Música erudita moderna da melhor qualidade vinda de uma jovem compositora da Estônia — não disse que o Báltico favorece a música? Pois é, depois de Penderecki, Kilar, Pärt e outros que não lembro agora, aparece mais uma portentosa compositora de um país banhado pelo Báltico. A gravação — de espetacular qualidade — é da ECM.
Como meus problemas de falta de tempo persistem, vou recorrer a um texto a respeito de Lijnen que estava perdido em meu micro:
First ECM recording from the gifted Estonian composer (born 1972) whose work speaks in its own unique language through a variety of chamber music settings and with a fluid approach to form, sound and sonority.
The album begins with her “à travers” for ensemble, which attracted much attention at the 1998 International Rostrum for Composers in Paris and progresses through more recent works including “Lijnen”, with the wonderful voice of Arianna Savall, “Öö” with the Stockholm Saxophone Quartet, and “nec ros, nec pluvia” with the Silesian String Quartet. Tulve has been closely associated with Estonia’s creative chamber group the NYYD Ensemble over the last decade and they deliver committed performances of her work under the direction of outstanding young conductor Olari Elts.
Helena Tulve music has a real fluid sculptural quality, conceived within a soundworld that is frequently dominated by wind instruments. It’s not music that goes out of its way to be ingratiating, but as this highly impressive collection shows, behind this take-it-or-leave-it façade lurks music of real personality and expressive depth.
IM-PER-DÍ-VEL para quem se interessa por música contemporânea.
Helena Tulve – Lijnen
1 à travers
2 Lijnen
3 Öö
4 abysses
5 cendres
6 nec ros, nec pluvia…
NYYD Ensemble
Olari Elts
Arianna Savall voice
Stockholm Saxophone Quartet
Sven Westerberg soprano saxophone
Jörgen Pettersson alto saxophone
Leif Karlborg tenor saxophone
Per Hedlund baritone saxophone
Emmanuelle Ophèle-Gaubert flute
Mihkel Peäske flute
Silesian String Quartet
Szymon Krzeszowiec violin
Arkadiusz Kubica violin
Lukasz Syrnicki viola
Piotr Janosik violoncello
Recorded between November 1997 and June 2006
ECM New Series 1955
PQP
Hehe, gostei do nome da 3ª faixa:”Öö”. Como será que se pronuncia?
Curiosamente, também gostei: diz-se “ê-ê”, com ênfase no primeiro “ê” (ou seja, paroxítona) e fazendo desenho de boca de quem vai pronunciar “ô”. É igual aos fonemas “eu” em francês e “ö” em alemão.
Helena Tulve não é tão bonita quanto pensei: http://images.google.com.br/images?q=Helena%20Tulve&oe=utf-8&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-a&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wi
Ah, é só ouvir o CD olhando para Aishwarya Rai que fica tudo certo (as vezes ela exagera na maquiagem).
Disco realmente muito bom. Não teria mais discos dela?
Infelizmente, não, Onofre.
Essa jovem é realmente ótima. Parece que, apesar de hoje inexistir um corrente composicional em particular, como ocorreu outrorá, a música de muitos jovens, dentre eles a de Helena Tulve, se enquadra naquela dita “música timbrica-textural” (Mas não como a dos compositores das primeiros 3/4 do século XX, a saber Ligeti, Penderecki, Lutoslawsky). Aqui o discursso musical “transcende” as alturas para chegar ao timbre. Dessa forma a Helena engrossa o time dos “jovens compositores” indo, no uso das “técnicas expandidas” para além de Penderecki e outros, começaram a utilizar tais técnicas, como mencionei antes. Há na música dela, e de muitos jovens copositores que tenho ouvido, independentemente do País, um maior refinamento quanto ao uso, e combinações, dessas técnicas expandidas. Talvez isso se deva ao fato das técnicas expandidas, e sutis explorações timbrísticas, não serem mais tão “expandidas” assim, tendo se tornado parte do vocabulário obrigatório para a intérprete atual.
Bom, realmente gostei.
Quem sabe poderia colocar alguns compositores brasileiros com uma linguagem que passe por tais procedimentos. Um “contribuição indireta” se encontra no site:
http://www.compomus.mus.br/cds.php?ler=cd_eli-eri&titulo=CD+Eli-Eri+Moura%3A+M%FAsica+de+C%E2mara+%28patrocinado+pelo+FIC+-+Governo+da+Para%EDba%29
Há um Cd do Eli-Eri por aí…
Este: http://pqpbach.opensadorselvagem.org/eli-eri-moura-1963-%e2%80%93-requiem-contestado/
O Eli-Eri gostou de ver o CD dele aqui, visto que nem ele tem mais cópias desse CD.
Eu, pessoalmente, não gostei muito da música da moça. Os timbres são realmente interessantes, e ela possui um vasto conhecimento sobre como utilizar os instrumentos, mas achei sua música vazia e fraca. Talvez não vazia de sentimentos, nem acredito que isto seja possível, mas sim vazia de intelectualidade, o que para mim é um dos pontos fracos de toda música contemporânea (me refiro a esta música ultra fluida que se faz hoje). Eu até gosto da música minimalista, mas, na minha opnião, somente alguns pouquíssimos compositores se sobressaem e eu não acredito na simples “sonoridade interessante”. Eu acredito sim é na “forma e conteúdo”. Por isso, infelizmente, não pude apreciar tanto o cd da moça. E quanto ao amigo que aconselha os compositores brasileiros a utilizarem tais e tais linguagens, é o mesmo que ter lido um livro que você tenha gostado e querer que todos no país utilizem o mesmo estilo de prosa. Simplesmente não funciona. Para mim tanto faz a música ser tonal, atonal, minimalista ou seja lá o que, desde que o compositor tenha algo a dizer.
Concordo contigo. A comparar com Schreker, que conseguiu produzir timbres realmente únicos, mas tem muito, muito a dizer.
Como assim conselha os compositores brasileiros a utilizarem tais e tais linguagens, não entendi. Acho que você entendeu errado. Me refiro em colocar neste BLOG CDs de compositores brasileiros e não que os compositores brasileiros componham dessa maneira. Há uma grande diferença.
Esqueci de comentar a “analogia do livro” do amigo do tópico. Você construiu errada essa analogia, o modo correto seria: “o mesmo que ter lido um livro que você tenha gostado e querer (sic) [RECOMENDAR] que todos no país (sic) [QUE ACESSAM O BLOG PQP BACH] utilizem (sic)[CONHEÇAM] o mesmo estilo de prosa.”
É uma questão de ênfase, e palavras, amigo…
Você tem realmente razão, Onofre, eu realmente havia te entendido de maneira ruim. Não percebi que você falava em colocar cds de compositores brasileiros com tal estilo no blog, realmente entendi o que você disse como uma crítica a falta deste tipo de música no Brasil, o que penso ser a real situação, e não a critico em nada. Peço desculpas, principalmente pela minha acidez. Grande abraço!
Caros
ouvi o cd. Me pareceu hermetica e distante mesmo que música verdadeira. Sinceramente não sei quantas vezes ouvirei esse cd.
dr cravinhos
Prezado Gilberto Agostinho,
Sublinho sua atitude educada e gentil.
Além disso, retribuo-lhe o grande abraço!
Sinceramente, obrigado, Onofre.
Caro PQP, ainda não ouvi este cd por um motivo vergonhoso. A minha conexão da CLARO 3G está uma bela droga, numa velocidade de 15 Kbps. Mas tenho certeza que vou gostar.
15? Puxa vida.
Desde já peço desculpas, pois inicio um comentário sobre um assunto numa postagem de outro completamente distinto, mas considerem que pedidos de socorro merecem descontos morais. He, he!
Então… Estou numa caçada pela obra completa de Tchaikovsky, tentei valer-me de torrent (como fiz com Mozart, Beethoven, Stravinsky, Mahler, etc.), links de download na internet… Nada. Só encontre os trabalhos de piano e alguns de violino. Mas, e tudo lindamente reunido? Percebi que vocês do P.Q.P. Bach possuem já um amplo acervo dele, bom… E teriam mais? *_*
Ainda não baixei os que disponibilizaram, pois vai saber se possuem uns arquivos lá no fundo do baú com tudinho dele? Valeu-me a dúvida e estarei no aguardo (se houver uma negativa diante do meu pedido, irei baixar o conteúdo de vocês e caçar no YouTube os outros (crueldade!), se sim, prontificarei-me-ei a qualquer possibilidade para obtê-los!).
Por gentileza, alegrem uma pobre alma pedinte com a saciação de seus anseios diminutos, mas muito ricos para aquele que os vivencia (um pouco de drama para comover)!
Ps: Logo mais irei ouvir a menina Tulve, mas confesso que com medo. Música contemporânea aquece meus medos. o.O’
Eu já tentei fazer isso, conseguir a obra completa de cada compositor, mas falhei miseravelmente hehehe, já passei de 15 mil arquivos e nem do Beethoven completei, quanto mais procuro mais acho coisas boas de outros compositores, tem que ter fôlego. Só aqui do pqp tem tanto material que é dificil aproveitar minuciosamente num tempo confortável cada post feito.