Na verdade quem deveria estar assinando esta postagem seria nosso colega Wellbach, trompetista profissional e professor do mesmo instrumento. Mas como sei que é difícil para ele encontrar um tempo em sua agenda, resolvi então escrever estas mal traçadas linhas.
Maurice Andre provavelmente é o maior de todos os trompetistas, me corrijam se eu estiver errado, e se existiu algum outro trompetista deste quilate, me apresentem, pelo menos neste repertório.
Imagino que o repertório para um trompetista concertista seja muito limitado, por este motivo as adaptações são necessárias, que o digam os concertos para Oboe de Mozart e de Haydn aqui tocados. E a própria transcrição deve ser muito complicada, pois tratam-se de dois instrumentos bem diferentes.
Peço ajuda aos universitários, digo ao Wellbach, para fazer algum outro comentário sobre as obras aqui interpretadas e sobre o músico.
01. Haydn – Trumpet Concerto in E flat major – 1 – Allegro
02. Haydn – Trumpet Concerto in E flat major – 2 – Andante Cantabile
03. Haydn – Trumpet Concerto in E flat major – 3 – Allegro
Bamberg Symphony Orchestra
Theodor Guschlbauer – Conductor
04. Leopold Mozart – Trumpet Concerto in D major – 1 – Adagio
05. Leopold Mozart – Trumpet Concerto in D major – 2 – Allegro moderato
Jean-François Paillard Chamber Orchestra
Jean-François Paillard – Conductor
06. Haydn – Oboe Concerto in C major – 1 – Allegro spirituoso
07. Haydn – Oboe Concerto in C major – 2 – Andante
08. Haydn – Oboe Concerto in C major – 3 – Rondo
09. Mozart – Oboe Concerto in C major – 1 – Allegro aperto
10. Mozart – Oboe Concerto in C major – 2 – Adagio non troppo
11. Mozart – Oboe Concerto in C major – 3 – Rondo
Franz Liszt Chamber Orchestra
Frygies Sándor – Conductor
Maurice André – Trumpet
gostei muito do concerto para oboé… muitas vezes acabei ouvindo um oboé mesmo, rsrsr
Meu amigo! Ou amiga, decerto me desculpais. Devo lhe apresentar um trompetista de igual calibre, um ‘virtuose’ neste instrumento, Sir Wynton Marsalis.
O maior, mestre absoluto do trompete erudito. Tivemos também o fabuloso Rafael Mendez, entre outros também habilíssimos, porém Maurice André é uma divindade, reconhecida pelos próprios mestres que vieram após ele, muitos inclusive foram seus alunos rs. Um curiosidade, ele quando menino trabalhou em minas, nas profundezas da terra. Até seus últimos dias ele guardava uma pequena lamparina de mineiros, que ele trouxera daqueles tempos, ele disse que não trocaria aquela relíquia nem por uma Ferrari. rs Magnífico, para mim o maior, em habilidade e coração.
Sobre o repertório, o Haydn é a joia das joias do concerto para trompete, secundado pelo Hummel. Depois temos o de Leopold Mozart, e até um de Tartini! claro, falamos do trompete no período clássico, sabendo que para trás temos rios de música barroca para trompete – Torelli, Manfredini, Vivaldi e seu concerto pra dois trompetes, Bach e o Brand 2, mais as Cantatas e outras obras sacras nas quais figuram este instrumento. No período clássico o trompete, que era natural, ganhou chaves e mais tarde válvulas; chegando à época do virtuosismo de Arban e sua escola no século XIX, quando os confrontos de virtuoses era tal que por vezes os trompetistas saiam no tapa por não conseguirem vencer um ao outro rs. Particularmente falando, minha relação com o trompete é mais jazzística; acho o repertório moderno um porre. A sonata de Hindemith é requentadíssima e nem a ouço nem toco mais rs. Mas gosto do concerto de Alexander Arutiunian, compositor armênio, muito belo. Maurice André gravou tudo e de tudo e tudo o que gravou gravou bem. Dizem que os músicos de orquestra não gostavam de gravar com ele, pois ganhavam por tempo de serviço, e ele chegava e fazia tudo de uma cacetada só Rs. O fato é que muito do que se gravou de trompete erudito foram transcrições, de Albinoni, por exemplo, ou esta de Haydn que figura no disco. Mas com ele, tudo fica lindo, é um Midas do trompete, tudo o que toca vira ouro.
Me lembrei agora do trompetista cubano Arturo Sandoval, outro gigante do instrumento e que transita de vez em quando pelo repertório erudito. Assisti a um show da última Big Band do Dizzie Gillespie em que o próprio Dizzie fica embasbacado com a habilidade e talento do cara.
Sandoval é inquestionavelmente formidável, mas o prefiro tocando música de usa terra. quando vai tocar Jazz tem uma compulsão por querer parecer o maior do mundo, em agudos e velocidade. é chato. Ele é sabidamente um sujeito complicado no meio trompetístico. Arrogante e gabola. Suas gravações eruditas são consideradas por muitos como carentes de refinamento, o que de fato ocorre. Porém, em sua área latina, é magnífico; mas existe também Jesus Alemañy (!!!).
Quando falo que Maurice André foi o maior de todos os trompetistas é claro que estou falando do repertório erudito. E claro que também toda esta nova geração que surgiu após ele até pode tê-lo superado, mas me refiro também ao seu pioneirismo.
Com relação ao clã Marsalis, acompanho a carreira do Wynton e de seu irmão, também talentosíssimo, Brandford já há muito tempo. Lembro também que o saxofonista que acompanha o Sting em um dos melhores discos ao vivo dos anos 80, exatamente o ‘Bring on The Night’, do próprio Sting é o próprio Brandford, e o pianista/tecladista daquela banda era o Kenny Kirkland, outro que tocava direto com aquela turma.
Infelizmente o Wynton não tem se dedicado tanto quanto gostariamos a este repertório dito erudito, mas nas apresentações de suas próprias composições ele continua firme na posíção de melhor de sua geração, sem dúvida alguma.
Me lembraram bem! existe um disco inacreditável, dele com Michel Legrand, vou desentocar pra gente. É fenomenal. Até breve.
Atualmente temos inúmeros trompetistas fabulosos, encabeçados nas últimas décadas pelo magnífico W. Marsalis; ponta de ramo também no mundo do jazz. Marsalis, dono de impecável técnica e grande talento, ao meu ver, tem uma importância para além de ser um grande instrumentista. Seu trabalho didático é de suma importância, não somente sobre o trompete mas também para com a história da música e especialmente a música de jazz. Ele é o ápice da árvore genealógica dos trompetistas, até mesmo nasceu em New Orleans! sua gravações retomar os velhos estilos e formações com impecáveis execuções. considero que ele representa uma grande vitória do povo negro americano, pois em passado não remoto, ele talvez não fosse possível – reinando no mundo erudito e também no jazzístico. O magnífico Clark Terry disse que desejou na juventude ser um concertistas, porém sequer poderia passar na calçada de um conservatório. Marsalis, me parece, representa uma conquista de seu povo após muitos sacrifícios. mas não é o que prefiro. Fico com Clark Terry, Clifford Brown, Booker Little, Roy Eldridge… e tantos outros no jaz e na música erudita, André e alguns outros.
Lembro de um amigo que quando viu a foto do fabuloso septeto do Marsalis comentou que parecia que aqueles caras eram de um grupo de pagode.
Talvez em novas fases se pareça mesmo, nas décadas anteriores seus grupos foram descritos como impecáveis em todos os detalhes. Mas não sei ao certo o que seu amigo definira como grupo de pagode. rs
Creio que era mais pelo visual, wellington. Na época eram comuns os grupos de pagode com os caras bem vestidos. E o meu amigo fez esse comentário há uns quinze ou desesseis anos atrás. Mas claro que ele falou brincando, pois também admirava muito o trabalho do cara.
E a Alison Balsom?
Bela e sublime, que mais dizer? rss