Este monumento da cultura universal foi estreado em 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater, em Viena, na Áustria. O regente foi Michael Umlauf, diretor musical do teatro, e Beethoven — dissuadido da regência pelo estágio avançado de sua surdez — teve direito a um lugar especial no palco, junto ao maestro. A Sinfonia N° 9, Op. 125, Coral, é a última sinfonia completa composta por Beethoven. É mais conhecida como Nona Sinfonia ou ainda, A Nona, uma das obras mais conhecidas do repertório, considerada tanto ícone quanto predecessora da música romântica, e uma das grandes obras-primas de Beethoven. A Nona incorpora parte do poema An die Freude (“À Alegria“), uma ode escrita por Friedrich Schiller, com o texto cantado por solistas e um coro em seu último movimento. Foi o primeiro exemplo de um compositor importante que tenha utilizado a voz humana com o mesmo destaque que a dos instrumentos, numa sinfonia, criando assim uma obra de grande alcance, que deu o tom para a forma sinfônica que viria a ser adotada pelos compositores românticos. A Sinfonia Nº 9 tem um papel cultural de extrema relevância no mundo atual. Em especial, a música do último movimento que, rearranjada, tornou-se o hino da União Europeia. Outra prova de sua importância na cultura atual foi o valor de 3,3 milhões de dólares atingido pela venda de um dos seus manuscritos originais, feita em 2003 pela Sotheby’s, de Londres. Beethoven alterou o padrão costumeiro das sinfonias clássicas, ao colocar o scherzo antes do movimento lento. Esta foi a primeira vez que ele fez isso numa sinfonia, embora tivesse feito o mesmo em outros gêneros, como os quartetos op. 18 números 4 e 5, o trio para piano “Arquiduque”, Op. 97, e a sonata para piano, Op. 106, “Hammerklavier”). Poucas obras de Beethoven tiveram gênese tão trabalhosa quanto a última das nove sinfonias. Ao que parece, a ideia de pôr música na Ode à Alegria de Schiller já aparece em 1792, poucos anos após o grande poeta romântico ter publicado seus versos. Em 1807, Beethoven concebe a Fantasia Op. 80 para piano, coro e orquestra. Aspectos revelados nessa obra aparecem como uma espécie de ensaio para procedimentos que serão utilizados na Nona. Em 1823, Beethoven já havia composto os três primeiros movimentos da sinfonia, e ao final desse mesmo ano ganha corpo a ideia de concluí-la com o uso de vozes humanas e o emprego do poema de Schiller. O uso das vozes e as citações dos movimentos anteriores, dentre outras “ousadias” estilísticas, são procedimentos que ganharam significado e importância especiais na música instrumental, na música sinfônica e na música dramática do século XIX, não exatamente na geração que sucede a Beethoven, mas numa geração posterior, da qual participam Mahler, Franck, Bruckner e o próprio Wagner. Sem o isolamento do silêncio exterior, porém, Beethoven talvez não chegasse a atingir tal densidade de pensamento musical. Como escreverá mais tarde Victor Hugo: “Esse surdo ouvia o infinito”.
Eu gostei moderadamente da interpretação de Antonini para esta Nona. Tudo está rapidíssimo e bom, mas cá pra nós, aquele Adagio molto e cantabile tocado a toda velocidade ficou ridículo e quebrou o clima.
#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 6 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)
CD6
01. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125: I. Allegro ma non troppo, un poco maestoso
02. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125: II. Molto vivace – Presto (Scherzo)
03. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125: III. Adagio molto e cantabile
04. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125: IV. Presto
Kammerorchester Basel
Giovanni Antonini
PQP
Obrigado pela postagem. Ouvi essas gravações a um ano aproximadamente e achei fantásticas. Vou ouvir com mais calma novamente agora.
Espero em breve ver as gravações do projeto Haydn 2032 com o Antonini, que na minha opinião é que o fará entrar para a história dos grandes regentes.
Será que o PQP fez as pazes com o Victor Hugo? rsrs
🙂
A sonoridade é um espetáculo. A captação de som é fantástica. A OC de Basel é brilhante. Mas o Antonini parece estar fugindo de milicianos. Os dois primeiros movimentos são muito acelerados. No segundo tenho a nítida impressão que os músicos estão no limite – mais um pouco e arcos e partituras sairiam voando.
O Adagio molto e cantabile consegue ser um minuto mais curto do que os do Abbado e Chailly, que já são bem corridos. É seis minutos (!) mais curto do que o do Bernstein e nada menos que sete minutos (!!) menor que o do Celibidache. Contudo, ainda perde por mais de um minuto para a interpretação do Hogwood, que obviamente leu “Presto” onde Ludwig escreveu “Adagio”.
Supreendentemente, o Finale não é tão rápido. Tem passagens até mais lentas do que o habitual. Vai ver, os cantores se recusaram a transformar Beethoven em rap e o Antonini não teve escolha senão desacelerar. E a excelente gravação torna aquela massa de vozes muito nítida, uma das gravações mais claras que ouvi. Gostei muito.
Ao final, uma mistura de sensações. Acho que o balanço é positivo – talvez porque goste de ouvir interpretações diferentes, embora não volte a elas com frequência. Mas ainda prefiro os andamentos do Krips.
Pois bem, há toda uma questão sobre o metrônomo de Beethoven. Até diziam que coisa não funcionava bem. Os caras “historicamente informados” tendem a obedecer o autor. Acho que Hogwwod e Antonini fizeram isso, mas não me apaixonei por eles. Sabes de quem eu gosto MESMO na Nona? Gosto do velho Karl Bôhm, que leva anos no Adágio, chegando a vencer Celibidache. Aqui está o monstro que acho que beira a perfeição: clica bem AQUI. Outras versões sensacionais encontráveis no blog são as de Haitink e de Nelsons, não?
Acho que preciso rever minha má vontade com os pilotos de F1 que regem orquestras. Terceira vez seguida que ouço o Antonini e cada vez gosto mais. 🙂