Anton Bruckner (1824-1896) – Sinfonia No.4 in E Flat major, WAB 104 – "Romântica" (Abbado)

Uma das grandes dádivas acerca do ser humano é que ele muda. Assim como a relidade é resultado de um devir constante, as concepções frágeis que vamos alimentando pela vida afora acabam sendo esfareladas pelo peso das horas, dos dias, dos meses. Oscar Wilde disse certa vez num aforismo extraordinário: “A única coisa de que podemos ter certeza acerca da natureza humana é que ela muda”. Nietzsche também diz que “há intuições que são admitidas com o tempo”. Ou seja, a questão é que há fatos e acontecimentos para as quais não estamos preparados em dado momento. Machado de Assis diz em Esaú e Jacó, que “o tempo dá um habeas corpus para que Deus haja”. Devaneei dessa forma para mostrar que há algum tempo Bruckner era alguém  que eu via com maus olhos. Hoje, compositor tornou-se uma figura admirada, benfazeja.  Daqui há alguns dias iniciarei uma série de postagens com 12 CDs com obras de Bruckner regidas por Sergiu Celibidache. Ou seja, um Bruckner lento, pesadão, mastodôntico, mas que eu gosto bastante. Por enquanto, boa apreciação desse extraordinário CD.

Anton Bruckner (1824-1896) – Sinfonia No.4 in E Flat major, WAB 104 – “Romântica”.

I. Bewegt, nicht zu schnell
II. Andante quasi Allegretto
III. Scherzo. Bewegt – Trio. Nicht zu schnell. Keinesfalls schleppend – Scherzo
IV. Finale. Bewegt, doch nicht zu schnell

Lucerne Festival Orchestra
Claudio Abbado, regente

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Carlinus

18 comments / Add your comment below

  1. Belo texto. Um outro aforismo, não vou perder tempo vendo de quem, diz que o ser humano a cada ano lança uma versão revisada de si mesmo, e nunca chega à versão definitiva.

    Devir, Anderson, é uma palavra sim, grega, que significa tornar-se, “devenir” em francês, “become” em inglês (e se contrapõe ao nosso permanente “ser”).

  2. Hoje eu baixei um CD estupendo: uma gravação ao vivo de Karajan, com a Filarmônica de Berlim, em maio de 1969, em uma apresentação na antiga União Soviética (Moscou)

    O programa tem: O Concerto de Brandemburgo nº 01 de Bach e a Sinfonia nº 10 do Shostakovich.

    Essa apresentação foi na presença do velho Shosta.

    Eis o link do blog de onde baixei esse CD: http://fonotecadejmrecillas.blogspot.com/2009/07/karajan-in-moscow-vol-2.html

    Como sei que o PQP adora seu pai e gosta muito do Shosta, resolvi indicar a ele e todos os demais para que baixem essa gravação.

  3. PQP, também gosto bastante de Bruckner. A sinfonia no. 4 é um primor.

    Martini, obrigado pelas palavras. O interessante da vida é justamente isso: o fato de estarmos sempre em construção. Aqueles que se acham acabados, plenos, perfeitos, tornam-se em criaturas prepotentes e insuportáveis.

    Vanderson, suas intervenções gramaticais já se tornaram costumeiras por aqui. Mas, permita-me explicar algo: não é brincadeira manter um blog como este. Nossas postagens são descompromissadas. Não seguimos scripts. No meu caso, em muitas ocasiões eu não faço pesquisas prévias. Chego e escrevo o texto. Foi o que se deu, por exemplo, hoje. Cheguei da aula hoje pela manhã por volta de meio-dia. Preparei um almoço rápido, pois tinha que sair de casa para ir estudar na biblioteca pública de minha cidade como faço todas as tardes. Antes de sair, resolvi postar algo. Sentei e escrevi o texto. Não tive a preocupação de revisá-lo. Escrevi de modo bastante rápido. Talvez tenha sido isso que fez com que as impropriedades aludidas por você tenham vindo à tona. Em alguns momentos suas intervenções são positivas; em outros momentos, elas são inoportunas. Não me entenda mal. Conto com a sua maturidade. Os “supostos erros”, às vezes, são resultado de pressa, de inadvertência. Mas não é nada que comprometa o todo da mensagem. Detesto os puristas. É para isso que existe a Academia Brasileira de Letras. Lá estão todos aqueles que se apegam à forma, à norma. A ABL é um puleiro de seres emproados que vivem de supostos saberes. Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Graciliano Ramos e Carlos Drummond não passaram por lá para serem reconhecidos. Outros nomes como José Lins do Rêgo e Guimarães Rosa nem precisavam passar por lá. E, se passaram, foi um acidente. Não estou com raiva, Vanderson. Conto com o seu bom siso.

    Abraços musicais a todos!

  4. Estou a me retalhar no cilício, porque nem mesmo eu, do alto do meu Phd em Literatura, fui capaz de perceber tão ignominiosos erros como os que o leitor Vanderson claramente demonstrou; confesso inveja daqueles que, de tão prontos, nem mais sabem que há devir.

    Mas, maestro, que bela música, não? Ganhei a tarde a ouvi-la!
    Obrigado!

  5. Por acaso alguém sabe onde encontro o quarteto composto por Bruckner? Caso alguém possa ajudar também procuro as sinfonias na versão de Tintner.
    Bruckner é realmente fantástico, a Orquestra Sinfôncia de Santo André vem fazendo uma “quase” integral de suas sinfonias, quem puder acompanhe.
    Um abraço a todos.
    Hélio.

  6. Hélio, você pode encontrar aqui no PQP Bach um CD com obras camerísticas de Bruckner. Postei há algum tempo atrás.

    Que pena que estou longe de Santo André!

    Abraços musicais!

  7. Carlinus, suas postagens são sempre divinas, é impressionante
    suas seleções. Encontrei no Wikipedia que o apelido que foi
    dotado à sinfonia, não se refere à concepção moderna do amor
    romântico, mas sim ao romance medieval. É uma obra extensa,
    requer sem duvida ser um devotado para interpretá-la. Claudio
    Abbado domina essa técnica. Se me permitir, gostaria de fazer
    uma breve pergunta, qual compositor que mais te agrada?

  8. Gomes, concordo com o que você disse. O fato é que Bruckner era um crente católico. Um verdadeiro carola – na acepção extrema do termo. Era um homem dos mosteiros. Há inúmeras histórias sobre o compositor que o deixam numa posição de tolo, de uma pessoa realmente fraca. Tímido. Inseguro. Mas o que impressiona é que as suas sinfonias são verdadeiras gigantes (em todos os aspectos). São obras poderosas. Que arrebatam. Que causam espanto. Quem nunca ouviu a número 7 ou a de número 8 e verbalizou: “Meu Deus!”.

    Pergutar para alguém que ama a música qual o compositor que ele mais gosta é, simplesmente, infringir um castigo no inquirido. Tenho uns cinco compositores aos quais não abro mão. Mas acredito que Beethoven seja aquela figura que fala às minhas necessidades.

    Abraços, Gomes!

  9. O compositor se situa em suas obras com uma imagem
    verdadeiramente nobre. Ele impressiona pela sua grandeza em
    suas composições, confesso que fiquei admirado de modo
    sublime logo depois de conhecer suas 7º e 8º Sinfonias. E
    pode se disser, não afirmando, mais de que Bruckner, logo ao
    notar como era representado e como se distinguia sua
    colocação como compositor, se fundou em criar obras marcantes e de fato gigantes, que iriam certamente espantar
    aqueles que não o aceitavam.

    Sem duvida minha pergunta foi um tanto complicada de se ter
    uma resposta exata, na verdade assim como eu, não tenho
    aquele que diria ser o superior, mas Tchaikovsky, apesar de
    ter tido um instinto de melancolia, não deixo de auxiliá-lo
    como um dos mais comoventes compositores, admiro muito o que
    ele fez em suas obras, se expressando profundamente. Já
    Beethoven nunca se passou despercebido, há algo em suas
    composições que nos transmite uma certa relevância.

    Abraços!

  10. PQP algum dia tu irás revelar tua identidade?
    Fiquei muito curioso que tu és de POA. Nao podes matar um pouco a curiosidade dos fãs contando por exemplo, como conseguiste o teu acervo? Ele é composto por vinis ou CDs?
    Parabéns pelo blog , está permitindo a ampliação do meu conhecimento barbaramente.

  11. Carlinus, como já é de costume, ADOREI o post! E quero confessar algo: Eu comecei a ouvir Bruckner quando você fez seu primeiro post dele. E até hoje, não parei mais. Já fui em busca de vários outros posts dele aqui no blog também e hoje sou um grande fã. É, e eu adorei sua reply, porque é triste vermos ainda hoje em dia pessoas presas a letra… ” Porque a letra mata, mas o espírito vivifica “… Só não me recordo qual o livro,capítulo, versículo… ^^
    Abração!!!

  12. Eu fico indiguinado com os herros de portuguez do Carlinus. Mais não quero que esse ingnorante perda seu tempo me replicando, ele que escreva mais música.

  13. Vanderson, acredito que o que quase todos que visitam esse blog mais apreciam são os textos informais, sem preocupação em mostrar erudição. Uma vez que a estrela principal deste palco é a MUSICA ERUDITA, que não precisa ser apreciada somente por eruditos. Eu estou longe de ser um erudito, mas amo esse tipo de música. Relaxa um pouco e desaperta essa gravata do pescoço…a música esta além e acima de qualquer convencionalismo!

    Abraços, e Obrigado Carlinus pelos posts excelentes!

  14. Tenho certeza que a democracia é a maneira mais justa de se governar, afinal, para o bem ou para o mal, prevalece a vontade da maioria. Caro colega Vanderson, como você mesmo sabe e disse, NÓS mantemos o blog também. Não você. NÓS. Então, como você mesmo pode conferir nos comentários acima, a maioria dos frenquentadores do blog não estão nem aí para a correção dos erros gramaticais, agente quer mesmo (não vou usar o “Nós queremos” até porque, Graças a Deus, o nosso português possui muitas variantes, o que me dá liberdade de utilizar uma linguagem desprovida de tanto rebuscamento)ouvir música. Não possuo PHd em Literatura, apenas sou estudande do curso de Letras. Mas apenas com três períodos cursados, já me desfiz de varias maneiras arcaicas e ultrapassadas de enxergar uma análise de texto. Então, por favor, não lute contra a democracia. Ninguém quer um regime totalitário aqui no PQP… Ah, tem uma dica de outro site pra você Vanderson, se não quiser mais frenquentar o PQP: http://www.professorpasquale.com.br/site/home/index.php
    (PQP, me de licença, acabei de criar este bordão:)
    Pronto Vanderson, acho que esse site, você vai…
    A – DO – RAR !!!

  15. Acho que os erros da equipe do PQP Bach são todos compensados pelo enorme acerto que é esse blog.

    Como graduado em Letras e ex-professor de português, considero que se um erro não compromete a compreensão do texto, não há necessidade de corrigi-lo (excetuando-se, obviamente, as situações acadêmicas).

    Considero também que há uma enorme diferença entre hêrus gramátiquaes e erro sded igitaç~ao.
    Por fim, se Vanderson que não conseguir simplesmente aceitar as incoerências gramaticais que encontrar, sugiro que as aponte reservadamente, de preferência através de e-mail.

  16. Que bom que nos entendemos, Vanderson.
    O problema de se apontar os erros nos textos através de textos, é que fica difícil dar a entoação. Em manuscrito, é até possível, mas na net não tem como. Aí o corrigido não sabe se foi uma correção cochichada no ouvido por um cara tentando ajudar ou um esculacho por um bossal. Aliás, pela net fica impossível ter certeza.

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