.: interlúdio: Yamandu Costa, Lida :.


Em sua mais recente passagem pelo país, o maestro alemão Kurt Masur apelidou Yamandu Costa de “o Paganini do violão”. O gaúcho de Passo Fundo achou a comparação exagerada e se apressou em dizer que não tinha pacto com o demônio – segundo a lenda, o violinista Niccolà Paganini tinha. Além de ser um magnífico elogio, a alcunha inventada por Masur serviu para ressaltar o vínculo de Yamandu com o universo erudito. No mesmo ano em que estreou sua peça Bachbaridade (uma suíte para violões) no palco do Municipal do Rio de Janeiro, o músico gravou um disco com o sanfoneiro Dominguinhos, talvez o maior expoente vivo do forró. Agora solta mais um álbum – o oitavo da carreira – em que a música regional dá as cartas. (daqui)

 

O disco em questão, Lida, foi lançado em 2007, de forma independente, e está esgotado – como todos os outros de Yamandu. Assim como no Duofel postado há um tempo atrás, este cão se envereda pela seara dos violonistas – que evocam Radamés Gnatalli, Baden Powell e um certo regionalismo que é difícil de encontrar em dose igual à do talento instrumental (ok, não vou falar de Hermeto hoje). O resultado é essa sempre procurada sensação antagônica – de relaxamento cerebral ao mesmo tempo em que ele põe-se louco a decifrar a complexidade do que se ouve. E para mim, pouco brilho pode ser maior que este, em que uma trama tão desafiadora dá forma a algo tão belo quanto simples. A isso rotulam “genial”, e eu concordo meneando a cabeça, em respeitoso silêncio.

Yamandu Costa – Lida (320)
Yamandu Costa: violão de 7 cordas
Guto Wirtti: baixo acústico
Nicolas Krassik: violino

download – 83MB
01 Baionga
02 Missionerita
03 Dayanna
04 Lida
05 Ana Terra
06 Bem Baguala
07 Brincante
08 Adentro
09 Encerdando
10 Ventos dos Mortos

Boa audição!
Blue Dog

11 comments / Add your comment below

  1. Belíssimo disco, execelente comentário. A convivência paradoxal de simplicidade e complexidade é muito boa pra explicar certa produção que bebe no popular e ao mesmo tempo flerta com o erudito. Borghetti é outro bom exemplo.

    1. Talvez este seja o seu sobrenome… E Yamandu com certeza não é seu parente – sorte dele, azar o seu. Não tente arrumar parentesco com gente superior a você, ainda mais rebaixando-a a seu nível desprezível.

  2. Merecia deleção, Blue Dog.

    Ofender Yamandu é apenas ofender uma parte da música. Uma parte importante, muito boa e brasileira dela. Meu limiar de tolerância é menor. Deve ser um pré-adolescente de colégio de padres. Deve ser AQUELE coroinha.

  3. Obrigado pelo presente de aniversário. É bom comemorar meus 16 anos ao som deste maravilhoso CD. Mais uma vez, muito obrigado. Pena que a TV não divulga a verdadeira música brasileira de qualidade, só aquele lixo atômico chamado funk e outros mais, menos nocivos, mas de qualidade péssima também. É isso aí, continuem “polinizando a beleza pela blogosfera”, já que os demais meios de comunicação estão poluídos…

  4. Yamandu, o mestre. Tudo que ele faz é no mínimo assombroso. Nunca vi igual! Já assisti algumas coisas dele na Rede Cultura e pela Internet. Ele e Ana Vidovic, os melhores que eu conheço na área do violão erudito.

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