History of the Sacred Music vol. 03: The Birth of Polyphony (1100-1300)

2q0j7fbHarmonia Mundi: História da Música Sacra
vol 03: O nascimento da Polifonia (1100-1300)


Muitos sons. Esse é o significado da palavra Polifonia, que vem do grego. Em essência, a interpretação ao pé da letra, nos diz tudo…


Polifonia, é uma técnica de composição em que duas ou mais ”melodias” se desenvolvem preservando o contexto na qual estão contidas. Para entendermos melhor essa tal de polifonia, vamos pensar na 9ª sinfonia de Beethoven, 1° movimento. É tão bonito ver as vozes se entrelaçando, meandrando a melodia principal, fazendo contrapontos, esquemas de ”perguntas e respostas”. No caso, isso é polifonia.

A polifonia no seu inicio, era improvisada. Não há registros, apenas teorias que derivam de tratados sobre música e liturgia (sim meu caro, liturgia. Esqueceu que a música era para acompanhar os ritos próprios da Igreja Católica ?). Como sabemos, a polifonia teve inicio junto com a melodia do canto gregoriano (lembra-se? Harmonia Mundi 2 ? ) era dobrada em 8ªs, 5ªs e 4ªs. (O interessante é que tudo isso surgiu espontaneamente. Os cantores não tinham a intenção de cantar diferente do uníssino.) Logo depois, começou-se a usar a 3ª e a 6ª. Hoje em dia, não há limites para a polifonia. Ela está em tudo em que escutamos. Desde buzinas aleatórias até John Cage. É claro que a polifonia está intimamente ligada a vários sons. Portanto o ”Poema sinfonico para 100 metrônomos” de Ligeti não é uma obra polifônica, apenas uma poliritmia.

Retomando à trajetória do desenvolvimento da música polifônica, poucas são as alterações sofridas no canto gregoriano, introduzindo-se apenas diálogos entre as melodias, as vozes ainda caminham no modelo vertical. Todas falam a mesma coisa e/ou trocam de nota no mesmo instante. No século seguinte percebe-se que a melodia se tornará muito mais interessante e apreciável se uma segunda voz caminhasse separada da voz* principal, fazendo algo diferente mas dentro do mesmo contexto. Depois, no século XII, o canto gregoriano é dilatado, ou seja, coloca-se entre uma nota e outra uma melodia mais dinâmica e de ritmo mais ágil, além de se introduzir uma diferenciação de andamento entre as várias vozes. Mas que para isso pudesse ocorrer de forma correta e precisa, o sistema musical teria que mudar. Pois até então, era utilizado o sistema neumático (solesmes) em que o ritmo, vinha de acordo com a acentuação da palavras. O sistema de neumas foi sendo melhorado de modo que havia uma precisão ritmica e melódica entre as vozes*.

Com isso, houve o aparecimento do Organum, que essencialmente é a melodia sendo cantada em diferentes alturas, mantendo-se o contexto na qual foi prorposta. Mais tarde, Paris tornou-se um importantíssimo centro musical, desde que, em 1163, teve inicio a construção da catedral de Notre-Dame. Aí as partituras de organum, com um grupo de compositores pertencentes à ”Escola de Notre-Dame”, alcançaram um admirável estágio de elaboração. No entanto, apenas o nome de dois desses compositores chegou até nós: Leonín, que foi o primeiro mestre de coro de catedral, e o de seu sucessor, Pérotin.

Com toda certeza, o auge do desenvolvimento da polifonia foi o Moteto, que basicamente foi quando usaram-se textos distintos para cada voz.* O moteto tornou-se uma das grandes formas da música polifônica, pois sua complexidade excedia os recursos disponíveis na época, o que fez com que junto com o seu desenvolvimento trouxesse melhorias e um aprimoramento do sistema rítmico e também da notação, sendo o apogeu de seu uso o contraponto modal do século XVI, apesar de sua importância para a música barroca e da recorrência a ele até por compositores românticos. Além dos benefícios que este estilo trouxe para sua época, deixou recursos que foram usados durante séculos posteriores e que ainda hoje, refletem na nossa música.

Assim sendo, podemos sintetizar essa evolução da seguinte forma:

Século IX – primeiras formas polifônicas em que se tem o registro (organum).
Século XII – auge da composição de organum.
Século XIV – formas polifônicas da Ars Nova.
Séculos XV e XVI – contraponto renascentista.
Século XVII – contraponto barroco.
Século XIX – contraponto no estilo de Albrechtsberger (harmonia movimentada).
Século XX – contraponto dodecafônico de Schoenberg.

* quando digo ”vozes” não me refiro apenas à voz humana. Não nos esqueçamos que a música vocal foi a primeira a surgir. Qualquer coisa cantada paralelamente é chamada de “voz”. Esse termo permenece até hoje para toda linha melódica desenvolvida ou por um instrumentista ou por um cantor.

Palhinha: ouça 03. 12th-Century Polyphony in Aquitaine à Saint-Martial de Limoges: 3. Resonemus hoc natali

History of the Sacred Music vol. 03: The Birth of Polyphony (1100-1300)
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Ensemble Organum. Director: Marcel Pérès
01. 12th-Century Polyphony in Aquitaine à Saint-Martial de Limoges: 1. Domine labia mea aperies/Deus in adjutorium meum (Choer)
02. 12th-Century Polyphony in Aquitaine à Saint-Martial de Limoges: 2. Versus: O primus homo coruit (à 2 voix)

Theatre of Voices. Director: Paul Hillier
03. 12th-Century Polyphony in Aquitaine à Saint-Martial de Limoges: 3. Resonemus hoc natali

Ensemble Organum. Director: Marcel Pérès
04. The Notre-Dame School (12th century): Mass for Christmas Day: 1. Introït trepé: Puer natus est
05. The Notre-Dame School (12th century): Mass for Christmas Day: 2. Kyrie

Léonin, or Leoninus (Paris, c. 1135 – 1201)
Theatre of Voices. Director: Paul Hillier
06. The Notre-Dame School (12th century): Propter veritatem

Pérotin (France, fl. c. 1200), also called Pérotin the Great
Theatre of Voices. Director: Paul Hillier
07. The Notre-Dame School (12th century): Graduel: Viderunt omnes/Notum fecit Dominus

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Theatre of Voices. Director: Paul Hillier
08. Hockets from the Bamberg Manuscript (13th century): 1. In seculum Longum
09. Hockets from the Bamberg Manuscript (13th century): 2. In seculum Viellatoris
10. Hockets from the Bamberg Manuscript (13th century): 3. In seculum Breve
11. Hockets from the Bamberg Manuscript (13th century): 4. In seculum D’Amiens longum

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12. 13th-Century Marian Songs: 1. Ave maria gracia plena
13. 13th-Century Marian Songs: 2. Pia mater gratie
14. 13th-Century Marian Songs: 3. Ave nobilis venerabilis

Ensemble Organum. Director: Marcel Pérès
15. The gradual of Eleanor of Brittany (13th & 14th centuries): Kyrie: Orbis factor

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16. An English Ladymass at Salisbury Cathedral (13th & 14th centurie): 1. Kyrie: Kyria christifera
17. An English Ladymass at Salisbury Cathedral (13th & 14th centurie): 2. Gloria
18. An English Ladymass at Salisbury Cathedral (13th & 14th centurie): 3. Sanctus – Benedictus
19. An English Ladymass at Salisbury Cathedral (13th & 14th centurie): 4. Agnus Dei: Virtute numinis

History of the Sacred Music vol. 03: The Birth of Polyphony (1100-1300) – 2003
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Encarte e letras dos 30 CDs – AQUI – HERE

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Boa audição.

 

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gabrieldelaclarinet: texto
Avicenna: lay-out & mouse operator

22 comments / Add your comment below

  1. Essa série é muito boa. Já tinha o Vol. 3. Agora estou conseguindo o vol 2 e o vol.1. Preciosidade. Obrigado por permitir que ouçamos algo tão maravilhoso.

  2. Olá amigo,
    Baixei este álbum e ocorre um erro. somente 7 faixas ficam disponíveis, e aparece uma tela de erro na descompactação. Você pode verificar pra mim? Agradeço desde já atenção e parabenizo pelo trabalho deste blog!!!!

  3. Grande Avicenna, maravilhosa obra!
    Apenas uma dúvida a intenção será postar todos os 30 volumes.
    Se for, já estou babando…

    Agradecidíssimo

    1. Milton,

      Tinha perdido meu parceiro para essa sequência de postagens, até que uma Alma Caridosa e com muito estofo, chamada FDP, nosso ilustre e sábio colega, topou continuar !!
      Então começamos com a sequencia desde o começo e vamos até os 29, pois o 30º é só de encartes.
      Viva o FDP!!

      Avicenna

        1. Bem, digamos que o plano original era fazermos uma postagem a quatro mãos, mas pedi licença ao Avicenna por não ter tempo disponível para ajuda-lo na empreitada. A minha vida está uma loucura, correria para todo o lado, doença séria na família … portanto, mérito desta postagem é toda do Mestre de Avis.

  4. Resonemus hoc natali, uma das mais belas coisas que já ouvi. Quando pude ir á Notre Dame fui com esta peça no MP3. Uma experiência ‘mística’, mas sem a chatice das divindades. Apenas a grandeza da música. Grato, Sr. Avicena, pela dádiva desta preciosa coleção, que, digo de passagem, é utilíssima para as aulas de história da música. rs

  5. Estas postagens são de um valor inestimavel para todos aqueles que optaram por elevar seu espirito através da música. Todos temos que saber qual foi o inicio; quais foram os pioneiros que espantaram as brumas e com a sua luz ajudaram a transformar este mundo num lugar mais ameno.
    Parabens Avicenna, mais uma vez!
    Abraços do semi-novo
    manuel

  6. Essa série é tão espetacular que me senti obrigado a comentar! …Algo que, confesso, deveria fazer com mais frequência, sobretudo por usufruir deste site há quase 10 anos! Mas sei que no fundo vocês perdoam os pobres de corações cinzentos que não retribuem a gratidão nem mesmo com um simples “obrigado”. =)
    De qualquer forma: valeu, avicenna!
    Abraços.

  7. Coincidentemente hoje de tarde estava falando sobre este repertório numa aula e desta fase da história da música. Lembrei dessas gravações. Vou repassar para os mais interessados, Grande abraço, compadre mestre Avicenna, Boas festas,saúde e paz!

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