O bom filho à casa torna. Para comemorar o Retorno do Chucruten, um CD primoroso que exalta a complexidade da harmonia e do contraponto na idade de ouro da polifonia, a Renascença.
Não é exagero dizer que, uma vez que a música se libertou dos grilhões monofônicos do cantochão, literalmente se esbaldou de sobrepor vozes. Nunca haviam comido mel, então, claro, se lambuzaram todos. E o resultado é, além de curioso, também incrivelmente convincente: motetos de 13, 16, 24 e até 40 vozes, cada uma com linhas melódicas distintas, criam um cluster harmônico que causam a impressão singular de estar diante de uma música ao mesmo tempo imemorial e moderna, extremamente antiga e nova: sensação de eternidade.
O moteto Qui Habitat de Josquin desPrez é uma das pérolas deste disco, 24 vozes que se sobrepõe, uma a uma, causando um curioso padrão de interferência sonoro de resultantes harmônicas e rítmicas. E, o carro-chefe do disco, o Spem in Allium de Thomas Tallis: 40 vozes. Um professor de música colega meu, que não conhecia a obra, ouviu-a numa instalação artística em Inhotim-MG, e achou ser uma peça contemporânea!
Utopia Triumphans
Thomas Tallis: Spem in alium
Constanzo Porta: Sanctus – Agnus Dei
Josquin Desprez: Qui habitat
Jean de Ockeghem: Deo gratias
Pierre de Manchicourt: Laudate Dominum
Giovanni Gabrieli: Exaudi me Domine
Alessandro Striggio: Ecce beatam lucem
Huelgas Ensemble – Paul van Nevel
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Arquivo FLAC, 230Mb
CHUCRUTEN