Esta caixa é tão, mas tão maravilhosa que nem vou perder tempo justificando a postagem de mais uma série. Apenas digo que serão 27 CDs em 320 kbps que trarão todas as 15 sinfonias, todos os 15 quartetos, todas as sonatas para algum instrumento + piano, o quinteto, trios, os concertos para piano, violino e violoncelo, as suítes… Enfim, é um tesouro! Enjoy!
Ah, tinha esquecido: IM-PER-DÍ-VEL!!!
(Os textos abaixo foram “roubados” do amigo Milton Ribeiro.
Sinfonia Nº 1, Op. 10 (1924-1925)
Shostakovich começou a escrever esta sinfonia quando tinha dezessete anos. Antes disso, tinha composto alguns scherzi que só interessaram à musicólogos. Sua estréia foi mesmo com esta Nº 1, terminada antes do autor completar vinte anos. Ela tornou aquele estudante de música, mais conhecido por ser o pianista-improvisador de três cinemas mudos de Petrogrado, internacionalmente célebre. Tal fama pode ser atribuída por Shostakovich ser o primeiro rebento musical do comunismo, mas ouvindo a sinfonia hoje, não nos decepcionamos de modo algum. É música de um futuro mestre.
Ela começa com um toque de trompete ao qual, se acrescentarmos um crescendo, tornar-se-á um tema de Petrouchka, de Igor Stravinski. Alguns regentes russos fazem esta introdução exatamemente igual à Petroushka. É algo curioso que o jovem Dmitri tenha feito esta homenagem, quando dizia que seus modelos – e isto foi comprovadíssimo logo adiante – eram Mahler, Bach, Beethoven e Mussorgski. Mas há mesmo algo de “boneca triste” no primeiro movimento desta sinfonia. O segundo movimento possui um curioso tema árabe, que é a primeira grande paródia encontrada em sua obra. Um achado.
O movimento lento, muito triste, é daqueles que a Veja consideraria uma comprovação do sofrimento do compositor sob o comunismo e de uma postura fatalista do tipo isto-não-vai-dar-nada-certo, porém acreditamos que a morte de seu pai, ocorrida alguns meses antes e a internação de Dmitri num sanatório da Criméia (ele contraíra tuberculose) tenha mais a ver. Há um belíssimo solo funéreo de oboé neste movimento.
CD 1
Symphony No. 1 in F minor Op. 10
1. Allegretto. Allegro ma non troppo
2. Allegro
3. Lento
4. Allegro molto, Lento Allegro molto
5. Symphony No. 2 in B major Op. 14 for Chorus & Orchestra
6. Symphony No. 3 in E flat major in E Flat major for Chorus & Orchestra
Rundfunkchor
WDR Sinfonieorchester
Rudolf Barshai
Sinfonia Nº 4, Op. 43 (1936)
Uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão os monumentais ecos destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro para a alienação e daí iria novamente para as mortes, representadas pela iminente segunda guerra. Trata-se de um Big Mac seríssimo.
CD 2
Symphony No. 4 in C minor Op. 43
1. Allegro poco moderato
2. Moderato con moto
3. Largo. Allegro
WDR Sinfonieorchester
Rudolf Barshai
Sinfonia Nº 5, Op. 47 (1937)
Esta é a obra mais popular de Dmitri Shostakovich. Recebeu incontáveis gravações e não é para menos. O público costuma torcer o nariz para obras mais modernas e aqui o compositor retorna no tempo para compor uma grande sinfonia ao estilo do século XIX. Sim, é em ré menor e possui quatro movimentos, tendo bem no meio, um scherzo composto por um Haydn mais parrudo. Mesmo para os aficcionados, é uma obra apetitosa, por transformar a linguagem do compositor em algo mais sonhador do que o habitual. Foi a primeira sinfonia de Shostakovich que ouvi. Meu pai a trouxe dizendo que era uma sinfonia muito melhor que as de Prokofiev, exceção feita à Nº 1, Clássica, que ele amava. Alguns consideram esta obra uma grande paródia; eu a vejo como uma homenagem ao glorioso passado sinfônico do século anterior. A abertura e a coda do último movimento (Allegro non troppo) costuma aparecer, com boa freqüência, em programas de rádio que se querem sérios e influentes…
Sinfonia Nº 6, Op. 54 (1939)
Uma perfeição esta sinfonia cujo dramático, concentrado e lírico primeiro movimento (um enorme Largo) é seguido por dois allegros, sendo o último pra lá de burlesco, chegando a ser mesmo circense (Presto). A estrutura estranha e inexplicável tem o efeito, ao menos em mim, de uma compulsão por ouvi-la e reouvi-la. Acho que volto sempre a ela com a finalidade de conferir se o primeiro movimento é mesmo tão perfeito e profundo e para buscar uma explicação para a galinhagem final – isto aqui não é uma tese acadêmica, daí a palavra “galinhagem” ser permitida… Nossa sorte é que existe aquele segundo Allegro central para tornar a passagem menos chocante. Esta belíssima obra talvez faça a alegria de qualquer maníaco-depressivo. É uma trilha sonora perfeita para quem sai das trevas para um humor primaveril em trinta minutos. Começa estática e intelectual para terminar num circo. Simplesmente amo esta música! É um pacote completo e de só uma via com desespero, sorrisos e gargalhadas.
CD 3
Symphony No. 5 in D minor Op. 47
1. Moderato. Allegro non troppo. Moderato
2. Allegretto
3. Largo
4. Allegro non troppo. Allegro
Symphony No. 6 in B minor Op. 54
5. Largo
6. Allegro
7. Presto
WDR Sinfonieorchester
Rudolf Barshai
PQP
E eis que quando o domingo chatíssimo termina, nosso PQP vem com essa surpresa maravilhosa! Realmente eu não esperava uma série com esse fôlego… A música de shosta é poderosa demais… vale sempre mais e mais postagens.
Estava até pensando em postar algo hoje, mas é melhor dar um tempo e deliciar-me com estas maravilhas. Espectralmente IM-PER-DÍ-VELLL®!
E não é que esse tal de Milton Ribeiro escreve bem até?
Чудесный!
PQP, ESSE SEU TEXTO É MEMORÁVEL.
PENSO EM QUE IMENSO SERVIÇO VOCÊ PRESTA AOS LEITORES E OUVINTES.
SEI QUE VOCÊ NÃO ACREDITA EM CARMA, NEM EM DHARMA, MAS SE O ÚLTIMO EXISTIR VOCÊ O ESTÁ CONTRAINDO DE MONTÃO.
abraços.
eita, escrevi no post errado, tinha aberto os dois.
desculpe, vou postar no lugar certo.
Espetacular, Shostakovich é um verdadeiro gênio! imperdivel!
Nao está mais disponível 🙁
conserta o link do cd 2 aí fazendo favor!!!
ola
é foi expirado do rapidshare…
teriam como postar novamente?
obrigado
Adolfo Emanuel.
ola
é que foi expirado do rapidshare…
teriam como postar novamente?
obrigado
Adolfo Emanuel.
pela primeira vez em trocentos e tantos dias que eu venho ao pqpbach (leia-se o melhor blog que eu conheço) e os links que eu quero estão expirados… pra tudo uma primeira vez.
pqp conserta os links do tio Dmitri, por favor.
Pqp, conserta os links do tio Shosta, por favor.
Tio PQP, venho novamente encher-te o saco à respeito dessa admirável edição das obras do Shosta, os links encontram-se corrompidos, obrigado desde já e, parabéns pelo seu blog (sou um entusiasta e divulgador do mesmo).
Ô amigo, estou tentando baixar. Más, não consigo. Os links estão quebrados!!!