Debussy • Poulenc
Ravel • Françaix
Florian Uhlig, piano
Deutsche Radio Philharmonie
Saarbrücken Kaiserlautern
Pablo González
O carro com rodas largas e cheio de adesivos passou quase raspando junto ao guardrail e seguiu rosnando noite adentro – uma cena de filme de Steve McQueen… Esta é a imagem que me surge quando é mencionado a cidade de Le Mans – fundada por gauleses e cercada por romanos. Além das 24 Horas de Le Mans, a cidade tem uma bela catedral e um conservatório de música. O diretor era um Monsieur Françaix, casado com uma soprano. Como a semente não cai longe da árvore, Jean Françaix seguiu também na música, não antes de ser incentivado por ninguém menos do que Maurice Ravel, que elogiou sobretudo a curiosidade do garoto.
Jean Françaix estudou piano com Isidor Philipp e composição com Nadia Boulanger no Conservatório de Paris. Seu Concertino para Piano é a pequena joia deste disco e foi seu primeiro sucesso. A estreia teve o compositor como solista acompanhado pela grande Berliner Philharmoniker. É uma lindeza de música, típica de Jean Françaix, cuja música foi caracterizada como gentil, urbana, fresca e envolvente em um outro libreto.
Este é um dos ‘concertos’ deste disco que tem selo alemão, repertório francês, orquestra e solista alemães e regente espanhol! São quatro compositores, cada um com uma peça. Os Concertos de Ravel e de Poulenc são bem conhecidos e excelentes. Um pouco diferente dos concertos outros, os franceses são mais leves, menos heroicos e com coloridos orquestrais múltiplos e intensos.
A peça de Debussy é uma Fantasia para Piano e Orquestra com três movimentos, mas concebida como uma estrutura cíclica. Claude, que foi ótimo compositor de música orquestral e música para piano, deixou apenas esta peça com ‘cara’ de concerto. A obra é 1889-90 e fora enviada para a Académie des Beaux-Arts como parte das obrigações do ganhador do Prix de Rome. Ela teve sua estreia programada para um concerto da Société Nationale de Musique sob a regência de Vincent d’Indy. Como o programa era extenso, Vincent decidiu apresentar apenas um dos movimentos. O temperamental Claude arrebatou as partes orquestrais da obra e saiu batendo as portas. É claro que posteriormente escreveu uma carta ao Vincent desculpando-se, mas assim a peça ficou na gaveta por toda a vida do compositor.
Claude Debussy (1862 – 1918)
Fantasia para Piano e Orquestra
- I. Andante ma non troppo
- II. Lento e molto espressivo & III. Allegro molto
Jean Françaix (1912 – 1997)
Concertino para Piano e Orquestra em fá maior
- Presto leggiero
- Lent
- Allegretto
- Rondeau: Allegretto vivo
Francis Poulenc (1899 – 1963)
Concerto para Piano e Orquestra
- Allegretto
- Andante con moto
- Rondo a la francaise (Presto Giocoso)
Maurice Ravel (1875 – 1935)
Concerto para Piano e Orquestra em sol maior
- Allegramente
- Adagio assai
- Presto
Florian Uhlig (piano)
Deutsche Radio Philharmonie Saarbrücken Kaiserslautern
Pablo González
Gravação: 9 de fevereiro de 2012
Local da Gravação: SWR Studio Kaiserslautern, Emmerich-Smola-Saal, Alemanha
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FLAC | 284 MB
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MP3 | 320 KBPS | 173 MB
Eu tenho ouvido o disco com frequência, adoro este tipo de música. Assim, reunindo todas estas peças, montei esta postagem que, espero, você goste. Se ouvir o Concertino (que seja) uma vez, já me darei por satisfeito. Mas olha lá que o Concerto de Poulenc é também supimpa e tem também o do Ravel… Bom, deixo com você.
Aproveite!
René Denon
BBC Music Magazine – August 2013
Debussy’s unjustly-dismissed Fantasie and Francaix’s pithy Concertino are the highlights of this programme, superbly interpreted by Florian Uhlig.
Gramophone – August 2013
What an enticing programme this is…Uhlig proves a compelling advocate and the winds of the accompanying orchestra seem to gain in confidence as the work progresses…The über-compact Françaix Concertino is perhaps the highlight here, Uhlig and the orchestra vibrantly capturing the work’s myriad moods, culminating in a rip-roaring finale.
Que beleza! Escutarei com certeza! Abração!
Olá, Thiago!
Abração para você também!
Cuide-se!
René Denon
Existe um segundo volume de concertos lançados pelo mesmo selo com os mesmos intérpretes,no qual alcançaram resultados muito melhores.Perdão mas achei as interpretações desse disco contidas demais e além disso exploram pouco o colorido das peças.O segundo volume está muito melhor,por exemplo parece que ao contrário do primeiro, temos muito drama e todo o colorido da fantástica orquestração de Ravel para seu Concerto dedicado ao pianista Wittgenstein está bem enfatizado.Essa orquestra de Kaiserslautern para uma banda de província, é um fantástico conjunto!
Olá, Isaac!
Obrigado por sua mensagem!
Eu recebi também este segundo disco que você menciona, mas sou um pouco lento neste processo de postagem. Espero que num futuro não muito distante possa também postá-lo.
Suas observações sobre as peças, especialmente os concertos de Ravel e Poulenc são apropriadas, mas o que mais me alegrou no disco foi a peça do Jean Françaix. Como há outras opções para estes dois concertos no blog, como https://pqpbach.ars.blog.br/2019/03/15/maurice-ravel-1875-1937-concertos-para-piano-jean-philippe-collard-onf-lorin-maazel/ para o Ravel e https://pqpbach.ars.blog.br/2020/06/22/francis-poulenc-1899-1963-concerto-para-piano-concert-champetre-mark-bebbington/ para o de Poulenc, achei que o disco não causaria grande dano…
Seja sempre bem-vindo para contribuir com suas opiniões. Afinal, para quem gosta de música, a segunda coisa melhor a fazer é comentar com os amigos sobre as gravações…
Fique bem, cuide-se!
Forte abraço do
René
Agradeço por não terem se irritado com as críticas que teci ao disco.Realmente eu gosto muito mais do segundo volume.No primeiro disco por exemplo o famoso Concerto em Sol de Ravel recebe a meu ver uma leitura apenas mediana,mas no segundo temos em contrapartida o Concerto Wittgenstein de Ravel e a coisa toda muda,esta se trata de uma das melhores interpretações que já ouvi da obra.Eu tenho para mim que intérpretes alemães não costumam ser muito bons em música francesa,por isso chamaram um maestro espanhol para a empreitada.O regente na segunda tentativa conseguiu tirar uma sonoridade menos germânica,digamos assim,dos músicos alemães que dirigia.