Padre José Maria Xavier (1819-1887) – Ofício de Trevas vol. 1 (Acervo PQPBach)

2cx3pz Originalmente postado pelo CVL em abril de 2009. Repostagem pelo Avicenna.

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Outro achado de um de nossos visitantes, chamado Geraldo: o desconhecidíssimo mineiro Padre José Maria Xavier, que eu também não conhecia e que – apesar de ter vivido no séc. XIX – é classicista de primeira linha. Tudo bem que, ao ouvir este CD, parece que se trata mesmo de Mozart, mas esse era o gosto dominante em música sacra nos tempos do império e principalmente nos cafundós do judas, como era a pacata São João Del Rei, terra do padre (isso valia para qualquer cidade longe do Rio).

Comentários de Paulo Cesar Machado dos Santos:
Compositor e instrumentista, foi discípulo de seu tio Francisco de Paula Miranda com quem aprendeu canto, violino e clarineta. Estudou no Seminário de Mariana, ordenando-se padre em 1846. Designado a trabalhar em Rio Preto, retornou à sua terra natal, São João del-Rei, por motivos de saúde. Além do sacerdócio, exerceu múltiplas funções como vigário forâneo e lecionou música em várias escolas da cidade. Filiado a todas as associações religiosas, foi padre comissário da Ordem Terceira do Carmo e, também, capelão da Irmandade de Nosso Senhor dos Passos e da Confraria de Nossa Senhora do Rosário. De sua vasta obra são conhecidas mais de cem composições, executadas, tradicionalmente, em solenidades religiosas são-joanenses, especialmente na Semana Santa, na Novena de Nossa Senhora da Boa Morte e no Natal. As peças Matinas do Natal e Missa nº 5 foram editadas em Munique, na Alemanha, fato raro na música oitocentista brasileira. O compositor nasceu em 1819 e faleceu em 1887.

Comentários de Harry Crowl:
Não há nada de barroco nem no Pe. José Maria Xavier, nem nos compositores coloniais anteriores a ele. Quando estudava no Seminário de Mariana, em meados do sec.XIX, J.Ma. Xavier ficou encantado com a obra do Pe. João de Deus de Castro Lobo, que falecera em 1832. JMXavier procurou escrever numa linguagem parecida, mas já com influência muito forte da ópera italiana introduzida pela corte no Rio, na época de D.João VI e D.Pedro I. Essa influência estava também presente na música de João de Deus. Só que no caso do último, o domínio da orquestração e da instrumentação e a eventual disponibilidade de músicos fez de sua obra algo muito mais elaborado. Tive a oportunidade de tocar viola com a Orquestra Ribeiro Bastos, em São João del Rei, em várias semanas santas, na década de 90. Toquei inclusive esse Ofício algumas vezes. É uma obra de grande força dramática e de escrita muito simples para a orquestra, pois a prática instrumental no Brasil no tempo do Império, especialmente no interior, já era amadora. Porém, São João Del Rei foi a única cidade no Brasil que conseguiu manter viva essa tradição. Vale muito a pena dar uma chegada até lá na época da semana-santa. É uma excelente oportunidade para se entender como a música funcionava dentro da liturgia católica até o final do sec.XIX, antes do estabelecimento do moto próprio, em 1906.

Ofício de Trevas – vol 1
Pe. José Maria Xavier (São João del Rey, 1819-1887)
Ofício de Trevas 1. Ofício de Quinta-feira Santa – Antiphona – Zelus Domus Tuae
Ofício de Trevas 2 :Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium I – In Monte Oliveti
Ofício de Trevas 3. Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium II – Tristis Est
Ofício de Trevas 4. Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium III – Ecce Vidimus
Ofício de Trevas 5. Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium IV – Amicus Meus
Ofício de Trevas 6. Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium V – Judas Mercator Pessimus
Ofício de Trevas 7. Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium VI – Unus Ex Discipulis Meis
Ofício de Trevas 8. Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium VII – Eran Quasi Agnus Ínnocens
Ofício de Trevas 9. Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium VIII – Una Hora
Ofício de Trevas 10. Ofício de Quinta-feira Santa – Responsorium IX – Seniores Populi
Ofício de Trevas 11. Ofício de Sexta-feira Santa – Antiphona – Astiterunt Reges Terrae
Ofício de Trevas 12. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium I – Omnes Amici Mei
Ofício de Trevas 13. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium II – Velum Templi
Ofício de Trevas 14. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium III – Vinea Mea
Ofício de Trevas 15. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium IV – Tamquan Ad Latronem
Ofício de Trevas 16. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium V – Tenebrae Factae Sunt
Ofício de Trevas 17. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium VI – Animam Meam
Ofício de Trevas 18. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium VII – Tradiderunt Me
Ofício de Trevas 19. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium VIII – Jesum Tradidit Impius
Ofício de Trevas 20. Ofício de Sexta-feira Santa – Responsorium IX – Caligaverunt Oculi Mei Laudes
Ofício de Trevas 21. Ofício de Sexta-feira Santa – Antiphona – Posuerunt Super Caput Ejus
Ofício de Trevas 22. Ofício de Sexta-feira Santa – Christus Factus Est

Ofício de Trevas – vol 1 – 2004
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais & Coral Lírico Palácio das Artes
Maestro Marcelo Ramos
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Boa audição.

CVL + Avicenna

27 comments / Add your comment below

  1. Aproveitando o dia da Paixão de Cristo,sexta feira. você devia, como prometido, postar o Oratório Cristo no Monte das Oliveiras de Ludwig Van Beethoven. Minha sede Metafísica -estética- espiritual- religiosa-musical dessa obra não é pouca para embeber do fruto essa sagrada obra!

  2. Confesso que não conhecia Pe.José.M Xavier, mas me apaixonei a gravação está muito boa e a bora é bellísima as “cantatas” são de uma grandiosa força.
    Muito bom

  3. Confesso que não conhecia Pe.José.M Xavier, mas me apaixonei a gravação está muito boa e a *obra é bellísima as “cantatas” são de uma grandiosa força.
    Muito bom

    (erro de digitação)

  4. Nossa! Maravilhosa postagem, CVL!

    Bruno, nosso SAC amanheceu mais irritado do que o habitual. Então, respondo que não lembro de alguém ter prometido Cristo no Monte das Oliveiras nem no Pico da Neblina. Também aproveitamos para sugerir-te a ingestão de copos d`água (apenas o conteúdo) para tua sede metafísico-espiritual.

    Abraço.

    (Alguém prometeu…?)

    1. Fui eu mesmo que pedir-lhe ,humildemente, a postagem desse oratório , pois não acho em nenhum lugar.Quando você fez a novva postagem com os links corrigidos da Paixão Doente de J. S. Bach, foi lá que deixei às minhas esperanças desse oratório ser postado aqui nesse formidável site.E voc~e me deu uma resposta dizendo: “Bruno, logo, logo, postarei essa obra.Pode esperar que ela virá…”Essa mensagem você me respondeu no dia 16 de Março de 2009.Como voc~e me prometeu e provar que é homem de palavra num dos blogs mais democráticos do mundo… quero ver…

  5. Esta postagem estava agendada há mais de um mês – nem tinha me dado conta de que iria ao ar na Semana Santa. E, por coincidência, amanhã tem mais música sacra brasileira.

    1. Caro Bruno,

      Na minha segunda postagem tem uma peça pequenininha, mas muito empolgante do nosso Cláudio Santoro. Trata-se do Ponteio, uma peça rápida, cativante e de uma brasilidade ímpar.

  6. Gostei muito do Oficio das Trevas.
    Mas eu não o achei mozarteano. Parece mais um barroco tardio pelo uso dos acordes aumentados. Até porque o papel principal (Jesus) está confiado ao Baixo (característica dos oratórios barrocos).

    1. Obrigado pela observação, Francisco. Eu sou uma toupeira em estilística colonial – o Avicenna talvez venha a sanar essa lacuna de música pré-republicana por aqui.

  7. CVL, eu não tenho muita idéia de como funciona as regras desse tipo de blog a respeito dos links que disponibilizamos, mas qualquer coisa errada me avisa.

  8. Não há nada de barroco nem no Pe. José Maria Xavier, nem nos compositores coloniais anteriores a ele. Quando estudava no Seminário de Mariana, em meados do sec.XIX, J.Ma. Xavier ficou encantado com a obra do Pe. João de Deus de Castro Lobo, que falecera em 1832. JMXavier procurou escrever numa linguagem parecida, mas já com influência muito forte da ópera italiana introduzida pela corte no Rio, na época de D.João VI e D.Pedro I. Essa influência estava também presente na música de João de Deus. Só que no caso do último, o domínio da orquestração e da instrumentação e a eventual disponibilidade de músicos fez de sua obra algo muito mais elaborado. Tive a oportunidade de tocar viola com a Orquestra Ribeiro Bastos, em São João del Rei, em várias semanas santas, na década de 90. Toquei inclusive esse Ofício algumas vezes. É uma obra de grande força dramática e de escrita muito simples para a orquestra, pois a prática instrumental no Brasil no tempo do Império, especialmente no interior, já era amadora. Porém, São João Del Rei foi a única cidade no Brasil que conseguiu manter viva essa tradição. Vale muito a pena dar uma chegada até lá na época da semana-santa. É uma excelente oportunidade para se entender como a música funcionava dentro da liturgia católica até o final do sec.XIX, antes do estabelecimento do moto próprio, em 1906.

  9. CVL, que bom que vc postou o Ofício de Trevas. Deixei um “reclame” sobre este CD dias atrás e hj vejo que vc postou, em tempo de semana santa. Se vc tivesse me avisado, escaneava os encartes todos, até pq existe uma explicação para a composição e como e pq soou da forma que é. Ainda tá em tempo. Se quiser me manda um e-mail. Valeu

  10. Boa hoje lendo sobre o comentário feito a respeito do estilo de pe José Maria Xavier, digo que é de grande estilo marcou o barroco brasileiro é reconhecido na Alemanha e toda Europa.
    Quanto ao comentário sobre a cidade São João del Rey ma ocasião não era tão pacata assim pois era capital de Minas. Tenho boa parte do material inclusive o oficio de trevas todos em midia, fui membro da orquestra Ribeiro Bastos no período que morei em São João para estudar. Quem quiser entre contato que passo o ofício de trevas na íntegra.
    Abraço
    Paulo Cesar Esse meu site que coloco está em construção, terá página oara dowlounds em breves. Meu tel 24 99822593

  11. Compositor e instrumentista, foi discípulo de seu tio Francisco de Paula Miranda com quem aprendeu canto, violino e clarineta. Estudou no Seminário de Mariana, ordenando-se padre em 1846. Designado a trabalhar em Rio Preto, retornou à sua terra natal, São João del-Rei, por motivos de saúde. Além do sacerdócio, exerceu múltiplas funções como vigário forâneo e lecionou música em várias escolas da cidade. Filiado a todas as associações religiosas, foi padre comissário da Ordem Terceira do Carmo e, também, capelão da Irmandade de Nosso Senhor dos Passos e da Confraria de Nossa Senhora do Rosário. De sua vasta obra são conhecidas mais de cem composições, executadas, tradicionalmente, em solenidades religiosas são-joanenses, especialmente na Semana Santa, na Novena de Nossa Senhora da Boa Morte e no Natal. As peças Matinas do Natal e Missa nº 5 foram editadas em Munique, na Alemanha, fato raro na música oitocentista brasileira. O compositor nasceu em 1819 e faleceu em 1887.

  12. Ja tive a oportunidade de assistir os Ofícios de Trevas na íntegra algumas vezes. Reafirmo o que disseram, vale a pena ir la ouvir e conhecer como era a musica na época… É algo simplesmente inexplicável. Vale a pena conferir.

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