Alfred Schnittke (1934-1998) – The Pianos Concertos nos. 1 – 3

Um CD fenomenal para quem gosta de música contemporânea. Alfred Schnittke é daquelas grandes personalidades da música. Quem o escuta, pode, lá no fundo, ouvir ressonâncias da música de Shostakovich. Seu poli-estilismo pode levar para qualquer parte. Conhecer a sua personalidade é presenciar refletida a imagem do compositor que era das mais complexas. Sua música possui matizes curiosos, o que não nos permite colocá-lo em determinada escola. Schnittke é múltiplo. Este CD é excelente. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Alfred Schnittke (1934-1998) –  The Pianos Concertos nos. 1 – 3

Piano Concerto
01. I. Allegro
02. II. Andante
03. III. Allegro

Concerto for Piano and String Orchestra

04. Concerto for Piano and String Orchestra

Concerto for Piano 4-hands and Chamber Orchestra
05. Concerto for Piano 4-hands and Chamber Orchestra

Rundfunk-Sinfonieorchester
Frank Strobel, regente
Ewa Kupiec, piano
Maria Lettberg, piano

BAIXAR AQUI

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Carlinus

.: interlúdio :. Bardet-Valentini-Vollenweider: Poesie und Musik (1977) – uma abordagem 'kabarettiana' à poesia de Heinrich Heine (1797-1856) – REVALIDADO

http://i50.tinypic.com/242ubgy.jpgNos comentários à recente postagem do Carlinus da Ópera dos três vinténs de Weill/Brecht, mencionei o gênero artístico conhecido como Kabarett em alemão: “não tem nada a ver com o que nós chamamos de cabaré, e está realmente mais próximo da origem da palavra, o italiano camaretto – ‘quartinho’ ou ‘salãozinho’, porém aqui mais no sentido de ‘um pequeno espetáculo de câmara’. Geralmente se trata de um pianista e um cantor/ator ou cantora/atriz desenvolvendo num pequeno palco um espetáculo de texto cantado e/ou falado com tom fortemente político”.

Essa conversa me deu vontade de compartilhar aqui este trabalho dos anos 70 que me parece a junção de palavra falada e música instrumental mais bem resolvida que já vi (vocês sabem: é uma combinação que com muita facilidade fica brega. Aqui ficou qualquer coisa menos isso).

Não se trata literalmente de Kabarett, no sentido de se valer de um piano: são três multi-instrumentistas que compuseram todo o conjunto de 1974 a 77 em trabalho coletivo (fato a que dão destaque na capa, por evidente motivação política): Andreas Vollenweider (harpista que depois ficaria famoso com trabalhos bem menos críticos puxando para o ‘new age’), Orlando Valentini, e René Bardet – suíço que, além de tocar, dá voz a diversos poemas do romântico alemão Heinrich Heine, numa interpretação falada tão expressiva que não deixa de tocar mesmo quem não entende uma palavra de alemão.

Só não se deixem enganar pela palavra ‘romântico’, pois do mesmo modo que ‘cabaré’ isso pode significar uma coisa bem diferente no espaço cultural germânico: trata-se de poesia fortemente crítica sobre a exploração econômica, a religião e a política a serviço dessa exploração, a convencionalidade social burguesa inclusive quanto a sexo (‘a flor não pergunta à borboleta: você já não andou borboleteando em torno de outra ?’), variando da sátira impiedosa à indignação candente – porém também com uma profunda devoção pela vida, a que Bardet, com sua voz tantas vezes áspera, consegue dar expressão com contida porém infinita ternura: liebes Leben, ‘minha cara vida…’

Fiquei muitos anos sem ouvir isso depois que o meu velho cassete ‘furou’, mas recentemente encontrei ripado do vinil em dois arquivos: lado A e lado B. Não cabe detalhar as faixas aqui: vocês encontram isso no encarte (totalmente home made em tempos pré-informatização, vocês vão ver; ao que parece até mimeografado). E quem quiser os textos completos pode garimpá-los neste site ligado à Universidade de Trier: Heinrich Heine Portal.

Espero que apreciem!

. . . . . BAIXE AQUI – download here

Ranulfus
postagem original em 26.06.2010

Música de Câmara do Brasil (1981) – José Siqueira, Guerra Peixe, Camargo Guarnieri, Francisco Mignone, Henrique de Curitiba, Mauro Rocha e Heitor Alimonda [link atualizado 2017]

BOM, MUITO BOM !!!

Música de Câmara do Brasil é um álbum todo ele moderno, de vanguarda, como bem representa a sua capa com um d’Os Bichos, obra-mestra da artista plástica neoconcretista Lygia Clark (1920-1988). As peças são todas de compositores brasileiros de primeiríssimo time também contemporâneos e que estavam, no ano dessa gravação (1981), em plena atividade, executadas pelo Trio Morozowicz, Botelho, Devos com grande qualidade e sagacidade.

Eu poderia falar uma pouco mais do discão, mas o texto da contracapa é muito mais detalhista (e capaz) que o que eu poderia escrever neste espaço:

Bela montagem, a deste disco, in­tercalando, entre obras executadas pelo trio de sopros, peças solistas para cada um dos instrumentistas que, individual­mente, confirmam a alta qualidade de suas interpretações conjuntas. Norton Morozowicz, Jose Botelho e Noel Devos são três de nossos mais destacados músicos, com uma larga folha de serviços prestados a divulgação do repertório in­ternacional e do brasileiro. Os três ins­trumentos – flauta, clarineta, fagote — tem amplos recursos expressivos, que compensam largamente a relativa estreiteza de seu âmbito dinâmico. Da alqui­mia de suas vozes resulta harmonioso conjunto, onde as peculiaridades indi­viduais se fundam num todo maior.
O primeiro lado [faixas 01 a 09] reúne quatro dos expoentes da corrente nacionalista. Dois deles (Camargo Guarnieri e Francisco Mignone) foram diretamente influencia­dos pela pregação de Mario de Andrade, a quem os ligou amizade e reconheci­mento que os anos passados não desva­necem. A influência de Mario marcou também fundo a obra de Guerra-Peixe, embora não ligado pessoalmente ao autor de Macunaíma. Nos quatro músicos, um caminhar inicial análogo na formação musical, passando pela escola pra­tica dos conjuntos populares. O ideal nacionalista, antes mesmo de sua sistematização por Mario, fora posto em pratica por Villa-Lobos com vigor muito major que o de seus predecessores. Bem relacionado, espirito irrequieto, amigo das viagens, voltado para o mundo e para o mercado externo. Villa-Lobos funcionou como grande desbravador, polarizando a celeuma sobre a música brasileira em torno de sou nom. Quan­do aqueles quatro músicos começaram a produzir, encontraram o caminho por assim dizer aberto, e ficaram, de certo modo, com o ônus de serem vistos co­mo continuadores — o que foi recentemente observado por Maria Abreu, em programa de televisão, com relação a Camargo Guarnieri. Todos eles são, porém, personalidades originais, que vi­venciam diferentemente a problemática envolvida pela estética nacionalista através de suas próprias experiências e sensibilidades.
O segundo lado deste disco [faixas 10 a 16] reúne compositores mais recentes, menos ligados a problemática nacionalista. Mau­ro Rocha foi uma esperança: morto no inicio de 1980 em acidente automobilístico, aos 30 anos, destacou-se como violonista e arranjador ligado a música popular, com seu excelente conjunto de choro Galo o Preto. Abandonando a medi­cina para dedicar-se inteiramente a música, estudou com Esther Scliar, e fez cursos com Marlos Nobre, Koellreutter, Widmer, Rufo Herrera. É curioso, con­siderada sua ligacao com música popu­lar, observar que sua biografia não in­dica, a meu conhecimento, nenhum pro­fessor ligado ao nacionalismo. Já Henrique de Curitiba passou do ensino de Bento Mossurunga para o de Koellreut­ter, aperfeiçoando-se depois em Varsóvia, e divide atualmente seu tempo entre a composição e o ensino. Heitor Ali­monda, doze anos mais velho que o precedente, é, sobretudo, o pianista e o didata: boa parte de sua obra resulta de suas preocupações como professor de piano, muito embora ele também crie outras com preocupação apenas artística.
O Trio de Guerra-Peixe é breve, in­cisivo, vivaz em seus movimentos de dança. A maior extensão do terceiro movimento justifica-se polo andamento moderato, lírico e envolvente, onde a vivacidade rítmica continua presente, porém, em particular nos suspiros inter­rompidos do fagote; José Siqueira prefere chamar sua obra de Três invenções — de um espirito diferente daquele do autor das Bachia­nas. As 5 Peças breves de Heitor Ali­monda retomam a clássica independência do texto musical com relação aos instrumentos que o executarão. Outro poderia ser o conjunto, inclusive o trio de cordas; mas as diferenças tímbricas desse trio de sopros ajudam a realçar os movimentos de cada frase musical.
Henrique de Curitiba é mais ambi­cioso — e se me estendo mais sobre sua obra, é em função de observações acrescentadas pelo autor da partitura. Seu Estudo é aberto em vários níveis. Ele quer que os intérpretes abandonem a tradicional posição sentada; com a fina­lidade de “explorar o efeito estereofôni­co que se possa conseguir com ativação variada das três fontes sonoras. A movimentação dos músicos (…) deve pro­porcionar uma nova experiência de comunicação corporal com o público (…) além dos aspectos interpretativos pura­mente musicais”. Na realidade, o disco tem contribuído para acentuar a ideia de “música pura” — e, o que é pior, “sem erros”, pois, em principio, a gravação não toleraria as falhas dificilmente evitáveis em concerto. Mesmo na música para “instrumentistas sentados” e “inteiramente escritas”, é, porem, flagrante a diferença de comunicação dos músicos com o ouvinte, se este está em sua pol­trona tomando seu uísque ou numa sa­la de concertos vivendo com outros ou­vintes as emoções que só o momento de recriação do interprete pode suscitar. Não se pode esperar de um pianista que passeie de um lado para outro com seu Steinway, tocando uma sonata de Beethoven; mas, certamente, as diferentes posições relativas dos executantes, consideradas as acústicas das diferentes salas, podem trazer novas dimensões para a execução ao vivo, em obras que le­vem em conta aqueles fatores.
Henrique de Curitiba solicita também de seus intérpretes “a improvisação livre à maneira da música popular” em alguns dos trechos desse Estudo. E, en­fim, outra observação de grande interes­se: “o compositor experimenta ainda com a grafia musical convencional, ten­tando uma grafia rítmica das figurações musicais da música brasileira, adotando o conceito de tempos de duração desi­gual dentro de um mesmo compasso, evitando assim uma escrita do tipo sin­copado, com metro regular, a qual não traduz bem o balanço da música brasi­leira”. O Pe. Jose Geraldo de Souza já tinha observado, em obra sobre as características de nossa música folclórica, o caráter bem mais fluido do sincopado popular que o que pode ser dado pela “sincope característica” sistematizada, um tanto abusivamente, pela forma: semicolcheia, colcheia, semicolcheia; colcheia, colcheia; é de se salientar que nesse erro, não incidiram nossos melho­res autores, que buscaram outras for­mas de grafar a sincopado popular.
As diferenças que marcam os qua­tro trios encontram-se, também, em pelo menos duas das obras solistas. Mignone passeia livremente, liricamen­te, em sua valsa sem caráter, pelo espaço melódico do fagote. O caráter geral descendente da melodia mantem-se nas três partes dessa obra, a última das quais abre-se para um esplendoroso modo maior, bem dentro da tradição, e acaba com um irônico abaixamento de tom na repetição de um motivo. Já Camargo Guarnieri tem uma preocupação ascen­dente, tensionante, como se quisesse romper com os limites sonoros da flau­ta, fazendo-nos ouvir notas além, mais para o agudo, daquelas que o instrumen­to pode dar. O espaço sonoro é aberto, tanto através de grandes saltos, como por meio de sua ampliação sucessiva a partir de um tom, e os momentos de li­rismo ficam, em geral, com os registros médio e grave do instrumento. Em Mau­ro Rocha, está também presente uma certa tensão, obtida, porem, sobretudo pelo uso de material sonoro ainda não assimilado pela audição corrente. (Flavio Silva)

Um disco de música inteligente, difícil, complexa e brasileiríssima. Vale muito a pena conhecer!

Trio Morozowicz, Botelho, Devos
Música de Câmara do Brasil

César Guerra Peixe (1914-1993)
01. Trio nº2 – I. Allegretto (polca)
02. Trio nº2 – II. Allegro Vivace (dança dos caboclinhos)
03. Trio nº2 – III. Moderato (canção)
04. Trio nº2 – IV. Allegro (frevo)
Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993)
05. Improviso nº3 para flauta solo
José Siqueira (1907-1985)
06. Três Invenções, para flauta, clarinete e fagote – I. Allegro
07. Três Invenções, para flauta, clarinete e fagote – II. Andante
08. Três Invenções, para flauta, clarinete e fagote – III. Moderato
Francisco Mignone (1897-1986)
09. Macunaíma, valsa sem caráter
Henrique de Curitiba (1934-2008)
10. Estudo Aberto, para flauta clarinete e fagote
Mauro Rocha (1950-1980)
11. Variações para clarinete solo
Heitor Alimonda (1922-2002)
12. Cinco Peças Breves para Três Instrumentos Melódicos – I. Andante Cantabile
13. Cinco Peças Breves para Três Instrumentos Melódicos – II. Allegro molto
14. Cinco Peças Breves para Três Instrumentos Melódicos – III. Andante movido, porém monótono
15. Cinco Peças Breves para Três Instrumentos Melódicos – IV. Molto allegro
16. Cinco Peças Breves para Três Instrumentos Melódicos – V. Lento – Andante

Norton Morozowicz, flauta
José Botelho, clarinete
Noel Devos, fagote
Rio de Janeiro, 1981

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…Mas comente… O álbum é tão bom, merece umas palavrinhas…

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Bisnaga

Obrigado, Shostakovich

Publicado hoje no blog de Al Reiffer, O Fim, um notável texto de alguém que efetivamente compreende Shosta.


Em 25 de setembro de 1906, nascia, em São Petersburgo, Rússia, o genial compositor Dmitri Shostakovich (1906-1975). O texto a seguir não conta a história de Shostakovich, não trata de sua vida, não é uma análise, não é uma dissertação. É um agradecimento em forma de uma humilde homenagem a um dos meus compositores favoritos. Portanto, é um texto altamente subjetivo, é uma forma de expressar a minha visão da obra daquele que considero como o maior compositor nascido no século XX.

Obrigado, Shostakovich, por mostrar ao homem do século XX o que o homem do século XX era. E ainda é. Porque o agora é o fruto do século XX. Obrigado por colocar a humanidade em seu devido lugar. Obrigado por não sonhar, mas ter pesadelos. Por dizer à tua época, à nossa época, a todas as épocas aquilo que cada uma das épocas não gostaria de ouvir. Obrigado pela verdade quase palpável da tua música. Pela expressão do teu mundo que indicou o caminho que a humanidade seguiria nos anos presentes e subsequentes.  

Obrigado, Shostakovich, por não ter piedade ou sentimentalismos. Obrigado, por desnudar o ser humano sem misericórdia, por retirar o ranço de todas as suas máscaras, das suas falsidades, hipocrisias e mentiras. Obrigado por devastar nossos ouvidos com a imensidão da miséria humana. E por debochar, ridicularizar, fazer escárnio, escracho de toda a vergonha desses ideais falhos que ainda insistem em apregoar que nos levarão a algum lugar, que atingirão algum substancial objetivo. Obrigado pela força apocalíptica do teu pessimismo. Pelo teu cuspe na cara do homem. Do homem da riqueza e da empresa. Do homem da guerra e da política. Do homem do nada e da desgraça.

Obrigado, Shostakovich, pela gravidade tensa e ao mesmo tempo sarcástica da forma como nos revelaste. Obrigado pelo teu pesar rítmico sem freios e sem meio-termos. Pela tua obsessão nervosa em expressar o caos e a loucura, a desesperança e a fatalidade. Aquilo que persistem em negar. Em esconder. Em esquecer. Obrigado pela coragem da tua obra. Pela fúria dos teus compassos.  Pela sombra das tuas notas densas. Pelo áspero tom de nunca que atravessa as ondas do teu tempestuoso mar.

Obrigado, Shostakovich, pelo teu mistério. Pela névoa aflita das tuas florestas noturnas. Pela morte que paira em cada canto das tuas funerárias partituras que nunca cedem. Pelo agouro de entre céus nublados. Pelo desconhecido que falou através de ti. Talvez sem mesmo tu conheceres. Pelo grito insano entre risos e ânsias que preenche a treva dos tempos. Obrigado pela tua angústia frente à existência.

E obrigado por venceres. Por te ergueres assustador e invencível diante do vazio humano. E, obrigado, com tua sombria vitória, por teres desvendado nossa essência. E o nosso ego. Eu te agradeço, amigo, pela companhia, pela catarse, pela compreensão. Obrigado, Shostakovich.

Saint Preux (Christian Langlade, 1950) – Concerto para uma Voz [link atualizado 2017]

Continuo nas terças naquela vibe bockbuster e dessa vez creio que estou postando o álbum mais pop desde que comecei a fazer parte desta seleta equipe do P.Q.P.Bach…

Hoje temos nada mais, nada menos que o belíssimo Concerto para uma Voz de Saint Preux.

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A peça título é famosíssima! Quem viveu nos anos 70 com certeza já a ouviu à exaustão (e nem é meu caso, nasci tempos depois), tal foi o grau de popularidade que alcançou. E ela foi composta quando Christian Langlade (olha ele aí ao lado, numa foto recente), que adotou o pseudônimo de Saint Preux (Santo Valente, numa tradução livre), contava com apenas 19 anos…

Acredito que essa peça dispense maiores comentários e, por isso essa postagem acabará curtinha. É também, o Concerto para Uma Voz, a razão de existir deste CD, que é todo gracioso: as outras faixas, todas composições de Saint Preux, são também muito bonitas (especialmente o Divertissement e o Concerto pour Elle) e bastante simples, palatáveis até para os os que não estão tão familiarizados com música erudita/instrumental. As obras de Langlade são, em geral, sencilhas, sem grandes problemas para o cérebro resolver, sem grandes complicações, e também muito leves. São daquelas coisas para se ouvir de manhã, junto a um bom café, num dia preguiçoso de luz farta e plácida, suave…

Ouça, ouça!

Saint Preux (1950)
Concerto para Uma Voz (1969)

01. Concerto pour une Voix
02. Prélude pour Piano
03. Allégresse
04. Le Theme du Garçon
05. L’Archipell du souvenir
06. Toccatta
07. Divertissement
08. La Recontre
09. La Reve
10. La Départ
11. La Fête Triste
12. Concerto pour Piano
13. Impromptu
14. Adagio pour Violin
15. Concerto pour Elle
16. Impressions

Laurence Janot, soprano (faixa 01)
Danielle Licari, soprano (faixa 15)
Orquestra não identificada
Saint Preux, regência
1991 (CD)

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Bisnaga

Johannes Brahms (1833-1897) – Piano Concerto No.1 in D minor Op.15 (Zimerman / Rattle)

Link revalidado por PQP especialmente para uma amiga.

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Concerto no. 1 de Brahms para piano e orquestra é uma das coisas mais avassaladoras que eu conheço em matéria de música. As notas iniciais são um torrente de drama, desespero e tensão. Mas, aos poucos a paisagem vai serenando, ganhando contornos suaves, mansamente idílica. O que segue até o final não pode ser retratado com as palavras. Este concerto é uma bela metáfora do que é a vida – tensa, dramática, mas cheia de encantos selvagens e, quiçá, paraísos. Toda metáfora é um salto sobre o abismo. É ver o mundo iluminado pela chama de uma vela. Os contornos são tenebrosos, poucos divisáveis, mas enquanto caminhamos vamos construindo intuições. Ouvi este concerto já por três vezes desde ontem à noite e fiquei com a sensação de algo grande. Restou-me apenas o desejo de compartilhá-lo. Afinal, Brahms merece nossas mais veneradas impressões. Um bom deleite!

Johannes Brahms (1833-1897) – Piano Concerto No.1 in D minor Op.15

Piano Concerto No.1 in D minor Op.15
01. 1. Maestoso
02. 2. Adagio
03. 3. Rondo. Allegro non troppo

Berliner Philharmoniker
Simon Rattle, regente
Krystian Zimerman, piano

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Carlinus

Alice Ribeiro – Oito Canções Populares Brasileiras – José Siqueira (1907-1985) e Hekel Tavares (1896-1969) [link atualizado 2017]

A bela Alice Ribeiro nos brinda mais uma vez com sua límpida voz, agora pela sétima vez no P.Q.P.Bach (tem as outras seis postagens aqui, ó). Gente competente volta sempre, e como ela gravou uma boa quantidade de LPs, vira e mexe podemos disponibilizar algo para nossos seletíssimos usuários-ouvintes.

Sabe aqueles álbuns que são todo-bonitinhos? É bem a característica deste aqui, com Oito Canções Populares Brasileiras. Tem um ar bucólico, com canções realmente populares, que mostram muito da cultura do Brasil, dos cânticos mais introjetados em nossas tradições, de seu formato, vocabulário e fraseado tão característicos. Belo. folclórico, até.

Alice Ribeiro, acompanhada por Murillo Santos ao piano, dota o disco desse ar simples, agreste. Abaixo colei uma pequena biografia da soprano:

Alice Ribeiro (1920-1988) nasceu no Rio de Janeiro. Começou seus estudos de teoria musical e de piano com José Siqueira. Já o estudo de canto foi com Stella Guerra Duval e Murillo de Carvalho. Durante sua longa permanência na Europa frequentou o curso de alta interpretação da música francesa e alemã, com Pierre Bernac; a classe de Mise-en-scène, com Paul Cabanel, no Conservatório de Paris. Estudou repertório de música espanhola com Salvador Bacarisse.
Venceu concurso nacional de canto em 1936, com apenas 16 anos, realizando, desde então, inúmeras turnês nacionais e internacionais, particularmente nos Estados Unidos, França e nos países do leste europeu, notadamente na União Soviética. No Brasil, atuou como solista das Orquestras Sinfônicas do Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal, sob regência de Eugen Szenkar, Eric Kleiber, Hacha Horeinstein, Edoardo de Guarnieri, José Siqueira e outros (retirado de encarte do LP Alice Ribeiro na canção do Brasil).
Foi sucessora de Luis Cosme na cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Música.

Ah, agradecimentos re-reiterados e mais que especiais ao maestro Harry Crowl, que nos cedeu essa pérola!

O disco é lindo! Ouça, ouça, ouça!

Alice Ribeiro (1920-1989)
Oito Canções Populares Brasileiras

Leopoldo Hekel Tavares (1896-1969), arr. José Siqueira (1907-1985)
01. Benedito Pretinho
José Siqueira (1907-1985)
02. Vadeia, Cabocolinho
03. Loanda
04. Maracatu
Domínio popular, arr. José Siqueira (1907-1985)
05. Foi numa noite calmosa
06. Nesta rua
07. Dança do sapo
08. Natiô

Alice Ribeiro, soprano
Murillo Santos, piano
1958

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Bisnaga

Carl Orff (1895-1982) – Carmina Burana (Osawa) [link atualizado 2017]

MUITO BOM !!!

Dando continuidade à minha fase blockbuster, disponibilizo esta vibrante edição da Carmina Burana de Carl Orff. Coisa adorável.

E Orff tem um aspecto que me é encantador: ele tinha uma capacidade sobre-humana de produzir músicas cativantes e imponentes usando-se de uma estrutura melódica extremamente simples e por muitas vezes até repetitiva (aliás, seu método de ensino de música baseava-se na repetição dos sons). Por exemplo, quando usa seis vozes no coro, faz com que as melodias sejam iguais para pares de naipes (sopranos e tenores, mezzo-sopranos e barítonos, contraltos e baixos), transformando-a, na prática, numa música a três vozes, porém, o efeito das vozes pareadas em oitavas vizinhas dota a melodia de grande profundidade e peso. Outra característica muito comum são os temas musicais repetidos várias vezes de forma igual e depois apenas alterando-se a tonalidade, subindo dois ou quatro tons ou uma oitava no trecho subsequente.

No entanto, ao mesmo tempo em que ele trabalha com fórmulas e composições simples, consegue efeitos orquestrais arrebatadores. Não à toa a faixa que inicia e arremata a peça, “O Fortuna”, é uma das músicas de concerto mais conhecidas em todo o globo, tal é seu impacto sobre nossos preciosos ouvidos. Carl Orff é daquelas provas cabais que não é preciso fazer música complicada para se produzir algo realmente fenomenal (deixo claro aqui que isso não exclui que eu goste demais de Bach, Mozart, Villa-Lobos e todos esses que faziam coisas complexas e desafiadoras para a mente): com toda a sua limpeza melódica, produziu esta grande e afortunada obra! Grande Orff!

Achei interessante e bastante explicativo o texto do encarte e o colei aqui:

“Minha coletânea de minhas obras começa com Carmina Burana”. Com estas palavras, Carl Orff caracterizou a posição da primeira obra inquestionavelmente de sua lavra, em seu desenvolvimento estilístico. Carmina Burana estreou em Frankfurt, em 1937, sob a regência de Oskar Waelterlin. Orff contava então 42 anos — um compositor de desenvolvimento tardio, que só logrou alcançar um estilo próprio, claro como uma gema, após várias incursões pelo Romantismo, Impressionismo, e o estudo imitativo das primeiras óperas barrocas de Monteverdi. Carmina Burana significa Canções de Benediktbeuern. Em meio à secularização de 1803, um rolo de pergaminho com cerca de duzentos poemas e canções medievais, foi encontrado na biblioteca da antiga Abadia de Benediktbeuern, na Alta Baviera. Havia poemas dos monges e dos eruditos viajantes em latim medieval; versos no vernáculo do alemão da Alta Idade Média, e pinceladas de frâncico. O erudito de dialetos da Baviera, Johann Andreas Schmeller, editou a coleção em 1847, sob o título de Carmina Burana. Carl Orff, filho de uma antiga família de eruditos e militares de Munique, ainda muito novo familiarizou-se com esse códice de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em um “happening” — as “Cantiones profanae cantoribus et choris cantandae comitantibus instrumentis atque imaginibus magicis” — de canções seculares para solistas e coros, acompanhados por instrumentos de imagens mágicas. A obra aqui já é vista no sentido do teatro musical de Orff, como um lugar de magia, da busca de cultos e de símbolos. Esta cantata cênica é emoldurada por um símbolo de antiguidade — o conceito da roda-da-fortuna, em m3vimento perpétuo, trazendo alternadamente sorte e azar. Ela é uma parábola da vida humana, exposta a constantes transformações. Assim sendo, a dedicatória coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”), tanto introduz como conclui as canções seculares. Esse “happening” simbólico, sombreado por uma Sorte obscura, divide-se em três seções: o encontro do Homem com a Natureza, particularmente com o despertar da Natureza na primavera (“Vens leta facies”), seu encontro com os dons da Natureza, culminando com o do vinho (“In taberna”); e seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”), como espelhado em “Cour d’amours” na velha tradição francesa ou burgúndia — uma forma de serviço cavalheiresco às damas e ao amor. A invocação da Natureza — o objeto da primeira seção — desemboca em campos verdes onde raparigas estão dançando e as pessoas cantando em vernáculo. As cenas festivas de libação desenrolam-se entre desinibidos monges, para quem um cisne assado parece ser um antegozo do Shangri-La, e entre barulhentos eruditos viajantes que louvam o sentido impetuoso da vida na juventude. Após muitos anos de experiência e deliberação, os Carmina Burana resultaram na primeira testemunha válida do estilo de Orff. Eles caracterizam-se por seu ritmo fortemente penetrante, comprimido em grandes ostinatos pelo som mágico da inovadora orquestração, e pela brilhante claridade da harmonia diatônica. Os recursos estilísticos utilizados são de espantosa simplicidade. A forma básica é a canção estrófica com uma melodia diatônica, como é hábito na música popular. Ao invés da harmonia extensivamente cromática do romantismo tardio, temos melodias claramente definidas, que levaram algumas vezes a uma errônea acusação de primitivismo. As canções estróficas reportam-se a formas medievais como a litania, baseada em uma série mais ou menos variada de curvas melódicas, cada uma correspondendo a uma linha de verso, e à forma sequencial, caracterizada por uma repetição progressiva de várias sequências de melodias. Os melodismos, particularmente nos recitativos, são reminiscências do cantochão gregoriano. Onde temos passagens líricas, fortemente emocionais, como por exemplo nos dois solos para soprano sobre textos latinos, e melodias mais anosas, no sentido operístico. A escritura coral é predominantemente declamatória. Os grupos instrumentais individuais são comprimidos em amplas massas tratadas na forma coral; somente as peculiares madeiras são ouvidas em solo, particularmente nas duas danças em que antigos ritmos e árias alemães são tratados no estilo peculiar de Orff. A percussão, reforçada por pianos, acentua o élan da partitura. A gama expressiva de Carmina Burana estende-se da terna poesia do amor e da natureza, e da elegância burgúndia de uma “Cour d’amours”, ao entusiasmo agressivo (“ln taberna”), efervescente joie de vivre (o solo de barítono “Estuans interius”), e à força devastadora do coro da Fortuna cercando o todo. O latim medieval da canção dos viajantes eruditos é penetrado pela antiga concepção de que a vida humana está submetida aos caprichos da roda-da-fortuna, e que a Natureza, o Amor, a Beleza, o Vinho e a exuberância da vida estão à mercê da eterna lei da mutabilidade. O homem é visto sob uma luz dura, não sentimental; como o joguete de forças impenetráveis e misteriosas. Esse ponto-de-vista é plenamente característico da atitude anti-romântica da obra.

Esta gravação é uma que muito me agradou (e outra daquelas que existem aos milhares e que eu não conheço tantas assim): orquestra e coro estão muito equilibrados (explico: é muito comum orquestra encobrir o coro nessa peça ou vice-versa: aqui isso não acontece), os solistas são de primeira linha (ainda que alguns glissandos que a Edita Gruberova produz me incomodem de leve), grandes estrelas, mesmo e, por fim, a regência de Seiji Osawa é peituda: a música sai com força, peso, volúpia! É mesmo arrebatadora, encantadora, eloquente!

Bom, que dizer mais depois disso? SEN-SA-CIO-NAL. Ouça! Ouça!

CARL ORFF (1895-1982)
Carmina Burana – Cantiones profanae

Fortuna Imperatrix Mundi
…01. O Fortuna
…02. Fortune plango vulnera
I. Primo vere
…03. Veris leta facies
…04. Omnia Sol temperat
…05. Ecce gratum
Uf dem Anger
…06. Dança
…07. Floret silva nobilis
…08. Chramer, gip die varwe mir
…09. Swaz hie gat umbe – Chume, chum geselle min
…10. Were diu werlt alle min
II. ln Taberna
…11. Estuans interius
…12. Olim lacus colueram
…13. Ego sum abbas
…14. In taberna quando sumus
Ill. Cour d’amours
…15. Amor volat undique
…16. Dies, nox et omnia
…17. Stetit puella
…18. Circa mea pectora
…19. Si puer cum puellula
…20. Veni, veni, venias
…21. In trutina
…22. Tempus est iocundum
…23. Dulcissime
Blanziflor et Helena
…24. Ave formosissima
Fortuna Imperatrix Mundi
…25. O Fortuna

Edita Gruberova, soprano
John Aler, tenor
Thomas Hampson, barítono
Coro Shinyukai
Shin Sekiya, regente do coro
Knabenchor des Staats – Und Domchores Berlin
Christian Grube, regente do coro
Filarmônica de Berlim
Seiji Ozawa, regente
Berlim, junho de 1988

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…Mas comente… O álbum é tão bom, merece umas belas palavrinhas…

Bisnaga

J.S. Bach (1685-1750): Fantasia and Fugue in A minor; Aria Variata; Sonata in D major; Suite in F minor

Tudo o que é bom um dia acaba. Este é o último CD que FDP Bach me enviou naquele lendário pen drive. Há mais umas coisinhas, mas estas não são Hewitt + Bach. Acho que vale a pena ouvir, reouvir e guardar toda a coleção. Tenho profundo amor por aquele Adagio avulso e que leva o BWV 968. A interpretação de Hewitt é surpreendentemente diferente de todas as que tinha ouviado até hoje. Gosto muito também da Aria Variata. Divirtam-se.

J.S. Bach (1685-1750): Fantasia and Fugue in A minor; Aria Variata; Sonata in D major; Suite in F minor

1. Fantasia and Fugue, for keyboard in A minor, BWV 904 (BC L136): Fantasia
2. Fantasia and Fugue, for keyboard in A minor, BWV 904 (BC L136): Fugue
3. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Aria
4. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation I
5. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation II
6. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation III
7. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation IV
8. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation V
9. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation VI
10. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation VII
11. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation VIII
12. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation IX
13. Aria variata, for keyboard in A minor (‘In the Italian Style’), BWV 989 (BC L179): Variation X
14. Sonata for keyboard in D major, BWV 963 (BC L182): First Movement
15. Sonata for keyboard in D major, BWV 963 (BC L182): Second Movement
16. Sonata for keyboard in D major, BWV 963 (BC L182): Fugue
17. Sonata for keyboard in D major, BWV 963 (BC L182): Adagio
18. Sonata for keyboard in D major, BWV 963 (BC L182): Thema all’ imitatio Gallina Cuccu
19. Suite for keyboard in A major, BWV 832 (BC L174): Allemande
20. Suite for keyboard in A major, BWV 832 (BC L174): Air pour les trompettes
21. Suite for keyboard in A major, BWV 832 (BC L174): Sarabande
22. Suite for keyboard in A major, BWV 832 (BC L174): Gigue
23. Suite for keyboard in F minor (fragment), BWV 823 (BC L167): Sarabande en Rondeau
24. Suite for keyboard in F minor (fragment), BWV 823 (BC L167): Gigue
25. Adagio, for keyboard in G major, BWV 968 (BC L185)
26. Fantasia and Fugue, for keyboard in A minor, BWV 944 (BC L135): Fantasia
27. Fantasia and Fugue, for keyboard in A minor, BWV 944 (BC L135): Fugue

Angela Hewitt, piano

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PQP

Níver e Doodle de Clara Schumann hoje!

Hoje homenageio Clara Schumann (1819-1896), pianista e compositora alemã do período romântico que faz aniversário hoje e é o Doodle do dia.

Seu pai, Friedrich Wieck, era professor de piano e foi com ele que a Clara começou seu aprendizado do instrumento. Era uma família de pianistas: a mãe, Marianne, era famosa concertista. Quando Clara tinha 4 anos, seus pais se divorciaram. Friedrich recebeu a custódia da filha e, um ano depois, começou a ensinar-lhe o instrumento. A partir dos 13 anos, ela já apresentava-se em concertos por toda a Europa. Destacava-se por suas interpretações de outros românticos da época, como Chopin e Weber. Ainda adolescente, compôs o Concerto para piano em lá menor, estreado por ela sob a regência de Felix Mendelssohn. Um merecido sucesso.

Foi neste período que conheceu Robert Schumann, nove anos mais velho, na época aluno de seu pai. Apaixonou-se por ele. Ao tomar conhecimento da ligação da filha com Robert, o velho Wieck ficou furioso, pois Schumann tinha problemas com bebida, fumo e era suscetível a crises depressivas. Assim sendo, foi contra o pai que Clara travou sua primeira batalha. Por fim, obteve autorização judicial para casar-se com quem quisesse, mas só após completar 21 anos.

Depois do casamento, Clara e Robert iniciaram longa colaboração, ele compondo e ela interpretando e divulgando a obra do marido. Clara seguia compondo, mas a vida em comum tornava pouco a pouco inviável tal atividade, pois, apesar de Schumann aparentemente encorajar sua criação musical, cada vez mais insistia para que ela interpretasse suas obras, o que a obrigava a deixar de lado sua carreira de compositora. Ademais, houve oito gestações com pequenos intervalos. A situação era agravada por outras diferenças: Clara adorava turnês, Robert as odiava; mais: ele precisava de silêncio e tranqüilidade para trabalhar em sua obra “maior e mais importante”, o que levava Clara novamente a um segundo plano, pois somente após as horas e horas de estudos do marido ela poderia ter as suas.

Outro problema eram as constantes crises nervosas do marido, que lentamemte fizeram Clara assumir o sustento familiar. Quando Schumann entrou em crise depressiva crônica, a família viu-se obrigada a interná-lo num manicômio, onde ficou até a morte, dois anos depois. Após 14 anos de casamento, Clara ficou sozinha com os filhos, tendo que dar aulas e apresentações para garantir o necessário à família.

Compreensivelmente, a partir daí, Clara ficou livre para compor, dar concertos e sua carreira reacendeu-se. A amizade com Johannes Brahms – quatorze anos mais moço – foi o principal sustentáculo nesse período, o que deu margem a suposições de que os dois teriam um romance. Para aumentar os boatos, Brahms dizia ser celibatário, mas a visitava muito. Ela revisava as obras dele e dava-lhe sugestões. Ele fazia o mesmo com as obras de Clara. Foram anos de colaboração mútua, ainda mais que os dois artistas eram defensores de uma estética romântica ligada a padrões mais formais, em oposição a Wagner, Bruckner e Liszt, românticos mais escabelados. (À exceção do careca Bruckner, é claro.)

Era uma mulher considerada muito bonita por seus contemporâneos. Não se sabe de nenhum outro caso amoroso posterior ao casamento com Schumann, além do suposto com Brahms. A amizade entre eles durou até o final da vida de Clara. Seus anos de maturidade foram marcados por uma brilhante carreira como professora e pelo reconhecimento como concertista.

Foi uma mulher extremamente digna, talentosa e de bela carreira num campo à sua época inteiramente masculino, que lembro neste dia.

Principais Obras:

Para piano:
Quatro polonesas, Op. 1 (1828-30)
Etudes (década de 1830)
Valses romantiques, Op. 4 (1833-35)
Quatro peças características, Op. 5 (1835-6)
Soirées musicales, Op. 6 (1835-6)
Scherzo em Dó menor, Op. 14 (1845)
Quatre pièces fugitives, Op. 15 (1845)

Para orquestra:
Concerto para piano em lá menor, Op. 7 (1835-6)
Scherzo para orquestra (1830-31,perdido)

Obras de câmara:
Piano Trio em Sol menor, Op. 17 (1846)

Lieder:
Volkslied (1840)
Die gute Nacht, die ich dir sage(1841)
Gedichte aus Rückert’s Liebesfrühling Op. 12 (1841)
Lorelei -poema musicado de Heine-(1843)
Oh weh des Scheidens, das er tat(1843)
Mein Stern (1846)
Das Veilchen –sobre poema de Goethe-(1853)

Fontes: Nem vou detalhar, pois se trata de uma série de textos decididamente ruins que encontrei na rede e que me obrigaram a reformas radicais e a todo cruzamento de informações. Era tanta coisa errada que nem pude dar a muita atenção ao que estava escrevendo. Meus amados livros de música? Esqueça, estão fora de ordem e não encontro nada.

PQP

Cristina Ortiz – Oito Compositores Brasileiros [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Cristina Ortiz é daquelas profissionais tão competentes que o Brasil não conseguiu segurar e manter residindo em terras verde-amarelas… Fato triste, por não a vermos com frequência embelezando nossas vidas cinzentas com suas récitas. Mas há um  alento, um meio-sorriso quando ela desembarca em solo pátrio para nos dar o ar de sua graça e, em se tratando de piano, quanta graça numa só pessoa!

Cristina se lança no piano como se o instrumento fosse uma extensão de seu próprio corpo, característica rara, presente somente nos melhores pianistas. Daquela mocinha simples, que assombrava os ouvintes com sua capacidade, chegou à maturidade, como bem diz a apresentação de seu site:

“Cristina Ortiz é uma artista que evoluiu de menina-prodígio à maturidade, determinada a comunicar ao mundo sua intuição, palette pianística, emoção e sensibilidade“, nos dizeres do jornal vienense ‘Die Presse’. Radicada na Inglaterra há muitos anos, são porém os dotes inerentes à sua cultura brasileira – paixão, espontaneidade e flexibilidade rítmica – os que mais fortemente transparecem em suas interpretações.

Solista com as mais famosas orquestras – Berlim, Chicago, Cleveland, New York, Praga, Viena, Londres – Cristina Ortiz já trabalhou sob a batuta de Ashkenazy, Chailly, Foster, Jansons, Järvi, Kondrashin, Leinsdorf, Masur, Mehta, Previn e Zinman, entre outros. Em tanto que camerista, tem se apresentado ao lado de artistas como Antonio Meneses, Uto Ughi, Emanuel Pahud, Lynn Harrell, ou o Quinteto de Sopro de Praga.

Possuidora de vasto e eclético repertório, quer em concertos ou gravações, seu compromisso com a música brasileira é evidente na aclamada ‘prémière’ do “Chôro” de Guarnieri no Carnegie Hall de New York ou nos 5 Concertos de Villa-Lobos, gravados para Decca. Cristina Ortiz continua sua procura por raridades musicais, através das obras de Clara Schumann, Mompou, Stenhammar, Schulhoff ou dos brasileiros Lorenzo Fernandez e Fructuoso Vianna.” (do site da pianista)

Hoje temos a dádiva de apresentar-vos a jovem Cristina Ortiz, leve e vibrante musicista em seus 26 anos, mandando ver em obras de compositores brasudcas de primeiríssima linha, como Camargo Guarnieri, Francisco Mignone, José Siqueira e Cláudio Santoro, entremeados de outros menos conhecidos, mas cujas obras escolhidas para este álbum não estão de forma alguma em patamar inferior ao dos figurões. São eles Octavio Maul, José Vieira Brandão e Fructuoso Vianna. Repare que Cristina Ortiz foi peituda na produção deste LP e lançou mão de apresentar exclusivamente autores nacionais e contemporâneos: na época da gravação, 1976, apenas Nepomuceno e Maul haviam falecido (o ultimo faziam só 2 anos). Eram músicas novas, compostas com a mesma jovialidade de Cris (já fiquei íntimo…).

Um disco de altíssima categoria. Conheça mais um pouco de Cristina Ortiz e das belas músicas que a brasilidade produziu! Ouça! Ouça!

Cristina Ortiz (1950)
Cristina Ortiz

01. Galhofeira – Alberto Nepomuceno (1864-1920)
02. Prece – Alberto Nepomuceno (1864-1920)
03. Ponteio nº38 – Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993)
04. Ponteio nº48 – Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993)
05. Ponteio nº49 – Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993)
06. Tríptico: Choro – Octavio Maul (1901-1974)
07. Tríptico: Canção – Octavio Maul (1901-1974)
08. Tríptico: Samba – Octavio Maul (1901-1974)
09. Corta-Jaca – Fructuoso Vianna (1896-1976)
10. As Três Irmãs: Beatriz – Fructuoso Vianna (1896-1976)
11. As Três Irmãs: Pérola – Fructuoso Vianna (1896-1976)
12. As Três Irmãs: Rúbia – Fructuoso Vianna (1896-1976)
13. Estudo nº1 – José Vieira Brandão (1911-2002)
14. Congada – Francisco Mignone (1897-1986)
15. Segunda Valsa de Esquina – Francisco Mignone (1897-1986)
16. Cantiga – José Siqueira (1907-1985)
17. Paulistana – Cláudio Santoro (1919-1989)

Cristina Ortiz, piano
1976

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Partituras e outros que tais? Clique aqui

…Mas comente… O álbum é bom demais, merece umas palavrinhas…

Bisnaga

Xenakis (1922 – 2001) – Orchestral Works & chamber music

Link revalidado por PQP.

Em 2001, Xenakis morreu em Paris. De família grega, nasceu na Romênia em 1922. Voltou pra Grécia. Fez parte da resistência grega durante a Segunda Guerra Mundial. Foi gravemente ferido, perdeu um olho e ficou com metade do rosto desfigurado. Depois foi condenado à morte. Fugiu. Queria ir aos Estados Unidos. Mas acabou ficando em Paris. Trabalhava como arquiteto e estudava música nas horas vagas. Foi estudar composição com Honegger. Mas brigaram feio. Foi estudar com Messiaen. Ouviu o seguinte conselho do mestre francês: não posso te ensinar nada, você tem mais de 30, é grego, arquiteto e matemático, use isso e faça sua própria música. Xenakis seguiu o conselho, escreveu música usando equações matemáticas e probabilidade, e praticamente todas as suas peças tem nomes e temas gregos. Em 2001, morreu um grande compositor.

Esse disco é tão breve quanto esta minha esdrúxula introdução. Traz um panorama de toda a carreira de Xenakis, da sua primeira e polêmica obra Metastasis (1954) até uma de suas últimas obras, Ioolkos (1996). Mas Xenakis junto com Vàrese também foi um dos pioneiros da música eletrônica, algo que escapa deste pequeno retrato que é este disco.

Temos seis obras importantes aqui. No entanto, eu começaria minha jornada em ordem cronológica com Metastasis, a terceira faixa do disco, que por sinal foi gravada em 1955 (a gravação é ótima). Não pretendo descrever esta música nem em termos líricos ou matemáticos (quem estuda caos controlado pode se interessar). É sentar na cadeira (se possível, no escuro) e ouvir. Esta obra é um divisor de águas, assim como a Sagração da Primavera, guardando, claro, as devidas proporções. Em seguida vem uma pequena e virtuosa peça para clarinete e violoncelo chamada Charisma de 1971.

N´Shima de 1975 é fantástica e originalíssima. Uma obra pra duas mezzo-sopranos, duas trompas, dois trombones e um violoncelo. Há passagens de perturbador confronto entre as cantoras e os trombonistas. É de arrepiar a sincronização. Em Jonchaies de 1977, Xenakis usa uma orquestra completa com 109 músicos. É minha obra preferida neste disco. Quem pensava que a sonoridade de uma orquestra estava esgotada precisa ouvir isso aqui. Percussão fantástica começando em 3:43; e o ritmo, no minuto 7:35, lembra vagamente o ragtime. Uma das melhores obras modernas que conheço.

Ata (1987) é a obra que abre o disco, ela também é para grande orquestra e extremamente empolgante. Já a última obra, Ioolkos (1996), é a mais difícil de se tocar e de ouvir. Os 89 músicos tocam como se fossem um único instrumento, acho que é a música mais densa e pesada já escrita. São praticamente 7 minutos insuportáveis, mas compensadores. Após um ano, Xenakis, devido à doença, deixava de escrever.

1 – Ata, for 89 musicians
Performed by SWF Sinfonieorchester Baden-Baden
Conducted by Michael Gielen

2 – N’Shima, for 2 amplified voices, 2 amplified French horns, 2 tenor trombones & amplified cello
Conducted by Rachid Safir

3 – Metastasis, for 60 musicians (Anastenaria, Part 3)
Composed by Iannis Xenakis
Performed by SWF Sinfonieorchester Baden-Baden
Conducted by Hans Rosbaud

4 – Ioolkos, for 89 musicians
Performed by SWF Sinfonieorchester Baden-Baden
Conducted by Kwame Ryan

5 – Charisma, for clarinet & cello
with Siegfried Palm, Hans Deinzer

6 – Jonchaies, for 109 musicians
Performed by Nouvel Orchestre Philharmonique de Radio France
Conducted by Gilbert Amy

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CDF Bach

Johann Strauss I (1804-1849), Johann Strauss II (1825-1899) – Valses Célèbres

Toda a beleza de Johann Strauss II

Link revalidado por PQP.

Atendendo a uma solicitação, trago um belo cd de Lorin Maazel regendo Johann Strauss, tanto o I quanto o II. É música para alegrar o dia. A Orquestra Filarmônica de Viena dispensa apresentações, e toca seus conterrâneos como nenhuma outra. É imbatível nesse repertório. Lorin Maazel também está em seu elemento, com um repertório que conhece de cor. Não consegui encontrar este cd que postei no site da amazon. O que está aí na caixinha ao lado é similar. Creio que a RCA francesa deva ter feito uma seleção das diversas vezes em que Maazel dve ter regido a Filarmônica de Viena. De qualquer forma, é Strauss…

Johann Strauss I, Johann Strauss II – Valses Célèbres

01 Johann Strauß II – Jubel-Marsch op. 126
02 Johann Strauß II – Kaiser Walzer op. 437
03 Johann Strauß II – Ein Herz ein Sinn op. 323
04 Johann Strauß II – Bitte schön op. 372 (Polka francaise)
05 Johann Strauß II – Geschichten aus dem Wiener Wald op. 325 (Walzer)
06 Johann Strauß II – Spleen op. 197 (Polka Mazur)
07 Johann Strauß II – Tritsch-Tratsch-Polka op. 214 (Polka schnell)
08 Johann Strauß I – Walzer à la Paganini op. 11
09 Johann Strauß II – Fledermaus Quadrille op. 363
10 Johann Strauß II – An der schönen blauen Donau op. 314 (Walzer)
11 Johann Strauß I – Radetzky-Marsch op. 228

Wiener Philarmoniker
Lorin Maazel – Conductor

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FDP Bach

W.F. Bach (1710-1784): Kantaten, Vols. 1 e 2

Se há uma coisa de que faço absoluta questão é de ser democrático. Então, se publiquei fotos da bela Hélène Grimaud, nada mais justo que escolhesse um belo tipo de homem para estampar em nosso blog. O escolhido foi Hermann Max, um nanico que procura chegar aos céus através do laquê. Sei que tal escolha pode ser considerada de natureza polêmica, mas como as mulheres não costumam nos avaliar pelo que mostramos externamente, informo o que lhes interessa: Max é um serzinho de extremo talento, carinhoso, cheio de atenções e de atitudes irrepreensíveis. Tendo cumprido minha obrigação moral, passo ao CD.

Na verdade aos CDs, posto que são dois que empacotei no mesmo arquivo. Wilhelm Friedemann Bach é meu irmão mais velho, o preferido de papai. Suas Cantatas são boas, são até muito boas, mas, se têm a grife Bach — tal como nosso blog –, falta-lhes o crucial e inalcançável Johann Sebastian.

É um bom disco, bem interpretado e com regência segura de Max, mas são cantatas de meu mano, não de meu pai. Faz alguma diferença.

W.F. Bach (1710-1784): Kantaten, Vols. 1 e 2 


1. Chor: Lasset uns ablegen die Werke der Finsternis (Let us cast off the works of darkness)
2. Recitativo: Es ist nun hohe Zeit (It is now high time)
3. Choral: Steh auf vom Sündenschlaf (Arise from the sleep of sin)
4. Recitativo: Drum, Vater (Then, Father)
5. Aria: Höre, Vater, mit Erbarmen (Father, hearken with mercy)
6. Recitativo accompagnato: Ich weiß, die Nacht ist schon dahin (I know the night is already past)
7. Aria: Ich ziehe Jesum an im Glauben (I appeal to Jesus in the belief)
8. Choral: Den Geist, der heilig ist (Let the holy spirit guide you)
9. Chor: Lasset uns ablegen die Werke der Finsternis (Let us cast off the works of darkness) (No. 1 da

10. Chor: Es ist eine Stimme eines Predigers in der Wüste (The voice of him that crieth in the wilderne
11. Recitativo: Gott hat uns Gnad und Heil in Christo angetragen (God has offered us grace and salvatio
12. Aria: Der Trost gehöret nur vor Kinder (Solace belongs only to children)
13. Recitativo accompagnato: Dein Heiland läßt die Bahn (Your Saviour lets the path)
14. Aria: Holdseligster Engel (Most gracious angel)
15. Choral: Wir Menschen sind zu dem, o Gott (We men are unfit, O God)


16. Sinfonia: Allegro maestoso
17. Sinfonia: Andante
18. Sinfonia: Vivace

19. Kantate: Recitativo accompagnato: Dies ist der Tag (This is the day)
20. Kantate: Aria: Süßer Hauch von Gottes Throne (Sweet breath from the throne of God)
21. Kantate: Recitativo: Ich folge dir (I follow you)
22. Kantate: Aria: Entzünde mich, du Kraft der größten Liebe! (Kindle me, you power of supreme love!)
23. Kantate: Choral: Heilger Geist in Himmels Throne (Holy Spirit in heaven’s throne)

24. Chor: Erzittert und fallet (Tremble and fall)
25. Aria: Was für reizend sanfte Blicke (What enchanting gentle glances)
26. Recitativo: Das Grab ist leer (The tomb is empty)
27. Duett: Komm mein Hirte, laß dich küssen (Come, my shepherd, and let me kiss you)
28. Recitativo: Mein Heiland kommt (My Saviour is coming)
29. Aria: Rausch, ihr Fluten, donnernd Blitzen (Roar, ye floods and thunderous lightnings)
30. Choral: Heut triumphieret Gottes Sohn (Today the Son of God triumphs)

Barbara Schlick, s
Claudia Schubert, c
Wilfried Jochens, t
Stephan Schreckenberger, b

Rheinische Kantorei
Das Kleine Konzert
Hermann Max (Conductor)

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PQP

Peter Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) – Sinfonias Nos. 4, 5 e 6 – "Patética".

Gosto de Tchaikovsky. Ele é uma das melhores coisas que a música russa legou ao Mundo Ocidental. A genialidade do compositor está misturada a uma força e uma elegância únicos, algo que sempre nos instiga a compreensão. Suas obras possuem um colorido, um impacto estético capaz de provocar bons momentos de apreciação. Sempre fico com um sensação de “fenômeno” quando o escuto. Seus ballets, obras para violino, para piano e, especialmente, a fineza impactante de suas sinfonias fazem parte de uma obra densa e que deve ser respeitada por todo amante da boa música. Quando apreciamos as suas sinfonias, notamos um certo crescendo, uma gradação, como se a cada obra o autor maturasse as suas convicções e estilo. Aqui, nesse CD, trazemos três delas (entre as numeradas). A número 4 foi composta em 1877. O que é curioso nessa sinfonia é que o terceiro movimento é todo pizzicato. Já número 5 é, entre as sinfonias de Tchaikovsky, aquela que mais ouvi. Conheço cada pedaço, cada espaço dos seus quatro movimentos. Em minha adolescência foi uma das músicas que mais ouvi. A número 5 é do ano de 1888. E a última é a número 6, ou seja, aquela que possui um linguagem fortemente trágica. Tchaikovsky ao compô-la se encontrava bastante doente, solitário e angustiado. A atmosfera que permeia a obra é de tristeza e partida. Mas, o que toca mesmo nessa obra, são as melodias, os conflitos, algo para o qual o compositor russo não possuía competidores. Entre as versões dessas três sinfonias, a que mais gosto é de Evgeny Mravinsky. As versões de Bernstein e Haitink também são sólidas. Todavia, este CD é bom. O maestro italiano Antonio Papano faz um excelente trabalho. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Peter Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) – Sinfonias Nos. 4, 5 e 6 – “Patética”. 

DISCO 01

Sinfonia No. 4 em F menor, Op. 36

01. I. Andante sostenuto – Moderato con anima – Moderato assai, quasi Andante – Allegro vivo
02. II. Andantino in modo di canzone
03. III. Scherzo. Pizzicato ostinato. Allegro
04. IV. Finale. Allegro con fuoco

Sinfonia no. 5 em E menor, Op. 64

05. I. Andante – Allegro con anima
06. II. Andante cantabile, con alcuna licenza – Moderato con anima – Andante nosso – Allegro non troppo – Tempo I

DISCO 2

07. III. Valse. Allegro moderato
08. IV. Finale. Andante maestoso – Allegro vivace – Molto vivace – Moderato assai e molto maestoso – Presto

Sinfonia no. 6 em B menor, 74 – “Patética”

09. I. Adagio – Allegro non troppo
10. II. Allegro con grazia
11. III. Allegro molto vivace
12. IV. Finale. Adagio lamentoso

Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia
Antonio Pappano, regente

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Carlinus

J. S.Bach (1685-1750): Variações Goldberg (Angela Hewitt)

IM-PER-DÍ-VEL !!!!

É comum comparar Glenn Gould a Angela Hewitt. Ambos são canadenses e tocam maravilhosamente Bach ao piano. No caso de Gould, tocava. Algumas frases são de efeito e nos fazem pensar. Uma que li dia desses dizia mais ou menos assim: “Quando Gould toca Bach, fica claro que o pianista é genial; enquanto que, quando Hewitt toca Bach, fica claro o quanto o autor é genial”. Bem, eu não sei, mas ouvindo essas Goldberg — para mim uma das três melhores composições de todos os tempos — fico meio hesitante entre escolher um e outro, mas acho que ainda ficaria com a segunda gravação de Gould. Minha hesitação é um tremendo elogio a Hewitt. Como melhor versão — incluindo as versões nos mais diversos instrumentos (já tivemos até harpa, acordeon e instrumentos de metal nas Goldberg aqui no PQP) — , ainda fico com a de Pierre Hantaï, ao cravo, claro.

J. S. Bach (1685-1750): Variações Goldberg

01. Aria
02. Variation 1
03. Variation 2
04. Variation 3: Canona all’unisono
05. Variation 4
06. Variation 5
07. Variation 6: Canone alla seconda
08. Variation 7
09. Variation 8
10. Variation 9: Canone alla terza
11. Variation 10: Fughetta
12. Variation 11
13. Variation 12: Canona alla quarta
14. Variation 13
15. Variation 14
16. Variation 15: Canona alla quinta
17. Variation 16: Ouvertüre
18. Variation 17
19. Variation 18: Canona alla sesta
20. Variation 19
21. Variation 20
22. Variation 21: Canona alla settima
23. Variation 22: Alle breve
24. Variation 23
25. Variation 24: Canona all’ottava
26. Variation 25
27. Variation 26
28. Variation 27: Canona alla nona
29. Variation 28
30. Variation 29
31. Variation 30: Quodlibet
32. Aria

Angela Hewitt, piano

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PQP

Francisco Manuel da Silva (1795-1865) – Hino Nacional Brasileiro a 6 pianos – arr. Wagner Tiso (1945)

Ah, pessoal! Não dava pra fazer essa data passar batida, afinal, é dia da Independência do Brasil: há exatos 190 anos Dom Pedro declarava que nos separávamos de Portugal. Nem sei se bradou mesmo o tal “Independência ou Morte” e empunhou a espada, como na tela de Pedro Américo aí em cima. Provavelmente o ato foi menos poético, mas a imprensa e os órgãos oficiais devem ter floreado um pouco a história para dar-lhe um aspecto mais revolucionário.

Tudo bem que o Brasil nunca assistiu a uma verdadeira revolução: a Independência nos veio por uma briga de família e a República, admitamos, por um golpe de estado. Nunca o povo, a massa, se envolveu. Em ambos os acontecimentos tudo aconteceu liderado por pequenos grupos e não por grandes movimentos populares, e nos rincões profundos do país muita gente ignorou esses fatos por anos…

Ainda assim, ainda que muito se questione se somos ou não independentes ou o quão soberanos somos sobre nossas próprias posses, acredito que a Independência é uma data a ser celebrada: é o marco que nos configura como nação. a partir daí se pode dizer que somos brasileiros, essa amálgama de tantas raças e culturas que configurou este povo diverso e ao mesmo tempo único.

Para comemorar esse marco, que tal ouvirmos a peça mais conhecida de Francisco Manuel da Silva, esse grande compositor do qual conhecemos ainda muito pouco (conheceríamos menos ainda se não fossem as garimpadas de Avicenna), que influenciou muitos conterrâneos e foi responsável pela formação musical de outros tantos, como o próprio D. Pedro I ?

Fiquemos então com o Hino Nacional Brasileiro interpretado por seis dos nossos melhores pianistas. Aliás, há tempos o Brasil sempre tem mais de um pianista figurando entre os considerados melhores do mundo. Hoje temos aqui uma verdadeira constelação: Amilton Godoy, Antonio Adolfo, Arthur Moreira Lima, João Carlos de Assis Brasil, Nelson Ayres e Wagner Tiso! O arranjo de Tiso é muito bom e faz arrepiar até os pelinhos da nuca de nacionalistas como eu. Veja que show!

Francisco Manoel da Silva (1795-1865)
Hino Nacional Brasileiro
Arranjo para 6 pianos de Wagner Tiso (1945)

Amilton Godoy, piano
Antonio Adolfo, piano
Arthur Moreira Lima, piano
João Carlos de Assis Brasil, piano
Nelson Ayres, piano
Wagner Tiso, piano
Executado na Cerimônia de encerramento dos Jogos Mundiais Militares
Estádio Olímpico João Havelange, Rio de Janeiro, 24 de julho de 2011

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Ouça! Deleite-se! … E não se esqueça de nos escrever algo legal…

Brasil ! Brasil ! Brasil ! Brasil ! Brasil ! Brasil ! Brasil ! Brasil ! Brasil ! Brasil !

Bisnaga

José Siqueira (1907-1985) – Concertino para Viola, Toada [link atualizado 2017]

MUITO, MAS MUITO BOM !!!

Quando, ouvindo aos apelos deste postulante que estava em pânico ao ver que seu acervo siqueirano estava findando, Harry Crowl afirmou que me passaria o Concertino para Viola de José Siqueira quase tive um tróço! Obra para viola escrita pela pena de um brasileiro é pra disparar o coração de um violista nacionalista como este que vos fala!

E o Concertino para Viola e Orquestra é obra para judiar do violista (coitado do Frederick Stephany): muitos tempos quebrados e sincopados, acordes inusuais e difíceis de se tocar, estruturação dos temas musicais complexa, ou seja, música para gente grande.  Música tensa, carregada, cheia de “atritos”, abrasiva até, se é que posso usar esse termo para descrever uma música. Coisa de fazer bonito frente a caras como Schnittke e Bártok! É daquelas que talvez não agrade na primeira audição e você tenha que escutar mais vezes para sentir na plenitude o imenso prazer que ela proporciona.

A postagem de hoje é curtinha: antes do concertino, apenas a bela Toada para Cordas, que já vos foi apresentada anteriormente em mais duas postagens. Hoje ela vem novamente regida pelo próprio José Siqueira, um pouco mais lenta e um pouco mais escura, mais cheia, numa orquestra maior. E está linda!

Agradecimento reiterado ao Harry Crowl que nos tem cedido solicitamente seus fonogramas do maestro José Siqueira!

Duas obras de caracteres bem diferentes, mostrando as facetas desse senhor compositor que foi o Zé Siqueira! Show! Ouça! Ouça!

José Siqueira (1907-1985)
Toada e Concertino para Viola

01. Toada para Cordas
02. Concertino para Viola e Orquestra

Frederick Stephany, viola
Orquestra Sinfônica da Rádio MEC
José Siqueira, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (33Mb)

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Ouça! Deleite-se! … E não se esqueça de nos escrever umas letrinhas amigas…

Bisnaga

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos, n° 17 & 18 – Perahia – ECO


Ah, como adoro os concertos para piano de Mozart… tão bem escritos, tão leves, tão suaves… ótimo para acalmar os ânimos, para sentir aquela famosa paz de espírito…estado tão difícil de se atingir na correria do dia-a-dia… sempre procuro ter um destes concertos no meu mp3 player. Basta ouvirmos um adagio destes concertos. A genialidade de Mozart está presente em cada nota, em cada melodia.
Não sei dizer qual deles é o meu favorito. Em minha juventude rebelde eu tinha uma velha fita cassete com os concertos de n° 19 e 21 com o Rubinstein. Depois comprei aqueles LPs da Archiv, com aquelas belíssimas capas que retratavam algum tipo de flor, e que era interpretado por Malcolm Bilson e os English Baroque Soloists, do Gardiner. Aíi então conheci os concertos de n° 17 e 18. Qual deles era o mais belo nunca consegui definir. E para que, quando não estamos participando de algum concurso? Prestem atenção, por exemplo, no segundo movimento do de n°18, um “andante un poco sostenuto”. São pequenas variações sobre um tema maravilhoso, e cada variação é mais bela que outra.
Mas trago exatamente os de n° 17 e 18, só que com o Murray Pehahia novinho, novinho, e já muito talentoso (mas com esse cabelo?). E regendo a English Chamber Orchestra, excelente grupo de Câmera que gravou muito nos anos 70 e 80, com diversos outros músicos. Tenho outras duas integrais destes mesmos concertos de Mozart, com esta mesma orquestra com a MItsuko Uchida e com o Daniel Baremboim.   Ambas excelentes, nem preciso dizer.
A vida de Murray Perahia é uma vida de superações, e fico muito feliz acompanhando sua trajetória. Devido a um corte no dedão da mão direita, que acabou por infeccionar, acabou afastado do piano e dos palcos por um bom tempo. Mas quando voltou, voltou mais maduro, e como todo bom vinho, ainda melhor intérprete. Gravou Bach, em registros muito elogiados pela imprensa especializada.
Mas o papo aqui é Mozart.

01 – Piano Concerto No.17 in G major K.453 I. Allegro
02 – Piano Concerto No.17 in G major K.453 II. Andante
03 – Piano Concerto No.17 in G Major K.453 III. Allegretto
04 – Piano Concerto No.18 in B-flat major K.456 I. Allegro vivace
05 – Piano Concerto No.18 in B-flat major K.456 II. Andante un poco sostenuto
06 – Piano Concerto No.18 in B-flat major K.456 III. Allegro vivace

Murray Perahia – Piano & Conductor
English Chamber Orchestra

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
FDPBach