Anacleto de Medeiros (1866-1907): Por Rogério Duprat

Um belíssimo e raro registro com algumas das mais importantes peças de Anacleto de Medeiros, com arranjos e regências de Rogério Duprat. Infelizmente o encarte do cd não informa a banda ou conjunto instrumental regido por Duprat.

Muitas páginas de Anacleto ficaram mais conhecidas pelas adaptações com letras de Catulo da Paixão Cearense, tendo os seus títulos modificados, como é o caso do famoso schotisch (xote) Yara, que passou a se chamar “Rasga o Coração”, sendo, ainda, usado por Villa-Lobos no seu Choros Nº 10.

Sobre o compositor

Anacleto de Medeiros foi um compositor carioca, filho de uma escrava liberta, que viveu, no Rio de Janeiro, na Ilha de Paquetá, na segunda metade do século XIX. Faleceu muito cedo, no início do século XX, vítima de colapso cardíado, com apenas 41 anos.

Anacleto foi aprendiz no Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, ali estudando música com o mestre Antônio dos Santos Bocot. Aprendeu a tocar flautim e saxofone em uma banda de Paquetá. Aos 18 anos, matriculou-se no Conservatório de Música (depois Escola Nacional de Música), tornando-se aluno de clarineta de Antônio Luís de Moura, tendo Francisco Braga como colega. Aos 20 anos recebia seu diploma de “professor de clarineta”.

Fundou, com músicos da extinta Banda de Paquetá, o Recreio Musical Paquetaense, para o qual compôs cantos sacros, missas e um Te Deum, que foram cantados em diversas igrejas do Rio de Janeiro, principalmente Paquetá.

Em 1896, foi convidado pelo comandante interino do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, tenente-coronel Eugênio Jardim, para dirigir a banda da corporação, a ser formada. Nessa época, Anacleto, que contava 30 anos de idade, já tocava todos os instrumentos de sopro, desde a flauta, seu primeiro instrumento, ao sax-soprano, o predileto, e a tuba, que executava com perfeição.
A frente da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Anacleto de Medeiros tornou-se um dos pioneiros da gravação em nosso país, realizando cilindros e discos de cêra para a Casa Edison do Rio de janeiro.

Solteiro, muito moço ainda, faleceu na rua Paquetá, a 14 de agosto de 1907. Seu túmulo, no cemitério de Paquetá, está abandonado e sua obra (cerca de cem páginas, entre elas obras-primas como Yara, Terna Saudade, Farrula, Implorando e Jubileu) é pouco frequentada.

Fonte: Encarte do CD

Mais informações sobre Anacleto de Medeiros e sua obra

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Anacleto de Medeiros: Por Rogério Duprat

Obs.: Entre aspas, títulos das peças que tiveram adaptação de Catulo da Paixão Cearense

01 Os Bohêmios “O boêmio” (tango) 3:11
02 Três Estrelinhas “O que tu és” (polca) 4:13
03 Implorando “Palma de martírio” (xote) 1:41
04 Em Ti Pensando (polca) 2:43
05 Não Me Olhes Assim (xote) 2:07
06 No Baile (quadrilha) 3:25
07 Terna Saudade “Por um beijo” (valsa) 2:25
08 Yara “Raga o coração” (xote) 2:23
09 Carolina (polca) 2:25
10 Benzinho “Sentimento Oculto” (xote) 3:25
11 Nenezinha e Catitinha (polca) 3:09
12 Cabeça de Porco (xote) 2:07

Arranjos e regências de Rogério Duprat

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Marcelo Stravinsky

9 comments / Add your comment below

    1. Handel escreveu mais de 40 óperas. Eu não tenho nenhuma, pois música vocal não é a minha praia, porém não posso falar pelos outros componentes do blog, contudo aviso de antemão que nenhum dos componentes gosta de pedidos insistentes como os que você anda fazendo. É aguardar a boa vontade de quem tiver ou continuar pesquisando pelos blogs e torrents da vida.

  1. Particularmente brochei com esses arranjos – não que sejam mal feitos, pelo contrário, só não me empolgaram. Por outro lado, eles atestam a competência de Duprat na escrita para metais e o melhor resultado que eles traduziram o Brasil todo sabe (sem saber que Duprat estava por trás): o célebre arranjo de Construção, de Chico Buarque.

    Um amigo meu de Pernambuco que manja do assunto, Carlos Eduardo, chamou-me a atenção numa conversa que tivemos certa vez via MSN que a revista Rolling Stone elegeu há menos de seis meses as 100 maiores músicas brasileiras.

    Ninguém se deu conta de que Duprat foi um dos poucos arranjadores mencionados e o único que o foi três vezes – não pelo 100°, 57° e 38°, mas pelo 1° (Construção), 7° (Panis et circenses) e 11° (Domingo no parque) – sendo assim o maior JUStiçado da lista, mesmo que quase ninguém tenha se dado conta disso.

    Espero algum dia fazer a devida homenagem a Duprat aqui no blog.

  2. Caro Anacleto de Medeiros, os mestres da mpb foram jazificados, não de jazz mas do verbo jazer, ou enterrados no silêncio da carnificina musical. É uma pena que um dos grandes nomes da história musical do país seja esquecido e americanos sejam revividos. Estou muito triste. Não mandarei abs destea vez.

  3. Tem um disco que particularmente me fascinou. Na verdade são muitos e muitos, ma esse em especial. Trata-se de Brasil, Sax, Violão, Cello e Trombone – Brasil Instrumental 2. Em particular eu gostaria de baixá-lo mas não consegui, o servidor dá sempre mensagem de tempo esgotado, isso é sinal de que o link não existe mais. Você poderia repetir o link? Agradeço de antemão. Obrigado.
    Antônio Augusto dos Santos
    Divinópolis MG

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