Mozart
Concerto para dois pianos
Sinfonia Concertante para violino e viola
Norwegian Chamber Orchestra
Iona Brown
O disco desta postagem não se cansa de me dar alegrias. Ao ouvi-lo não é difícil crer que Mozart sentia um grande prazer no convívio com outros músicos com os quais podia compartilhar sua imensa genialidade musical. Uma desta pessoas certamente foi Johann Christian Bach, o Bach de Londres. Os relatos de como os dois passavam tempo ao piano são bem conhecidos, tais como este deixado por Nannerl, irmã de Mozart:
“Herr Johann Christian Bach, music master of the queen, took Wolfgang between his knees. He would play a few measures; then Wolfgang would continue. In this manner they played entire sonatas. Unless you saw it with your own eyes, you would swear that just one person was playing.”
A própria Nannerl certamente era outra destas pessoas com quem o convívio musical era prazeroso. Foi para tocarem juntos que este concerto para dois pianos foi composto. A orquestração tem seus débitos para com a música de J. C. Bach, mas a alegria e maestria da parte para os solistas testemunham esta camaradagem e cumplicidade existente entre os irmãos. Esta cumplicidade e alegria foi devidamente revivida nesta linda gravação pelos dois pianistas noruegueses Håvard Gimse e Vebjørn Anvik.
Eu cheguei ao álbum seguindo a trilha do nome do violista Lars Anders Tomter, o qual eu conhecia por um lindo disco com sonatas para viola (ou clarinete) de Brahms. Foi então que me dei conta do nome da regente, Iona Brown. Ela foi uma violinista que fez carreira na orquestra de Neville Marriner, a Academy of St. Martin-in-the-Fields. Começou nas fileiras de violinos, chegou a primeiro violino e solista e também direção da orquestra.
Quem viveu a transição dos LPs para Cds deve lembrar-se da gravação dos Concerti Grossi, Op. 6, de Handel, pela Academy of St. Martin-in-the-Fields, surpreendentemente dirigida por outra pessoa que não fosse Neville Marriner.
Iona Brown assumiu a Orquestra de Câmera da Noruega em 1981 com grande sucesso. Este disco é uma boa prova disto. Esta gravação da Sinfonia Concertante, na qual ela atua como solista e também regente foi escolhida pela revista Gramophone com a melhor, em uma lista de fazer inveja… Veja aqui.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para dois pianos e orquestra em mi bemol maior, K 365
- Allegro
- Andante
- Allegro
Sinfonia Concertante para violino, viola e orquestra em mi bemol maior, K 364
- Allegro majestoso
- Andante
- Presto
Håvard Gimse & Vebjørn Anvik, pianos
Lars Anders Tomter, viola
Norwegian Chamber Orchestra
Iona Brown, violino e regência
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FLAC | 209 MB
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MP3 | 320 KBPS | 130 MB
Veredito da Gramophone sobre a gravação da Sinfonia Concertante: Top Choice
Superbly matched soloists and lithe ensemble playing in a joyous performance mingling subtlety of detail with a natural Mozartian flow. The Andante is profoundly moving in its subtlety and restraint.
Aproveite!!
René Denon
Bravo
Olá, René.
O senhor acha possível a sinfonia concertante (K 364) não ser de Mozart? Pelo pouco que havia lido, e novamente agora nesse texto da Gramophone, há certa ambiguidade em relação à sua origem. Tal questão de certa maneira me intriga, por conta do mistério que poria sobre a obra…
Sobre o álbum da postagem, obrigado por compartilhá-lo. Eu gostei, não conhecia ainda esse concerto para dois pianos e orquestra (pois é). Notei, na sinfonia concertante, um tom não expansivo — presente em gravações que conheço — mantendo-se ao mesmo tempo toda a riqueza de diálogos dessa obra. É também muito bom poder escutar uma regente.
Permita-me uma caceteação a mais: gostei tanto de gravações compartilhadas por algumas de suas postagens (em especial) contendo a música de Mozart, que, quando vejo uma publicação sua que traz este compositor, ouço quase que imediatamente.
Olá, Otavio!
Espero que tudo esteja bem com você nestes dias de tantas preocupações e incertezas. Obrigado pela sua mensagem. Observa-se que pensou bem para redigi-la.
Por favor, deixemos de lado formalidades e espero que na próxima vez que escreveres eu seja tutelado.
Eu acredito com confiança que a Sinfonia Concertante é uma composição de Mozart. O livro de Stanley Sadie e o de Richard Baker nem vacilam em mencionar que a peça foi composta em 1779, um pouco antes do rompimento de Mozart com o Arcebispo Coloredo e sua mudança para Viena. Baker inclusive afirma que esta é uma das melhores peças deste período. Como discordar? Bem, este gênero de sinfonia com instrumentos solistas era comum em Mannheim e Paris, círculos conhecidos por Mozart. (Haydn compôs pelo menos uma destas peças.) Provavelmente Mozart não produziu mais obras desta forma devido a falta de motivação para a execução. Viena foi chamada por ele de Terra do Piano. Concertos para piano e óperas estavam mais em demanda. Veja que também não tivemos mais concertos para violino.
O interessante desta obra (a Sinfonia Concertante) é que os instrumentos solistas são parceiros e o movimento lento é particularmente maravilhoso.
Eu gosto muito muito da música de Mozart e as escolhas de material para minhas postagens costumam sair daquilo que estou ouvindo. Em particular estes dias Mozart tem andado bastante presente em minhas audições.
Espero que minhas postagens continuem a lhe oferecer bons e alegres momentos!
Forte abraço!
René Denon
Segundo Aaron Copland no livro ” Como Ouvir e Entender Música”, toda música é composta de
Harmonia – Melodia – Ritmo e Timbre. Seguindo esta análise e ouvindo a Sinfonia Concertante
penso que fecha com a Veia Mozartiana. É como um carimbo, uma assinatura, o estilo próprio.
Obrigado por estas belas gravações. Forte abraço do Dirceu.
Olá, Dirceu!
Obrigado pela sua mensagem!
Abraço recebido e retribuído!
R:D
Gosto muito de suas postagens, René Denon, e mais uma vez obrigado por compartilhar esta conosco. Me agrada a pesquisa para seus ótimos textos, em que traz passagens outras que os corroboram; buscar referências é abrir horizontes e isso, como professor, é o que procuro fazer na mente de meus alunos – e veja, referências a favor e contra nossas convicções! Às vezes, precisamos reforçar nossas crenças e/ou revê-las, e as referências servem para ambas as situações. Abraços e bom sábado.
Ah, e continue postando o que ouve, esse critério mostra-se excelente!