F. Chopin (1810 – 1849) / F. Liszt (1811 – 1886) / R. Schumann (1810 – 1856): Peças para piano com Hélène Grimaud… ahhhhh…

Há uns quatro meses, o Dr. Cravinhos enviou 2 CDs para o P.Q.P. Enviou para mim… mas deveria ter enviado um para mim e outro para FDP. Um considero espetacular, perfeito, maravilhoso — logo será postado — e o outro lastimável. É este que ora vos posto. Desculpe, mas eu odeio severamente a pianística de Chopin (sem exceções) e Liszt (salva-se a Sonata em Si Menor e La lugubre gondola). E suporto com muitas restrições o pianismo cheio de dedos de Bob Schumann. Quando comecei a ouvir este CD, minha mulher e filhos me perguntaram se eu queria expulsá-los de casa. Juro que quase saí junto. Que século estranho o XIX… Como é que o denso e profundo Brahms podia gostar dessas rarefações ornamentais para piano de Schumann? Claro que o negócio dele (de Brahms, bem entendido) era a Clara! E como Schumann conseguiu aquelas obras de câmara, aquele quarteto e quinteto para piano fazendo isso em casa? Ô, Cravinhos, os românticos mais… mais… sei lá, devem ir para outro guichê! Porém, o CD é elogiadíssimo e deve ser bom para quem gosta. E a pianista é muito gostosa.

A Balada No. 1, Op. 23 é a primeira que Chopin escreveu. Imaginem que o polaquinho nos torturou com mais quatro! Foi composta entre os anos de 1835 e 1836 durante sua primeira temporada parisiense e é dedicada a um certo Barão de Stockhausen, que ironia… Chopin cita o poeta Adam Mickiewicz — deixem este poetastro longe de mim! — como uma influência para as baladas, mas a “inspiração exata” não é clara. Sorte das outras influências pois teriam de ser ofendidas junto com o MICKEYwicz.

Après une Lecture de Dante: Fantasia quasi Sonata é uma horrenda sonata em um movimento, escrita em 1849. É quase música. Foi publicada em 1856 como parte dos Anos de Peregrinação. Claro que o sogrão lia A Divina Comédia, certamente o Inferno. Se é este mesmo o caso, a sonata poderá ser reavaliada.

A Sonata para Piano, Op. 11 foi descrita por nossa colega Clara Wieck como “um apelo de meu coração ao seu”. Quer dizer: do coração dela para o de Bob. Foi aqui que minha família me ameaçou de deserção. Dizem que Clara participou da composição, mas não a salvou dos lugares-comuns. É música discursiva e vazia de cabo a rabo.

Agora, essa pianista… Ah, eu comia!

FRÉDÉRIC CHOPIN (1810 – 1849)
1) Ballade No. 1 in G minor, Op. 23 (8:19)

FRANZ LISZT (1811 – 1886)
2) Aprés une lecture de Dante (torturantes 15:13)
Fantasia quasi sonata
-Années de Pélerinage, Deuxiéme Année “Italie” S.161

ROBERT SCHUMANN (1810 – 1856)
Sonata for Piano in F-sharp minor, Op. 11
3) I- Introduzione: Un Poco Adagio-Allegro vivace (11:24)
4) II- Aria (2:53)
5) III- Scherzo e Intermezzo: Allegrissimo (4:51)
6) IV- Finale: Allegro un poco maestoso (11:13)

HÉLÈNE GRIMAUD, piano

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PQP

38 comments / Add your comment below

  1. Quanta maldade nesta sua cabecinha, caro PQP…! deste jeito você vai para o purgatório romântico, com direito a ter de ouvir os 95 cds das gravações das obras completas de Liszt na interpretação do Leslie Howard se quiser ir para o paraíso…

  2. Com relação à Helene Grimaud,faço aqui uma confissão: ela é realmente lindíssima, e se eu já não fosse casado a pediria em casamento. Quando voltar de viagem vou trazer seu interessante Beethoven.

  3. Não vou comentar nada a respeito das restrições de PQP com relação a Chopin de quem gosto, principalmente quando estou muito bêbado ou na fossa (coisa que não ocorre há pelo menos 6 anos, ufa…). Mas, P.Que Pariu, que pianista linda! Ela poderia ficar tocando a inspuportável música contemporânea o tempo todo que eu estaria ali na primeira fila.

  4. Ah, vocês não conheceram em pessoa a Kristina Miller-Koeckert, pianista russa esposa do violinista alemão [filho de brasileira] Nicolas Koeckert. Eu ficava desestabilizado quando a via em pessoa… E depois quando soube que ela inadvertidamente tirou o roupão num hotel sem estar de biquíni (nem em cima nem embaixo*), aí endoidei.

    * Deram um toque para ela se vestir, senão ela nem se importaria.

  5. Sabem que já pensei em fazer uma série de postagens levando em consideração apenas esta questão de beleza das intérpretes? Me veio em mente então a Lara St John, que aparece seminua na capa de seu cd em que toca Bach, a Julia Fischer, a Grimaud, a Mutter, a Olga Kern, a Mullova quando era novinha… o que os senhores me dizem?

  6. “(…)Desculpe, mas eu odeio severamente a pianística de Chopin (sem exceções) e Liszt (salva-se a Sonata em Si Menor e La lugubre gondola). E suporto com muitas restrições o pianismo cheio de dedos de Bob Schumann. Quando comecei a ouvir este CD, minha mulher e filhos me perguntaram se eu queria expulsá-los de casa. Juro que quase saí junto. Que século estranho o XIX… Como é que o denso e profundo Brahms podia gostar dessas rarefações ornamentais para piano de Schumann? Claro que o negócio dele (de Brahms, bem entendido) era a Clara!(…)”

    Opinião de um classicista pernóstico que só aprova toda música desprovida de sentimento e/ou estrutura arquitetônica pétrea e imútavel na qual formas livres, como as peças de Chopin, são verdadeiras porcarias. Chopin não é um dos meus favoritos, porém a criatividade e sensibilidade de suas peças para piano solo são encantadoras, e sempre ouço quando busco ouvir algo mais popular porém com qualidade. Sem falar que Chopin é melhor que Lizst e Rachmaninov.
    Século estranho o XIX? Ora, foi o século em que obras-primas foram concebidas e ouvidas até hoje. Não que os anteriores tivessem sido desprovidos de obras-primas, porém olha-lo com desdém é refutar sua importância na História da Música e na Música como forma de Arte e expressão de pensamentos/sentimentos, seja do artista ou de um século inteiro.
    E quem disse que Brahms estava certo em tudo que dizia sobre música? Foi um dos maiores, se não o maior, compositor do século XIX (esse mesmo “estranho”)mas nem por isso infalível. A obssessão dele pela perfeição estética fez dele um sujeito amargo e insuportavel. Diria até neurótico e pernóstico. E o mais engraçado é que detestava Chopin e Lizst mas admirava Wagner e J.Strauss. Strauss com suas valsas tediantes. Wagner que mandava ele tomoar naquele lugar.
    Sem falar que sempre desejou Clara e nunca se declarou ou “xavecou” a mulher. Porra, o prestígio dele somado à amizade e simpatia mútuas foram mais que suficientes para se relacionarem. Se se relacionaram, foram às escondidas. Enquanto “Bob” estava vivo, vá lá, mas depois que o cara pirou, tinha mais que mandar ver, que a mulher tava mais que disponível.
    A Helene não tá com essa bola toda não. É bela, mas não a mais bela pianista. Na verdade, é bem comumzinha.
    E eu achava que só tu PQP era bachianamente perfeccionista, não a família toda.

  7. Sander, fizeste um apreciável exercício de agressividade. Porém, é infantil te sentires atacado pela expressão das preferências de outrem. Achaste que mudarias alguma coisa fazendo um destampatório? Não, né?

    Então discorde cordialmente. Faz bem.

    E, se tivesses refletido um pouco, notarias que PQP é uma “persona” exagerada e provocativa. Mas é para rir, não para ficar de beicinho, tá?

      1. Olá Villa!
        Como sempre, uma apresentação crítica impecável.
        É, realmente, com admiração, que lemos suas análises e partilhamos suas sempre adequadas comparações.
        Talvez um pouco sérias e aprofundadas demais para um público que, as vezes, pensa ser a galhofa brasileira o mais fino humorismo equiparável aos dos franceses ou dos ingleses quando não passa do mais puro pastelão americano.
        Mas isto, um dia, vai passar.
        Um grande abraço e não se amofine demais. Um dia isto vai passar.
        Quanto a você, felicitações pelo aprofundado texto cheio de sábios ensinamnetos.
        Edson

    1. Oi PQP.
      Minha mulher também detesta Schumann.
      Ela prefere Luiz Gonzaga!
      Sim! Aquele que foi eleito pela população, no ano 2000, como o Homem de Cultura do Milênio (o milênio que acabou).
      Imagine só!!! Êta Brasil!!!
      Bem! Essas coisas acontecem, não é?
      Acho, sim, que as Sonatas não são o forte de Schumann.
      Mas ele tem coisas absolutamente geniais.
      Inclusive a Fantasia, que você ja disse detestar.
      Bem, quem detesta a Fantasia não pode mesmo gostar de nada do estilo de Schumann.

      Estou imaginando como é que você vai sobreviver em 2010.

      Homenagens o ano inteiro a Schumann e a Chopin.

      A dupla do ano!!!

      E você não vai poder escapar disto.

      Bem, caro, PQP, vai ser um problemão, não é?

      Mas você acaba se reeducando, o que eu não posso dizer de minha mulher que é um caso perdido mesmo.

      PS- Espero que não elejam esta “Moça da Capa” como sendo “A Pianista do Milênio 2000”.

      É que ela tem muita sarda.
      (…sempre se pode colocar um defeitinho e transformá-lo em um defeitão, né?…)

      Além do que, mesmo detestando Schumann, eu prefiro minha mulher…

      …é que… …bem… …eu a conheço melhor, né?

      Um abração a todos.
      Edson

  8. Caro senhor PQP.
    Discordo cordialmente de suas opniões a respeito dos “românticos líquidos”, como já referistes em outros tópicos.
    Quanto à Grimaud, tão perfeita quanto a torturante terceira Balada de Chopin…

  9. Não será um problema, Edson. No ano passado, passei os meses de verão sem ver a cara de nenhum BBB e este ano também não vi nenhum… Chopin e Bob não terão a rede Globo…

    E eu detesto mesmo Chopin. De Schumann gosto demais, o que não dá para aguentar são as pianices de última categoria. Não esqueça que postei TODA sua obra de câmara e amo as sinfonias.

    E adoro sardas!!!!!

    1. É PQP!
      Sardas são engraçadinhas assim logo no começo.
      Mas, com o tempo… …ficam insuportáveis…
      É, também é verdade que você postou muitos românticos, inclusive o melhor de Schumann.
      Mas você espinafra tanto o pessoal da época e menospeza tanto o estilo dos mesmos que a gente acaba confundindo tudo.
      Eu me desculpo por haver misturado Brahms com Chopin e os dois com Schumann.
      Estilos diametralmente opostos.
      É claro não ser possível comparar Chopin a Brahms, pois, ambos podem ser comparados apenas a eles próprios.
      Sendo assim é compreensível e mesmo justificável gostar-se do estilo de um e não do estilo do outro.
      Mas, não custa reconhecermos os méritos que existem aqui e ali, não é mesmo. Afinal, mesmo não sendo um Brahms, Chopin é um compositor respeitável. Ou não é?
      Um grande abraço.
      Não sei não… …o estilo das sardentas…
      Será que as sardas influenciam a audição? …a dos outros, é claro!

  10. José Fernando e outros românticos.

    Se vcs quiserem me mandar CDs com obras românticas que acham que fazem falta ao blog, podem mandar para mim (com o texto, para que eu não escreva o que escrevi neste CD) ou para FDP, que gosta.

  11. Quanta vagabundagem. 28 comentários… sei, 29 com o meu, levado pela provocação do PQP. Não sou um especialista, mas gosto bastante de Chopin, coitado, que sofreu como um cão e ainda tinha que aguentar aquele senhora com nome de homem, a George Sand. E ainda vem o PQP chutar a obra dele.

    Quanto à Hélène Grimaud (nome danado de digitar, vai uma reforma ortográfica nele?), eu também comia, o que fazer?, como a coisa aqui desandou para, como disse o nosso Marcelo Coelho, um clima de pátio do recreio de ginásio, podem achar que eu sou maricas.

    Mas o PQP começou primeiro. De vez em quando bate esse espírito de Milton Ribeiro no PQP, desse jeito assim, o raposão colando as fotinhas da moça feito uvas verdes. Ah, tá bom…

    Vou baixar o Chopin da moça e ouvir escondido para que não pensem que nada sei de música ou que sou tarado.

    Eu comia a Grimaldi mas não carregava um piano por ela, não. A experiência já me mostrou que assim como mesa, beleza muitas vezes também não põe cama. Mas não custa conferir.

  12. Esses comentários relacionados aos nossos amigos romanticos são realmente bem abusivos. Chopin eu defendo, Schumann, nem tanto, só tem umas duas músicas q servem. Agora, essa mulher aíí!! Fooda hein! Como ela todinha!!!!!!! Q delícia!!

  13. Oi pessoalzinho frustrado!
    Não digam que vão se masturbar?
    Agora, uma pergunta: esse blog é proibido para menores de 11 anos?
    Tive de mudar aminha senha e impedir o acesso de minhas sobrinhas menores, as quais eu desejaria ver olhando para a vida com menos sacanagem e para a cultura como sendo uma coisa mais fina.
    Mas, parece que não é.
    Oh PQP!
    Você deveria colocar um aviso na entrada do blog alertando sobre a incoveniência de se querer dar melhor educação a crianças crédulas através dele.

  14. Concordo com o Edson. Acho que o negocio passou dos limites, daqui a pouco vão começar a descrever o que fariam com a sra. Grimaud… Acho que é efeito da psicologia de massa (observando percebemos que os comentários foram ficando pouco a pouco mais e mais abusados, como se o numero de comentarios e o conteudo desses encorajasse um passo a mais). Eu acho isso, e olha que eu tenho 19 anos, pô.
    (Alias, ela nem é tão bonita assim para essa festa toda. Tá certo, é bonita, mas existem milhares de outras muito mais…)

    E não, não sou gay. 🙂

  15. Sempre frequentei esse blog como anônino…como disponho de pouquíssimo tempo pois trabalho praticamente em tempo integral, limitava-me apenas baixar ótimos discos aqui e , vez por outra, quando o sono não me fazia resvalar para a cama, ler comentários deveras valiosíssimos!!!
    Passei praticamente 06 meses sem freqüentar o Blog..acabei de voltar e como AMO CHOPIN, SCHUMANN e toda a geração romântica(Mendelssohn nem tanto,mas…)vim direto ao link de Chopin para ver as novidades e me deparei com os posts acima…Não me contive, e esse é então meu primeiro post aqui,infelizmente não para participar do debate tão democrático e enriquecedor que este blog muitas vezes consegue promover, mas sim pra criticar:
    Com efeito, a coisa aqui descambou para um quê de vulgaridade que mais combina com os diálogos de mesas juvenis das novas gerações(sim, pq até os jovens do ontem se valiam de uma verve mais elegante mesmo quando o assunto era sacanagem…)do que com pessoas que lidam com sonoridades, atmosferas, humores, enfim estados d’alma bem mais refinados,propiciados pela audição de boa Música…ou ela não surte mais esses efeitos em vossos ouvidos e o hábito de sua audição deixou de ter um efeito prático nessas esferas do sensível e tornou-se apenas um “passatempo” exibicionista de suposta erudição de pessoas pretensamente intelectualizadas…?!
    Sem pseudo-pudorismo,mas é decepcionante encontrar tais “posts” no lugar de comentários que realmente valessem à pena ser lidos…

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