Para os leitores de Porto Alegre e cercanias: a dica é o curso “Análise Musical Histórica e Estética – Análise das obras do século XVIII ao século XXI”, com o compositor e professor Fernando Mattos. Não estou ganhando nada pela divulgação, mas a raridade da empreitada merece algum destaque, ou não? Mais informações no site da Arena, ou clicando na imagem abaixo.
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E, como de praxe, pra não perder a viagem, deixo aqui uma bolacha bastante especial. Se você não se interessa muito pela historinha, basta o título: “Coltrane Plays the Blues” diz tudo que é preciso dizer.
Por outro lado, se é dos que gosta do contexto (e ouvir jazz sem ele é feito comer goiabada sem queijo), vai achar interessante saber que este disco foi gravado em 24/10/60 — ou seja, durante a segunda sessão do imperdível “My Favorite Things”, que nasceu dos estúdios da Atlantic nos dias 20, 24 e 26. Embora Tyner, Jones e Davis tenham precisão e coesão de estrelas, aqui estão mais coadjuvantes do que de costume; o formato do blues, os temas em sua maioria improvisados, e o amálgama ainda se criando entre o quarteto propiciam que Coltrane esteja sempre no centro das atenções. (Não que alguém esteja reclamando.) Há, inclusive, duas faixas no lado A gravadas em trio, sem piano, algo que raramente aconteceu.
Também é um bom momento para relembrar que Coltrane tinha uma forte ligação com o blues. Tanto nos temas inesquecíveis em sua discografia (Blue Train e Slowtrane me vem a memória) quanto nos shows, como contam as liner notes desse disco: Coltrane iniciava a sessão com suas composições mais conhecidas, o que a maioria do público queria ouvir, e fechava o segundo set com um blues cuja base poderia durar 30 ou 40 minutos de improviso, agradando os fãs mais “hardcore” de jazz. Isso mostra não apenas o envolvimento do músico com o blues, mas também como sua ligação com o free jazz e o avant-garde a que se entregaria, anos depois, não foram acidente ou mera epifania.
O resultado de “Plays the Blues” é um disco agradabilíssimo para quem está acostumado ao jazz — daqueles que se deixa tocando e melhora qualquer ambiente e/ou estado de espírito — e também uma ótima porta de entrada para quem está ainda se avizinhando ao estilo.
Coltrane Plays the Blues /1962 (V2)
John Coltrane (tenor and soprano saxophone); McCoy Tyner (piano); Steve Davis (bass); Elvin Jones (drums). Produzido por Nesuhi Ertegün para a Atlantic
01 Blues To Elvin
02 Blues To Bechet
03 Blues To You
04 Mr. Day
05 Mr. Syms
06 Mr. Knight
07 Untitled Original (“Exotica”) *bonus track da reedição de 1990
Boa audição!
Blue Dog