O Nariz foi escrito no final da década de 1920 na União Soviética, quando houve uma política muito liberal para a música. Compositores se aventuravam a extremos que só o Ocidente conhecia. Depois, como sabemos, tudo mudou.
O Nariz, como vocês devem saber, é baseada na obra de Nikolai Gogol, talvez o mais cômico dos sutores russos. Shostakovich não se fez de rogado e nos preparou uma obra-prima em que há interlúdios entregues inteiramente à percussão, mas também há arrotos (eructações emitidas pelos cantores) e peidos (flatulências emitidas pelo fagote) e todo o gênero de estranhezas. É uma das maiores obras do jovem Shostakovich, um tour de force eletrizante de selvagem acrobacia vocal e instrumental. Um colorido absurdo teatral. O história, como TODOS vocês, pessoas cultas, sabem, é a de um alto e pomposo funcionário público, Kovalyov, que acorda um dia e descobre que seu nariz ganhou vida própria e saiu para uma caminhada ao redor da cidade de São Petersburgo. O resultado, nas mãos do cruel, sarcástico e irreverente de Shostakovich, é uma loucura.
Algumas observações retiradas do livro Shostakovich — Vida, Música, Tempo, de Lauro Machado Coelho:
No Nariz, o mecanismo dos mexericos peuqeno-burgueses é exposto com rara acuidade. As conversas estúpidas nascidas de coisa alguma, a anedota insignificante é inchada às dimensões de uma bolha de sabão fantástica, que acaba por estourar bruscamente, só deixando por trás dela — como era de se esperar — o mais total vazio. (Sollertínski)
O Nariz é a bomba na mão de um anarquista. (Gvózdiev)
As pessoas não cantam em o Nariz. Declamam, discutem, vociferam, arrotam, conversam fiado, sussurram, insulktam, fofocam. Um dos traços característicos dessa escrita será, aliás, a impiedosa exploração dos registros agudos. AS vozes de tenoe soprano dominam e recorre-se a elas até mesmo em situações banais, como a cação de Ivan, berrada a plenos pulmões, acima da pauta. As vozes graves pertencem, via de regra, a pessoas obtusas e sonolentas… (Kaminski)
IM-PER-DÍ-VEL !!!
Shostakovich — O Nariz
1. The Nose: Act I, Prologue, “U tebia, Ivan Yakovlevich…”
2. The Nose: Act I, Scene I, The Barber Shope of Ivan Yakovleich, “A…Segodnia ya…”
3. The Nose: Act I, Scene II, The Embankment, “Podymil! Von ty chto-to uronil”
4. The Nose: Act I, Interlude
5. The Nose: Act I, Scene III, Kovalev’s Bedroom, “Brr. Brr. Brr, brr.”
6. The Nose: Act I, Galop
7. The Nose: Act I, Scene IV, Kazan Cathedral, “A…A…A…”
8. The Nose: Act II, Prologue, “U sebia politsmeister?”
9. The Nose: Act II, Scene V, At the Newspaper Office, “Poverite li, sudar’…”
10. The Nose: Act II, Interlude
11. The Nose: Act II, Scene VI, Kovalev’s Apartment, “Nepobedimoi siloi…”
1. The Nose: Act III, Scene VII, Outskirts of St. Petersburg, “Vlast’iu moei daetsia…”
2. The Nose: Act III, Scene VIII, Kovalev’s Apartment And Podtochina’s Apartment, “Zdes’ Il Zhivet…”
3. The Nose: Act III, Interlude, “Nos Maior Kovaleva progulivaetsia zdes’…”
4. The Nose: Act III, Kovalev’s Apartment, “Vot on! Vot on! Nos!”
5. The Nose: Act III, Nevsky Prospect, “Zdravstvuite, Platon Kuzmichi!”
Zhanna Dombrovskaya
Tatiana Kravtsova
Elena Vitman
Andrei Popov
Sergey Semishkur
Sergei Skorokhodov
Yevgeny Strashko
Vladislav Sulimsky
Gennady Bezzubenkov
Vadim Kravets
Alexei Tanovitsky
Valery Gergiev
St. Petersburg Mariinsky Theater Orchestra
St. Petersburg Mariinsky Theater Chorus
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PQP
Belíssima postagem, PQP! Que maravilha encontrar esta ópera aqui.
O nariz é uma grande grande obra. Excelente postagem. Shostakovich nunca é demais.
Poxa, realmente tava faltando O nariz aqui no blog. Muito boa a postagem
Só um adendo: os peidos são a cargo do contrafagote.
Contrafagote? Nem lembrava mais que existia! Obrigado.
boa!
Shostakovich é um personagem fascinante, porque atravessou o século soviético, vivendo toda a demência da política cultural do regime, foi glorificado, duas vezes “denunciado” e reabilitado, e praticamente nada se sabe sobre as suas opiniões políticas. O celebre barítono brasileiro Paulo Szot que em 2008 ganhou o Tony, espécie de Oscar da Broadway, de melhor ator por sua participação no espetáculo South Pacific, faz sua estreia na Metropolitan como Kovalyov. Para os amante de Shosta, o Metropolitan Opera House apresentara dia 11 de março de 2010,às 20h00 esta magnifica opera.
OLá!!
Não conhecia a obra, mas o texto relacionado me instigou a conhece-la, obrigado!!
Eu acho que tem algum infiltrado aqui no PQP que odeia ópera, rsrsrs… quase todos os link de óperas estão expirados…
Mesmo assim, agradeço todo o trabalhão e disposição para criar e manter esse blog, que é um de meus favoritos!