Dado o interesse que a Sinfonia dos Orixás na interpretação do Benito Juarez teve aqui, resolvi postar uma gravação não-comercial feita ao vivo na Sala São Paulo, em 2005. A interpretação do Cláudio Cruz é bem mais lenta, melodiosa e delicada e ressalta bem mais os aspectos aleatórios da partitura.
Sendo franco, prefiro bem mais a interpretação do Benito Juarez: a delicadeza do Cláudio Cruz me soa excessiva, e a aleatoriedade, muito didática. Além do mais, no chamado de Exu, no início da música, o músico parece gritar Essu. Mas, claro, a Osesp é uma orquestra muito melhor que a Sinfônica de Campinas.
De qualquer forma, esta é provavelmente a obra orquestral do Almeida Prado que mais me agrada. É quando ele já se afastava de um música extremamente áspera e pesada (às vezes muito interessante, como na Abertura Cidade de Campinas, em Exoflora e na Sinfonia Campinas), produzindo uma música muito lírica. Por outro lado, esse lirismo, costumeiramente aliado a uma preocupação com a acessibilidade para um público mais amplo, não me parece diluir a peça, ao contrário do penso que ocorre em várias outras, como a Sinfonia Apocalipse, as Cartas Celestes 8 “Oré-Jacytatá” e as Variações Sinfônicas (que, no entanto, são obras interessantes, principalmente as duas primeiras). A Sinfonia dos Orixás é como uma obra de transição, na qual a acessibilidade não era trava na busca intensidade, mas a intensidade também não se confundia com aspereza. Por isso, temos o melhor dos mundos.
Boa audição!
José Antonio Rezende de Almeida Prado (1943-2010): Sinfonia dos Orixás (1985)
01 Saudação a Exu
02 I Chamado aos Orixás – Ritual Inicial
03 II Manifestação dos Orixás
04 II.1 Obatalá, o Canto do Universo
05 II.2 Ifá, o Canto de Adoração
06 Interlúdio I: As Águas do Rio Níger
07 II.3 Oxalá I: o Canto da Luz
08 II.4 Xangô I: o Canto das Alturas e dos Abismos
09 II.5 Oxalá II: o Jogo dos Búzios
10 II.6 Oxum: o Canto dos Lagos e dos Rios
11 Interlúdio II: As Águas do Rio Níger
12 II.7 Ogun-Obá: a Dança da Espada de Fogo
13 II.8 Ibeji: Cantiga para Cosme e Damião
14 II.9 Omulu: o Canto da Noite e do Mistério
15 II.10 Oxalá III: o Canto do Amor e da Alegria
16 II.11 Oxóssi-Ossaim: o Canto das Matas
17 II.12 Iemanjá: o Canto dos Sete Mares
18 II.13 Iansã: o Canto da Paixão
19 II.14 Xangô II: o Canto das Tempestades
20 II.15 Oxumaré: o Canto do Arco-Íris
21 III Ritual Final
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Cláudio Cruz, regente
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