Rick Wakeman (1949) – Journey to the Centre of the Earth

Como um cliente  / comentarista da amazon escreveu, mesmo depois de quarenta e cinco anos passados de sua gravação, este histórico registro ao vivo do tecladista Rick Wakeman continua atualizadíssimo. É um divisor de águas, eu diria. Partindo do livro clássico de Julio Verne, Wakeman nos leva a um mundo onírico, enriquecido com paisagens sonoras que nos tiram o fôlego em todos os momentos.

Juntar uma banda de rock com uma orquestra sinfônica não era novidade lá em 1974, vide o Concerto para Banda e Orquestra, do Deep Purple, lançado alguns anos antes. A novidade aqui é a introdução de um coro com dezenas de vozes e os teclados de Wakeman, que são o grande destaque do LP. Ele cria um universo sonoro com infinitas possibilidades, tendo como suporte, além do English Rock Essemble, banda que o acompanhava, “apenas” a Orquestra Sinfônica de Londres e o English Chamber Choir. Ah, sim, o registro da gravação foi feito no Royal Albert Hall, templo da música londrina.

Desde a impactante abertura, os incríveis solos de Wakeman e a fantástica performance  de seus vocalistas, Ashley Holt e Garry Pickford-Hopkins, e a narração, que cita passagens do livro de Verne, cada minuto desta aventura sonora é minuciosamente pensada em seus mínimos detalhes, uma produção impecável, mesmo se tratando de um registro ao vivo, direto do Royal Albert Hall.

Por incrível que pareça, Rick Wakeman trouxe esta loucura toda para o Brasil em 1975, em três apresentações memoráveis no Maracanazinho, no Rio, no Estádio da Portuguesa em São Paulo e no Gigantinho em Porto Alegre. Foi acompanhado pela Orquestra Sinfônica Brasileira, nos shows do Rio e de São Paulo, e na capital gaucha, pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, sempre sob a regência de Isaac Karabitchewsky.

Wakeman trouxe consigo uma parafernália de equipamentos que somavam dezenove toneladas. Os jornais da época contam que o músico era fã de futebol, e coincidiu que na mesma época do show do Rio, iria ocorrer a final do Campeonato Brasileiro entre o Cruzeiro e o Internacional de Porto Alegre, em pleno Estádio do Maracanã, e ele teria assistido a esta partida, vencida pelo time gaucho: “O espetáculo “acachapante” teve como momento de clímax (para os colorados) a homenagem que Wakeman, grande fã de futebol, fez ao Internacional, que dias antes, ali do lado, no Beira-Rio, tinha conquistado seu primeiro título de campeão brasileiro. No bis, Wakeman e seus músicos voltaram ao palco vestidos com camisetas vermelhas do time. Ele lógico, com a 3, do capitão Figueroa, autor do gol contra o Cruzeiro que garantiu a taça.” (Jornal Zero Hora, 29/10/2014).

Meu irmão mais velho contou certa vez que estava lá no Maracanazinho, e que nunca mais esqueceu o espetáculo que assistiu. Foram duas horas de uma loucura sonora e visual, que impactou todos os que lá estavam.

Dia desses me desafiaram a identificar os dez discos que mais me influenciaram, e este aqui com certeza está na lista. Quem não conhece, espero que goste, e para os saudosistas, como eu, serve para matar saudades.

  1. The Journey / Recollection
  2. The Battle / The Forest

The Band :

Garry Pickford-Hopkins & Ashley Holt – Vocals
Guitar – Mark Egan
Electric Bass – Roger Newell
Drums – Barney James

Music Arranged for the London Symphony Orchestra and The English Chamber Choir by Will Malone & Danny Beckerman

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

O mago dos teclados em ação.

 

 

9 comments / Add your comment below

  1. Estupendo! Aproveito a oportunidade deste post “heterodoxo” para perguntar se vocês têm para disponibilizar o cd das Odes Gregas interpretadas por Irene Papas com arranjos de Vangelis. Grato.

    1. Desconheço a gravação, Pedro, Vangelis não fazia parte de meu ‘acervo’ … lembro da indefectível ‘Carruagens de Fogo’, e alguns trabalhos dele ao lado do Jon Anderson.

  2. Grande postagem, com a abertura que o PQP sempre permitiu (lembro de Emerosn, Lake & Palmer também por aqui)…
    Eu estive nesse show de 1975, Wakeman tocou no ginásio da Portuguesa em SP, com Karabitchewsky regendo a OS Brasileira e Paulo Autran fazendo a narração… Eu era muito novo, e minha mãe não queria deixar um “garoto” ir num “show de rock” sozinho, e acabei arrastando ela junto – e ela adorou tb! Grande obra, grandes lembranças…

  3. Eu fui neste show, no Gigantinho.
    Não lembrava mais do detalhe das camisetas do Inter…
    Sentamos atrás do palco e o Rick ficou de frente para nós quase todo o show. Depois, voltamos a pé até a Zona Norte.
    (Bons tempos em que a gente, depois de assistir um belo espetáculo, podia caminhar à noite em Porto Alegre.)
    Ele continua na ativa, com o lançamento de seu 98º (!!!!) álbum previsto para este ano.

  4. Nossa, belas recordações! Esse disco, e mais o “The Miths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table”, fizeram parte da minha vida de “roqueiro” (rs…). Excelente postagem !!

  5. Tenho esse LP! Já tive o do Rei Arthur, mas vendi.. (:-(. Mas mantive o álbum duplo de “As Seis Esposas de Henrique VIII’, o meu preferido, em que tem uma faixa que o Wakeman toca um órgão de tubos.
    Não fui no show do Maracanãzinho também por que era muito garoto ainda,… e não conseguiria arrastar minha mãe para ir comigo por nada neste mundo… :-))

  6. Sobre Vangelis, em 2001 ele lançou um álbum chamado Mythodea, uma espécie de Oratório ou Sinfonia Coral que compôs para uma missão da NASA para Marte. O concerto contou com a London Metropolitan Orchestra, as sopranos Kathleen Battle e Jessye Norman e o coro da Greek National Opera. Creio que se qualifica bem para ser postado neste blog.

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