Johannes Brahms (1833-1896) – Piano Concertos – Kovacevich, Davis, LSO

Existem gravações que ficam marcadas na nossa cabeça,  e acabam se tornando as nossas favoritas. Isso pelos mais diversos motivos, mas creio que o mais importante é o emotivo, que acaba deixando de lado os aspectos técnicos. Na época em que adquiri o então LP com a gravação do Concerto n°2 de Brahms, em um sebo na minha cidade, eu estava com cabeça confusa, algo típico quando temos 20 anos de idade, e gastava todo o dinheiro que ganhava com discos. Claro que minha mãe e meu pai ficavam doidos, pois eu não comprava roupas nem calçados. Apenas discos. Mas como se tratava de uma época confusa de minha vida, principalmente conflituosa, decorrentes de uma paixão mal resolvida, e sem saber o que fazer, se estudava, ou trabalhaba, me apegava à música para tentar abafar aquele ímpeto juvenil.

A primeira vez que ouvi a gravação do Segundo Concerto para Piano de Brahms com essa dupla Kovacevich / Davis foi paixão à primeira audição. Já ouvi diversas outras, com os mais importantes pianistas do século XX, mas por algum motivo o então jovem Kovacevich me fisgou, e já se passaram 25 anos desde então.  O porque desta escolha não há como explicar. Foram dezenas, quiçá centenas de audições, quando o LP terminava eu apenas virava o disco (algo impensável essa geração alimentada por USB.) Ainda tenho o velho LP, com uma foto do então jovem Kovacevich, de gosto duvidoso, diria, mas enfim, foi e sempre será a minha interpretação favorita deste concerto. Há pouco tempo atrás consegui finalmente sua gravação do Concerto n°1, que eu não tivera a oportunidade de ouvir até então, pois estas gravações estava fora do catálogo da Philips, por algum motivo contratual, sei lá. Só sei que finalmente consegui os dois concertos, gravados na mesma época, com o mesmo fervor juvenil e impetuosidade do Kovacevich. Não tenho a data correta, mas deve ter sido realizada no começo ou no meio dos anos 70.  Uma curiosidade: ele foi casado com a Martha Argerich.
Esse CD duplo que estou postando traz os Concertos para piano de Bahms, mas também algumas de suas obras para piano solo.  Foi relançado por um selo menor, Newton, mas a qualidade da gravação continua a mesma, ou seja, excelente.
P.S. – O programa que usei para converter os arquivos para mp3 tirou-os de sua ordem correta. Só depois de subi-los para o megaupload é que descobri. Mas se resolve facilmente, obecendo a ordem que coloquei abaixo:

CD 1

1 – Piano Concerto n° 1 – I – Maestoso – Poco piú moderato
2 – II – Adagio
3 – III – Rondo – Allegro non troppo
4 – Scherzo in E Flat minor op. 4
5 – Ballades Op. 10 – I – N°1, in D Minor
6 – II – N° 2, in D
7 – III – N° 3, in B Minor
8 – IV – N°4, in B

CD 2

1 – PIano Concerto n°2, in B Flat, op. 83 – I. Allegro non troppo
2 – II – Allegro Apassionato
3 – III – Andante – Piú adagio
4 – IV – Allegreto grazioso – Un poco piú presto
5 – Klavierstücke Op. 76 – 1. Capriccio in F# minor
6 – 2. Capriccio in B minor
7 – 3. Intermezzo in Ab major
8 – 4. Intermezzo in Bb major
9 – 5. Capriccio in C# minor
10  – 6. Intermezzo in A major
11  – 7. Intermezzo in A minor
12  – 8. Capriccio in C major

Stephen Kovacevich – Piano
London Symphony Orchestra
Sir Colin Davis – Director

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDPBach

13 comments / Add your comment below

  1. Ele e mais uns 4 foram casados com a dita-cuja. Se não me engano, também Charles Dutoit.

    Porra, e ainda tem mais as Klavierstücke do op. 76 de brinde??? Vocês não existem…. Agradecimentos brahmsianos!!!

  2. FDP, uma das primeiras obras da música erudita que eu escutei foi justamente esse concerto nº2 do Brahms, quando vc o postou há alguns anos atrás. Demorei um tempo pra entender a obra – q é cheia de mistérios – mas nunca me esqueci daquela sonoridade profunda. Me lembro do susto que levei ao ouvir os primeiros compassos do segundo movimento…
    Realmente uma coisa maravilhosa!

  3. Postei há alguns dias em meu blog um texto onde comento o Concerto nº 2 de Brahms e afirmo que ele é, para mim, o maior de todos os concertos para piano. As diferentes gravações que escutei da obra, inclusive esta, sempre me reafirmam o que penso.

  4. “Na época em que adquiri o então LP com a gravação do Concerto n°2 de Brahms, em um sebo na minha cidade, eu estava com cabeça confusa, algo típico quando temos 20 anos de idade, e gastava todo o dinheiro que ganhava com discos. Claro que minha mãe e meu pai ficavam doidos, pois eu não comprava roupas nem calçados. Apenas discos. Mas como se tratava de uma época confusa de minha vida, principalmente conflituosa, decorrentes de uma paixão mal resolvida, e sem saber o que fazer, se estudava, ou trabalhaba, me apegava à música para tentar abafar aquele ímpeto juvenil.”

    Comigo acontece o mesmo, mas com livros…
    Ademais, ótimo post!!!
    Obrigado!!

  5. I feel your pain, FDPBach… turbulentas paixões juvenis entre 18 e 20 anos + dinheiro no bolso = farta discoteca. Ah, se eu tivesse aplicado em ações do Itaú naquela época.

  6. E acrescento que hoje a equação é: stress no trabalho + internet banda larga em casa = chuva de downloads de música… Para nosso consolo, hoje em dia o dinheiro continua no bolso, e não precisa mais virar o bendito LP preto…

  7. SoyGardel, digamos que eu não tinha e ainda não tenho tanto dinheiro no bolso. E a Internet em casa ainda me dá pesadelos, graças à incompetência da OI, que não consegue resolver alguns problemas técnicos que tenho, e que derrubam um download quando está na metade. Ah, e sou um tanto quanto saudosista: ainda tenho meu toca discos, e de vez em quando coloco um velho bolachão para tocar.
    E nem em meus melhores sonhos imaginei ter o acervo que tenho hoje em dia. E viva a INTERNET !!!
    141 downloads em menos de 24 horas… Brahms é Brahms. E para aqueles que tem gostaram, vem mais Stephen Kovacevich por aí.

  8. Não precisa explicar, PQP. Meu primeiro contato com o Concerto nº1 foi com o Brendel/Abbado. Gigantes pela própria natureza, eu diria. E o susto foi grande. Num primeiro momento parecia uma sinfonia, não um concerto para piano. Até hoje me assusta, principalmente seus acordes iniciais. Depois é só alegria.

  9. FDPBach, devo me esclarecer, o meu “dinheiro no bolso” aos 18 anos também era em sentido figurado… me referi aos mirrados troquinhos angariados em bicos musicais, que terminavam nas mãos de donos de sebos. Quando estive em São Paulo, na virada dos anos 80 para os 90, era inacreditável a quantidade de sebos de música erudita vendendo vinis importados a preços módicos, e no fim da viagem a minha sacola de LPs era maior e mais pesada que minha malinha de roupas… P.S.: o meu álbum duplo com os Brahms, adquirido nessa leva, era de Fleisher + Szell, com a Cleveland.

  10. SoyGardel, essa gravação do Fleischer/Szell é um sonho de consumo antigo. Vou porcurá-la com mais atenção, para poder postar e fazermos as devidas comparações.
    Lembro de ter ido a um sebo próximo à Estação da Luz com um amigo, nos tempos em que eu morava em Sampa, no começo dos anos 90, e lá compramos mais de 50 LPs. A loja estava fechando, e o dono tinha colocado tudo em promoção, mas à um preço ridículo. Para teres uma idéia, a caixa com a Obra de Câmara de Brahms, da DG, com 15 LPs, deve ter custado uns 10 reais, no máximo. Deu um trabalho tremendo levar aquilo tudo pra casa, mas valeu, e como, à pena.

  11. A primeira gravação do segundo concerto de Brahms que eu ouvi ainda é a minha preferida também. Um LP com interpretações de Bernard Haitink na regência e Vladimir Ashkenazy ao piano, gravação de 1984.

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