.: interlúdio :.

Referências.

1. “Hell, just listen to what he writes and how he plays. If you’re talking psychologically, the man is all screwed up inside.” – Miles Davis, 1959
2. The Grafton Alto and Tenor were first produced in the UK just after WW2, when brass was in short supply and very expensive. (…) The saxophone was made out of bakelite, an early easily mouldable, but brittle plastic. The keys, rods and springs were made out of metal. (…) The sound was quite good considering the technology of the period. It lacked something in resonance and had a very short vibration period, so sounds were more damped.

Agosto de 1959: Miles Davis lança a maior (ou ao menos a mais popular entre as maiores) obra-prima do jazz, Kind of Blue.
Alguns meses depois: a atenção de Kind of Blue é obnubilada por uma verdadeira revolução no jazz – um disco gravado por um quarteto sem piano, apresentando músicas de estrutura sem acordes, onde todos os artistas improvisavam ao mesmo tempo e o líder tocava em um saxofone de plástico! (Diga-se de passagem, Charlie Parker já havia tocado com um desses também.)

Miles, óbvio, ficou enciumado e possesso. Mas diante da criação do avant-garde jazz e do free jazz por um homem que não tinha dinheiro para um instrumento decente, teve de resignar-se. E roubar seus músicos nos anos seguintes. Esse homem era uma ameaça – Max Roach chegou a acertar-lhe um soco na boca, em um de seus shows no Five Spot, à época -, mas desbravou com obstinação o mundo (então e ainda) desconhecido da música livre.

Shapeofjazztocome

Ornette Coleman – The Shape of Jazz to Come (128)
Ornette Coleman: alto saxophone
Don Cherry: cornet
Charlie Haden: double bass
Billy Higgins: drums

Produzido por Nesuhi Ertegün para a Atlantic

download – 46MB
01 Lonely Woman 5’02
02 Eventually 4’22
03 Peace 9’04
04 Focus on Sanity 6’52
05 Congeniality 6’48
06 Chronology 6’03
[bonus tracks da edição japonesa de 2006]
07 Monk and the Nun 5’55
08 Just for You 3’50

Boa audição!

4 comments / Add your comment below

  1. Ornette Coleman sempre foi uma grande referência para mim. Como gosto das coisas mais viscerais em jazz – como Mingus, clarah um -, Ornette apareceu realmente obnubilando (para utilizar teu verbo “moderno”) não apenas Miles, mas um mont de gente.

    É um grande CD esse!

  2. Sander! Uma hora o disco vai pintar por aqui. Ainda não apareceu porque os ouvidos tem escolhido outras prioridades. Nesse meio tempo, podes te divertir (sem a historinha :P) baixando-o nesse link aqui. Abraço!

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