Este Trio Nº 1, Op. 8, é uma comprovação de que Brahms nasceu pronto. É obra de um jovem compositor maduro. É um repertório incontornável do período romântico. Você tem que conhecer. Simples assim.
Como se não bastasse o trocadilho infame que o nome Brahms sugere a nós, brasileiros, ele era filho de um contrabaixista de Hamburgo que tocava em cervejarias… E, a partir dos dez anos de idade, o pequeno Johannes passou a trabalhar como pianista com seu pai, nas tabernas. Não sabemos se estas atividades foram nocivas à saúde do menino, sabemos apenas que ele, mais tarde, fez bom uso de seu conhecimento sobre o repertório popular alemão. Brahms teve apenas dois professores, ambos durante a infância e adolescência. Ainda muito jovem, ficou pronto para compor após estudar Bach, Mozart e Beethoven.
Começou a compor cedo e, antes de completar 20 anos, seu Scherzo opus 4 já tinha entusiasmado e revelado afinidades com Schumann, a quem Brahms ainda desconhecia. Foi visitar Schumann e então os fatos são mais conhecidos: primeiro, Schumann escreve em seu diário “Visita de Brahms, um gênio!”, depois publica artigo altamente elogioso ao compositor, fazendo com que o jovem Brahms tivesse a melhor publicidade que um artista pudesse desejar. Schumann o considerava um filho espiritual e a esposa de Schumann, Clara, chamava-o de seu “deus loiro”. Muitas hipóteses são possíveis sobre a relação entre Clara e Brahms, mas só uma coisa é certa: eles destruíram a maior parte das cartas que dizia respeito a ela. Porém, a versão de que houve um forte componente amoroso na relação entre os dois dá margem a muitas conjeturas e ficções.
A música de câmara de Brahms é um verdadeiro tratado sobre a humanidade. Foi um compositor originalíssimo. Suas obras representam uma tentativa única de fusão entre a expressividade romântica e as preocupações formais clássicas. O resultado é uma música de grande densidade e intensidade. Foi, em sua época, adotado pelos conservadores. Ele colaborou bastante com esta adoção ao assinar um manifesto contra a chamada escola neo-alemã de Liszt e Wagner. Porém… teve tal imerecido estigma quebrado pelo famoso ensaio de Schoenberg: “Brahms, o Progressista”.
Johannes Brahms (1833-1897): Piano Trios 1 & 3
Piano Trio No.1 in B major, Op.8
01. I. Allegro
02. II. Scherzo- Allegro molto
03. III. Adagio
04. IV. Allegro
Piano Trio No.3 in C minor, Op.101
05. I. Allegro energico
06. II. Presto non assai
07. III. Andante grazioso
08. IV. Allegro molto
Gutman Trio
Sviatoslav Moroz, violino
Natalia Gutman, cello
Dmitri Vinnik, piano
PQP
Sou “fissurado” em música de câmara. Ouço música o dia todo, inclusive trabalhando (sou dentista e às vezes o barulho do motorzinho atrapalha um pouco…). Meus pacientes viajam junto comigo , sofrendo mas ouvindo clássicos.