.: interlúdio :. Dave Brubeck – The Very Best Of (2015) — 3 CDs

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um amigo meu diz que Dave Brubeck (1920-2012) fazia “jazz para médicos”. É que vários destes profissionais o procuram angustiados para aulas. O maior desejo deles é o de aprender a tocar Take Five… (Que, aliás, é de autoria de Paul Desmond). Brubeck é um merecido sucesso. Seu quarteto — de várias formações, mas solidificado a partir do grande sucesso do disco de 1959, Time Out —  não é espetacular. Suas improvisações – de partituras! — não chegam a impressionar. Mesmo Brubeck não é um virtuose. Porém, não se pode estender tais críticas aos temas de seu quarteto. Além de excelentes composições próprias, a escolha das músicas de outros é de muito bom gosto. Há verdadeiras obras-primas nesta seleção. Acho que vocês vão gostar, mesmo que não sejam médicos. Bem, o conjunto de comentários deste post está realmente muito bom. Deem uma olhada.

Dave Brubeck – The Very Best Of (2015)

01. Take Five
02. Three To Get Ready
03. Perdido (Live)
04. It’s A Raggy Waltz
05. Blue Moon
06. Camptown Races
07. The Trolley Song
08. Tea For Two
09. Bossa Nova U.S.A.
10. Take The A Train
11. Unsquare Dance
12. There’ll Be Some Changes Made
13. The Duke
14. These Foolish Things
15. Out Of Nowhere
16. I Feel Pretty
17. Tonight
18. Over The Rainbow
19. Blue Rondo A La Turk
20. In Your Own Sweet Way
21. Maria
22. Stardust
23. Jeepers Creepers
24. Somewhere
25. Let’s Fall In Love
26. You Go To My Head
27. Indiana

O quarteto básico da maioria das faixas:

Dave Brubeck, piano
Paul Desmond, sax
Joe Morello, bateria
Gene Wright, baixo

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The Dave Brubeck Quartet em 1967. Da esquerda para a direita: Joe Morello, Eugene Wright, Dave Brubeck and Paul Desmond
The Dave Brubeck Quartet em 1967. Da esquerda para a direita: Joe Morello, Eugene Wright, Dave Brubeck and Paul Desmond

PQP

8 comments / Add your comment below

  1. Brubeck era apontado como um músico que fazia “jazz com partitura”, e tal observação era ferinamente não laudatória. Mas todos o amavam, inclusive os jazzistas mais radicais. Se eu tivesse que resumir minha vida em, vamos dizer lá, umas cinco intensas felicidades estéticas, uma delas seria seguramente a primeira vez que comprei e ouvi “Time out”. Música sublime, leve, elegante, profunda, insuperável. Sei que é um ótimo insight este de dizer que Brubeck fazia jazz para médicos, mas afora a graça textual, isso é um insulto. Um insulto justo e delicado. O grupo de Brubeck nunca foi de virtuoses como o cenário sempre exigiu. O solo de Morello em Take five sempre me afigurará como um dos mais grandiosos da música, por ter sido uma das primeiras pontes para o estranhamento que eu tive.

  2. Jazz para médicos é ótimo. rsss Brubeck sabia que não era nenhum Art Tatum. Mas fazia sua música com prazer e honestidade e foi querido e respeitado pelos jazzistas de todas as raças. Quando a revista Time publicou uma capa com sua figura, ele foi imediatamente até Duke Ellington e disse que aquilo era injusto, pois ele mesmo considerava que o primeiro jazzista que deveria aparecer na capa da Times deveria ser Duke. Brubeck sabia quem era. Seu depoimento na série de Ken Burns é tocante e sincero. Sua música é deliciosa sem ser pretensiosa e os experimentos marcaram época, como o Take Five de Desmond. Este, havia idealizado a segunda parte do tema no lugar da primeira que conhecemos. Foi Brubeck quem sugeriu trocar e ficou muito melhor do que seria. E concordo com o compadre acima, o solo de Joe Morello é um monumento.

    1. Aquele série de Ken Burns me mostrou um Brubeck que circula pelas ruas de todo o mundo e sua música era síntese dessas andanças e de seu respeito sincero por todas as culturas e sua inevitável incorporação. Técnica demais para que quando o que mais falta aos músicos de hoje é prazer, pra não falar de tesão. Nelson Freire em seu depoimento a Moreira Salles fala da inveja dos jazzista que têm prazer ao tocar, lá ele fala de Erroll Garner, mas aqui serve ao magnífico Brubeck, que foi um grande músico naquela acepção do sentir a música como representação de nossos sentimentos que ganham a forma da sonoridade. Salve-o e suas muitas formações!

  3. Meus ouvidos são mais importantes do que a analise fria de um grande interprete; pegue uma estrada qualquer (mínimo de 300km de viagem) e apreciem Dave Brubeck;depois me falem, me contem sobre….que sabor….

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