Tal como os discos dos funerais (ou músicas que sugerimos pera seu velório) que postei na sexta-feira santa, esta é mais uma estranha coletânea. Eu odeio coletâneas desde a época dos LPs de gatinhos. Os tais greatest hits (argh!) costumam ser uma mistureca braba e o fato de serem feitos de “melhores lances” (?) impede a fruição de uma obra completa, normalmente contrastante, como o compositor criou e desejava que fosse ouvida. Falta respeito e espírito concertístico a quem cria esses monstros. Mas sei, claro, que servem de introdução para quem não conhece nada de determinado compositor ou gênero. Então, vá lá. E aqui termina a PARTE ELITISTA desta introdução.
O importante deste novo CD duplo é que a orquestra é basicamente a de Chicago e os regentes são Solti e Chailly. Não são second choices. Tudo de primeira linha, ou seja, quem ainda está tateando na música erudita já começa a aprender como soa uma boa orquestra. A música de Mahler é indizivelmente grandiosa, apesar de ser bem esquisito ouvir uma série de adágios uns atrás dos outros. É a negação do contraste, ainda mais num compositor tão dotado de repentinos ódios e momentos sublimes como Mahler.
Curioso.
Gustav Mahler (1860-1911): Adágios
1. Symphony No.5 In C Sharp Minor – 4. Adagietto (Sehr Langsam) 9:46
Chicago Symphony Orchestra · Sir Georg Solti
2. Symphony No.2 In C Minor – ”Resurrection” – 4. ”O Röschen Rot! Der Mensch Liegt In Grösster Not!” (Sehr Feierlich Aber Schlicht) Text From Des Knaben Wunderhorn: ”Urlicht” 4:58
Mira Zakai (contralto)
Chicago Symphony Orchestra · Sir Georg Solti
3. Symphony No.4 In G – 3. Ruhevoll (Poco Adagio) 20:13
Chicago Symphony Orchestra · Sir Georg Solti
4. Das Lied Von Der Erde – Der Abschied Yvonne Minton 31:52
Yvonne Minton (mezzo-soprano)
Chicago Symphony Orchestra · Sir Georg Solti
5. Rückert-Lieder – Ich Bin Der Welt Abhanden Gekommen 6:19
Brigitte Fassbaender (mezzo-soprano)
Deutsches Symphonie-Orchestre Berlin · Riccardo Chailly
6. Symphony No.6 In A Minor – 3. Andante Moderato 15:34
Chicago Symphony Orchestra · Sir Georg Solti
7. Symphony No.3 In D Minor/Part 2 – 6. Langsam. Ruhevoll. Empfunden 20:49
Chicago Symphony Orchestra · Sir Georg Solti
8. Symphony No.9 In D – 4. Adagio (Sehr Langsam) 24:51
Chicago Symphony Orchestra · Sir Georg Solti
PQP
Realmente, é meio estranho ouvir vários movimentos lentos, quando, na verdade, estamos mais acostumados a ouvir movimentos rápidos e lentos. Mas acho que vale a pena. Os adágios (ou os andamentos lentos, melhor dizendo) tem muito a dizer. Para mim, são os momentos mais reflexivos das sinfonias, dos concertos e de todas os outros gêneros que são dividos em movimentos.
Concordo plenamente com o que foi dito sobre ser estranho ouvir apenas as partes mais populares de uma obra e ignorar a forma como o compositor a criou e a sequência que pensou que deveria ser ouvida. E também penso nisso além do campo da música erudita. Existem muitos álbuns de bandas, artistas e cantores em geral que foram feitos para serem apreciados em sua totalidade; quando experimentados apenas nas suas partes de clímax, ou diferentemente da ordem que foi pensada, a obra se torna enjoativa facilmente ou então não agrada tanto quanto deveria. Os álbuns do Pink Floyd são um exemplo.
Mas acho que essa forma tão popular de experimentar música hoje em dia tem tudo a ver com a indústria cultural, que é uma discussão imensa.
Um amigo, sabendo que eu gostava de música clássica me deu um CD “The Best of Classic”. Companheiros, acreditem, o CD tinha trechos, eu digo TRECHOS, de musicas. O primeiro movimento da 5 de Beethovem acabava na metade. Isso mesmo, todas as músicas acabavam na metade. Achei que era defeito de gravação e fui conferir na contra capa. E lá estava 5 Sinfonia de Beethovem, tempo 02:45. Quase devolvi, mas preferi jogar o dito cujo pela janela, para acalmar meu espírito. Nem lembro que gravadora era.
Azar o de vocês que perdem tempo em criticar. Delícia, de mãos dadas com o amado, vendo a chuva cair…
Eu admiro este lado feminino Marcita, vocês são mais sentimentais, práticas e objetivas. Nós somos mais racionais e as vezes quebramos a cara. Um abraço do Dirceu.
Oi, Dirceu. Quantos adjetivos! Francamente, prefiro verbos (e os homens é que são racionais?). Bem, se está querendo uma dica para “não quebrar a cara”, lá vai : baixa o Johnny Mathis – Open Fire, Two Guitars – 1959, postado por Avicenna, em 26/12/15. Aprende de cor a letra de uma das músicas – When I fall in love é uma boa – e se prepare para cantar ao pé do ouvido (onde já se viu ouvido ter pé?)… é tiro e queda. E essa chuva que não para?…
Link Corrompido, favor, ajustar.