Já declarei em outras situações que considero este um dos três melhores discos ao vivo já gravados na história da indústria fonográfica. O que estes três caras fazem aqui não é brincadeira. É um show de competência, virtuosismo e criatividade únicos.
Keith Emerson se suicidou há quinze dias, no dia 10 de março, com um tiro. Tinha setenta e um anos de idade. Há alguns anos atrás sofreu uma intervenção cirúrgica em sua mão direita, e aparentemente não conseguiu recuperar os movimentos desta mão e voltar a tocar como tocava. E isso para um músico, ainda mais um pianista de seu calibre, deve deprimir e muito.
Conheci Keith Emerson exatamente através deste CD que ora vos trago, um petardo que mostra todo o talento e versatilidade deste trio. São músicos de altíssimo nível, que exploraram ao máximo as possibilidades de seus instrumentos, vindo inclusive a inovar, criando e aperfeiçoando o que existia na época (lembro que esse disco foi gravado em 1974). O disco era um álbum triplo, e isso significou e muito. Até então, pouquíssimas bandas tinham se arriscado em algo tão longo, lembro de cabeça do “Yes Songs”, do Yes, lançado um ou dois anos antes. O nome do álbum é muito sugestivo, quando você é convidado a assistir a um show que nunca acaba. E para mim, nunca vai acabar. Foi um dos discos que mais me influenciou, faixas extensas como ‘Tarkus’, ou ‘Karn Evil 9’ me mostraram que a improvisação é a alma da música, e ‘Piano Improvisations’ foi a gota dágua que sacramentou essa minha idéia. Sumiram os rótulos, e ficou apenas a música, única e simplesmente. E no meio de seus solos, podiamos encontrar passagens de obras de Prokofiev, Stravinsky, e principalmente Aaron Copland, que me foi apresentando exatamente com a faixa que abre este álbum, o clássico “Hoedown”. Curioso que um trio inglês conseguiu extrair o que esta obra tinha de melhor, a interpretando em um órgão Hammond, em uma bateria e num contrabaixo.
Alguns anos depois eles foram convidados a tocar a música de abertura das Olimpíadas de Montreal, mas isso é conversa para outra postagem.
CD 1
01. Hoedown
02. Jerusalem
03. Toccata
04. Tarkus (a. Eruption, b. Stones Of Years, c. Iconoclast, d. Mass, e. Manticore, f. Battlefield (Including Epitaph), g. Aquatarkus)
05. Take a Pebble (a. Still… You Turn Me On, b. Lucky Man)
CD 2
01. Piano Improvisations (a. Fugue, b. Little Rock Getaway)
02. Take A Pebble (Conclusion)
03. Jeremy Bender – The Sheriff (Medley)
04. Karn Evil 9 (a. 1st Impression, b. 2st Impression, c. 3st Impression)
Keith Emerson – Keyboards
Greg Lake – Bass, Guitars & Vocal
Carl Palmer – Drums, Percussion
As bandas que eu continuo amando intensamente desde minha adolescência são o Led Zeppelin, o Jethro Tull, o Van der Graaf Generator, e o Emerson, Lake & Palmer (além do King Crimson, claro). São dessas bandas que evoluíram não só o rock, mas a música em geral. Keith Emerson fez coisas naquele Moog que são absolutamente geniais, e como Carl Palmer é um excepcional baterista! Há de tudo nesse grandioso álbum: música erudita, rock, jazz, progressivo, sem ser nenhuma dessas coisas. Era apenas o ELP. Acho um tanto desvantajoso para a turma que esnoba o ELP por eles fazerem todas essas coisas sem pertencerem naturalmente a nenhuma delas. Os caras faziam música, e de primeiríssima qualidade. Re-ouvindo esse álbum ontem à noite, eu pensei o quanto seria maravilhoso estar naquela plateia.
Também gostaria de estar lá, Charlles …
Feliz em encontrar nesse espaço a abertura para homenagear este grande musico. Devo a Emerson minha conversão à Música Clássica, foi por causa da curiosidade em conhecer o original de “Pictures at an Exhibition” do ELP que comprei meu primeiro álbum de música clássica (Mussorgsky, claro) – uma paixão que nunca parou. Minhas modestas pretensões musicais, como tecladista amador, também tiveram sua grande influência.
Deixei minha pequena homenagem aqui: https://www.youtube.com/watch?v=3LK9bCC8-vg&feature=youtu.be
R.I.P. Keith Emerson.
Fico feliz pela lembrança ao querido Emerson e ELP. Vi um show já tardio do trio em 97 e foi o melhor da minha já média vida. E a postagem sendo no dia do aniversário do meu filho só torna as coisas mais especiais. Muito obrigado pelas palavras.
Que coisa excelente, numa noite de domingo, encontrar fãs do Emerson Lake & Palmer. Nos idos de 1971 a 1976 era encarado como uma criatura estranha, primeiro por ainda ter cabelos, segundo pela afeição aos primeiros discos do King Crimson (a quem me referia como o KC não dançante… rsrsr) e do ELP. No dia da morte de KE, postei um link para o Trilogy, ainda estou bastante triste com o ocorrido. É um disco sublime, muito interessante e sempre com discussão com os clássicos, como os já falados aqui e Alberto Ginastera (Pictures at an Exhibition). Excelente! Boa noite, feliz de encontrar a todos.
Creio que vão gostar disto:
https://www.youtube.com/watch?v=IbcXbf7QIbY
Pode me chamar de chato! Mas, quando usamos o verbo ‘haver’, da maneira que o Sr. usou, doeu nos olhos: …há quinze dias atrás…Não é possível, um crítico inteligente, escorregar numa bobagem desta! Quando usamos ‘há” está implícito que foi no passado, o lógico é dispensar ‘atrás’. Ou usamos: quinze dias atrás, sem o verbo ‘haver. Causei algum problema? Perdoe-me, quem foi professor não perde o magistério. Abs fraternos e parabéns pelas escolhas musicais.
Agradeço a correção … nunca tinha atentado para esta redundância..
Obrigado amigo, sem mágoas e muita paz. Continue a trabalhar, música é a essência frígida da celeuma, da reflexão absurda no ato de voar, da concupiscência extrema da alma. Abs e saudações.
P.S. A educação é um dos princípios da elegância.
Estou usando este espaço para um pedido: gostaria muito de ouvir as últimas sonatas de Beethoven interpretadas pelo Claudio Arrau. Observei que vocês postaram esses arquivos em algum momento (Sóstenes Files), mas os links estão desativados… Há como disponibilizar esses arquivos novamente?
Obrigado…
Beethoven pelo Arrau? Hum, vou providenciar, Mário.
Mal posso esperar!! Abraços!