Karl Jenkins (1944): Requiem


O tema do intróito deste réquiem, tocado de cara duas vezes pela trompa e então entregue ao coral, é daqueles tão simples e sinceros que se fixa de imediato em sua cabeça. Penso que o Avicenna vá gostar desse primeiro movimento pela eloquência e pela beleza da escrita coral de Jenkins. O Piu Jesu também é magnífico nesse sentido.

Já o segundo movimento, o Dies Irae, deve empolgar o Strava graças à batida hip hop. Do jeito que a peça está orquestrada, dá para botar sem nenhum acréscimento em uma pista de dança e se embalar no ritmo. Do terceiro movimento pra frente começam uma intervenções de hai kais dentro de uma atmosfera new age que já não me agradam (nesse pé eu acabaria postando Vangelis em breve).

A outra obra deste CD é uma cantata sobre poemas galeses de três poetas amigos de Jenkins – vale a pena pela segunda parte da abertura (faixa 15). Saiba mais aqui e dê uma olhada no clipe do YouTube.

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Karl Jenkins – Requiem

1. Requiem: Introit
2. Requiem: Dies Irae
3. Requiem: The Snow of Yesterday
4. Requiem: Rex Tremendae
5. Requiem: Confutatis
6. Requiem: From Deep in my Heart
7. Requiem: Lacrimosa
8. Requiem: Now As A Spirit
9. Requiem: Pie Jesu (Reqiuem)
10. Requiem: Having Seen The Moon
11. Requiem: Lux Aeterna
12. Requiem: Farewell
13. Requiem: In Paradisum
14. In These Stones Horizons Sing: Agorawd [Overture] Part I: Cân yr Alltud [The Exile Song]
15. In These Stones Horizons Sing: Agorawd [Overture] Part II: Nawr! [Now!]
16. In These Stones Horizons Sing: Grey
17. In These Stones Horizons Sing: Eleni
18. In These Stones Horizons Sing: In These Stones Horizons Sing

Performed by Marat Bisengaliev, West Kazakhstan Philharmonic Orchestra
with Clive Bell, Sam Landman, Nicole Tibbels, Gary Kettel, Tim Thorne, Catrin Finch, Gavin Horsley
Conducted by Karl Jenkins

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Jenkins:
Jenkins:

CVL

15 comments / Add your comment below

  1. Jenkins é de amargar. O oratório “Adiemus” andou sendo apresentado Brasil afora. É aquela coisa cacique-Raoni-goes-to-Stonehenge (com coral infantil e batuque africano obbligato). Difícil de levar a sério.

    É bom para emocionar político. Principalmente se for em ano de eleição.

    1. Concordo, José. Dá para listar uma série de restrições a Jenkins.

      Postei-o aqui pelo que dá pra pinçar com boa vontade – os dois primeiros movimentos desse réquiem, no caso, mais uma ou outra faixa.

  2. E aquele treco chamado “Palladio”, que foi música de comercial de joalheria e ganhou notoriedade? O mais nauseabundo faux-Vivaldi que alguém já teve a coragem de conceber. Glass é Beethoven perto de Jenkins!

  3. Não é uma apologia a Jenkins, mas música transcende ao estabelecido. Ele fala a linguagem de seu tempo.

    Obviamente, há Penderecki que também fala essa linguagem, de uma forma mais sofisticada; apesar de cansar a quem está mais acostumado com manifestações mais sofisticadas, especialmente no tocante à forma máxima de Requiem (em sentido de compromisso do criador consigo e com a obra, de forma muitas vezes a levar esse e a quem ouve à epifania, algo exclusiva a este gênero), ele fala uma língua de alguns…

    Outro inglês também escreveu uma obra orquestral-coral de cunho religioso, Sir Paul McCartney, que, como a Jenkins, mais lembra a light music de Ketèbey, algo, em meu ver, incompatível com Requiem..

    Mas, de qualquer forma, dêmos uma chance a ouvir sua expressão,e, talvez, com esse tirocínio, ver a nossa volta (afinal, a linguagem de Mozart ou Faurè, de belos requiens que transcendem às notas escritas na pauta, não reflete nosso meio como ao ser escritas, a despeito da atemporalidade)

  4. Caraca, axo que nunca ouvi algo tao simples e marcante como esse Requiem, ao mesmo tempo contemporaneo e ao mesmo tempo marcante, muito bom post

  5. A música deve ser transcendental… Imagine só o que Schoenberg deve teve ouvido de críticas quando fez o que fez com o sistema tonal?
    A música é livre, escuta quem tem disposição, ainda hoje é comum encontrar alguém que escuta Wozzeck é diz: “Que horror!”.
    Se a música dele é tão ruim assim deveriam começar a compor e mostrar ao mundo o que vocês têm de bom, talvez essa seja a única crítica válida na música.

  6. Essa obra de Jenkins é bem incoerente sim, pelo menos na minha concepção, claro que ele deve ganhar o mérito por tentar algo novo, mas é óbvio sua inabilidade em fazer algo que surpreenda.
    Apesar disso ele possui outras obras mais interessantes, como seu Stabat Mater, que embora tenha alguns momentos parecidos com o seu Requiem, eu avalio como uma obra mais interessante. No geral eu aprecio suas obras.

  7. Já que foi mencionado Vangelis, ele tem um trabalho de 2001 chamado Mythodea, que a meu ver poderia receber atenção do meio clássico, é uma sinfonia coral que não deixa nada a desejar, procurem conhecer.

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