A gravação mais bela que ouvi da Sonata para Arpeggione foi a realizada em 1968 (?) por Rostropovich e Benjamim Britten. Era uma época estranha e o fato de que estes dois grandes músicos tenham gravado alguns discos juntos era motivo de pasmo. Houve gente “importante” que perguntava-se o que um homossexual estava fazendo com um comunista… Tenho em vinis muito bem guardados. São estupendos! Porém, em 1985, estávamos nos primeiros anos da colaboração entre o violoncelista Mischa Maisky e a pianista Martha Argerich. Como sabemos, Martita era um pouco maluquinha quando jovem e alternava concertos espetaculares e desinteressados. Para nossa sorte – e dela também -, gravava apenas a parte espetacular.
Aqui, não há nada dos dedos em fogo apontados por FDP e isto é um elogio à argentina: ela se adapta à música, não realiza o inverso, o que é às vezes inadequado, meu caro (e amado) Glenn Go… Deixa assim! A música da Arpeggione é linda, melodiosa e anunciadora do melhor romantismo. A sonata é acompanhada de algumas peças de Schumann que não prejudicam nem um pouco o CD, ao contrário.
Penso sinceramente que Clara Schumann não postou este disco por motivos de pudor. Afinal, trata-se de um disco em que estão juntos seu marido e seu maior amor musical!!! Só faltava uma obra de Brahms…
P.S.- Por que todos amam nossa Clara Schumann? (Me incluam nessa lista.)
P.P.S.- Arpeggione? Pois é. O “Arpeggione” é primo-irmão do violoncelo, porém com seis cordas como o violão. Foi inventado pelo luthier vienense Johann Georg Staufer em 1823. O instrumento caiu em desuso, ficando apenas seu nome. A “Sonata para Arpeggione” ou “Sonata Arpeggione” é habitualmente interpretada ao violoncelo e considerada uma das obras mais tecnicamente difíceis do repertório: fazer nas quatro cordas do violoncelo o que está escrito na partitura para as seis cordas do arpeggione implica verdadeiros malabarismo técnicos. Justificadamente, assim, ela é temida pelos violoncelistas. A primeira edição desta belíssima sonata foi publicada somente em 1871.
Franz Peter Schubert
1. Sonata for Arpeggione and Piano in A minor, D.821 – 1. Allegro moderato 11:57
2. Sonata for Arpeggione and Piano in A minor, D.821 – 2. Adagio 4:35
3. Sonata for Arpeggione and Piano in A minor, D.821 – 3. Allegretto 9:24
Robert Schumann
4. Fantasiestücke, Op.73 – 1. Zart und mit Ausdruck 3:13
5. Fantasiestücke, Op.73 – 2. Lebhaft, leicht 3:15
6. Fantasiestücke, Op.73 – 3. Rasch und mit Feuer 3:44
7. 5 Stücke im Volkston, Op.102 – 1. Vanitas vanitatum (Mit Humor) 3:17
8. 5 Stücke im Volkston, Op.102 – 2. Langsam 3:51
9. 5 Stücke im Volkston, Op.102 – 3. Nicht schnell, mit viel Ton zu spielen 4:54
10. 5 Stücke im Volkston, Op.102 – 4. Nicht zu rasch 2:10
11. 5 Stücke im Volkston, Op.102 – 5. Stark und markiert
Mischa Maisky, cello
Martha Argerich, piano
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
[restaurado por Vassily em 5/6/2021, em homenagem aos oitenta anos da Rainha!]
Caro PQP, eu já estava preparando este mesmo cd para ser uma de minhas próximas postagens.. aliás, tenho em algum lugar uma gravação desta sonata tocada pelo John Williams, ou seja, numa versão para violão. Tentarei publicá-la, assim que conseguir encontrá-la.
Interessante, não tinha noção que o Arpeggione era temperado.
ótima música inclusive
abraço
Rostropovich e Britten for ever and ever! Eu tenho ela em cd com eles,por isso quando saiu a do Menezes com o Wyss desanimei de comprar mais uma pois , Slava e Britten são definitivos, e a alternativa para eles é realmente Argerich e Mischa!
PQP,
Por pudor, claro! 😛
Eu tb vou postar a “arpegione”, com o Christophe Coin et alii!
Qto a todos amarem Clara Schumann, bem…
Eu tb gosto mto de vcs! 😛
Bjs!
P.S – Tavez amem a Clara Schumann protagonizada pela Nathasha Kinsky, no “sinfonia de primavera”:P
Que coisa mais linda e comovente é esta Argentina fazendo Música de Câmera.
Juntamente com Maisky é de fazer chorar.
Chega-se, ai, à perfeição de um Schumann que, se eu fosse a Clara, não abandonaria por Brahms algum e, menos ainda, por Schubert.
É expressivo demais e todas as angústias que nos vão na alma são apaziguadas, doloridamente, por três gênios que se juntaram para nos fazerem ver que eles podem senti-las e acalmá-las(pois são, igualmente as deles)…mas, jamais, eliminá-las. Precisamos conviver com elas…
Martha é demais.
Junto a Maisky e ao se voltarem para Schumann, são insuperáveis.
Obrigado por uma postagem assim. É a Arte no mais alto grau.
Edson