Orquestra Sinfônica do Recife – dois CDs com premières mundiais

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Originalmente postado por CVL, e repostado pelo Avicenna.

Essas duas pérolas ora postadas nunca foram comercializadas, ficaram apenas como registro formal e institucional de duas iniciativas louváveis da Orquestra Sinfônica do Recife acontecidas há dez anos: a gravação das três primeiras colocadas em um concurso de composição em função dos 500 anos do Descobrimento, o único promovido por conta da data, e o resgate de uma obra ignorada do catálogo de Francisco Mignone, o balé Quincas Berro d’Água, sobre o livro quase homônimo de Jorge Amado.

No primeiro CD, destaco a consistência da peça do cearense Liduíno Pitombeira, que ganhou merecidamente o primeiro lugar: bem orquestrada, bem estruturada, bem encadeada.. enfim, houve justiça. No segundo, não esperem mais do que uma partitura naïf, embora muito agradável, de Mignone – o Lamento e Dança Brasileira, de Clóvis Pereira, vem de brinde mas não tem nenhum grande atrativo.

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500-anosSinfonia dos 500 anos

1. Uma lenda indígena brasileira – Liduíno Pitombeira
2. Sinfonia brasileira em três movimentos – Rodrigo Celso Vitta
3. A sinfonia dos 500 anos – Ronaldo Cadeu de Oliveira

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berro1. Quincas Berro d’Água – Francisco Mignone
2. Lamento e Dança Brasileira – Clóvis Pereira

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Em ambos os CDs: Orquestra Sinfônica do Recife, regida por Carlos Veiga

CVL

19 comments / Add your comment below

  1. Seu CVL,

    Eu tenho estes dois cds. Aliás, presente de um dos idealizadores do concurso – Ramirez Texeira. Desde que a Opus fechou (a única loja que era dedicada a música clássica no Recife nos anos de 1990) eu encontro o Ramirez raríssimas vezes. Não conheci ninguém mais culto e inteligente. Sabe tudo sobre música.

    Sobre os cds, eu estive presente na noite de apresentação dos vencedores. Não fiquei muito entusiasmado, nem mesmo com a obra do agora reconhecido Liduíno.

    Já Quincas Berro d’Água de Mignone é uma obra engraçadíssima e criativa, e incrivelmente bem interpretada pela quase defunta orquestra do Recife. Imperdível.

  2. Prezado C.D.F.Bach,
    li o seu comentário sobre os dois CDs da Sinfônica do Recife, de cujas realizações tive a honra e o prazer de participar. O grande mérito, contudo, do momento feliz que viveu a nossa Orquestra, um dos patrimônios do Recife e de Pernambuco, foi do então Prefeito do Recife, hoje Deputado Federal, Roberto Magalhães, este sim um homem culto e extremamente inteligente, que nunca negou apoio, durante a sua profícua sadministração, as iniciativas culturais. Agradeço, penhorado, as suas palavras a meu respeito. Não mereço tanto. Sou apenas um admirador das artes, nas suas mais variadas formas (música, artes plásticas, literatura, cinema) e procuro manter-me atualizado sobre o assunto. Não consegui identificá-lo pelo pseudônimo, mas gostaria de encontrá-lo, pessoalmente, para conversarmos sobre música. O meu telefone é 8521.2221. Vamos manter contato e não encontrarmo-nos raríssimas vezes. Eu continuo advogando, o que faço a 50 anos. Um abraço, Ramires

  3. Caro Ramires,

    Ótima surpresa encontrá-lo por aqui. Claro que ligarei para retomarmos nossas conversas sobre música. Aliás, o CVL, nosso especialista em música brasileira, também vive por aqui, vamos marcar um encontro.

  4. Assisti em 1986 o Carlos Veiga regendo Quincas Berro D’agua de Mignone, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, na Sala Cecília Meireles no Rio de Janeiro. Na época eu era estudante de musica e sempre levava nos concertos um gravador portátil para depois estudar as músicas em casa. Ouvi e reouvi várias vezes essa obra do Mignone, e afirmo que é simplesmente uma de suas obras primas. Desculpe ao ilustre colunista mas definitivamente não concordo que seja naif.

    Até parece que é muito fácil escrever música de concerto bem estruturada e ao mesmo tempo com melodias acessíveis… Só compositores acima do talento comum conseguem conciliar as duas virtudes. Música de qualidade não é só música cheia de contraponto e complexidade harmônica feita para ser entendida apenas por membros de uma irmandade maçônica musical.

    Música tem que ser acessivel a todos, senão é fadada ao fracasso, e a ficar em discos nunca lançados comercialmente como esse, arquivados em alguma prateleira poeirenta de uma biblioteca pública.

    No mundo de hoje, essa fronteira de clássico com popular não cabe mais. Se continuar havendo esse divisionismo, a música clássica vai acabar perdendo a briga (como já está), pois a música popular de hoje é muito mais variada que há 20 ou 30 anos atrás, e acaba abocanhando quase todo o público.

    Quer constatar isso? Vai procurar ver quantos discos de música clássica são vendidos no Brasil e no mundo hoje, e quantos eram vendidos há 30 anos atrás.

  5. Roberto, concordo com você, essa obra de Mignone ainda será valorizada.

    O compositor deve pensar no público, se o público não gosta, a história mostra duas situações frequentes: a música não presta mesmo ou o público ainda não está preparado. Devemos pensar também que nosso “gosto” foi muito desenvolvido pelos compositores, sem eles ainda estaríamos só ouvindo tambores…ops, pelo gosto da maioria, ainda continuamos primitivos.

  6. Concordo com o Roberto no sentido de que a obra é belíssima em harmonia, orquestração e construção de temas, mas – não sei se pelo argumento do balé ou pelo livro em si – não houve espaço para Mignone escrever passagens dramáticas ou densas.

  7. Avicenna, o importante acima de tudo é que alem de ser boa música, é nossa, e é uma reliquia de valor incomensuravel. Voce de novo esta de parabens!
    um abraço do semi-novo
    manuel

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