguem a mesma atmosfera, Harnoncourt representa, contudo, maior aspereza, com atravessamentos crus, não com certo brilho e detalhamento aqui vistos.  E assim, este registro de Savall soa mais musical, mantendo-se a experiência angustiante dessa obra, em especial a inacabada, que guarda muito da grandeza humana. Não importam tanto a abordagem interpretativa, os desdobramentos e escolas, Harnoncourt e agora Savall me remetem àquela grandeza e gravidade a arte exige em seu altar, pois a incabada não é mera peça de moda, de charme, elegância, não é nenhum assoprar melancólico e contemplativo moderno,  exprime, sim, uma questão decisiva humana, e não há, assim, tempo para questões mesquinhas. Jordi Savall é um daqueles cada vez mais raros servos da arte, para quem a arte é tomada do ponto de vista absoluto da existência.

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