Poucas obras causam tanta discussão e comoção entre os membros do PQPBach como as Variações Goldberg. Cada um de nós tem seu intérprete favorito, portanto não existe um consenso. Depois do furação Angela Hewitt, que é, digamos assim, ‘Hors concours’, quem domina esse páreo neste início de século XXI, as discussões continuam, e nunca irão parar.
Murray Perahia encarou este desafio com brilhantismo lá no início do século XXI, ou final do século XX, como queiram, mais especificamente entre os dias 9 e 14 de julho de 2000. O que os senhores faziam na época? Eu, particularmente, era aluno do Curso de Graduação em História, em uma universidade do sul do país, já casado e feliz, apesar das correrias e tropeços que a vida nos traz. Mas Mr. Perahia trancou-se em um estúdio na Suíça durante seis dias e nos trouxe essa gravação tão especial e admirada. Um crítico do New York Times escreveu:
“Many listeners still hold Glenn Gould´s 1955 recording as ‘The Goldberg’ gold standard. With this CD, Perahia has raised the bar … Perahia´s ‘Goldberg’ are a spetacular achievement.”
Quem sou eu para duvidar do parecer de um crítico de um jornal tão famoso … ? Certo, vinte e um anos se passaram, envelhecemos, e com a idade, a vem naturalmente a maturidade. E creio que essa seja a palavra para definir esta gravação de Murray Perahia: maturidade. Aquele jovem dos anos setenta, que encarou o desafio de gravar os concertos de Mozart, sendo ele também o próprio regente, aquele jovem virou um senhor que passou por uma traumatizante experiência de saúde, que o impediu de fazer o que mais gostava, e o que melhor sabia fazer, tocar piano. Isso nos leva a questão da superação. Perahia conseguiu superar as adversidades e ressurgiu das cinzas qual uma Fênix, nos brindando com uma belíssima leitura de uma das mais instigantes e desafiadoras obras já compostas. e ele não gravou apenas as Variações Goldberg. Mas isso é assunto para outra postagem.
Goldberg Variations, BWV 988 (1:13:28)
Aria 3:58
Variation 1 1:51
Variation 2 1:36
Variation 3. Canon On The Unison 1:57
Variation 4 1:07
Variation 5 1:25
Variation 6. Canon On The Second 1:25
Variation 7 1:47
Variation 8 1:52
Variation 9. Canon On The Third 2:12
Variation 10. Fughetta 1:33
Variation 11 1:47
Variation 12. Canon On The Fourth 2:17
Variation 13 4:59
Variation 14 2:06
Variation 15. Canon On The Fifth 4:19
Variation 16. Overture 2:44
Variation 17 1:41
Variation 18. Canon On The Sixth 1:24
Variation 19 1:29
Variation 20 1:52
Variation 21. Canon On The Seventh 2:45
Variation 22 1:29
Variation 23 1:56
Variation 24. Canon On The Octave 2:32
Variation 25 7:24
Variation 26 1:58
Variation 27. Canon On The Ninth 1:39
Variation 28 2:11
Variation 29 2:10
Variation 30. Quodlibet 1:44
Aria Da Capo 2:20
Murray Perahia, piano
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FDP
Na minha opinião, já ouvi várias melhores. Começando pelo Hantaï ao cravo — ele é o maior conhecedor e estudioso das Goldberg –, como também de pianistas menos conhecidos e que dão um baile nas Goldberg, caso de Świątkiewicz, para não falar em Gould, Jarrett e Staier. Penso que o Perahia optou por uma versão exageradamente respeitosa, quase protocolar. Mas é apenas uma opinião pessoal que não vale nada comparada a esses gigantes.