Edvard Grieg (1843 1907) – Canções

Vocês não têm culpa de nada, claro. O fato é que eu tenho um walkman antigo que toca só CDs de áudio e ontem fui dormir com a Anne Sofie von Otter cantando só para mim. Dormi de costas com o aparelho sobre a barriga e acordei de bruços sobre o aparelho mas sem nenhuma Anne Sofie. Ela, aos 52 anos, ainda é uma coroa enxuta, mas de qualquer maneira acordei sem ela e sem sua voz. Mas chega de besteira. Este CD da DG foi lançado em 1993 dentro das comemorações dos 150 anos de nascimento de Grieg. A sueca Anne Sofie está impecável em sua homenagem ao maior compositor do país fronteiriço. Muita atenção para o extraordinário pianista Bengt Forsberg. Creio que não precise escrever muito sobre von Otter. Trata-se de uma das maiores cantoras de sua – nossa, minha – geração, porém o principal é que, além dos excepcionais dotes de cantora, a mulher com que dormi esta noite é de perfeito bom gosto. Em vez de berrar PucciVerdis por aí, prefere ganhar seus prêmios Grammy, Diapason, Gramophone e outros cantando Mahler, Bach, Schubert, Ravel, Brahms, Mozart, Bartók, Berg, Gluck, Purcell, Stravinsky, Handel, Debussy e Bizet, raramente caindo na tentação italiana. Chegou bem perto dos PucciVerdi ao gravar – e ser novamente premiadíassima – a ópera Werther de Massenet. É óbvio que ela deve ter feito algum papel que não gosto, mas certamente foram poucos e prefiro permanecer na ignorância. Afinal, nunca sabemos tudo sobre nossas mulheres.

É fato notável como sempre atribuímos bom gosto àqueles que têm nosso gosto.

Grande disco, viram? Para ouvir com atenção e minúcia. Na décima audição ainda estaremos descobrindo sutilezas…

Anne Sofie von Otter – Grieg Songs

1. Haugtussa Op. 67: 1. Det syng
2. Haugtussa Op. 67: 2. Veslemøy
3. Haugtussa Op. 67: 3. Blåbær-Li
4. Haugtussa Op. 67: 4. Møte
5. Haugtussa Op. 67: 5. Elsk
6. Haugtussa Op. 67: 6. Killingdans
7. Haugtussa Op. 67: 7. Vond Dag
8. Haugtussa Op. 67: 8. Ved Gjætle-Bekken
9. Seks Sange op. 48: 1. Gruss
10. Seks Sange op. 48: 2. Dereinst, Gedanke mein
11. Seks Sange op. 48: 3. Lauf der Welt
12. Seks Sange op. 48: 4. Die verschwiegene Nachtigall
13. Seks Sange op. 48: 5. Zur Rosenzeit
14. Seks Sange op. 48: 6. Ein Traum
15. Seks Digte af henrik Ibsen op. 25: 2. En svane
16. Seks Digte af henrik Ibsen op. 25: 4. Med en vandlilje
17. Fem Digte af John Paulsen op 26: 1. Et håb
18. Tolv Melodier til Digte af Aasmund Olavsson Vinje op. 33: 2. Våren
19. Digte af Vilhelm Krag op. 60: 3. Mens jeg venter
20. Barnlige sange op. 61: 3. Lok
21. Tolv Melodier til Digte af Aasmund Olavsson Vinje op. 33: 5 Langs ei Å
22. Romancer op. 39: 1. Fra Monte Pincio
23. Hjertets Melodier af H. C.Andersen op. 5: 1. To brune Øjne
24. Hjertets Melodier af H. C.Andersen op. 5: 3. Jeg elsker Dig
25. Seks Digte af Holger Drachmann op. 49: 6. Forårsregn

Anne Sofie von Otter (Mezzosoprano),
Bengt Forsberg (Piano)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

17 comments / Add your comment below

  1. Caro PQP,
    Anne Sofie von Otter já cometeu algum desize na sua carreira.
    Outro dia, baixei um disco dela chamado I Let The Music Speak lançado em 2006 pela DG, onde interpreta músicas de seus conterrâneos Benny Andersson e BJörn Ulveus e canta algumas canções do ABBA.
    Ela tem uma belíssima voz.

  2. Luciano, você disse canções do ABBA? Quer então que eu cometa suicídio depois do que escrevi sobre o que seria “o bom gosto dela”?

    Bom, vou tratar de ignorar esta provável verdade… Canções do ABBA, aquela coisa ridícula? Nego-me a conferir a informação….

    :¬)))

    Grande abraço, Luciano. Comente coisas mais agradáveis na próxima vez! hahahahaha

  3. Caro PQP,
    Estes deslizes acontecem. Monserrat Caballé gravou com Freddie Mercury. Mas o que me chamou a atenção foi que o cd onde Anne Sofie canta músicas do ABBA saiu pela DG. Filipa Giordano gravou La Barcarolle com a Anni Frid [a ruiva do ABBA]. O Pavarotti gravou com muitos artirstas do pop e do rock . . . Se formos divagar nesta seara não vai acabar bem. Bom, o Karajan não agiu assim.
    Você entendeu mal, eu não estou macomunado com quem quer que seja para deprimí-lo, pelo contrário, quero que este blog dure muito tempo e que não perturbem o humor de um senhor de trezentos anos como é o seu caso.
    Luciano

  4. “Em vez de berrar PucciVerdis por aí, prefere ganhar seus prêmios Grammy, Diapason, Gramophone e outros cantando Mahler, Bach, Schubert, Ravel, Brahms, Mozart, Bartók, Berg, Gluck, Purcell, Stravinsky, Handel, Debussy e Bizet, raramente caindo na tentação italiana.”

    Comentário deprimente

  5. O PQP deve estar pensando agora: “Antes ela tivesse gravado vinte discos de PucciVerdis…”.

    Assim como o Luciano, achei curiosíssimo o fato de o infame disco em discussão ter saído pela DG. Não sou capaz de imaginar qual motivação teria levado o selo a gravá-lo. Já a Sofie… Bem, provavelmente sua motivação para cantar as canções do ABBA foi um sentimento de nostalgia. O grupo deve ter marcado de alguma maneira momentos de sua juventude, não? Se esse for o caso, acho que não é tão ruim assim fazer um interlúdio lúdico (hmmmm…) em sua carreira tão brilhante. Além disso, PQP, apesar de ter dito naquela marrrrafilhosa entrrrefista que não ouve música de má qualidade, duvido muito que não exista nenhuma porcariazinha que você, secretamente, gosta de ouvir de vez em quando, por motivos que podem ser sentimentais, até. Eu mesmo tenho um monte de discos do ……… É melhor nem dizer.

    É isso =)

  6. Victor, assino embaixo e por todos os lados teu comentário. Preferia vê-la fazendo todas as vozes de todos os Pucciverdis à possibilidade de ouvi-la cantando um ABBA (a gente tem que escrever isso sempre em maiúsculas:?)

    Victor, só entre nós: gosto do The Who, de Tom, de Chico, mas isso não vale, é boa música. Porém, … existe coisa mais alegre e motivadora do que ouvir um grupo inglês chamado Slade com um cantor que grita como um mamífero recém e injustamente desmamado?

    Todo mundo tem seu lado B.

  7. Luciano, eu entendi perfeitamente, obrigado.

    Porém, acho OK cantar com um cara de boa voz e bom compositor em sua praia como é o Mercury. Digamos que pode ser divertimento para uma cantora lírica e para ele.

    Já cantar abba… abba? Só pode ser lembranças de um namorado, algo assim.

  8. PQP,
    pensando bem, pode ser comércio pelo fato da DG ser um selo da Universal Music e tal como o abba [com letras mínúsculas] também ter seus discos distribuidos por esta gravadora. . . Mesmo assim, pela idade da Anne Sofie [52 anos] creio que tenha a mesma idade deles, talvez até se conhecessem, pelo fato de serem suecos e morarem em Estocolmo, ou até freqüentarem alguns lugares em comum. Melhor nem saber e nem tentar entender.
    Luciano

  9. Olhe por um angulo positivo, PQP, com a descoberta dessa informação, a relação de vocês antingiu a maturidade. Segundo psicólogos, isso é o auge (infelizmente, depois vem a queda).

    Bem, como retornei para importuná-los, posso fazer um pedido? DUFAY! Ele é maior que a grande maioria dos tão cultuados músicos romanticos. Na realidade, acho que pouquissimos atingiram seu nível ( e menos ainda ultrapassaram), mas como sua obra está distante, parece diminuida. O blog ganharia muito com esse compositor no repertório, e nós, felizes parasitas, ganhariamos ainda mais.

    Um grande abraço, Aron. (acho que o pedido deveria ser dirigido à Clara Schuman, mas quem quiser colaborar…)

  10. Odeio essa faixa de pseudo-admiradores ou pseudos-músicos sem cérebro, que pensam que apenas as composições consideradas “eruditas” valem a pena.

    O CD dela de ABBA é uma grande manifestação artística, contém arranjos belíssimos, assim como o de jazz da Jessye Norman também o é.

    Abram suas mentes, ou melhor, fechem suas bocas com suas opniões baratas e estreitas.

    Seria um prazer.

  11. Sou um admirador da obra deste compositor norueguês. Escutei anos atrás uma gravação na íntegra, das Peças Líricas para piano, na interpretação da eximia e saudosa Izabel Mourão. Voces,meus amigos, teriam como postá-las caso tenha essa gravação? Ficarei deveras agradecido e aposto que todos se de-
    liciarão com elas.

Deixe um comentário