Este cão, que já não andava lá muito inspirado nem com muito tempo pra participar, ficou até injuriado depois de ler os comentários sobre o post de Cage, feito por CDF Bach.
Intolerância, inclusive musical, é algo que me deixa espumando. E daí, e eu com isso?, o leitor pode dizer. E daí que nada; na internet, todo mundo fala o que quer, do jeito que quer (embora isso possa mudar, cuidado). Só que a postura, se replicada e exacerbada, coloca em xeque toda tentativa de disseminação da música, cultura, arte. Elimina a possibilidade da arte existir e ser criada entre nós. Evoca Adorno e seu ódio ao jazz; cheira a castração e limpeza étnica. Ou tudo o que não deveria permear a comunidade de um blog dedicado a disseminar uma parcela riquíssima da história mundial da música.
Arre! Aos que separaram 4’33 de sua vida para refletir, e tentaram criar um debate nos comentários daquele post, muito obrigado. E aos radicais, obrigado por continuar tentando fazer do mundo um lugar onde tudo precisa ter sentido lógico, função e rótulo para não ser defenestrado. É mais divertido quando se enxerga o inimigo a ser combatido.
Latidos à parte, trago aqui uma coletânea de gravações do quarteto sem piano de Gerry Mulligan com Chet Baker no trompete. As faixas datam de 1952 e 1953. Leitores obtusos não devem preocupar-se – nenhuma delas tem silêncio, desafia a compreensão ou ofende a – oh! – ARTE. Já os amigos melhor intencionados poderão notar o auge da técnica de Mulligan, como suas composições mais brilhantes tomando forma, e a maneira como seus arranjos dispensam o uso tradicional do piano. Obrigado.
Grunf.
Gerry Mulligan Quartet with Chet Baker: Portrait (WMA 128)
Gerry Mulligan: baritone sax, arranger
Chet Baker: trumpet
Carson Smith: bass (1-15)
Bobby Whitlock: bass (16-24)
Chico Hamilton: drums (1-5; 16-24)
Larry Bunker: drums (6 to 15)
01 My Funny Valentine – 2’55
02 Bark for Barksdale – 3’163
03 Moonlight in Vermont – 4’06
04 The lady is a Tramp – 3’11
05 Turnstile – 2’57
06 Makin’ Whoopee – 3’27
07 Cherry – 2’57
08 Love Me or Leave Me – 2’41
09 Swing House – 2’56
10 Jeru – 2’29
11 The Nearness of You – 2’50
12 I May Be Wrong – 2’57
13 I’m Beginning to See the Light – 3’06
14 Tea for Two – 2’49
15 Five Brothers – 3’01
16 Bernie’s Tune – 2’54
17 Lullaby of the Leaves – 3’12
18 Walking Shoes – 3’12
19 Freeway – 2’45
20 Frenesi – 3’09
21 Nights at the Turntable – 2’53
22 Aren’t You Glad You’re You – 2’52
23 Line for Lyons – 2’31
24 Carioca – 2’23
Blue Dog
Gostaria de grunhir em coro com o Blue Dog. Os urros contra Cage são imbecis, bastava não baixar o disco, ninguém era obrigado a ouvir.
Cuidado, faça alhum ruído: neste momento, você pode estar ouvindo uma execução de 4´33!
Happy new ear.
Como é bom quando alguém coloca o que estamos pensando de forma apenas latente em palavras simples, claras.
Lindo post. Só não me lamba, Bluedog.
Abraços.
Amigos,
eu fiz comentários no post do Cage, mas tentei não ser agressivo. Apenas expus a minha opinião e espero não ter ofendido os que gostam de Cage (como agora me senti ofendido por ter sido chamado de imbecil). Não urrei contra Cage, embora não considere a sua obra algo de relevante.
Um grande abraço.
Agora mesmo eu estou tendo uma experiência quase religiosa. Estou ouvindo meu ventilador junto com 4’33. FANTÁSTICO! Eu nunca havia percebido que meu ventilador poderia tocar junto com uma orquestra. Cage ampliou meus conhecimentos e aprimorou minha sensibilidade musical!
Chet com Baker sem piano,harmonias feitas de notas contra notas do Sax e trumpete,arpejadas. Era o começo de carreira de Baker e do jazz West coast,Baker ainda não tinha se afundado em drogas e nem havia perdido os incisivos centrais em briga de boteco.
No mesmo estilo valeria a pena o extraordinário ”TWO OF A MIND ” de Mulligan e Desmond também pianoless, com a maravilhosa execução de ”All The things that you are”
PQP! ATENÇÃO! ATENÇÃO!
A FUNDAÇÃO MAURIZIO POLLINI ANUNCIA: Mais uma gravação do pianista italiano acaba de chegar diretamente da amazon:
Schubert – Fantasia Wanderer & Schumann – Fantasia op.17
Logo, logo, estará disponível para a apreciação do PQP.
Trata-se de gravação imperdivel (The Originals).
Um dos especialistas da DG comentou no encarte do CD o seguinte:
“Um pianista que fica horas e horas no estudio e não se cansa. Nunca vi um artista tão intensamente envolvido com a gravação a ponto de dar palpites, de sugerir o que enfatizar no processo de remasterização e gravação, e, especialmente um artista que é o seu pior algoz, graças ao seu feroz senso de auto-crítica e de sua obsessividade para dar o melhor…”
Quando disponível eu te digo.
Quanto ao disco de Baker e Mulligan…..”’POLLINIZARAM ” O JAZZ …AHAHAH…até isto Laís…rsrsrs…Blue Dog, aqui entre nós, Baker é do segundo time do Jazz.
ps = o anônimo ali atrás sou eu ,computador diferente,esqueci de colocar o nome.
Mulligan sim,este é do primeiríssimo!
Baker é coisa de filistino ! Mezzo pop, mezzo jazz;meio assim como a tal da Diana Krall e outra do gênero,agrada fácil,para ouvidos de iniciantes….
Sander. É bom saber que o que queremos nem sempre se concretiza.
Mas e o disco do Mulligan Baker ? Ninguém comenta? O pessoal da comunidade parece ser avesso ao Jazz , uma pena, o gênero que acho foi a música clássica da segunda metade do Séc XX .
Kaissor.
Quem está aqui deste lado discorda. Os CDs de jazz são tão baixados quanto os eruditos. Mas nossos recordistas seguem sendo, pela ordem, Villa-Lobos, Vivaldi, Bach, Beethoven e Mozart.
Maravilha, obrigado!
Estas gravações de Gerry Mulligan e Chet Baker são históricas. A versão de Carioca é uma das melhores gravações de todos os tempos. O entrosamento entre os músicos é perfeito. Algumas dessas músicas foram lançadas em um fascículo vendido em bancas na década de 70, pela Editora Abril, e serviram de introdução para obras estupendas. Hoje o acesso a boas obras é tão fácil, que fica impossível agradecer o suficiente a iniciativa de manter um site como este do PQP Bach. Meu agradecimento ao Blue Dog e a todos os que colaboram com a manutenção dele.
Boa.
Basta isso o resto já disseste/disseram.
jwmalheiros