.: interlúdio :. Chet Baker Trio: Estate (1983-1985)

Há certo tempo venho intentando postar esse disco, para mim um dos melhores de Chet Baker, numa das suas melhores formações, com o guitarrista Philip Catherine e o baixista Jean-Louis Rassinfosse, ambos extraordinários músicos belgas. Não o fizera ainda por dúvidas quanto ao texto que o acompanharia. Em outra postagem sobre Chet, havia escrito que sobre ele tudo já fora dito; e ao final da mesma, disse que sobre ele sempre haveria algo a se dizer. Portanto, diga o que disser, estamos no lucro. Os que conhecem seu gênio, seu estilo, seu som e seu feeling, entenderão. Os que não conhecem têm aqui uma excelente oportunidade de conhecer. A faixa título, Estate, é um dos temas mais queridos e gravados, até mesmo pelo nosso João Gilberto, que Deus o tenha – só imagino o que seria um disco dele junto com Chet! O tema é de Bruno Martino (1925 – 2000), um cantor romântico italiano muito popular em seu tempo e que, eu diria, descobriu a galinha dos ovos de ouro ao ser abençoado com a ideia dessa melodia. É um dos mais belos e deliciosos e inspiradores temas que um instrumentista possa desejar tocar, e sobre ele improvisar. Outro ponto alto do disco é a faixa Chrystal Bells, tema do saxofonista Charlie Mariano (para mim, junto a Charles Lloyd, um dos mais chatos saxofonistas do jazz, mas isso é cá comigo). Nele, Catherine cria uma aura sonora para o trompete, que nos traz a intimista e melancólica melodia, mergulhando direto no solo improvisado, que nos transporta para regiões tipicamente bakerianas. Mais um ápice do disco é um tema do maior trombonista do jazz, J. J. Johnson, Lament. Não conheço melhor gravação ao trompete, mesmo do próprio Chet alhures, que este momento. Completando uma quadra de pontos altos do disco, Leaving, do pianista Richard Beirach (1947), composto para o próprio Chet, que o tocou inúmeras vezes, em estúdio e ao vivo. Tema de grande beleza e harmonia expressiva. Se Chet nos transporta, Catherine e Rassinfosse não deixam por menos. Gravada tempos depois das outras, a faixa My Funny Valentine, peça carro chefe na carreira de Chet, complementa os ápices do disco. Strollin’, do grande Horace Silver e a velha e boa Cherokee, fecham a sessão. Neste último tema, Chet toca com agilidade extraordinária. Chet sempre foi extraordinário. Sua carreira, que se pode dividir em antes e depois do triste e dramático episódio da agressão sofrida em 1968, sempre foi brilhante. Um gênio verdadeiro, com toda a propriedade da palavra. À parte os momentos esfuziantes de Cherokee e mais animados de Strollin’ o tom do disco é de um desalento sublimado pela beleza –  mágica na qual Mr. Baker é um dos maiores magos.

Graham Greene (1904-1991)

Costumo atrelar algo cinematográfico ou literário às postagens. Me parece que as emoções e impressões não se encalacram no reino dos sons, mas que abrem janelas para outros veículos da arte. Nestes tempos para todos nós difíceis de reclusão domiciliar, tenho visto filmes antigos, revisitado livros e discos. Tenho a sorte de poder fazer isso enquanto muitos, lamentavelmente, são obrigados a se arriscar fora de casa por necessidades de trabalho e sobrevivência – e com eles me solidarizo. Creio que muitos dos que como eu têm tal privilégio estão também revisitando seus afetos culturais ou descobrindo novas maravilhas. De certa maneira o atentado à liberdade que tem abatido o mundo inteiro nos avizinhou a todos. Quem não está com saudades da vida? Revisitei um dos meus amores literários, Graham Greene (1904-1991), em alguns contos e no seu grande livro “The Heart of The Matter” – “O Cerne da Questão”, também já traduzido como “O Coração da Matéria” (com cuidado para não confundir com “Heart of Darkness” de Conrad); publicado em 1948. A atmosfera das obras de Greene costuma ser, quando não de um cinismo mordaz, de profundo desalento. Embora em música tal sentimento costume se transfigurar na invisibilidade misteriosa dos sons, com a literatura a coisa é bem diferente. O quadro dos enredos é pintado – ou cinzelado – direto em nossa ideia, e nas mãos de um soberbo escritor, os efeitos podem ser devastadores. Curiosamente existe quem sobreviva melhor à literatura e não suporte a intensidade da música. Já conheci pessoas assim e as compreendo. Música pode fazer muito mal. Mal que muitas vezes buscamos apaixonadamente, afinal, amor é amor – O Cerne da Questão.

O livro de Greene traz uma triste narrativa. Mas antes de resumi-la gostaria de dizer que não comentarei exceto muito de passagem a questão religiosa de Greene, indissociável de sua biografia e obra. Ele que se dizia “agnóstico-católico”, seja como for que isso funcionasse. Avesso a qualquer monoteísmo, não me arvoro a comentar e jamais compreenderia a realidade de um católico inglês. No livro este ‘fator humano’ é um ônus, para o livro e para o protagonista, que se consome numa culpa de natureza em grande parte religiosa – para mim um horror e uma autoimolação inconcebível. O livro acabou sendo chamado de Romance Católico e Green chamado de “escritor católico”. Me parece exagero. Como alguém já observou, seria como chamar os livros de Jorge Amado e a ele de romances e escritor candomblecistas – o que não ocorre.

Scobie é um major policial inglês que trabalha em uma colônia africana (Serra Leoa) durante a Segunda Guerra Mundial. Após a partida de sua esposa Louise (sempre lamuriosa e infeliz por seu marido não ter galgado certa posição e consequente êxito pecuniário) para a África do Sul, ele participa do resgate de um naufrágio, e ali presencia a morte de uma criança. Este episódio o faz reviver a perda de sua filha, que falecera poucos anos antes. Enquanto revive essa tristeza, conhece Helen, vítima do naufrágio, cujo marido perecera no mesmo. Tornam-se amantes. Depois de ser chantageado pelo personagem para mim mais simpático do livro, o contrabandista sírio Yusef, Scobie se vê metido em ações corruptas envolvendo tráfico de diamantes. Para agravar o estado das coisas, ele é espionado por Wilson, caçador de espiões e colaboracionistas, que corteja a Sra. Scobie como pretenso amante. Passando a viver dividido entre os deveres de sua profissão e da vida afetiva, mais as cobranças do seu catolicismo. É uma tragédia. No final Scobie escolhe abdicar da vida. Seu maior anseio era viver em paz e rotina, sabendo que as pessoas que ama estariam felizes – uma remotíssima possibilidade. Sentindo-se culpado por ofender seu casamento com o adultério e não conseguir assumir sua amante, e ainda se vendo enleado em crimes de contrabando e assassinato, Scobie simula um problema cardíaco e se mata com uma overdose de soníferos com gin. O livro recebeu uma versão cinematográfica na década de 50, com Trevor Howard no papel principal. Infelizmente é um filme raríssimo para nós.

Talvez não fosse o momento para uma postagem com um tema tão desolador. Peço desculpas por isso e creio que O Cerne da Questão em nossa página, afinal, é a música; e por mais que o disco seja intimista, a música, com sua beleza, nos salvará no final. Recortei alguns trechos do livro para que tenhamos a delícia das entrelinhas.

“Wilson gostava de poesia, mas costumava absorvê-la em segredo, como uma droga.”

“Eles tinham sido corrompidos por dinheiro; ele, por sentimento. O sentimento era o mais perigoso, porque não era possível especificar seu preço. Um homem aberto a subornos merecia confiança acima de um certo número, mas o sentimento podia brotar no coração à lembrança de um nome, uma fotografia, até mesmo um cheiro.”

“A verdade, ele pensava, nunca teve real valor para nenhum ser humano – é um símbolo buscado por matemáticos e filósofos. Nas relações humanas, a generosidade e os laços de afeição valem mil verdades.”

“Ele tinha praticamente tudo, só precisava de paz”

“O desespero é o preço que pagamos por nos comprometermos com uma meta impossível. (…) um pecado que nunca é cometido pelos corruptos e pelos maus. Eles sempre têm esperança. Nunca atingem aquele estado paralisante que é o conhecimento do fracasso absoluto. Só os homens de boa vontade levam sempre no coração essa capacidade para a desgraça.”

“Nós perdoaríamos a maioria das coisas se conhecêssemos os fatos. (…) Um policial deve ser a pessoa mais magnânima do mundo se entender corretamente os fatos.”

“…pela primeira vez percebeu a dor inevitável em qualquer relacionamento humano – dor sofrida e dor afligida. Que tolice ter medo da solidão.”

“…na noite confusa esqueceu por ora o que a experiência lhe ensinara – que nenhum ser humano pode entender outro ser humano, que ninguém pode providenciar a felicidade do outro.”

“…a amizade é uma coisa na alma. É uma coisa que a gente sente. Não é uma retribuição por alguma coisa. (…) – Eu gostaria que não falasse tanto, Yusef. Não estou interessado em sua amizade. – Suas palavras são mais duras que seu coração, major Scobie.”

“A felicidade nunca é realmente tão bem vinda quanto a imutabilidade.”

“Um pouco de cerveja então, major Scobie. – O Profeta não proíbe isso? – O Profeta não conheceu nem cerveja gelada nem whisky engarrafado, major Scobie. Nós temos de interpretar suas palavras à luz da modernidade!”

“Que coisa absurda era esperar felicidade num mundo tão cheio de sofrimento. Ele reduzira suas próprias necessidades ao mínimo, guardara as fotografias em gavetas, tirara os mortos da cabeça. Um afiador de navalhas, um par de algemas enferrujadas usadas como enfeite. Mas ainda temos nossos olhos, ele pensou, nossos ouvidos. Mostre-me um homem feliz e eu lhe mostro um egoísmo extremo, o mal – ou uma ignorância absoluta.”

“Um único ato de coragem pode alterar toda noção da medida do possível.”

“Até o sifão azul de soda estava no mesmo lugar: tudo tinha uma ar de eternidade, como a mobília do inferno.”

“Pareceu-lhe por um momento que Deus era demasiado acessível. Não havia nenhuma dificuldade em aproximar-se d’Ele. Como um demagogo popular, Ele estava disponível para receber a qualquer hora o menor dos Seus seguidores. Olhando para a cruz, ele pensou: Ele até mesmo sofre em público!”

“…fazia muito tempo que ele se tornara incapaz de qualquer coisa tão honesta como a loucura: era uma desses condenados na infância à complexidade.”

“Em nossos coração há um ditador impiedoso, pronto a contemplar a infelicidade de mil desconhecidos se ela assegurar a felicidade dos poucos que amamos.”

“Não podemos ser prudentes o tempo todo, morreríamos de desgosto.”

“Ele se deu conta de que para quem não ama o tempo nunca para.”

“Não acredito em ninguém que diz amo, amo, amo. Isso significa eu, eu, eu.”

“Ninguém pode dizer um monólogo sozinho por muito tempo. Outra voz sempre se fará ouvir. Todo monólogo, mais cedo ou mais tarde, se torna uma discussão.”

“Um homem não vem a nós para confessar suas virtudes.”

O texto já se estendeu demais. Letras demais para um só disco. Apenas para arrematar o tema literário: George Orwell atacou o livro com seu bisturi de gelo e pôs abaixo a coerência da caracterização do próprio protagonista: Se fosse tão ligado em religião, como optou pelo condenável suicídio? Se era tão cristão, como podia ser um policial de colônia? Não sei como Greene responderia a Orwell entre um drink e outro – seria um encontro magistral. Devo concluir com a impressão de que os motes de culpa e redenção, expiação e suicídio, tenham sido elementos talvez catárticos para o autor. Ele próprio, segundo se comenta, maníaco depressivo, que na juventude andou brincado de roleta russa – literalmente falando. O personagem, no fim das contas, é quase um santo, que se sacrifica para não perpetuar a infelicidade das pessoas que ama. Possivelmente uma espécie de alter ego religioso do autor, quem sabe. Ao longo da obra nos vemos numa encruzilhada sobre qual seria o ‘Heart of The Matter’. Os vetores às vezes apontam para o amor, às vezes para a infelicidade, às vezes para a compaixão – que nos remete ao primeiro.

Embora possam discordar alguns adeptos e compositores de música chamada “moderna” (que já vai em cem anos), música diz tanto quanto diz a literatura. Música e retórica estão profundamente imbricados ao longo dos contextos históricos. A pena de Green nos fala, o trompete de Baker nos fala. De maneiras distintas, mas que se cruzam em certo ponto: Mais um Cerne da Questão.

Postagem dedicada a Judy Esteves.

CHET BAKER TRIO – ESTATE

  1. Chrystal Bells
  2. Strollin’
  3. Lament
  4. Leaving
  5. Cherokee
  6. Estate
  7. My Funny Valentine

Chet Baker – Trompete e vocal
Philip Catherine – Guitar
Jean-Louis Rassinfosse – Bass

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Wellbach

11 comments / Add your comment below

  1. Tô chorando… É tanta emoção em sua palavras… Essa é uma adorável homenagem ao nosso fofucho, merecida! A arte em geral, afinal, sons, silêncios e saudade, fazem parte da vida, das nossas emoções profundas. À mim, que sinceramente me sinto honrada em ter a sua alma aqui em palavras e comigo sempre! Estou grata por tanto amor fofucho2!!!!

    1. Também fiquei muito impressionado (e elevado) com o texto (de antologia) de Wellington Mendes. Tenho (quase) toda a discografia de C.Baker e alguns livros sobre este enorme e malogrado Músico. Mas o texto, mais do que sobre a Música e a vida de Baker ou sobre a vida e a obra de G. Greene, é sobre cada um de nós. Acerca das nossas interrogações e inquietações quotidianas. Salva-nos a Música!

  2. Que bom!!!! A mais bela postagem que jamais lera.
    Pela música do disco; pelo entendimento novo que me proporcionou sobre a obras – e a vida? de Green.
    Que magnífica inquietação a deste seu texto. Adorei muito. De verdade!
    Vocemecê não é apenas um amigo que – com preciosíssimo trabalho – nos dá óptima Música a ouvir: é um ser que nos transforma.
    Obrigado! Um muito obrigado de um português em Portugal.

    1. Grato, Horácio, nós do PQP agradecemos, a gente procura partilhar beleza. Quem sabe, como diria Dostoievski, a beleza nos salva de alguma forma rs. Estejam bem, você e os seus, um grande abraço, a você e nesta terra abençoada de Portugal!

  3. Wellington Mendes,
    Sensibilizado agradeço e retribuo os votos formulados. (Saiba que tenho muita estima pelo grande Povo brasileiro!. Tenho alguns amigos aqui e tenho a graça de ter ajudado alguns a singrarem na terra que lhe era, de certo modo, estranha. Mas, isso não vem ao caso).
    Sou frequentador diário deste abençoado blog, desde há anos. Só hoje – de tão impressionado que fiquei com o seu belo, brilhante texto – não resisti a comentar aqui.
    Continuo a pensá-lo como um ser maravilhoso, de profundo bom gosto, isento, simpático e – em regra – saudavelmente bem humorado.
    Este blog é o meu “vademecum” quotidiano e, ler os seus textos, uma minha liturgia santificante.
    Amigo, não precisa responder-me (tem mais o que fazer!). Receba só o preito sincero da minha completa admiração. Obrigado.
    Abraço forte, terno e respeitoso.
    HP

    1. Só agradeço, Horacio, por suas enaltecedoras impressões sobre mim. Na verdade quando nos manifestamos artisticamente de alguma forma, sempre parecemos melhores (risos). Apenas gosto do belo e da arte que nos fala, que serve à vida e sublima os horrores do mundo, em poesia, sons, cores e formas. É muito bom tê-lo por perto. Minhas outras postagens trazem textos, alguns divertidos, é só vc por Wellbach na pesquisa lá em cima. Wellbach foi o lisonjeiro apelido que me deram por aqui rss. Reitero meu carinho por sua terra, que visitei uma vez e amei. Na verdade, quando do alto vi aquele farol solitário que nos recebe naquela ponta de terra que se projeta sobre o mar, me senti voltando para algo que deixara há séculos. Nunca havia sentido algo assim antes. Como se voltasse pra casa, ou para a casa dos meus ancestrais. E que doçura é Lisboa, que poesia no ar, e que delícia o ‘pão de Deus’ nas padarias maravilhosas daí! E que delícia é Sintra e sua atmosfera, seu cheiro, seu ar… Como diria Saramago, aí, ou acaba o mar e começa a terra, ou acaba a terra e começa o mar. Esteja bem, se cuide. Saúde e paz. Abraços.

      1. Wellington Mendes
        Obrigado! Volto aqui apenas porque escreveu sobre Sintra. Por curiosidade é a minha terra: nasci ali, no sopé da Serra rematada pelo Castelo da Pena e pelo Palácio da Pena (que tanto lembra Munique com seus castelos de Luís, o bávaro). A minha Sintra de que Lord Byron disse ser “um pedaço do paraíso terreal”… Pois, não foi também um alemão, tornado rei português pelo casamento com D. Maria II – Fernando Jorge Augusto de Saxe-Coburgo-Gota (1785-1851) – que mandou transformar o Mosteiro dos frades Jerónimos, naquele Palácio de sonho? D. Fernando, o nosso “rei artista”… Bom sábado!
        HP

        Em tempo: Pena, é mesmo apelido de família. Porém, não tenho propriedade alguma. Nunca tive. De minha propriedade é apenas a construção diária do meu mundo interior.
        Até sempre. Sempre convosco. Por aqui….

        1. Horácio, que coisa linda é aquela região. Estive no Palácio da Pena, que espetáculo. Mas queria mesmo é ter ido no Castelo dos Mouros, que se vê adiante e também na Quinta da Regaleira, um lugar mágico. AO pé da ladeira tinha uma maravilhosa loja de vinhos e próxima uma doceria incrível e tradicional. sua terra é abençoada. Sobre suas propriedades interiores, como diz, parabéns, é decerto um grande senhor dos seus feudos. Abrs.

  4. Wellington Mendes
    Obrigado! Volto aqui apenas porque escreveu sobre Sintra. Por curiosidade é a minha terra: nasci ali, no sopé da Serra rematada pelo Castelo da Pena e pelo Palácio da Pena (que tanto lembra Munique com seus castelos de Luís, o bávaro). A minha Sintra de que Lord Byron disse ser “um pedaço do paraíso terreal”… Pois, não foi também um alemão, tornado rei português pelo casamento com D. Maria II – Fernando Jorge Augusto de Saxe-Coburgo-Gota (1785-1851) – que mandou transformar o Mosteiro dos frades Jerónimos, naquele Palácio de sonho? D. Fernando, o nosso “rei artista”… Bom sábado!
    HP

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