Ernesto Nazareth foi um pianista e compositor brasileiro, considerado um dos grandes nomes do “tango brasileiro” ou, simplesmente, choro. Influenciou muitos compositores, do popular ao erudito. Milhaud é um dos muitos compositores influenciados pela música de Nazareth.
Os quase dois anos de residência de Milhaud no Brasil (1917-1918) foram de extrema importância para sua música. Milhaud escreveu o seguinte sobre seu encontro com a música brasileira:
Os ritmos dessa música popular me intrigavam e me fascinavam. Havia uma suspensão imperceptível nas síncopes, uma respiração despreocupada, uma pausa leve que achei muito difícil de dominar. Comprei então uma quantidade de maxixes e de tangos; fiz um esforço para tocá-los em seus ritmos sincopados que passam de uma mão para a outra. Meus esforços foram recompensados e eu podia finalmente expressar e analisar esse “pequeno nada” tão tipicamente brasileiro. Um dos melhores compositores desse gênero musical, Nazareth, costumava tocar piano na frente da porta de um cinema na Avenida Rio Branco. Sua maneira fluida, impalpável e triste de tocar também me ajudou a conhecer melhor a alma brasileira.
Em 1918, enquanto Milhaud estava no Rio, Ernesto Nazareth tocava no Cinema Odeon, para o qual ele dedicara seu mais famoso tango. Milhaud não foi o único europeu a ouvir Nazareth e se maravilhar com suas criações. O pianista Artur Rubinstein visitou o Brasil no mesmo ano, e ficou igualmente impressionado.
Mesmo assim, quando Milhaud mencionou as fontes de Le Boeuf sur le Toit, não houve nenhuma palavra sobre Nazareth e seus tangos, usados pelo compositor francês em sua peça mais conhecida.
Fonte: Crônicas Bovinas
Uma análise detalhada sobre a obra Le Boeuf Sur Le Toit e as
melodias brasileiras usadas na música mais popular de Milhaud.
Pesquisa feita por Daniella Thompson – Extremamente interessante
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Nazareth & Milhaud – Brasil
Nazareth – Tangos
01 Brejeiro (2:15)
02 Ameno Resedá (2:55)
03 Tenebroso (3:52)
04 Travesso (3:06)
05 Fon-Fon (2:57)
06 Batuque (4:18)
07 Cubanos (2:31)
08 Sarambeque (3:02)
09 Apanhei-te Cavaquinho (2:09)
10 Odeon (3:01)
Milhaud – Saudades do Brasil
11 Sorocaba (1:37)
12 Botafogo (1:56)
13 Leme (2:21)
14 Copacabana (2:31)
15 Ipanema (1:40)
16 Gávea (1:23)
17 Corcovado (1:58)
18 Tijuca (2:02)
19 Sumaré (1:50)
20 Paineiras (1:14)
21 Laranjeiras (1:06)
22 Paissandu (1:39)
Marcelo Bratke, piano
Strava
Olá, alguém saberia me dizer se a faixa 11(Sorocaba), é relacionada mesmo com a cidade do mesmo nome?
Sou de Sorocaba e fiquei bastante curioso a respeito.
Abraços!
Julio, todas as músicas de Saudades do Brasil, fazem referência a logradouros ou bairros do Rio de Janeiro, portanto, essa Sorocaba, faz referência a uma rua no bairro de Botafogo e não a cidade do interior de São Paulo.
Ok. Muito obrigado pela informação e pela postagem.
Olá Strava!
Muito boa a postagem!
Este é mais um caso de compositor brasileiro que vim conhecer aqui no PQP Bach (tal como Alberto Nepomuceno, Amaral Vieira e Camargo Guarnieri), e que me agradou bastante.
Embora já os tivesse ouvido num outro CD que baixei daqui mesmo, os “tangos brasileiros” ficaram muito bons ao piano.
Cheguei a pensar também que a faixa “Sorocaba” tivesse alguma relação com esta cidade, mas pelo que vi acima foi apenas uma coincidência.
Continue com estas boas postagens!
Neste momento (00:09), assista a TVE!
Maratona Nazarethiana na madrugada. Obrigado pela postagem!