Iánnis Xenákis (1922-2001): Orchestral Works, Vol.1

Talvez seja cedo falar sobre quem fica e quem sai do cenário musical nos próximos anos. Mas das injustiças cometidas no passado, já melhoramos muito. Quem ainda a pouco duvidava da excelência de um Haydn, hoje quebra a cara. Em qualquer lugar sério, sua maestria é reconhecida. São inúmeros os concertos e gravações em sua homenagem. Vivaldi também passou por situação semelhante. Telemann é outro mestre que sofreu muito pela maldita comparação com Bach, mas hoje há vastíssima discoteca dedicada a ele. Enfim, estamos falando da redenção de compositores bem antigos. E o que acontecerá com a música dos compositores pós-1945? Acho que todos concordam que ela nunca será popular, pois exige do ouvinte uma participação muitas vezes extenuante e pouco recompensadora. Toda vez que ouço Pli Selon Pli de Boulez perco alguns quilos. Como disse, ainda é cedo.

No entanto, não podemos dizer que este cenário pós-1945 foi homogêneo. Trago Xenakis para provar que sua música lembra muito a impetuosidade de um Beethoven, não é necessário pensar muito em ritmo ou texturas (apesar da música ser riquíssima nesse quesito), é como pular no precipício, você não tem muito o que fazer, mas nunca irá bocejar. Acredito que Xenakis vai permanecer conosco para sempre.

Iánnis Xenákis (1922-2001) – Orchestral Works, Vol.1

1 – Aïs, for amplified baritone, solo percussion & orchestra
2 – Tracées, for 94 musicians
3 – Empreintes, for 85 musicians
4 – Noomena, for 103 musicians
5 – Roáï, for 90 musicians

with Beatrice Daudin
Luxembourg Philharmonic Orchestra
Conducted by Arturo Tamayo

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Xenákis
Xenákis: impetuosidade e permanência

CDF Bach

11 comments / Add your comment below

  1. E é justamente que vejo por esses dias… Apresento Xenakis e Stockhausen (por exemplo) às pessoas e ja cansei de escutar esses belíssimos compositores serem taxados de “Lixo” ou qualquer outro termo.

    A grande questão destes compositores atuais é o fato da técnica ser muuuito sofisticada, o que no parecer das pessoas soa feio ou “bagunçado”, principalmente quando escutar por exemplo o Synaphaï do Xenakis ou o Gruppen do Stockhausen.

    Mas enfim, tenho a esperança de que quando estiver muito mais velho as pessoas busquem a compreender esses compositores, que para mim, são os gênios de nossa época.

  2. Com certeza ele ficará na memória, talvez nunca na das grandes massas, mas como já falava Nietzche, um século de leitores e o próprio espírito terá mal cheiro. Enfim, sua música é tensa, mas é justamente essa tensão, sem nenhuma pretensão semântica aparente que me atrai, e atrai aos de ouvidos não propriamente apurados, mas pacientes em querer, não compreender, mas sentir o que aquelas relação altamente métrica tem a nos mostrar, o quão abstrato é o pensamento do homem, e como ele o traduz em arte. Enfim, nunca será grande demais o público de Xenakis, ou de Stockhausen, mas talvez seja melhor assim. A música não deve ser uma arte passiva como assistir à TV. O público tem que ter iniciativa e determinação para aceitar o que lhe é estranho à primeira impressão.

  3. …Os dois líderes da vanguarda,Boulez e Stockhausen com “Mobile para dois Pianos” e as “Peças para Piano nº5 a 11”.
    …Só está certo que nada têm nem poderão ter em comum com aquilo que a partir do séc. XIII até 1950 se chamava música.
    O assunto do presente livro está,portanto,encerrado.

    Estes são os parágrafos finais do livro “O livro de Ouro da História da Música”, da Idade Média ao século XX, de Otto Maria Carpeaux.
    Carpeaux faleceu em 1978.

    A musica sobrevive e sobreviverá até os últimos respiros dos últimos humanos.
    Xenakis é um compositor atualmente de difícil assimilação ,mas importante e imprescindível p/ entendermos e compreendermos a música do séc. XX.
    Imagino a música track 4- Noomena sendo executada como trilha sonora de uma novela na Globo sobre o romance de dois andróginos em 2198 DC!
    A partitura será digitada ?! em um computador quântico,usando linguagem do Princípio da Incerteza de Heisenberg em caos e entropía extrema.
    Maravilhoso post!!! CDF.

    PS- A incrível música de Reich postada anteriormente não lembra as vezes uma música cíclica, e hipnótica de um compositor barroco do séc.XVIII.(alguns prelúdios e fugas do Cravo bem temperado por exemplo?).
    È a musica em sua constante mutação,adaptação e atualização.

  4. Eu penso que a música moderna ficará guardada, reservada àqueles que se dispuserem a compreendê-la. Compositores como Xenakis, Reich, Stockhausen, Cage, Schnittke etc. sempre ficarão além-homem-médio pois é a música “pós-música”, ou seja, aqueles desprezaram as estruturas melódicas e harmônicas da música ocidental e criaram a Música Nova.
    O mesmo abismo também separa a literatura contemporânea das anteriores: Joyce será sempre difícil, Miller será sempre sujo, Céline, o escritor maldito e Proust cansativo e difuso… mas não para quem se dispuser a conhecê-los. O Jazz moderno, Free, Fusion, também é muuuito diferente daquele Jazz fácil de gostar, que é o Swing. Isto não implica que a complexidade de um estilo seja razão para desprezar outros.
    Em suma, com o perdão da minha leviandade, testemunhamos mais um ciclo da evolução da música ocidental, além-estruturas tão fascinante quanto os clássicos.

  5. Reescutei hoje o CD depois de um ano e vim aqui ver se havia o restante da coleção. Uma pena que não tenha, espero que possam postar em breve os outros 4 cds. Esse primeiro é incrível. Aqueles timbres desrritmados de percurssão na faixa 1 não me saem à cabeça!!!

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