Se fôssemos puristas, não poderíamos incluir esta gravação numa série de música antiga da Boêmia. Afinal, Pavel Vejvanovský era morávio da gema: nasceu no mesmo vilarejo de Hukvaldy onde, mais de dois séculos depois, Leoš Janáček encontraria a luz; passou boa parte da vida em Olomouc (para cujo príncipe-bispo trabalhou no auge da carreira) e morreu em (tente pronunciar isso sem deglutir a própria língua) Kroměříž – todos eles logradouros da Morávia. No entanto, se os próprios boêmios da Supraphon resolveram incluir Vejvanovský na série Musica Antiqua Bohemica, quem sou eu, com meu pobre nome sem diacríticos, para contestá-los?
Vejvanovský foi um trompetista virtuoso que sabia escrever brilhantemente para seu instrumento, sem saber lá dotar de muita espessura ou profundidade suas obras. A oportunidade de escutar solistas tão bons quanto Miroslav Kejmar e Zdeněk Šedivý – distintos ocupantes, cada um a seu tempo, do posto de primeiro trompete da Filarmônica Tcheca – garante uma experiência agradável, ainda mais após a overdose de cordas com que entupimos os martelos, as bigornas e os estribos de nossos leitores-ouvintes nas últimas semanas. Quem não for lá tão fã de metais quererá, provavelmente, passar esse naco em nosso rodízio.
PAVEL JOSEF VEJVANOVSKÝ – SONATAS
Pavel Josef VEJVANOVSKÝ (1633/39-1693)
01 – Serenada, MAB 49/27
02 – Sonata venatoria em Ré maior, MAB 36
03 – Sonata secunda a 6, MAB 47/7b
04 – Sonata vespertina a 8, MAB 47/1
05 – Sonata a 4, MAB 36
06 – Sonata a 5, MAB 49/27
07 – Serenada em Dó maior, MAB 36
Miroslav Kejmar e Zdeněk Šedivý, trompetes
Orquestra de Câmara de Praga (ou, para quem gosta de diacríticos e encontros consonantais: Pražský komorní orchestr)
Libor Pešek, regência
Vassily Genrikhovich