Minha relação com esta quinta sinfonia de Tchai, mais especificamente com essa gravação do Karajan, vem de longa data, uns 25 anos, mais ou menos. Ouvi muito o velho LP. Viciei nessa gravação, para ser sincero, e em determinada época de minha vida, era o único disco que tocava no velho 3×1 . Só virava o lado.
O tempo passa, o tempo voa. O velho LP já se perdeu nas areias do tempo, assim como o velho 3×1. Mas a marcação, o ritmo, o tempo que o velho Kaiser adotou ainda é o que mais me atrai. Alguns podem acusá-la de ser um pouco mais rápida que o necessário, mas ela se encalacrou na minha cabeça que custou tirá-la. Há uns anos atrás postei a impecável versão do Mravinsky, para muitos a versão definitiva. Pode até ser, e realmente ela é maravilhosa, mas em minha modesta opinião, Karajan ganha por um corpo de diferença. Ainda me arrepio quando ouço a introdução da trompa do segundo movimento. E fala sério: o que é esse andante cantabile??? Vá estar inspirado assim lá em Moscou no século XIX… ou em São Petersburgo. Definitivamente, é uma das mais belas páginas da história da música.
Depois dessa overdose de romantismo explícito, nada como acabar o CD com a belíssima Serenata para cordas. Um primor.
Novamente os corações apaixonados irão suspirar… eu mesmo, depois de ouvir essa gravação pela enésima vez, ainda fico arrepiado. COISA DE LOUCO!!
Definitivamente, essa gravação leva o selo de IM-PER-DÍ-VEL!!!
Karajan Conducts Tchaikovsky – CD 5 de 8 – Symphony no. 5 in E minor, op. 64, Serenade for String Orchestra in C major, op. 48
01 – Symphony no. 5 in E minor, op. 64 – Andante – Allegro con anima
02 – Andante cantabile, con alcuna licenza – Moderato con anima – Andante mosso – Allegro non troppo – Tempo I
03 – Valse. Allegro moderato
04 – Finale. Andante maestoso – Allegro vivace – Molto vivace – Moderato assai e molto maestoso – Presto.
05 – Serenade for String Orchestra in C major, op. 48 – Pezzo in forma di Sonatina
06 – Valse. Moderato. Tempo di Valse
07 – Elegia Larghetto elegiaco
08 – Finale. Tema russo. Andante – Allegro con spirito
Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan
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FDPBach
Olá, FDP!
Estive pesquisando, mas não localizei essa informação… Qual o tempo de ensaio que normalmente se destina ao ensaio de uma obra, uma sinfonia, por exemplo? É lógico que deve haver diferenças, conforme o compositor (os mais modernos, como Mahler, devem ser muito difíceis, pelas dissonâncias), mas em linhas gerais, qual o tempo que em geral se emprega num ensaio de orquestra?
Hipólito, geralmente orquestras passam uma semana ensaiando até cinco horas por dia pra tocar no fim da semana. No youtube existem vários vídeos de ensaios com grandes regentes, é só procurar que você vê como se desenvolve. Grandes orquestras geralmente passam a peça somente uma vez, sendo interrompidas pelos comentários do regente, anotando instruções na partitura, especialmente de peças já conhecidas da orquestra.
Só não entendi porque dissonâncias seriam mais difíceis de serem tocadas simplesmente por serem dissonâncias, é só colocar o dedo lá ué. Além disso, Mahler morreu faz 100 anos, e é tão moderno quanto um Ford Bigode.
Oi, Lucas!
É que eu não pude estudar música e fico impressionado pra caramba com a extensão de uma sinfonia de Mahler, por exemplo, e com a habilidade técnica dos músicos e regentes para “fazer aquilo tudo funcionar”. Fico ainda mais impressionado com o pouco tempo de ensaio, ainda mais quando a peça é passada apenas uma vez. São muitos detalhes! Esses dias assisti ao concerto nº 3, do Rackmaninov, com o Horowitz, e fico pasmo com a memória desse homem, que lembra todas as notas de um concerto de cerca de quarenta e cinco minutos. Isso para não falar nos regentes que lembram de cor, como o Karajan, ou um organista tocando Bach. Começo a me perguntar: será que é tão difícil assim? Acho que vou me aventurar também…
FDP, que maravilha ouvir essa Quinta Sinfonia de Tchaikovsky, (minha favorita), ainda mais sob a batuta do Kaiser. Pra mim está tambem tudo perfeito: os tempos, a dinâmica, a introdução da trompa no Andante cantabile… Tudo!
E a Serenata é uma outra “jóia rara”, plena de intimismo e melodias melancólicas…
Obrigado pelo post.
Ah, Hipólito, teoricamente É difícil tocar uma obra genial. Quando iniciei meus estudos de piano diziam que é mais fácil ser um astronauta da NASA do que um grande pianista. Acho que é por isso que parei na metade do caminho.
Mas esses caras estudam muitas horas por dia, durante décadas. O esforço concentrado, gradual, contínuo e persistente torna qualquer obra relativamente fácil de tocar.
Aqueles, dentre nós, que puderem fazer mais pela música, devem fazer! O Lucas comparou Mahler ao Ford Bigode, mas Mahler é muito mais que isso, assim como os gênios da Arte, em geral, quando têm se empenhado em sustentar uma neurose digna do ser humano, uma busca de engrandecimento de nossas almas, que ultrapasse o imediatismo de uma época que não pode ser, de maneira alguma, definitiva.
Parabéns pelo belíssimo blog. Uma pergunta: Acerca dos links que estão quebrados, há uma perspectiva de repostagem? Imagino que será um trabalho hercúleo. E congratulações!