MAS É MUITO BOM!
Vem de Pernambuco o autor que vos apresentamos hoje, fazendo sua avant-première aqui no P.Q.P. Bach: Mateus Alves, jovem contrabaixista e promissor compositor da terra que nos deu Gilberto Freire e que encantou e acolheu nomes como Clóvis Pereira, Cussy de Almeida e Guerra Peixe. Bom, não é de se espantar: já faz um bom tempo que os estados vizinhos de Pernambuco e Paraíba são dois pólos de vanguarda da música erudita brasileira…
E Mateus Alves faz uma música leve, interessante, de sons longos, mas límpidos. Não tem medo de flertar com atonalismos e de, vez por outra, deixar-se tomar por rastros do Armorial, ainda muito presente na música de seu Estado e dos grandes compositores que estuda e com quem convive (que dádiva!). Não é música simples, e é possível que vocês nem gostem na primeira audição. Há que se esperar o ouvido se acostumar, ouvir novamente: Alves nos brinda com inesperadas continuidades; nos brinda, em suma, com o novo, com juventude!
Nem vou tomar mais o tempo de vocês, pois tem gente muito mais gabaritada que se debruça sobre as obras desse jovem que aqui apresentamos:
Não dispor das linhas de um pentagrama para conceber algo linear. Essa foi a mola-mestra de Mateus Alves ao compor as três primeiras obras do presente álbum, um incomum CD de Música de Concerto Contemporânea lançado em Pernambuco, que veio para estimular outros compositores eruditos do estado, jovens e veteranos, a divulgarem fonograficamente sua produção, e cuja capa materializa a metáfora que guiou seu processo criativo.
Nas três primeiras peças citadas — executadas por músicos da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música -, em que são trabalhados tecnicamente e em separado os naipes da orquestra sinfônica (exceto a percussão), Mateus fragmenta o discurso musical e o direciona de forma não previsível, criando uma espécie de cama de gato com os sons dos instrumentos e desfazendo os desenhos da corda tão logo lhe convenha (cama de gato é aquela brincadeira infantil conhecida também como jogo do barbante). Às vezes, o entrelaçamento dá lugar ao improviso, influência declarada do jazz, como no quinteto de madeiras e no quarteto de cordas. O Quinteto de Madeiras No 1, que teve seu primeiro movimento executado pelo Quinteto Villa-Lobos num workshop no Recife, concede um breve momento, em especial, para o uso de técnicas expandidas em sua seção improvisatória, no segundo movimento.
Já o “lado B” do CD, ocupado por “As Duas Estações Nordestinas”, toma rumo diverso da linguagem buscada pelo compositor no “lado A” a fim de prestar tributo a Clóvis Pereira, expoente vivo da música pernambucana. Esta suíte orquestral, objeto da monografia de Mateus Alves na Universidade Federal de Pernambuco e supervisionada por dois destacados compositores nordestinos (Dierson Torres e Eli-Eri Moura), segue influência direta, mas não total, do Movimento Armorial. A peça foi escrita para a Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música, responsável pela primeira execução da obra (registrada no álbum), e que reúne músicos de todas as regiões do estado, inclusive o próprio compositor — agora ex-contrabaixista da orquestra.(Carlos Eduardo Amaral, jornalista e crítico musical)
Mateus Alves
Música de Câmara e Orquestral
Quinteto de Madeiras N° 1 (Granola)
1. I – Lento melanconico (Leite [Milk])
2. II – Allegro giocoso, Lentissimo misterioso, Improvvisato (Azedo [Sour])
3. III – Andante dolce (Acucar [Sugar])
Quarteto de Metais
4. I – Adagio
Quarteto de Cordas N° 1
5. I – Andante espressivo, Adagio doloroso
6. II – Allegro agitato, Improvvisato, Andante espressivo
As Duas Estações Nordestinas
7. I. Chuva
8. II. Sol
Confira o trabalho do compositor em seu site oficial: www.mateusalves.net
(Todas as peças estão disponíveis para download lá)
Mas, se quiser tudo de uma vez, BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (34Mb)
https://1drv.ms/u/s!Aj7AlViriTxyhQEw77l8D-OkR14R
Partituras e outros que tais? Clique aqui
Ouça! Deleite-se!
Mas antes, dê o ar da graça e escreva umas letrinhas aqui: comente!
“Ôxe! O rapaz aí tem futuro…”
Bisnaga
Meu conterrâneo e eu fui apresentado a ele por Bisnaga. É fogo.
E a foto de Bach pai com a legenda me fez rir tão alto aqui no trabalho que até o chefe veio ver o que foi.
Valeu Bisnaga. Estou baixando, e assim que ouvir, volto e comento.
Pô… fui me atrever a ouvir este nosso “patrício” logo após a 7ª de Beethoven… cara, foi louco!! Gostei e creio que gostarei cada vez mais com as próximas audições. E especialmente “As duas estações nordestinas” me chamaram atenção.
Já estou fã do rapaz! 🙂
E que futuro! Só de ouvir a primeira faixa já gostei de cara. É que nem todo mundo tem paciência para músicas, digamos, meio “paradas”, que parecem ficar o tempo inteiro naquela mesma coisa. Por isso é que nem todo mundo gosta de música erudita, porque acha uma coisa monótona, demorada, etc. Mas nem seja por isso! Mesmo uma música monótona pode ser legal.
Se bem que esse Mateus Alves, apesar de construir uma música bem interessante, brinca demais. E parece não variar o tom, só constrói. Acho que, se ele tentasse seguir um estilo parecido com o de Stravinsky, Shostakovich, ou mesmo mesclando com o dos compositores mais clássicos, talvez conseguisse resultados um pouco melhores. Bem, não sei se tô falando besteira, mas vale a pena ouvir. Abraço.
Calma, Vanderson… O rapaz tá começando. Tenho certeza que vem muita coisa por aí e, com certeza, o processo composístico vai se alterando e se aperfeiçoando com o tempo.
muito bom. gostei tanto que entrei no site dele e la se encontra o mesmo CD com qualidade melhor.
mais um grande post, e mais um músico brasileiro que conheço aqui pelo blog.
alias, minha cultura musical está nas mãos deste blog aqui faz um bom tempo.
acho que a gravação e execução talvez não tenham ajudado muito.
mas mesmo assim gostei muito do compositor.