Benjamin Britten (1913-1976): Sinfonia de Requiem, Op. 20, Four Sea Interludes, Op. 33a, Passacaglia, Op. 33b e An American Overture

Benjamin Britten (1913-1976): Sinfonia de Requiem, Op. 20, Four Sea Interludes, Op. 33a, Passacaglia, Op. 33b e An American Overture

Este é um dos CDs que mais escuto entre todos os que disponho. E olhe que não é pouca coisa! Mas, há algo de especial nele – a música poderosa de Benjamin Britten. Acredito, sem rodeios, que Britten tenha sido o maior compositor inglês de todos os tempos. E olhem que gosto de Purcell, Elgar, Walton, Holst e Vaughan Williams. Mas Britten é imbatível. Sua música é arrebatadora. Consta que Britten ao nascer teria recebido o nome Benjamin por causa de um arroubo pretensioso da mãe. Ela julgava que o compositor seria “o quarto B” da história da música. Os primeiros foram: Bach, Beethoven e Brahms. Suas intenções eram excessivas. Mas não devemos olvidar as habilidades incomuns de Britten para compor. Sua obra é grandiosa. Separei três de suas óperas mais importantes – Peter Grimes, Morte em Veneza e Billy Bud – para postar. Acredito que isso se efetuará em algumas semanas – ou até o final do ano. Uma boa apreciação desse CD tão querido.

Benjamin Britten (1913-1976): Sinfonia da Requiem, Op. 20, Four Sea Interludes, Op. 33a, Passacaglia, Op. 33b e An American Overture

Sinfonia da Requiem, Op. 20
01. I. Lacrymosa
02. II. Dies Irae
03. III. Requiem Aeternam

Four Sea Interludes, Op. 33a
04. I. Dawn
05. II. Sunday Morning
06. III. Moonlight
07. IV. Storm

Passacaglia, Op. 33b
08. Passacaglia, Op. 33b

An American Overture
09. An American Overture

New Zealand Symphony Orchestra
Myer Fredman, regente

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Após o Réquiem, Britten foi tomar sorvete com os amigos.

Carlinus

Antonin Dvorák – Quinteto para Piano e Cordas, op. 81, Quinteto para Cordas, op. 93 – Leipziger Streichquartett, Christian Zacharias

Neste ótimo CD do selo alemão MDG, gravado lá em 2004, temos duas obras primas do compositor tcheco, compostas entre 1888 e 1893. Vamos começar pelo começo, então.

Depois de alguns anos sem escrever nada para o gênero Música de Câmera, Antonin Dvórak, já um compositor consagrado em 1888, escreve uma de suas obras primas, o belíssimo Quinteto para Piano e Cordas, op. 81, obra de uma beleza ímpar, principalmente seu segundo movimento, uma Dumka, música típica do folclore de seu país. Aliás, uma característica das obras desse compositor tão singular foi o uso de temas folclóricos em suas obras, basta lembrarmos de suas Danças Eslavas. Neste Quinteto encontramos um romantismo latente, lírico, reflexivo e  altamente expressivo, tão característicos na obra do compositor.

O Quinteto para Cordas op. 97 foi composto em apenas cinco dias, entre 26 de junho e 1º de agosto de 1893, quando o compositor estava passando férias nos Estados Unidos. Ali Dvorák veio a se interessar pela música produzida pelos afro descendentes  e nativos americanos daquele país, ajudando-os, a partir de um convite do Conservatório de Nova Iorque, a criar e a desenvolver uma música ‘nacionalista’ norte-americana. Por este motivo conseguimos encontrar a partir de então em sua obra diversas passagens inspiradas nessa música dita folclórica e popular norte americana , e é também por este motivo que esta peça, o Quinteto op. 93, ficou conhecido como “Americano”.

A primeira peça desse CD, o Quinteto para Piano op. 81 tem a interpretação do respeitado Leipziger Streichquartett, acompanhados pelo pianista Christian Zacharias, enquanto que no Quinteto para Cordas op. 97 ao conjunto de cordas de Leipzig junta-se o violista Hartmut Rohde.

Um belíssimo CD, sem dúvidas, com um excelente trabalho de engenharia de som.

01. Quintet Op.81 – I. Allegro, ma non tanto
02. Quintet Op.81 – II. Dumka. Andante con moto
03. Quintet Op.81 – III. Scherzo (Furiant). Molto vivace
04. Quintet Op.81 – IV. Finale. Allegro
05. Quintet Op.97 – I. Allegro, ma non tanto
06. Quintet Op.97 – II. Allegro vivo
07. Quintet Op.97 – III. Larghetto
08. Quintet Op.97 – IV. Allegro guisto

Leipziger Streichquartett
Christian Zacharias – Piano
Hartmut Rohde – viola

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FDP

Gabriel Fauré (1845-1924): Mélodies, Ballade (Stéphane Degout, barítono / Alain Planès, piano ; Ely Ameling, soprano / Rudolf Jansen, piano / Sweelinck Quartet)

100 anos da morte de Gabriel Fauré
A partir do olhar um tanto blasé da foto acima, mostrando Gabriel Fauré quando ainda tinha os bigodes e cabelos escuros, podemos extrair a característica fundamental da música desse compositor: um certo desprezo ou apatia com relação aos exageros do romantismo tardio da sua época – tanto nos excessos afirmativos como nos momentos caricaturalmente tristes. Esses exageros aparecem principalmente da música orquestral, em um período em que os tamanhos das orquestras aumentam e os instrumentos são refeitos para fazerem cada vez mais barulho: estamos falando das grandiosas óperas de Wagner, sinfonias de Bruckner, concertos de Tchaikovsky… e um dos primeiros representantes desses excessos românticos foi o francês Berlioz.

O estadunidense Robert Wilks define Fauré como o anti-Mahler, mas também seria possível defini-lo como anti-Berlioz, já que tanto Mahler como Berlioz praticamente só escreveram música para grandes formações orquestrais, algumas com coro, enquanto Fauré se destacou principalmente na música de câmara: quartetos, quintetos, obras para voz e piano ou para piano solo.

Mesmo a sua Missa de Requiem, como vimos nas postagens dias atrás, tinha uma orquestração relativamente moderada: segundo seu biógrafo Robert Orledge, “He intended his Requiem to be intimate, peaceful and loving, with none of the horrors of death he so detested in Berlioz’s 1834 Requiem”.

Para além do número de instrumentistas, vejamos a argumentação de Wilks:

Fauré’s personality was described as charming, easy-going and sentimental, with a keen sense of humor. He was adept at making and maintaining friendships with both musicians and rich patrons. He was sometimes accused of being a social butterfly. He was modest, even-tempered, “a real gentleman”.

Mahler’s personality could not have been more different. Musicians considered him abrasive and demanding. He consistently clashed with or offended almost everyone he ever worked with. Of course, the source of some of those frictions was anti-semitism and no fault of his own. Throughout his life he felt like an outsider. Neuroses displayed themselves in dances that were “demonic” and marches that were “ghostly”. Cheerful music is tainted with anxiety and tragic passages are interrupted with euphoria. He had conversations with Dr. Freud in an attempt to understand his own motivations. Unlike Fauré, he (…) was a highly acclaimed opera conductor in seven different cities.

Both composers wrote songs. Fauré’s more substantial output was produced over the course of his whole life, earning a revered place in the repertory of French art song. The two composers had important but different relationships to literary texts. Fauré had an extreme sensitivity to poetry and strong opinions about how a poem should be set in terms of its general feeling and mood (not always in sync with the natural rhythm and phrasing). He is most associated with the poems of Verlaine. (daqui)

Com exceção do Requiem, então, suas outras obras-primas são peças da intimidade, da conversa ao pé do ouvido, como é o caso dos diálogos entre voz e piano neste disco bem recente da Harmonia Mundi. E além do barítono francês Stéphane Degout (nasc. 1975), temos nessa postagem a holandesa Elly Ameling (nasc. 1933), soprano de imenso repertório gravado desde décadas de 1950, e que neste disco canta um repertório francês (Fauré, Duparc, Debussy e Ravel) em gravações ao vivo dos anos 1980. O ciclo “La bonne chanson”, de Fauré, aparece aqui na versão para voz, piano e quarteto de cordas. O ciclo de canções de Ravel cantado por Ameling no mesmo CD tem uma formação quase igual: ao quarteto de cordas e ao piano, somam-se flauta e clarinete. Mas a linguagem de Ravel é mais atonal e usa os instrumentos de modos mais vanguardistas, lembrando, aliás, o seu Trio da mesma época.

Mais um detalhe: Claude Debussy, 18 anos mais jovem e com um espírito um tanto briguento, escreveu ou falou certos comentários maldosos sobre Fauré. Não consta que eles fossem amigos do peito. É verdade, porém, que as semelhanças entre os dois são muitas: se Debussy, como Ravel, buscavam certas inovações formais que, na comparação, podiam deixar o compositor mais velho parecendo um conservador, ouvindo os dois à distância a sofisticação dos acompanhamentos da voz pelo piano os aproxima, assim como outros detalhes abundantes. Por exemplo: os dois, ao transformar os versos em música, evitavam refrões ou repetições de qualquer tipo, repetições comuns nos lieder de Schubert e Schumann. Isso fica óbvio na ópera Pelléas et Mélisande de Debussy (aqui), com mais de duas horas sem nenhuma ária com refrão, mas também é um dos ingredientes que dão às canções de Fauré todo o seu suave sentimento e intenso mistério.

Gabriel Fauré (1845-1924): Mélodies, Ballade (Stéphane Degout, barítono / Alain Planès, piano)

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Gabriel Fauré (1845-1924), Claude Debussy (1862-1918), Maurice Ravel (1875-1937): Mélodies (Elly Ameling, soprano)

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Fauré (sentado tocando o piano) com seus alunos e amigos, incluindo Ravel (1900)

Pleyel

Homenagem a Gabriel Fauré (1845-1924) – Obras para piano, violoncelo e quintetos (Angela Hewitt/Eric Le Sage/Bengt Forsberg – pianos, Andreas Brantelid – cello, Quarteto Ebène)

100 anos da morte de Gabriel Fauré


A música de Fauré nunca passou muito tempo sumida aqui do blog, mas uma característica marcante é a sua tendência a aparecer em conjunto com outros compositores, na maioria das vezes franceses mas às vezes de outros cantos. Contrariando uma certa ideia do gênio solitário e incompreendido, Fauré aparece em programas de recitais, em CDs e LPs junto de boas companhias como Debussy, Ravel e outros mais jovens como Poulenc e Messiaen. Aliás, Ravel foi o seu mais famoso aluno, mas há muitos outros que ficaram famosos, como as irmãs Nadia e Lili Boulanger (recentemente repostei o Réquiem de Fauré regido por Nadia). Aqui, aqui e aqui temos a música para piano solo e a quatro mãos de Fauré junto com a de seus contemporâneos. Aqui, obras para violino e piano, aqui, para flauta e piano… e se vocês clicarem mesmo nos links, notarão que o René é o meu colega que mais frequentemente tem nos trazido essas pequenas porções – petiscos, entradas e sobremesas – inventadas por Fauré.

Também o quarteto de cordas de Fauré marcou presença (aqui) em gravação premiada – Recording of the Year da Gramophone – ao lado novamente de Debussy e Ravel, lembrando que cada um desses compôs apenas uma obra para essa formação.

Portanto, nosso Gabriel ocupa esse lugar ao mesmo tempo importante e afastado dos holofotes, talvez um tímido como definiu PQPBach: música que “não grita chamando você, não chama sua atenção, tem que ser convidada” (aqui).

E há algo de bom a ser dito sobre os introvertidos inteligentes que nos conquistam ora pela inteligência, ora pelo sarcasmo (como Machado de Assis que, dizem, era um tanto gago), ora pelo exotismo dos esquisitos autênticos, ora pelo perfeccionismo dos que se preparam mil vezes antes de subir ao palco. É claro, na música de concerto nós amamos os maestros como Bernstein, os pianistas como Horowitz e Argerich, com personalidades fortes que se impõem e costumam ser lembradas nas listas de melhores isto ou aquilo. Mas o mundo seria bem menos rico sem os introvertidos como Fauré, ou como Chopin, que detestava fazer turnês e parou de compor para orquestra com pouco mais de 20 anos.

O compositor Aaron Copland (1900-1990) descreveu o movimento lento do Quarteto com Piano nº 2 de Fauré como “clássico se definirmos classicismo como intensidade sobre um fundo calmo.” Como diz um biógrafo, Fauré tinha “um horror de retórica, sentimentalismo, superficialidade”. Em bom português: não era do tipo que gosta de se amostrar. Não sei afirmar se Fauré tinha de fato desgosto pela orquestra em geral, mas o fato incontestável é que seu talento mais profundo era para a música mais íntima, o diálogo entre, dois ou três instrumentos, até cinco no máximo. Hoje, em homenagem a esse gênio discreto, trago aqui discos de música de câmara que vão contra esse padrão de juntá-lo a amigos e colegas, sendo todos eles dedicados exclusivamente à música de Fauré.

Gabriel Fauré por Angela Hewitt: Tema e Variações op. 73, Duas Valsas-Caprichos, Três Noturnos, Balada op. 19 para piano

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Gabriel Fauré por Brantelid & Forsberg – Obras completas para violoncelo e piano: Sonatas nº 1 e 2, Romance, Papillon, Sérénade, Berceuse, Sicilienne, Morceau de lecture, Élegie

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Gabriel Fauré por Le Sage & Quatuor Ebène – Quintetos com piano op. 89 e op. 115

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1ª edição da 1ª Valse-Caprice, obra pouco tocada e uma das mais belas surpresas do disco de Angela Hewitt

Pleyel

Antonio Vivaldi (1678-1741): The French Connection (La Serenissima)

Antonio Vivaldi (1678-1741): The French Connection (La Serenissima)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Não que vá mudar a vida de algum de vocês, mas devo começar esta curta pílula de curadoria dizendo que não amo incondicionalmente Vivaldi. Mas seria de uma desonestidade atroz dizer que não amei incondicionalmente este disco.

Ele ganhou como o melhor disco de música barroca de 2009 da respeitável revista Gramophone. Vocês querem que eu diga o que então? Que é ruim? Não é, é bom demais.

Vivaldi, tal como quase todo Mozart, tem aquele problema de ser alegre e feliz e demais quando eu preciso de uma boa dose de drama e sanguinolência, só que este CD traz um repertório tão original que fiquei surpreso. Não tinha ouvido ainda estes concertos escritos sob inspiração francesa, um vício da época. O título do CD é certamente uma brincadeira com o bom filme homônimo de 1971 que tinha Gene Hackman como ator principal e que foi chamado no Brasil de Operação França.

Disco obrigatório para os amantes do barroco.

O Padre Rosso (o Padre Vermelho, pois Vivaldi era ruivo) foi professor de violino num orfanato de moças chamado Ospedale della Pietà em Veneza e teve um conhecido caso com uma de suas alunas, Anna Giraud. Um orfanato de moças… Já imaginaram as possibilidades matemáticas disso? Dizem que ele teve relações com várias alunas. Eram meninas oriundas da Roda dos Expostos ou Roda dos Enjeitados que havia no Ospedale. Tais mecanismos ficavam nas fachadas de instituições religiosas, embutidas na parede, dando para a rua. Consistiam em mecanismos utilizados para abandonar os recém-nascidos indesejados, que assim ficavam ao cuidado da instituição. O mecanismo era uma caixa cilíndrica que girava sobre um eixo vertical com uma portinhola ou apenas uma abertura. Quem desejava abandonar um recém-nascido, colocava ali seu filho e girava o cilindro, dando meia volta. Desta forma, quem abandonava a criança não era visto por quem a recebia. As rodas também serviam para que pessoas piedosas oferecessem anonimamente alimentos e medicamentos a tais casas. As crianças eram normalmente filhas de pessoas pobres, para quem seria um peso receber mais uma boca para alimentar, ou filhas de mães solteiras, nobres ou burguesas, que não desejavam ver descoberta sua gravidez. Vivaldi pegava ou não pegava as menininhas? Mais um conto rodrigueano de a vida como ela é.  Há que contrapor a isso a alegria e felicidade de suas obras. Pensem nisso durante a audição deste CD maravilhoso.

O pessoal da La Serenissima
O pessoal da La Serenissima

Antonio Vivaldi (1678-1741): The French Connection

Concerto for strings & continuo in C major, RV 114
1 Allegro 2:41
2 Adagio 0:24
3 Ciacona 3:09

Bassoon Concerto, for bassoon, strings & continuo in F major, RV 488
4 Allegro non molto 3:11
5 Largo 2:57
6 Allegro 2:19

Violin Concerto, for violin, strings & continuo in C major (“La stravaganza” No. 7), Op. 4/7, RV 185
7 Largo 1:56
8 Allegro 2:13
9 Largo 1:32
10 Allegro 2:22

Flute Concerto, for flute, strings & continuo in G major, RV 438
11 Allegro 3:52
12 Andante 3:26
13 Allegro 3:25

Concerto for strings & continuo in G minor, RV 157
14 Allegro 2:14
15 Largo 1:38
16 Allegro 2:25

Bassoon Concerto, for bassoon, strings & continuo in C major (incomplete), RV 468
17 Allegro 2:35
18 Andante 1:44

Flute Concerto, for flute, strings & continuo in E minor, RV 432
19 Allegro 3:05

Chamber Concerto, for flute, violin, bassoon & continuo in F major, RV 100
20 Allegro 2:40
21 Largo 2:31
22 Allegro 2:39

Concerto for strings & continuo in C minor, RV 119
23 Allegro 2:47
24 Largo 1:33
25 Allegro 1:36

Violin Concerto, for violin, strings & continuo in D major, RV 211
26 Allegro non molto 6:03
27 Larghetto 3:52
28 Allegro 5:52

Katy Bircher (flute)
Peter Whelan (bassoon)
Adrian Chandler (violin, conductor)
La Serenissima

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Antonio Vivaldi era assim
Antonio Vivaldi era assim…

PQP

Duarte Lôbo (1565-1646): Réquiem a 6 Vozes & Missa Vox Clamantis (The Tallis Scholars, Philips)

Duarte Lôbo (1565-1646): Réquiem a 6 Vozes & Missa Vox Clamantis (The Tallis Scholars, Philips)

Foi casual a data desta postagem se dar próxima ao Dia de Finados. Mas o que interessa é a qualidade da música de Duarte Lôbo e o incrível trabalho do Tallis. De forma paradoxal, os renascentistas espanhóis e portugueses criaram uma música religiosa sutil e discreta, mas também muito envolvente, intensa e profunda. Essa música de Réquiem portuguesa renascentista tem muito disso. Quase tudo de concentra nos acordes bonitos. Há a polifonia, claro, mas a ideia parece ser a de criar uma série de acordes bonitos. E aqui eles são lindos. Claro que o Tallis Scholars é fantástico e capricha demais. O que torna essa música ainda mais impressionante é a rotatividade harmônica. As partes internas se movem mais rapidamente do que as externas, criando um contraste entre eternidade e tumulto secular. O som é absolutamente incrível. As linhas vocais fluem, caindo em acordes que podem ser poderosos, delicados, às vezes alegres. É esplêndido. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que no Introitus e no Kyrie (faixas um e dois). Quando a gente acha que virá uma grande tristeza, as vozes caem em outro acorde que nos faz sorrir. A Missa Missa Vox Clamantis também é boa.

Duarte Lôbo (1565-1646): Réquiem a 6 Vozes & Missa Vox Clamantis (The Tallis Scholars, Philips)

Requiem For Six Voices (40:24)
1 Introitus 7:12
2 Kyrie 5:11
3 Graduale: Requiem Aeternam 4:18
4 Sequentia Pro Defunctis 5:15
5 Offertorium: Domine Iesu Christe 6:13
6 Sanctus & Benedictus 2:37
7 Agnus Dei I, II & III 2:33
8 Communio: Lux Aeterna 3:09
9 Responsorium Pro Defunctis: Memento Mei 3:55

Missa Vox Clamantis (25:24)
10 Kyrie 4:35
11 Gloria 5:10
12 Credo 7:57
13 Sanctus & Benedictus 4:10
14 Agnus Dei I & II 3:32

Alto Vocals – Adrian Hill, Michael Lees, Richard Wyn Roberts*, Robert Harre-Jones
Bass Vocals – Donald Greig, Francis Steele
Choir – The Tallis Scholars
Conductor – Peter Phillips
Soprano Vocals – Barbara Borden, Deborah Roberts, Ghislaine Morgan (tracks: 10 to 14), Tessa Bonner
Tenor Vocals – Angus Smith, Harvey Brough (tracks: 1 to 9), Paul Agnew (2) (tracks: 1 to 9), Rufus Müller

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Êta, padreco bom de acorde!.

PQP

Gabriel Fauré (1845-1924): Requiem, Ballade, Pelléas et Mélisande, Pavane (Orch. Suisse Romande, Armin Jordan)

É melhor admitir logo ao invés de tapar o sol com a peneira: o Réquiem de Fauré ocupa um espaço acima do resto da sua obra orquestral. Isso aparece aqui: apesar das muito competentes interpretações dos músicos da orquestra suíça com o maestro também suíço Armin Jordan (1932-2006), o Réquiem paira no alto, elevado a uma distância das outras peças mais comuns, nas quais às vezes as repetições de Fauré podem cansar.

O Réquiem de Fauré, assim como as Sinfonias de Bruckner, teve mais de uma versão assinada pelo compositor. A primeira versão, sem violinos e sem madeiras, tinha como destaques, além das vozes do coro, as cordas graves. Não sem precedentes: já em J.S. Bach a ausência de violinos era um procedimento usado em certas obras de temas ligados à morte, com nas Cantatas BWV 106 (apelidada “Actus Tragicus”), BWV 18 e em vários movimentos de outras obras. Também no Barroco francês a viola da gamba tinha um papel proeminente em obras de Marais, Rameau, entre outros. O editor das obras de Fauré, em Paris, porém, não gostou: sugeriu a publicação de uma outra versão para orquestra sinfônica completa, sugestão acatada pelo compositor. Essa versão final, estreada em 1894, foi publicada com todas as partes para orquestra apenas em 1901, treze anos depois da primeira audição da obra em 1888 na igreja La Madeleine, em Paris.

O Réquiem alcançou grande popularidade ainda durante a (longa) vida do compositor e há registros de que Fauré, ao ser perguntado a respeito, disse que queria fugir do convencional e expressar a morte como “uma aspiração à felicidade do além, mais do que uma passagem dolorosa”. A versão gravada aqui é a final, com um naipe de cordas completo com os violinos.

Gabriel Fauré (1845-1924):
1. Ballade, pour piano & orchestre, op. 19
2 – 5. Pelléas et Mélisande, op. 80
6. Pavane, op. 50
7 – 13. Requiem, op. 48

Gilles Cachemaille, barítono / Mathias Usbcek, soprano
Orchestre de la Suisse Romande (Requiem) / Orchestre de Chambre de Lausanne (1-6) / Jean Hubeau, piano (1)
Armin Jordan, maestro

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Paris, 1871. Ao fundo, La Madeleine, igreja onde Fauré foi organista e onde estreou o Réquiem

Pleyel

Gabriel Fauré (1845-1924): "Messe de Requiem”, Op.48 / “Messe des pêcheurs de Villerville” (Herreweghe)

Gabriel Fauré (1845-1924): "Messe de Requiem”, Op.48 / “Messe des pêcheurs de Villerville” (Herreweghe)

Dr. Cravinhos nos envia uma excelente versão do belíssimo Réquiem de Gabriel Fauré, sob responsabilidade de Philippe Herreweghe, acompanhada da reconstrução da “Messe des pêcheurs de Villerville” — outra obra de Fauré — realizada por André Messager. FDP postou recentemente o Réquiem, mas achei interessante postar outra obra análoga de Fauré. Fauré era um melodista algo melancólico, foi aluno de Saint-Saëns, o qual mostrou-lhe o caminho da verdade: Johann Sebastian Bach. É um compositor antiquado, que ouvia mas recusava Wagner. Viveu até 1924, mas sua música parece a do marido da Clara, Robert Schumann, outro refinado e melancólico melodista.

Faure escreveu este Requiem “simplesmente por prazer, não para qualquer evento”. Nele, Fauré reflete uma relação pessoal com a morte, “como uma libertação feliz”.

O registro de Herreweghe é absolutamente notável. Êta homem compreensivo (*)! Como parece ser uma gravação de 2001 [é de 1988, ver ressalva abaixo], é da atual fase ateia de Herreweghe. É como sempre digo, nada como um bom ateu para compreender (olha ele aí de novo!) as coisas da religiosidade…

(*) No sentido de que compreende a todos.

Gabriel Fauré (1845 – 1924) “Messe de REQUIEM” op.48, Version 1893
01 Fauré: Requiem, Op. 48 – 1. Introit & Kyrie
02 Fauré: Requiem, Op. 48 – 2. Offertory
03 Fauré: Requiem, Op. 48 – 3. Sanctus
04 Fauré: Requiem, Op. 48 – 4. Pie Jesu
05 Fauré: Requiem, Op. 48 – 5. Agnus Dei
06 Fauré: Requiem, Op. 48 – 6. Libera Me
07 Fauré: Requiem, Op. 48 – 7. In Paradisum

Gabriel Fauré & André Messager “Messe des pêcheurs de Villerville”
08 Fauré/Messager: Messe Des pêcheurs De Villerville – Kyrie
09 Fauré/Messager: Messe Des pêcheurs De Villerville – Gloria
10 Fauré/Messager: Messe Des pêcheurs De Villerville – Sanctus
11 Fauré/Messager: Messe Des pêcheurs De Villerville – O Salutaris
12 Fauré/Messager: Messe Des pêcheurs De Villerville – Agnus Dei

Agnès Mellon (soprano solo, faixa 4)
Peter Kooy (barítono solo, faixas 2 e 6)
Jean-Philippe Audoli (violino, faixa 11)
La Chapelle Royale
Les Petits Chanteurs de Saint-Louis
Ensemble Musique Oblique
Philippe Herreweghe (regente)

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Gabriel Fauré e seus longos bigodes brancos (1907)

PQP (post original de 2012)
Pleyel (repostagem em 2024) faz a seguinte ressalva: gravação de 1988, lançada no mesmo ano pela Harmonia Mundi

Lili Boulanger: Salmos, Gabriel Fauré: Requiem (Boulanger, BBC SO)

coverEm 2018, muito se falou do centenário da morte do genial, inovador e sempre moderno Debussy. Pouco se falou, contudo, de Lili Boulanger, que morreu dez dias antes de Debussy.

Lili Boulanger teve uma carreira meteórica:
– aos seis anos de idade, antes de saber ler, já decifrava partituras. Gabriel Fauré se impressionou com seu ouvido absoluto e lhe deu as primeiras aulas de piano

– em 1913 foi a 1ª mulher a ganhar o cobiçado Prix de Rome, vencido por nomes como Berlioz, Debussy e Dutilleux, e que dava ao vencedor uma temporada de estudos em Roma. Note-se a concepção, desde o Renascimento, de que um grande artista devia conhecer a Itália e a capital do antigo Império. Lili passou pouco tempo em Roma, por causa de sua saúde delicada e da 1ª guerra mundial

– de 1914 a 1917, compôs sua obra-prima para solistas, coro, orquestra e órgão, baseada no Salmo 130, De Profundis (Du fond de l’abîme – Do fundo do abismo)

No começo de Do fundo do Abismo, é com sons agudos – e não com sonoridades graves e pesadas – que a orquestra introduz a oração desesperada que em seguida as vozes vão cantar (…).
O sentimento da solidão humana frente a uma onipotência, é esta a fonte de inspiração de Lili Boulanger, nos Salmos assim como no Pie Jesu, de uma linha melódica pura e com poucos ornamentos.
(Artigo de Joseph Baruzi no Ménestrel, 1923)

Nadia Boulanger, irmã de Lili, também compôs quando jovem e depois parou: dizia que suas obras não eram ruins, mas eram inúteis. Entre as décadas de 1910 e 1970, dedicou-se a ensinar, a reger e a divulgar a música de sua irmã pelo mundo. Nadia foi amiga de Stravinsky e professora de boa parte dos grandes compositores do século XX, de Piazzolla a Philip Glass. No Brasil, Almeida Prado e Egberto Gismonti, entre outros, foram a Paris estudar com ela.

Este disco foi gravado ao vivo em 1968, em um concerto em homenagem aos 50 anos de morte de Lili. Nadia regeu também o Requiem de Gabriel Fauré, que ela estreou na Inglaterra em 1936, quando foi a primeira mulher a reger a Royal Philharmonic de Londres. Também foi a primeira à frente da Filarmônica de Nova York, das Sinfônicas de Boston e da Filadélfia. Na sua estreia em Boston, em 1938, quando um repórter perguntou como ela se sentia ao ser a primeira mulher a reger a Boston Symphony, ela deu uma resposta ácida:

“Já faz um pouco mais de 50 ans que sou mulher, já superei o meu espanto inicial.”

Em décadas mais recentes esse Requiem de Fauré tem tido muito mais gravações na Inglaterra do que em qualquer outro lugar: London Symphony Orchestra & Tenebrae, Philharmonia Orchestra & Ambrosian Singers, Bournemouth Sinfonietta & Winchester Cathedral Choir, Choir of St John’s College & Academy of St Martin in the Fields, New Philharmonia Orchestra & Choir of King’s College, Cambridge… Mas Mademoiselle Nadia Boulanger foi a pioneira. Ouçam.

Lili Boulanger (1893-1918)
01. Psalm 24 ‘La terre appartient à l’Éternel’
02. Pie Jesu
03. Psalm 130 ‘Du fond de l’Abîme’

Gabriel Fauré (1845-1924)
Requiem, Op. 48
04. Introit et Kyrie
05. Offertoire
06. Sanctus
07. Pie Jesu
08. Agnis Dei
09. Libera me
10. In paradisum

Janet Price, soprano
Bernadette Greevy, contralto
Ian Partridge, tenor
John Carol Case, baritone
Simon Preston, organ
BBC Chorus, BBC Symphony Orchestra
Nadia Boulanger
Live at Fairfields Hall, London, England, 1968

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Nadia Boulanger, cheffesse (maestrina em francês)
Nadia Boulanger, cheffesse (maestrina em francês)

Pleyel (postagem original de 2018, link consertado em 2024)

Chopin (1810 – 1849): Noturnos / Villa-Lobos (1887 – 1959): Cirandas (Arthur Moreira Lima, piano)

Arthur Moreira Lima Jr. (Rio de Janeiro, 16 de julho de 1940 – Florianópolis, 30 de outubro de 2024) por suas próprias palavras:

I. Em entrevista na edição de 14/10/1974 do jornal carioca O Pasquim:

“Acho jogadores assim como o Gérson, Didi, maravilhosos. Como certos pianistas. Didi pra mim é o Gulda. Ele podia errar tudo, mas de repente tinha aquele momento de gênio que neguinho pode estudar a vida inteira que não vai conseguir fazer igual.”
O PASQUIM – Tem algum grande pianista hoje como Didi?
ARTHUR – Sei lá, os grandes pianistas atuais tendem mais para Pelé do que pra Didi. São perfeitos demais. Tem o Rubinstein, né? Esse ainda faz uns troços que dão aquela ereção, entende?”
(…)
O PASQUIM – Qual é o autor brasileiro que você executa com mais receptividade lá fora?
ARTHUR – Bem, eu só tenho tocado Villa-Lobos. Que, aliás, tem uma receptividade muito maior lá fora do que no Brasil. Ele é considerado o maior compositor das Américas. E com toda razão. Tem neguinho aí que perto dele não pega nem juvenil. Eu gosto muito do Ernesto Nazareth também. Mas é um compositor muito mais difícil de ser entendido no estrangeiro. Aliás, eu vou gravar um disco em Moscou só com músicas brasileiras e é claro que vou incluir Nazareth.”
(Obs: após a publicação da entrevista, em 1975 Arthur foi convidado a gravar um vinil duplo dedicado somente a Nazareth, no Brasil mesmo, seguido de outro, totalizando quatro LPs que estão entre seus legados mais preciosos e você pode encontrá-los aqui)

II. Em 1981, quando lançou os Noturnos em gravação feita na Califórnia/USA e escreveu o texto do encarte do disco, traduzido para o inglês e re-traduzido aqui:

“A palavra nocturne foi utilizada pelo pianista e compositor irlandês John Field (1782-1832) para designar um tipo de composição lenta (calma e sonhadora), que tinha como principal característica a imitação do bel canto. Chopin gostava de tocar os noturnos de Field, adicionando floreios improvisados no estilo de sua época.

A declamação pianística (principal característica dos noturnos) é a chave do estilo de Chopin e da sua filosofia artística. Não é surpreendente, então, que Chopin tivesse uma especial predileção pelos seus noturnos. Ele os tocava frequentemente para os seus alunos e amigos, em salões e em concertos públicos. Em termos de pedagogia, o Mestre atribuía a eles uma importância comparável à dos Estudos.

Os noturnos exemplificam notavelmente a ousadia musical de Chopin e seus revolucionários modos de abordar o instrumento. Ouvindo eles todos, podemos apreciar o caminho artístico atravessado por Chopin – com cerca de 17 anos, as primeiras tentativas no gênero (Noturnos Póstumos nº 19, 20 e 21); com 36, a transcendência, a perfeição da forma musical, alargada no seu conteúdo emocional, rica em invenção harmônica e de contrapondo, como evidenciado na obra mais tardia (nº 18).”

III. Em 1988 No encarte de sua coleção de 3 LP dedicados a Villa-Lobos, um deles você pode ouvir no link mais abaixo:

“Impregnadas de sentimento brasileiro, as peças não fogem à linha geral de sua obra, filosoficamente assentada no nacionalismo, baseada em ritmos e melodias do nosso riquíssimo folclore e realizada tecnicamente sob a influência de compositores europeus como Stravinsky, Bartók e Debussy, influência essa que apenas orientou seu talento genial, sem impedir que em momento algum deixassem de vir à tona seu autodidatismo e sua marcante personalidade.

Fiel às suas raízes populares, o piano do Villa-Lobos é brilhante, marcando os ritmos por vezes como se fosse um instrumento de percussão, indo do mais terno ao mais agressivo, sem nunca perder uma grande presença de som, que lhe é característica.”

IV. O pianista, que tocou muitas vezes tanto em Moscou como em Kiev, lamentou em 2022:

“Tanto os russos como os ucranianos são muito simpáticos. Fico muito triste com esse conflito. Não estou do lado de nenhum governante. Minha preocupação é com o povo, a população. A Polônia está recebendo os refugiados ucranianos e nesses grupos há músicos. Nossa missão é lutar pela paz.” (aqui)

Frédéric Chopin (1810 – 1849):
21 Noturnos

Arthur Moreira Lima, Blüthner Piano
Recorded in Little Bridges Auditorium, Pomona College, CA, USA, 1981
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Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959) – Cirandas:
A Condessa
Senhora Dona Sancha
O Cravo brigou com a Rosa
Pobre Cega (Toada da Rede)
Passa, Passa, Gavião
Xô, Xô Passarinho
Vamos Atras da Serra, Calunga
Xô, Xô Passarinho
Vamos Atrás da Serra, Calunga
Fui no Tororó
O Pintor de Cannahy
Nesta Rua, Nesta Rua
Olha o Passarinho, Dominé
À Procura de uma Agulha
A Canoa Virou
Que Lindos Olhos!
Có, Có, Có

Arthur Moreira Lima, Steinway Piano
Recorded: Rio de Janeiro, 1988

OUÇA AQUI – Spotify

Obs: Villa-Lobos, só no streaming. Reclamações, enviem por favor aos herdeiros do compositor.

(A foto que abre esta postagem é do Instituto Piano Brasileiro, também responsável por compartilhar várias outras preciosidades de Arthur Moreira Lima no Youtube (aqui) e, aqui, o mapa com todas as cidades onde ele tocou no seu projeto “Um Piano na Estrada”)
Pleyel

Gustav Mahler (1860-1911): Das Lied von der Erde (A Canção da Terra) (Halász, Donose, Harper, NSO of Ireland)

Gustav Mahler (1860-1911): Das Lied von der Erde (A Canção da Terra) (Halász, Donose, Harper, NSO of Ireland)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um CD que não fica nada a dever aos grandes nomes que abordaram esta obra. A Canção da Terra não é uma peça para amadores. Ao contrário, é para orquestras e maestros de primeira categoria, o que não significa que o menos famoso Michael Halász faça dela a tremenda obra-prima que é. Comecemos pela gravação. Ela tem uma clareza que não pé frequentemente encontrada mesmo nas “gravações top” e é particularmente notável por colocar os cantores em correta relação com a orquestra. Todos tem presença sem sobreposições. Halász não é nada enfadonho: ele percebe a importância da grande obra, mas não se impõe a ela como tantos maestros de Mahler tendem a fazer. Da mesma forma, o ritmo é rápido — poucas leituras duram menos de uma hora –, evitando assim o sentimentalismo aberto e, ao mesmo tempo, permitindo que a obra-prima de Mahler fale por si. Os solistas vão na mesma linha. Donose é um achado, canta seus lieder com beleza atraente e leve. Thomas Harper demonstra, ao menos para mim, um equilíbrio certo entre lirismo e força.

A Canção da Terra (1908) é uma cantata sinfônica — ou uma fusão perfeita entre cantata e sinfonia — sobre textos de Li T’ai Po e outros poetas chineses, na tradução alemã de Hans Bethge. O melhor Mahler parece condensado nesta música que mistura o clássico com as predileções de Mahler pela música popular e folclórica. Sua permanente angústia religiosa e as dúvidas do intelectual se manifestam nesta música pessoalíssima e perfeita, que termina com uma comovente canção de despedida.

Gustav Mahler (1860-1911): Das Lied von der Erde (A Canção da Terra) (Halász, Donose, Harper, NSP of Ireland)

1 Das Trinklied vom Jammer der Erde 08:02
2 Der Einsame im Herbst 09:02
3 Von der Jugend 03:09
4 Von der Schonheit 06:36
5 Der Trunkene im Fruhling 04:26
6 Der Abschied 27:19

Conductor(s): Halász, Michael
Orchestra(s): Ireland National Symphony Orchestra
Artist(s): Ruxandra Donose, Thomas Harper

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Mahler e família

PQP

Clint Mansell (1963): Requiem for a Dream (Kronos Quartet & Clint Mansell)

Clint Mansell (1963): Requiem for a Dream (Kronos Quartet & Clint Mansell)

Nas últimas duas semanas, o número de postagens com música contemporânea tem sido considerável aqui no PQP Bach. Para não quebrar essa lógica, resolvi postar este Cd, pois ele é uma desafio para mim. É importante deveras ser surpreendido por desafios aparentemente inexpugnáveis. Parafraseando Nietzsche posso afirmar que há músicas que são admitidas com o tempo. Ouvi há quase um ano este cd e a impressão primeira não foi boa. Voltei a ouvi-lo ontem e eis que fui acometido por sensações misteriosas. Confesso que desde ontem estou aturdido com as músicas deste CD. É música profunda, cheia de desafios assustadores, quase que fantasmágoricos. O CD é a compilação da trilha sonora do filme Réquiem para um sonho, que ainda não assisti. Todavia, li algumas informações sobre a produção e tive a curiosidade despertada.  Interessante é que tenho o filme. A trilha foi composta por Clint Mansell e pelo fantástico, prolífico, Kronos Quartet. Esteticamente, sinto-me grávido de impressões confusas, distantes, quando ouço esta música. Há música eletrônica, desvarios sonoros, paisagens cheias de efeitos e um cello que me transmite a ideia de um deserto desolado, afastado, silencioso, de sol amarelecido. É ouvir para conferir.

Clint Mansell (1963): Requiem for a Dream (Kronos Quartet & Clint Mansell)

Summer
1 Summer Overture 2:36
2 Party 0:28
3 Coney Island Dreaming 1:04
4 Party 0:36
5 Chocolate Charms 0:25
6 Ghosts Of Things To Come 1:33
7 Dreams 0:44
8 Tense 0:37
9 Dr. Pill 0:42
10 High On Life 0:11
11 Ghosts 1:21
12 Crimin’ & Dealin’ 1:44
13 Hope Overture 2:31
14 Tense 0:28
15 Bialy & Lox Conga 0:45

Fall
16 Cleaning Apartment 1:25
17 Ghosts-Falling 1:11
18 Dreams 1:02
19 Arnold 2:35
20 Marion Barfs 2:22
21 Supermarket Sweep 2:14
22 Dreams 0:32
23 Sara Goldfarb Has Left The Building 1:17
24 Bugs Got A Devilish Grin Conga 0:57

Winter
25 Winter Overture 0:19
26 Southern Hospitality 1:23
27 Fear 2:26
28 Full Tense 1:04
29 The Beginning Of The End 4:28
30 Ghosts Of A Future Lost 1:50
31 Meltdown 3:55
32 Lux Aeterna 3:54
33 Coney Island Low 2:13

Arranged By [Kronos Quartet Performances Arrangements By] – David Lang
Cello – Jennifer Culp
Featuring – Kronos Quartet
Programmed By [All Machines Programmed By] – Clint Mansell
Viola – Hank Dutt
Violin – David Harrington, John Sherba

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Cena de “Requiem for e Dream”.

Carlinus

Mahler (1860 – 1911): Sinfonia No. 7 – Runfunk Sinfonieorchester Saarbrücken & Hans Zender / NDR Elbphilharmonie & Alan Gilbert ֎

Mahler (1860 – 1911): Sinfonia No. 7 – Runfunk Sinfonieorchester Saarbrücken & Hans Zender / NDR Elbphilharmonie & Alan Gilbert ֎

MAHLER

Sinfonia No. 7

Runfunk Sinfonieorchester Saarbrücken & Hans Zender

NDR Elbphilharmonie & Alan Gilbert

De onde vem a inspiração para resolver um problema ou para vislumbrar o início de uma obra de arte? O processo criativo é misterioso, mas há que ter dedicação, imersão no tema ou assunto, até que a mente se disponha a prover os resultados, devido a um toque do destino ou da inspiração de alguma musa…

Tim curtindo o azul do mar…

Quem não conhece a história da gravura na parede do quarto emprestado ao Tim Maia de onde saiu o Azul da Cor do Mar? Uma outra boa história de iluminação envolve Henri Poincaré, um importante matemático do final do século 19 e início do século 20. Suas contribuições para a Matemática e outras ciências são enormes e tem influência até os dias de hoje. Além disso, Poincaré se distinguia de outros cientistas por contribuir de maneira significativa para a divulgação da ciência, escrevendo livros que eram acessíveis às pessoas comuns tratando de temas complexos de forma compreensível. Poincaré havia lidado com um problema à exaustão, mas não havia feito qualquer progresso. Decidiu então fazer uma expedição geológica, para espairecer. Pois ao entrar no ônibus foi tocada pela inspiração (alguma musa matemática, decerto, passava por ali…) e teve um surto de criatividade. “No momento em que coloquei o pé no degrau, uma ideia me ocorreu, sem que nenhum de meus pensamentos anteriores tivessem me preparado para ela…”

Poincaré, suas esferas e outras cositas…

Lembrei-me dessas anedotas lendo o livreto de uma das gravações da postagem, que conta um pouco o processo criativo de Mahler, que levava uma vida dupla – parte do ano era o famoso regente em Viena, parte do ano era um compositor de obras inovadoras e impressionantes, mas que ainda aguardavam deu devido ‘tempo’. A composição das Sinfonias No. 6 e No. 7 foram, de certa forma simultâneas. Dois movimentos da Sétima, chamados por Mahler de Nachtmusik, foram compostos antes da Sexta. Quando chegou a hora da Sétima, como se diz por aí, deu branco. Ele escreveu para sua Alma assim: No verão anterior esperava terminar a Sétima, para a qual já tinha dois movimentos. Estava morrendo de tédio, como você se lembra, e resolvi dar uma escapada para os Dolomitas. Lá não encontrei qualquer inspiração e desisti de compor, acreditando que o verão não renderia qualquer coisa. Quando entrei no barco para a travessia de volta, sobre o lago, e nas primeiras batidas dos remos na água um tema me ocorreu (ou mesmo o ritmo…) para a introdução do primeiro movimento. Quatro semanas depois os outros movimentos estavam fechados, selados, assinados e enviados. A inspiração é um mistério…

Eu tenho ouvido bastante esses discos da postagem. Eles têm em comum o fato de terem sido gravados por orquestras de rádios alemãs regidas pelos seus respectivos diretores. A gravação regida por Zender é de 1982, um registro que estava nos arquivos da rádio e foi lançada em 1997 numa edição comemorativa na ocasião do aniversário de sessenta anos do maestro. A outra gravação é um lançamento recente e mostra a maravilhosa acústica da casa nova da orquestra. Eu espero que você encontre nos discos o mesmo prazer que eles me deram…

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Sinfonia No 7 em mi menor »Lied Der Nacht«
  1. Langsam (Adagio) – Allegro con fuoco
  2. Nachtmusik I. Allegro moderato
  3. Schattenhaft
  4. Nachtmusik II. Andante amoroso
  5. Finale

Runfunk Sinfonieorchester Saarbrücken

Hans Zender

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MP3 | 320 KBPS | 195 MB

Hans curtindo o som do naipe de violinos da PQP Bach Orchester

NDR Elbphilharmonie

Alan Gilbert

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MP3 | 320 KBPS | 197 MB

Alan testando um violino da PQP Bach Collection
Elbphilharmonie

Sobre a Sétima Sinfonia de Mahler: Comparada com outras sinfonias de Mahler, a Sétima tem uma existência mais apagada na cena internacional de concertos. Pode ser devido ao seu final muito positivo, que se apega resolutamente à tonalidade radiante de dó maior, o que pode incomodar alguns fãs da música do compositor. Pode-se permitir a Mahler essa explosão de êxtase, na melhor das hipóteses, como tendo um significado subjacente. “É o meu melhor trabalho, com um caráter ensolarado em sua maior parte”, disse o compositor uma vez sobre sua sétima.

Mas, por outro lado, a Sétima parece ter sido composta de dentro para fora, com o terceiro dos cinco movimentos desempenhando um papel central. E este scherzo traz a instrução de desempenho significativa »Schattenhaft« (Sombrio). Da mesma forma, as duas peças de »Nachtmusik«, como Mahler chamou o segundo e o quarto movimentos, revelam inegavelmente o conflito interno tão típico da obra do compositor. Portanto, nem tudo que reluz é ouro. [Tradução feita pelo Chat PQP Bach de um texto da página da NDR Elbphilharmonie]

Sobre a gravação de Zender: De alguma forma, você sabe quando um maestro tem a medida de uma obra de Mahler. Há um sentimento de confiança em seu desempenho, um sentimento que ele e seus músicos penetraram no cerne da obra, que é profundamente satisfatório. Você pode discordar de certas conclusões a que o maestro chegou, ou não, mas sente que ele cobriu tudo o que pretendia e o efeito disso é palpável. Você não teve que se preocupar com nada. Não houve passagens em que o maestro esteja apenas marcando o tempo, algo que acontece com mais frequência do que você imagina. Este é o sentimento que tenho com esta excelente performance da Sétima Sinfonia de Mahler, com a qual muitos ouvintes e intérpretes têm problemas, e que a torna uma versão notável. Vem de 1982 e dos arquivos da Saarbrücken Radio do pouco conhecido compositor e maestro alemão Hans Zender. […] Uma performance soberba cheia de coisas fascinantes. Uma performance que é excelentemente tocada e gravada e merece ser considerada ao lado das melhores versões, como as de Bernstein, Horenstein, Gielen, Scherchen e Abbado. A Sétima de Mahler por Zender é muito boa e eu a recomendo com entusiasmo.    [Tony Duggan]

Aproveite!

René Denon

Alan Gilbert

Johannes Brahms (1833-1897): As Sonatas para Clarinete (Kovács, Rados)

Johannes Brahms (1833-1897): As Sonatas para Clarinete (Kovács, Rados)

Uma boa gravação destas belíssimas Sonatas de Brahms. Não se compara com a versão de Karl Leister, que é praticamente imbatível, mas mesmo assim é muito boa. Kovács comete uns errinhos e não tem aquela mágica de indiscutível de Leister. Mas… Como resistir a este repertório? Não há como, é grande, enorme música. Essas foram as últimas peças de câmara que Brahms escreveu antes de sua morte e são consideradas duas das grandes obras-primas do repertório de clarinete. Brahms também produziu uma transcrição frequentemente executada dessas obras para viola. Ora, para viola…

Johannes Brahms (1833-1897): As Sonatas para Clarinete (Kovács, Rados)

Sonata In F Minor, Op. 120, No. 1
1 I. Allegro Appassionato 7:33
2 II. Andante Un Poco Adagio 4:18
3 III. Allegretto Grazioso 4:05
4 IV. Vivace 5:00

Sonata In E-Flat, Op. 120, No. 2
5 I. Allegro Amabile 8:40
6 II. Allegro Appassionato 5:19
7 III. Andante Con Moto; Allegro 6:46

Clarinet – Béla Kovács
Piano – Ferenc Rados

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Brahms peidando.

PQP

.: interlúdio :. Charlie Haden: The Best of Quartet West

.: interlúdio :. Charlie Haden: The Best of Quartet West

Charlie Haden (1937-2014) foi um grande gênio. Por mais de 50 anos, ele foi uma das figuras musicais mais importantes do jazz e do planeta. Uma das primeiras vezes onde ele apareceu foi como o garoto branco e magro do lado direito da fotografia da capa de This Is Our Music, de Ornette Coleman, um disco de, entre outras coisas, orgulho da raça negra… Provavelmente é a foto mais legal de um grupo de músicos já tirada. Certamente ele foi aceito porque era apenas o mais perfeito dos baixistas. Eu adoro seu som no contrabaixo, que é sombrio sem ser pesado, adoro a grande economia que às vezes dá lugar a solos dedilhados sombrios, e a maneira como ele parece ser capaz de seguir as improvisações de Ornette e Don Cherry tão de perto, apesar da ausência de diretrizes. Mas o principal é o peso emocional que ele transmite em cada nota que toca e em qualquer banda que liderasse ou com quem se apresentasse. Como todo grande jazzista, Haden tocou com centenas de grupos e formações. Fez algo que apenas outra baixista, o xará Charlie Mingus, conseguiu: criou música fortemente política. Há os cinco álbuns da Liberation Music Orchestra, quatro feitos em estúdio e um ao vivo, documentos essenciais que refletem as lutas de libertação e históricas de sua contemporaneidade na Espanha, na América Central e do Sul, na África do Sul, em Portugal e suas colônias Moçambique, Angola e Guiné, e em outros lugares. Aqui estão as canções e hinos da Brigada Internacional, dos Sandinistas, do MPLA: essa era uma música que importava, pois, para além do jazz, sua atenção fixava-se no cenário maior das coisas. Foi uma atitude que fez com que Haden fosse preso pela polícia secreta portuguesa durante uma turnê com Coleman em 1971.

Claro, sou fã do trabalho de Charlie Haden com Ornette Coleman e a Liberation Music Orchestra há anos, sem mencionar seus inúmeros trabalhos com Keith Jarrett, Pat Metheny e tantos outros. Mas eu realmente não tinha ouvido seu Quartet West, provavelmente porque a maioria das críticas que eu tinha lido se concentrava nas qualidades nostálgicas dos anos 40/50. Era um grupo — surpreendente para Haden — à moda antiga. Mas também é um álbum de jazz, com melodias sofisticadas e envolventes, trabalhos solos expressivos e altamente inventivos, uma abordagem tradicional que reconhece como o jazz soava. Este é um bom CD para ter quando você pega um romance de Raymond Chandler.

Charlie Haden: The Best of Quartet West

1 Hello My Lovely 6:47

2 Body And Soul
Drums – Billy Higgins
Written-By – Heyman*, Green*, Sour*
6:19

3 First Song (For Ruth) 6:57

4 Our Spanish Love Song 6:07

5 Always Say Goodbye 6:38

6 Où Es-Tu, Mon Amour ? (Where Are You, My Love?)
Bass [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Carlo Pecori
Drums [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Aurelio De Carolis
Guitar [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Django Reinhardt
Piano [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Gianni Safred
Violin – Stéphane Grappelli
Violin [Sampled From “où Es-tu, Mon Amour ?”, January / February, 1949] – Stéphane Grappelli
Written-By – Emil Stern, Henry Lemarchand*
6:47

7 Here’s Looking At You
Arranged By [Orchestra], Conductor [Orchestra] – Alan Broadbent
6:11

8 Alone Together
Performer [Sampled From”alone Together”, November, 1944] – Paul Weston And His Orchestra
Vocals [Sampled From”alone Together”, November, 1944] – Jo Stafford
Written-By – Arthur Schwartz – Howard Dietz*
5:21

9 The Left Hand Of God
Arranged By [Orchestra], Conductor [Orchestra] – Alan Broadbent
Written-By – Victor Young
7:48

10 Lonely Town
Arranged By [Orchestra], Conductor [Orchestra] – Alan Broadbent
Violin, Soloist – Murray Adler
Vocals – Shirley Horn
Written-By – Betty Comden – Adolf Green*, Leonard Bernstein
5:25

11 Moonlight Serenade
Written-By – Glenn Miller, Mitchell Parish
9:08

12 Wayfaring Stranger
Arranged By [Orchestra], Conductor [Orchestra] – Alan Broadbent
Vocals – Charlie Haden
Written-By – Traditional
4:23

Bass – Charlie Haden
Drums – Larence Marable* (tracks: 1, 3 to 12)
Piano – Alan Broadbent
Tenor Saxophone – Ernie Watts

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Haden: gênio absoluto

PQP

The Enigmatic Art Of Antonio Veracini (1659 – 1733) and Francesco Maria Veracini (1690 – 1768) – Rüdiger Lotter (violino) & Lyriarte ֎

The Enigmatic Art Of Antonio Veracini (1659 – 1733) and Francesco Maria Veracini (1690 – 1768) – Rüdiger Lotter (violino) & Lyriarte ֎

A Enigmática Arte de Antonio e Francesco Maria Veracini

Francesco Maria Veracini foi neto e sobrinho de professores de violino – aprendeu com o avô Francesco e com o tio Antonio a arte de tocar e compor para violino. Ao contrário do tio, que essencialmente passou a vida em Florença, Francesco Maria viajou por quase toda a Europa e fez sucesso. Tinha uma personalidade forte e era bastante encrenqueiro. Numa ocasião precisou pular de uma janela e quebrou uma perna. Sobreviveu a um naufrágio em 1745 ou pouco depois, no qual perdeu dois de seus violinos Stainer (que ele chamava de São Pedro e São Paulo). Apesar de tudo, teve uma longa vida e terminou seus dias em Florença, atuando como regente. Esse caráter desafiador se reflete hoje em suas obras, que atestam uma extraordinária liberdade de convenções. Neste CD, o solista Rüdiger Lotter encontra uma parceira na virtuose na flauta doce, Dorothee Oberlinger. A parte do baixo contínuo é bastante diversificada e promete uma experiência auditiva aventureira através das paisagens sonoras contrastantes dos Veracinis.

Francesco Maria Veracini (1690 – 1768)

Cantabile from Sonata Nona a violino o flauto e basso
  1. Preludio
Sonata Accademicha Op. 2 No. 5 a violino solo e basso
  1. Adagio assai
  2. Allegro assai
  3. Allegro assai

Antonio Veracini (1659 – 1733)

Sonata Op. 1 No. 1 a Tre
  1. Grave
  2. Vivace
  3. Largo
  4. Allegro
Sonata Op. 2 No. 3 a violino e cimbalo
  1. Cantabile
  2. Vivace
  3. Largo
  4. Aria: Largo
  5. Vivace

Francesco Maria Veracini (1690 – 1768)

Sonata Accademicha Op. 2 No. 12 a violino solo e basso
  1. Passagallo, largo assai
  2. Allegro ma non presto
  3. Adagio
  4. Ciaccona: Allegro ma non presto
Sonata Op. 1 No. 1 a violino e basso (In a historical transcription for recorder and b.c.)
  1. Overture
  2. Aria: Affettuoso
  3. Paesana: Allegro
  4. Minute: Allegro
  5. Giga ‘Postiglione’: Allegro
Sonata Nona a violino, o flauto solo e basso
  1. Cantabile
  2. Andante
  3. Adagio
  4. Allegro, ma affettuoso

Rüdiger Lotter – Violin

Dorothee Oberlinger – Recorder (tracks: 5 to 8, 18 to 22)

Ensemble – Lyriarte

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MP3 | 320 KBPS | 164 MB

Rüdiger Lotter
Dorothee Oberlinger

The interpretations, however, are creative and played with great feeling. I like the decisions made here better than what we got with John Holloway’s recording of Veracini. That said, the performances on violin are not quite as daring as some that were offered by Riccardo Minasi. That said, I think there is little to object to by the ensemble here.  [Biberfan]

Aproveite!

Rená Denon

Béla Bartók (1881-1945): Cantata Profana / Concerto para Orquestra (Réti, Faragó, Ferencsik)

Béla Bartók (1881-1945): Cantata Profana / Concerto para Orquestra (Réti, Faragó, Ferencsik)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Quando me perguntam de quais compositores eu mais gosto, sempre respondo:

– Gosto de uns duzentos.

Porém, um dia, sonhei que me amarraram numa árvore e um implacável algoz me açoitou até que eu dissesse o nome de meus três preferidos.

– Bach, Brahms e Bartók. Mas prefiro morrer a ficar sem os últimos quartetos e sonatas de Beethoven…

E o chicote voltou a explodir sobre minhas costas.

– Diga um que não comece pela letra “B”, seu imbecil!

– Um quarto?

– O quarto você já disse, animal. Ou não ouvi o nome de Beethoven? — e mais uma terrível chicotada. Pobre de mim.

– Está bem. Escolho Shostakovich ou Mahler.

Meu algoz deu a volta na árvore, olhou bem dentro de meus olhos e questionou asperamente:

– Por que não disseste Mozart? E por que haveria dois socialistas na tua lista?

– Não sei. Talvez porque Mozart em excesso me cause enjôo.

– Enjoo???

Neste momento meu algoz caiu desfalecido, vítima de um mal súbito, e eu acordei. Ele era um homem sensível.

Meu sonho serve para que nossos quatorze leitores saibam o respeito que este bastardo bachiano guarda pelo húngaro Bartók e o motivo de sua pressa nessa repostagem. (Pois o antigo link foi para o espaço.)

Não lembro de gravação melhor do que esta para o Concerto para Orquestra. É uma coisa de louco, maravilhosa mesmo.

Béla Bartók (1881-1945): Cantata Profana / Concerto para Orquestra (Réti, Faragó, Ferencsik)

1. Cantata Profana, BB 100, “A kilenc csodaszarvas” (The 9 Enchanted Stags) (19min35)

Jozsef Reti, tenor
Andras Farago, baritone
Janos Ferencsik, conductor
Coro: Budapest Chorus
Budapest Symphony Orchestra

Concerto para Orquestra, BB 123
2. I. Introduzione (9min53)
3. II. Giuoco delle coppie (6min33)
4. III. Elegia (7min02)
5. IV. Intermezzo interrotto (3min49)
6. V. Finale (9min36)

Janos Ferencsik, Conductor
Hungarian State Orchestra

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Uma rarésima foto de Bartók sorrindo.

PQP

.: interlúdio :. Wynton Marsalis: Uptown Ruler

.: interlúdio :. Wynton Marsalis: Uptown Ruler

Este Uptown Ruler não está entre os melhores discos de Wynton Marsalis mas vocês sabem que sempre vale a pena ouvir a sonoridade dos grandes grupos que Wynton  sempre reúne. Este quinteto é maravilhoso. É, aliás, o mesmo caso do disco que o que eu publiquei ontem — um repertório não muito bom, mas executado maravilhosamente. A série “Soul Gestures in Southern Blue”, da qual este é o Vol.2, tem sido vista como o patinho feio da discografia do trompetista. Não deixe de conferir os solos, apesar dos temas e das soluções nada substanciais. Mas é apenas a minha opinião. Provavelmente ele mereça ser explorado por melhores ouvidos.

Wynton Marsalis: Uptown Ruler

Psalm 26 1:26
Uptown Ruler 11:10
The Truth Is Spoken Here 6:50
The Burglar 8:37
Prayer 6:27
Harmonique 4:53
Down Home With Homey 11:55
Psalm 26 1:36

Wynton Marsalis Quintet

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Marsalis na única época baixa de sua carreira.

PQP

Reincken / Buxtehude / Rosenmüller / Westhoff / Pachelbel: Deutsche Kammermusik Vor Bach (Musica Antiqua Köln, Reinhard Goebel)

Reincken / Buxtehude / Rosenmüller / Westhoff / Pachelbel: Deutsche Kammermusik Vor Bach (Musica Antiqua Köln, Reinhard Goebel)

“Música de Câmara Alemã antes de Bach”. Pois é. Este é um disco que não chega a provocar muitas emoções. Roberto Carlos diria: “são poucas emoções”. Enfim, o barroco camarístico pré-Bach não é tão interessante nem tão emocionante quanto o que aconteceu depois. Não obstante, o Musica Antiqua de Köln mantém o alto nível de sempre. Então o disco não chega a ser chato ou desagradável de se ouvir dado o alto nível técnico dos executantes, mas o repertório não é o melhor que temos divulgado em nosso excelso blog. É um disco para tarados pelo barroco. Ou seja, é um disco para mim e o que mais me interessa aqui é a versão realmente magnífica e historicamente informada do célebre Cânon de Pachelbel. Este é, para mim, o ponto alto do disco de resto. Uma bela tarde para todos.

Reincken / Buxtehude / Rosenmüller / Westhoff / Pachelbel: Deutsche Kammermusik Vor Bach (Musica Antiqua Köln, Reinhard Goebel)

Johann Adam Reincken: Sonata A-Moll (15:17)
1 [Sonata:] Adagio – Allegro – Largo / Presto / Adagio / Allegro 5:32
2 Allemande – Allegro 3:17
3 Courante 1:41
4 Sarabande 2:15
5 Gigue – Presto 2:32

Dietrich Buxtehude: Sonata B-Dur, BuxWV 273 (14:30)
6 [Sonata:] Ciaccona – Adagio – Allegro / Adagio / Allegro 7:41
7 Allemande 2:50
8 Courante 1:01
9 Sarabande 1:43
10 Gigue 1:15

Johann Rosenmüller: Sonata E-Moll (9:52)
11 Sonata E-Moll 9:52

Johann Paul Von Westhoff: Sonata – La Guerra – A-Dur (12:22)
12 Adagio Con Una Dolce Maniera – Allegro 3:06
13 Tremulo Adagio 0:54
14 Allegro Ovvero Un Poco Presto 0:44
15 Adagio 1:01
16 Aria (Adagio Assai) 2:20
17 La Guerra Cosi Nominata Di Sua Maesta 0:41
18 Aria (Tutto Adagio) 2:04
19 Vivace 0:16
20 Gigue 1:16

Johann Pachelbel: Partie (Suite) G-Dur (10:00)
21 Sonatina 1:02
22 Allemande 2:46
23 Gavotte 0:50
24 Courante 0:56
25 Aria 0:38
26 Sarabande 1:37
27 Gigue 1:29
28 Finale. Adagio 0:43

Johann Pachelbel: Canon & Gigue D-Dur (4:37)
29 Kanon 3:08
30 Gigue 1:29

Directed By – Reinhard Goebel
Ensemble – Musica Antiqua Köln

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Este CD é um banquete onde chegamos cedo demais (nem se tirou a mesa da refeição anterior).

pqp

Gabriel Fauré (1845 – 1924) – Maurice Ravel (1875 1937) – Germaine Tailleferre (1892 – 1983): Trios com Piano – Trio Karénine ֎

Gabriel Fauré (1845 – 1924) – Maurice Ravel (1875 1937) – Germaine Tailleferre (1892 – 1983): Trios com Piano – Trio Karénine ֎

Fauré • Ravel • Tailleferre

Trios com Piano

O programa deste disco consiste em três trios com piano de compositores franceses. Dois são obras-primas bem conhecidas, os trios de Fauré e de Ravel. Mas, o que torna o disco realmente interessante, na minha opinião, é o trio composto por Germaine Tailleferre. Germaine foi uma mulher incrível, muito além de seu tempo. A despeito de preconceitos, de dois casamentos com maridos que não a apoiaram em sua arte, ele firmou-se como compositora de renome e deixou um legado musical, assim como foi um modelo a ser seguido.

Seu trio foi composto em duas etapas. Dois movimentos foram compostos em 1917 e dois em 1978! Uma vida separa-os no tempo, mas aposto que você nem se daria conta disso ao ouvi-lo, caso não fosse mencionado. O primeiro movimento tem todo o charme e a elegância que normalmente encontramos nas boas peças de música francesas. O segundo é um allegro com uma melodia que gruda na gente feito chicletes. O segundo tem um que de nostalgia, mas saudável, e um final delicioso.

É claro que você vai adorar ouvir as interpretações das peças mais famosas pelo Trio Karénine – o nome do conjunto se deve à personagem de Tolstói, pela sua paixão e força vital – e a peça de Germaine completa graciosamente o disco.

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Trio pour violon, violoncelle et piano en ré mineur Opus 120
  1. Allegro ma non troppo
  2. Andantino
  3. Allegro vivo

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Trio en la mineur
  1. Modéré
  2. Pantoum
  3. Passacaille
  4. Animé

Germaine Tailleferre (1892 – 1983)

Trio pour violon, violoncelle et piano
  1. Allegro animato
  2. Allegro vivace
  3. Moderato
  4. Très animé

Trio Karénine

Fanny Robilliard, violon
Louis Rodde, violoncelo
Paloma Kouider, piano

PS: A formação atual deste conjunto agora é outra.

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MP3 | 320 KBPS | 142 MB

Germaine posou para a equipe de artes do PQP Bach em sua volta para Paris, depois de uma temporada morando em NY

No ponto de intersecção entre o romantismo e o modernismo (Fauré); sotaques exóticos, pastiches e neoclassicismo (Tailleferre); um trio transformado em orquestra e apresentando os ritmos suaves das danças bascas (Ravel): esses três trios, tão próximos no tempo, transmitem de maneiras muito diferentes a expressão do período que encarnam.                     Página da PrestoMusic

O Trio de Germaine Tailleferre, uma composição de quatro movimentos iniciada em 1917 e não concluída até … 1978! O resultado é animado, saboroso e profundamente envolvente, oscilando entre o terno e o variado, e merece ser descoberto, ainda mais porque os instrumentistas que trabalham aqui fazem justiça com frescor e franqueza.                                       ”Alain Cochard, concertclassic.com, junho de 2018

Aproveite!

René Denon

Johannes Brahms (1833-1897): Danças Húngaras em versão para piano a 4 mãos (Steven & Stijn Kolacny)

Johannes Brahms (1833-1897): Danças Húngaras em versão para piano a 4 mãos (Steven & Stijn Kolacny)
Version 1.0.0

A versão original das Danças Húngaras é a que consta neste excelente disco onde os irmãos belgas Steven e Stijn Kolacny as interpretam. Claro que, sem a versão orquestral, elas jamais teriam ficado tão famosas, mas ouça-as assim para ver como ficam muito melhores! Os irmãos Kolacny tocam a quatro mãos desde muito jovens e seu entendimento é perfeito. Um belíssimo disco.

J. Brahms (1833-1897): Danças Húngaras em versão para piano a mãos (Steven & Stijn Kolacny)

1. Allegro molto
2. Allegro non assai – vivo
3. Allegretto – vivace
4. Poco sostenuto – vivace – molto allegro
5. Allegro – vivace
6. Vivace – molto sustenuto
7. Allegretto
8. Presto
9. Allegro non troppo – poco sostenuto
10. Presto
11. Poco andante
12. Presto – poco meno presto
13. Andantino grazioso – vivace
14. un poco andante
15. Allegretto grazioso
16. Con moto – presto – poco meno presto
17. Andantino – vivace non troppo – meno presto
18. Molto vivace
19. Allegretto – piu presto
20. Poco allegretto – vivace
21. Vivace – piu presto

Steven Kolacny: piano
Stijn Kolacny: piano

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Os irmãos Steven e Stijn Kolacny: o topetudo e o careca

PQP

Johannes Brahms (1833-1897): Danças Húngaras (Versão Orquestral, Abbado)

Johannes Brahms (1833-1897): Danças Húngaras (Versão Orquestral, Abbado)
Melhor capa impossível.

Puxa, e como é bom poder postar novamente! Estava tão envolvido com o meu trabalho de final de curso que nem lembro mais minha última contribuição.

O que venho oferecer aos caros leitores, é algo que deveria ter sido feito há algum tempo atrás… Inspirado pela postagem do mano CVL, das Danças Eslavas de Dvorák, trago-lhes essas pequenas bagatelas orquestrais. Acho até que demorei a postá-las, já que, normalmente, postamos aquilo que estamos ouvindo; e as Danças Húngaras, principalmente essas versões orquestrais, sempre estão presentes nas, já famosas, listas de músicas que costumo ouvir enquanto dirijo.

As Danças Húngaras são um conjunto de 21 danças folclóricas bem animadas em geral, baseadas, sobretudo em temas húngaros. Somente as de números 11, 14 e 16 são composições totalmente originais. A de número 5 é baseada na czárda “Bartfai emlek” de Béla Kéler, que Brahms, equivocadamente, pensou tratar-se de uma música folclórica tradicional húngara.

Brahms as escreveu originalmente para dois pianos, mais tarde arranjaria as 10 primeiras para piano solo e logo depois orquestraria somente as de número 1, 3 e 10. Outros compositores, incluindo Dvorák, orquestraram as outras danças. Johan Andreas Hallén a de número 2, Paul Juon a número 4, Martin Schmeling a sequência de 5 a 7, Hans Gál as de números 8 e 9, Albert Parlow a sequência de 11 a 16 e Dvorák orquestrou os números restantes. A mais famosa é a de número 5, em Fá Sustenido Menor (Sol Menor na versão orquestral).

.oOo.

Brahms: Danças Húngaras (Versão Orquestral)

01. Hungarian Dance No.01 in G minor – Allegro molto (2:55)
02. Hungarian Dance No.02 in D minor – Allegro non assai – Vivace(2:38)
03. Hungarian Dance No.03 in F major – Allegretto (2:19)
04. Hungarian Dance No.04 in F sharp minor – Poco sostenuto – Vivace (4:09)
05. Hungarian Dance No.05 in G minor – Allegro – Viivace (2:18)
06. Hungarian Dance No.06 in D major – Vivace (3:06)
07. Hungarian Dance No.07 in F major – Allegretto – Vivo (1:38)
08. Hungarian Dance No.08 in A minor – Presto (2:49)
09. Hungarian Dance No.09 in E minor – Allegro ma non troppo (1:39)
10. Hungarian Dance No.10 in F major – Presto (1:38)
11. Hungarian Dance No.11 in D minor – Poco andante (2:28)
12. Hungarian Dance No.12 in D minor – Presto (2:18)
13. Hungarian Dance No.13 in D major – Andantino grazioso – Vivace (1:38)
14. Hungarian Dance No.14 in D minor – Un poco andante (1:35)
15. Hungarian Dance No.15 in B flat major – Allegretto grazioso (2:43)
16. Hungarian Dance No.16 in F major – Con moto (2:20)
17. Hungarian Dance No.17 in F sharp minor – Andantino – Vivace (2:48)
18. Hungarian Dance No.18 in D major – Molto vivace (1:27)
19. Hungarian Dance No.19 in B minor – Allegretto (1:59)
20. Hungarian Dance No.20 in E minor – Poco allegretto – Vivace (2:25)
21. Hungarian Dance No.21 in E minor – Vivace (1:17)

Orquestra Filarmônica de Viena
Claudio Abbado

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Abbado, no espírito da coisa

Marcelo Stravinsky

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano — Appassionata • Sturm • Les Adieux (Sylvia Čápová)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano — Appassionata • Sturm • Les Adieux (Sylvia Čápová)

Este é um disco que eu recolhi lá do fundo da minha coleção. Nem lembrava mais dele, mas, ao colocá-lo para rodar, revelou-se bom. A eslovaca Sylvia Čápová-Vizváry é muito competente e estas famosas Sonatas de Ludovico são indiscutíveis. Sylvia tem poesia, paixão, drama e bravura, tudo o que queremos nesse repertório. Aposto que vocês não sabem o que é uma Sonata. Na origem do termo, Sonata (do latim sonare) era a música feita para soar, ou seja, a música instrumental − em oposição à cantata, a música cantada. Sonata / Cantata, OK? Depois, tornou-se um tipo de composição musical para um único instrumento ou para pequeno conjunto. Normalmente, a sonata é dividida em três partes. No Barroco, as sonatas eram compostas principalmente para solistas acompanhados de baixo contínuo, que era o cravo com a mão esquerda, às vezes reforçada por uma viola da gamba. Agora, vocês bem o que é gamba?  Não é uma variedade de gambá. E não tem nada a ver com o gambito da rainha, acho. Pesquisem, eu não sei jogar xadrez.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano — Appassionata • Sturm • Les Adieux (Sylvia Čápová)

Sonate F-Moll Op. 57 “Appassionata” / In F-Minor Op. 57
1 Allegro Assai 10:17
2 Andante Con Moto 6:10
3 Allegro Ma Non Troppo 8:13

Sonate D-Moll Op. 31/ 2 “Der Sturm” / In D-Minor (Tempest)
4 Largo – Allegro 8:19
5 Adagio 6:11
6 Allegretto 6:04

Sonate Es-Dur Op. 81 A “Les Adieux” / in E Flat
7 Adagio 7:09
8 Andante Espressivo 3:49
9 Vivacissimamente 6:09

Piano – Sylvia Čápová

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PQP

Antonio Vivaldi (1678-1741): In Furore Iustissimae Irae, Rv626, Sinfonia En Si Mineur, Rv169 ‘Al Santo Sepolcro’ , Laudate Pueri, Rv601, Concerto, Rv541, Concerto, Rv286 ‘Per La Solennita Di San Lorenzo’ (Piau, Montanari, Accademia Bizantina, Dantone)

Antonio Vivaldi (1678-1741): In Furore Iustissimae Irae, Rv626, Sinfonia En Si Mineur, Rv169 ‘Al Santo Sepolcro’ , Laudate Pueri, Rv601, Concerto, Rv541, Concerto, Rv286 ‘Per La Solennita Di San Lorenzo’ (Piau, Montanari, Accademia Bizantina, Dantone)

Mais um Vivaldi, e mais uma gravação absolutamente imperdível, com a soprano Sandrine Piau deixando-nos totalmente arrepiados com sua interpretação de “In Furore” e “Laude Pueri”, dois motetos extremamente originais do padre ruivo. Nunca deixo de me emocionar com sua força de interpretação, e com a beleza das obras, e acompanhados pela ótima “Academia Bizantina”, dirigida pelo jovem Ottavio Dantone. Já declarei minha obsessão em possuir toda esta coleção da Naive, que pretende lançar todas as obras de Vivaldi. As capas são lindíssimas, e a produção impecável. Inclusive, alguns outros CDs da série já foram postados aqui, e outros ainda o serão. Quem viver, verá. Além de trazer a maravilhosa Sandrine Piau (aliás, não é ela quem está na foto da capa, como eu erroneamente imaginava até algum tempo atrás), o CD nos traz também três concertos do padre ruivo, belissimamente interpretados pela Accademia Bizantina.

A verdadeira (e bela) Sandrine Piau

Antonio Vivaldi (1678-1741): In Furore Iustissimae Irae, Rv626, Sinfonia En Si Mineur, Rv169 ‘Al Santo Sepolcro’ , Laudate Pueri, Rv601, Concerto, Rv541, Concerto, Rv286 ‘Per La Solennita Di San Lorenzo’ (Piau, Montanari, Accademia Bizantina, Dantone)

Mottetto RV626 ‘In Furore Iustissimae Irae’
1 Aria: In Furore Iustissimae Irae – Allegro 4:31
2 Recitativo 0:33
3 Aria: Tunc Meus Fletus – Largo 6:10
4 Alleluia – Allegro 1:41

Sinfonia RV169 ‘Al Santo Sepolcro’ In Si Minore
5 Adagio Molto 2:43
6 Allegro Ma Poco 2:20

RV601 ‘Laudate Pueri’ [Salmo 112]
7 Laudate Pueri – Allegro Non Molto 3:06
8 Sit Nomen Domini – Allegro 2:29
9 A Solis Ortu – Andante 3:30
10 Excelsus Super Omnes – Larghetto 3:19
11 Suscitans A Terra – Allegro Molto 2:16
12 Ut Collocet Eum – Allegro 1:43
13 Gloria Patri E Filio – Larghetto 4:02
14 Sicut Erat – Allegro 0:57
15 Amen – Allegro 1:48

Concerto RV541 Per Violino E Organo In Re Minore
16 Allegro 3:50
17 Grave 3:08
18 Allegro Molto 2:09

Concerto RV286 ‘Per La Solennità Di San Lorenzo’ In Fa Maggiore
19 Largo Molto E Spiccato – Andante Molto 5:17
20 Largo 2:44
21 Allegro Non Molto 4:26

Composed By – Antonio Vivaldi
Conductor – Ottavio Dantone
Ensemble – Accademia Bizantina
Soprano Vocals, Liner Notes – Sandrine Piau
Violin – Stefano Montanari

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FDP

Elliott Carter (1908-2012): Orchestral Works (SWR Symph Orch, Gielen, Oppens)

Elliott Carter (1908-2012): Orchestral Works (SWR Symph Orch, Gielen, Oppens)

Obs: quando postei este CD pela primeira vez, em 2008, Carter estava vivo.

Se não podemos garantir a imortalidade da obra de Elliott Carter, podemos afirmar que ele não morre. No dia 11 de dezembro, Carter completará 100 anos. Como cada dia dele é uma nova aventura, decidi postar este CD ainda em vida do compositor. Basta de postagens póstumas! Este decano dos compositores foi aluno de Walter Piston e de Gustav Holst e, em Paris, de Nadia Boulanger. Influenciado por Stravinsky e Hindemith, tornou-se inicialmente neoclássico. A partir dos anos cinquenta, abraçou uma moderada atonalidade cuja complexa rítmica o levou a inventar o termo modulação métrica, a fim de poder descrever com exatidão as frequentes mudanças de andamento de suas obras. Carter vem de outro tempo. MESMO.

A declaração que vem no libreto do CD é típica da Segunda Escola de Viena: Decidi escrever apenas o que me interessava, o que demonstrava os conceitos e sentimentos que tenho em mim, sem nenhuma consideração a um suposto público.

Suposto público? Bem, ao menos ele decidiu mostrar-nos o que faz e o curioso é que seus conceitos particulares na verdade querem dizer que ele manda a crítica às favas e são semelhantes aos de alguns de seus colegas, como Edgar Varèse. Música complicada e densa, gosto bastante de seu Concerto para Orquestra, onde quatro grupos orquestrais de mesma importância interrompem ou ao outro. Parece mais um jogo, principalmente após ouvirmos o dramático Concerto para Piano, um verdadeiro conflito entre piano e orquestra. Nesta peça, há sete músicos que cercam o solista e que devem fazer a intermediação entre este e a orquestra. É um concerto de grande intensidade e complexidade.

As Three Occasions formam uma peça menor.

Um filé para quem gosta de música moderna. Uma tortura para a maioria. Eu gosto bastante.

Elliott Carter (1908-2012): Orchestral Works (SWR Symph Orch, Gielen, Oppens)

Concerto For Piano And Orchestra (1964-1965)
1 I. 10:01
2 II. 12:30

3 Concerto For Orchestra (1969) 22:23

Three Occasions For Orchestra (1986-1989)
4 A Celebration Of 100 x 150 Notes 3:32
5 Remembrance 6:31
6 Anniversary 6:57

Conductor – Michael Gielen
Orchestra – SWR Symphony Orchestra*
Piano – Ursula Oppens (tracks: 1, 2)

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Carter viveu 104 anos!

PQP