The Dmitri Shostakovich Edition (CDs 16, 17 e 18 de 27)

The Dmitri Shostakovich Edition (CDs 16, 17 e 18 de 27)

SÉRIE IM-PER-DÍ-VEL!!!

CD 16

CD complicado de aguentar. Essas obras compostas para filmes devem significar alguma coisa para os russos, talvez sejam marcos do desenvolvimento cinematográfico do país, ou seja considerado importante o fato de Shostakovich ter sido pianista de cinema mudo, sei lá. O que sei é que não gosto.

Hamlet Suite
1. Prelude  2:18
2. The Ball at the Palace  3:41
3. The Ghost  1:20
4. In the Garden  3:03
5. Hamlet & Ophelia  3:51
6. Arrival of the Actors  2:11
7. Poisoning Scene  7:26
8. Duel and Death of Hamlet  3:57

Gadfly, Suite Op.97a
9. Overture  2:58
10. Contradance  2:27
11. Folk Feast  2:38
12. Interlude  2:49
13. Waltz “Barrel Organ”  1:54
14. Galop  1:57
15. Introduction  6:04
16. Romance  6:23
17. Intermezzo  5:32
18. Nocturne  3:52
19. Scene  3:21
20. Finale  3:07

Total:  72:11

National Symphony Orchestra of Ukraine,
Theodore Kuchar

CD 17

Tudo muda aqui. A brasileira Cristina Ortiz dá um banho em dois concertos espetaculares.

Concerto para Piano, Trompete e Cordas, Op. 35 (1933):

Shostakovich foi excelente pianista. Poderia ter feito carreira como virtuose, mas, para nossa sorte, escolheu compor. Foi o vencedor do internacional Concurso Chopin de 1927 e fazia apresentações regulares executando seus trabalhos. O pequeno número de gravações do próprio compositor como pianista talvez deva-se ao fato de ele ter perdido parcialmente os movimentos de sua mão direita ao final dos anos sessenta.

Este concerto é realmente espetacular. Era uma boa época para os concertos para piano. O de Ravel aparecera um ano antes, assim como o 5º de Prokofiev. É coincidente que os três sejam alegres, luminosos, divertidos mesmo. Com quatro movimentos, sendo o primeiro muito melodioso e gentil, os dois centrais lentos e o último capaz de provocar gargalhadas, é um grande concerto. A participação de um trompetista meio espalhafatoso é fundamental, assim como de um pianista que possa fazer rapidamente a conversão entre a música de cabaré e a música militar exigidas no último movimento. Uma vez, assistindo a uma apresentação, vi como as pessoas sorriam durante a audição deste movimento. Não há pontos baixos neste maravilhoso concerto, que ainda traz, em seu segundo movimento, um lindíssimo solo para trompete, além de uma cadenza esplêndida, de ecos beethovenianos.

Shostakovich foi o pianista de sua estréia, em 1933, na cidade de Leningrado.

Concerto Nº 2 para Piano e Orquestra, Op. 102 (1957):

Concerto dedicado ao filho pianista Maxim Shostakovich. É um autêntico presente de pai para filho. Alegre, brilhante e cheio de brincadeiras de caráter privado como a inacreditável inclusão – no terceiro movimento e totalmente inseridos na música – de exercícios que seu filho praticava quando era estudante do instrumento… E não se surpreenda, o primeiro movimento deste concerto é conhecido entre as crianças que vêem desenhos da Disney. É a música que é executada durante o episódio do Soldadinho de Chumbo em Fantasia 2000. Quando ouço esta música em casa, sempre um de meus filhos vem me dizer “olha aí a música do Soldadinho de Chumbo”. É claro que a música não tem nada a ver com a história infantil; Shostakovich fez um belo concerto para seu filho, de atmosfera delicada e afetuosa. O primeiro movimento (Allegro) começa com uma rápida introdução orquestral em seguida à qual entra o piano. De acordo com a prática habitual de Shostakovich, o tema inicial é um pouco mais poético do que o segundo, de entonação mais vigorosa e rítmica.

Dois movimentos vivos e felizes cercam um melancólico, tocante e melodioso segundo movimento. A inspiração óbvia para este concerto foi o Concerto em Sol Maior (1931) de Ravel. Leonard Bernstein deu-se conta disto e gravou um de seus melhores discos em 1978, acumulando as funções de pianista e regente nos dois concertos. Se este concerto não arrancar algum sorriso do ouvinte, este necessita de urgentemente de anti-depressivos.

Piano Concerto No. 1 in C minor for piano, trumpet & strings Op. 35
1. Allegro-moderato-allegro-vivace-moderato  6:05
2. Lento  7:13
3. Moderato  1:58
4. Allegro con brio  6:42

Piano Concerto No. 2 in F major Op. 102
5. Allegro  7:27
6. Andante  6:48
7. Allegro  5:39

Three Fantastic Dances Op. 5
8. Allegretto  1:09
9. Andantino  1:25
10. Allegretto  0:52

Total:  45:18

Cristina Ortiz, piano
Bournemouth Symphony Orchestra,
Paavo Berglund

CD 18

Não preciso apresentar David Oistrakh, certo?

Concerto para Violino Nº 1, Op. 99 (1947-48):

Outra obra-prima. É incrível que este concerto tenha recebido tão poucas gravações. Quando Maxim Vengerov e Mstislav Rostropovich o gravaram em 1994 para a Teldec, o resultado foi que o CD acabou sendo considerado o melhor do ano pela revista inglesa Gramophone e também, se não me engano, pela francesa Diapason. Dedicado a David Oistrakh, teve sua estréia realizada apenas em 1955, em razão dos problemas que o compositor arranjou com Stalin e com o Relatório Jdanov, já discutidos na primeira parte desta série.

Shostakovich o considerava uma sinfonia para violino solo e orquestra. A comparação é apropriada. Não apenas a estrutura em quatro movimentos, mas também sua longa duração (40 minutos), são exageradas para o comum dos concertos. Apesar de termos aqui a primeira e significativa aparição de melodias baseadas no motivo DSCH – o que será melhor explicado no comentário da Sinfonia Nº 10 -, apesar de tal tema aparecer no segundo movimento, esta obra tem seu coração no terceiro movimento Passacaglia – Andante. São nove variações sobre o mesmo tema em que somos lentamente levados do clímax para a calma e não ao contrário, o que é mais comum. A orquestra vai pouco a pouco deixando a voz individual do violino levar a música até uma longa cadenza, que alguns consideram um movimento a parte que se liga organicamente ao movimento final. Um espanto!

Concerto para Violino e Orquestra Nº 2, Op. 129 (1967):

Um dia, Shostakovich resolveu escrever algo bem complicado e difícil para que Oistrakh passasse o maior trabalho. E fez este Concerto Nº 2. É complicado até de ouvir, não obstante a curiosidade dos “intensos diálogos” e repetições que o violino faz com insrumentos da orquestra. Não é um mau concerto, mas, bá, é complicadíssimo!

Violin Concerto No.1 in A minor Op.99
1. Nocturne  11:52
2. Scherzo  6:18
3. Passacaglia, andante, cadenza- Burlesque, allegro con brio  18:19

Violin Concerto No.2 in C sharp minor Op.129
4. Moderato  11:56
5. Adagio, adagio- allegro  16:17

Total:  64:46

David Oistrakh, violin
Leningrad Philharmonic Orchestra,
Yevgeny Mravinsky (Concerto l)
Moscow Philharmonic Orchestra, Gennady
Rozhdestvensky (Concerto 2)

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Shosta foi bombeiro durante a Segunda Guerra Mundial
Shosta foi bombeiro durante a Segunda Guerra Mundial

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sonata para Violino / Sonata para Viola (com Orquestra de Cordas!) (Kremer, Bashmet, Kremerata Baltica)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sonata para Violino / Sonata para Viola (com Orquestra de Cordas!) (Kremer, Bashmet, Kremerata Baltica)

Gidon Kremer e sua KREMERata Baltica costumam fazer abordagens criativas e competentes a repertórios aos quais estamos acostumado a ouvir da forma original. Ele e seu conjunto foram extremamente felizes nesta recriação destas obras finais de Shosta. Poderiam cair no ridículo, mas vão lá no fundo e voltam com pérolas.

Baita CD!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sonata para Violino / Sonata para Viola (com Orquestra de Cordas!) (Kremer, Bashmet, Kremerata Baltica)

1. Sonata for Violin and Piano, Op.134 – 1. Andante Gidon Kremer 10:56
2. Sonata for Violin and Piano, Op.134 – 2. Allegretto Gidon Kremer 6:30
3. Sonata for Violin and Piano, Op.134 – 3. Largo – Andante – Largo Gidon Kremer 15:03

Orchestrated by Michail Zinman; percussion arranged by Andrei Pushkarev

4. Sonata for Viola and Piano, Op.147 – 1. Moderato Yuri Bashmet 11:40
5. Sonata for Viola and Piano, Op.147 – 2. Allegretto Yuri Bashmet 7:04
6. Sonata for Viola and Piano, Op.147 – 3. Adagio Yuri Bashmet 17:00

Orchestrated by Vladimir Mendelssohn

Gidon Kremer (violino)
Yuri Bashmet (viola)
Kremerata Baltica

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Shostakovich, uma vida nem sempre tão fácil quanto o momento desta foto familiar
Shostakovich, uma vida nem sempre tão fácil quanto o momento desta foto familiar

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia No. 12 “1917”

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia No. 12 “1917”

41hOYUmCRaLO ano de 1917 é provavelmente um dos mais importantes na história humanidade. Neste ano, acontece aquela que é conhecida como a primeira revolução socialista bem sucedida da história: A Revolução Russa.

É em 22 de Fevereiro do calendário Juliano (8 de Março no calendário gregoriano), que começam os primeiros protestos desde os acontecimentos de 1905. Essas sublevações iriam culminar na resignação do czar e a instauração de um governo provisório. Esse acontecimento é o primeiro no ano de 1917 que iria culminar na Revolução de Outubro de 1917, onde o Partido Bolchevique, com a mobilização dos sovietes de Petrogrado, conseguem parar fábricas, linhas férreas, linhas de comunicação e então derrubar o governo provisório num dos acontecimentos mais memoráveis do século XX. Uma revolução que, ao gosto dos pacifistas, não teve (quase) nenhuma morte, e foi feita de baixo para cima, com a liderança estratégica dos bolcheviques.

Shostakovich, já muito conhecido aqui no blog, teve muitos problemas com o regime stalinista que iria se tornar predominante na Russia pouco depois da revolução (e das guerras contra os países que tentaram impedi-la), mas de qualquer forma, seja para agradar o regime, ou seja porque realmente admirava o acontecimento, fez sua 12ª Sinfonia em homenagem ao ano de 1917 e à revolução.

Essa sinfonia originalmente tinha sido pensada para homenagear a Lenin, mas não conseguindo pensar e incluir um texto na obra, acabou mudando seu foco. Do ponto de vista estritamente formalista, não é a melhor de suas obras, mas o quarto movimento, chamado “O Amanhecer da Humanidade”, além de ter um ótimo nome, empolga.

Meu objetivo a partir de hoje, 22 de Fevereiro, até 26 de Outubro, é traçar um histórico mais ou menos panorâmico de compositores que se engajaram politicamente pelo socialismo e seu projeto por um mundo melhor e mais justo. Tudo isso em comemoração aos 100 anos dessa revolução que marcou o século XX que ousou desafiar o mundo como ele era, ousou tentar criar um mundo melhor e nos deixou um legado que pesa sobre nossos ombros até os dias de hoje.

À Luta camaradas, por um novo amanhecer da humanidade!

Dmitri Shostakovich (1906-1975):

Symphony No. 12 “The Year of 1917”

01 I. Revolutionary Petrograd
02 II. Razliv
03 III. Aurora
04 IV. The Dawn of Humanity

Gothenburg Symphony Orchestra
Neeme Järvi, regente

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Shosta genuinamente feliz.
Shosta genuinamente feliz.

Luke

 

The Dmitri Shostakovich Edition (CDs 4, 5 e 6 de 27)

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IM-PER-DÍ-VEL!!!

Toda a série está aqui, ó.

CD 4

Sinfonia Nº 7, Op. 60, Leningrado (1941)

De história riquíssima, a Sinfonia Nº 7 – dedicada à resistência da cidade de Leningrado cercada pelos nazistas – deve sua celebridade a uma transmissão de rádio feita para a cidade devastada e sitiada. Ela auxiliou as autoridades soviéticas a elevar o moral em Leningrado e no país. Várias outras performances foram programadas com intenções patrióticas na União Soviética e na Europa. Não é melhor sinfonia de Shostakovich, nem perto. A notável Sinfonia Nº 11, tão superior à sétima, é tão mais eficiente como musica programática de conteúdo histórico, que torna falso qualquer grande elogio à Sétima. De qualquer maneira, é esplêndido o primeiro movimento que descreve a marcha nazista. Também é importante salientar o equívoco do grande público que vê resistência e patriotismo numa obra sobre a devastação e a morte. Mas, como diria Lênin, o que fazer?

Symphony No. 7 in C major Op. 60 “Leningrad”
1. Allegretto
2. Moderato (poco allegretto)
3. Adagio
4. Allegro non troppo

WDR Sinfonieorchester,
Rudolf Barshai

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CD 5

Sinfonia Nº 8, Op. 65 (1943)

Esta enormidade musical é também muito admirada, mas é música que, apesar de não ser nada má, perderá para suas irmãs gêmeas compostas depois, dentro do mesmo espírito. Gosto muito da beleza austera do quarto movimento em 12 variações – uma passacaglia – e também dos dois primeiros, com destaque para o divertido diálogo entre o piccolo, o clarinete e o fagote do scherzo. O terceiro movimento, de efeito fácil e heróico, é divertido, mas tem aquela melodia entoada pelo trompete que… Sei lá, acho estranho uma sinfonia com dois Scherzi.

Symphony No. 8 in C minor Op. 65
1. Adagio. Allegro ma non troppo. Allegro. Adagio
2. Allegretto
3. Allegro non troppo
4. Largo
5. Allegretto. Allegro. Adagio. Allegretto. Andante

WDR Sinfonieorchester,
Rudolf Barshai

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CD 6

Sinfonia Nº 9, Op. 70 (1945)

Desde Schubert, com sua Sinfonia Nº 9 “A Grande”, passando pela Nona de Beethoven e pelas nonas de Bruckner e Mahler, que espera-se muito das sinfonias Nº 9. Há até uma maldição que fala que o compositor morre após a nona, o que, casualmente ou não, ocorreu com todos os citados menos Shostakovitch. Esta sinfonia – por ser a “Nona” – foi muito aguardada e, bem, digamos que não seria Shostakovitch se ele não tivesse feito algo inesperado.

Leonard Bernstein ria desta partitura, cujas muitas citações formam um todo no mínimo sarcástico. O compositor declarou que faria uma música que expressaria “a luta contra a barbárie e grandeza dos combatentes soviéticos”, mas os severos críticos soviéticos, adeptos do realismo socialista, foram mais exatos e apontaram que a obra seria debochada, irônica e de influência stravinskiana. Bingo! Na verdade é uma das composições mais agradáveis que conheço. O material temático pode ser bizarro e bem humorado (primeiro e terceiro movimentos), mas é também terno e melancólico (segundo e largo introdutório do quarto), terminando por explodir numa engraçadíssima coda. Barshai dá um andamento bastante lento e original à coda. Stálin assistiria e assistiu à estreia de uma Nona grandiosa…

Apesar dos cinco movimentos, é uma sinfonia curta, muito parecida em espírito com a primeira sinfonia “Clássica” de Prokofiev e com a Sinfonia “Renana” de Schumann, também em cinco movimentos.

Sinfonia Nº 10, Op. 93 (1953)

Este monumento da arte contemporânea mistura música absoluta, intensidade trágica, humor, ódio mortal, tranqüilidade bucólica e paródia. Tem, ademais, uma história bastante particular.

Em março de 1953, quando da morte de Stalin, Shostakovich estava proibido de estrear novas obras e a execução das já publicadas estava sob censura, necessitando autorizações especiais para serem apresentadas. Tais autorizações eram, normalmente, negadas. Foi o período em que Shostakovich dedicou-se à música de câmara e a maior prova disto é a distância de oito anos que separa a nona sinfonia desta décima. Esta sinfonia, provavelmente escrita durante o período de censura, além de seus méritos musicais indiscutíveis, é considerada uma vingança contra Stalin. Primeiramente, ela parece inteiramente desligada de quaisquer dogmas estabelecidos pelo realismo socialista da época. Para afastar-se ainda mais, seu segundo movimento – um estranho no ninho, em completo contraste com o restante da obra – contém exatamente as ousadias sinfônicas que deixaram Shostakovich mal com o regime stalinista. Não são poucos os comentaristas consideram ser este movimento uma descrição musical de Stálin: breve, é absolutamente violento e brutal, enfurecido mesmo, e sua oposição ao restante da obra faz-nos pensar em alguma segunda intenção do compositor. (Chego a pensar que, se este movimento fosse apresentado aos jogadores de Parreira, antes do jogo contra a França, trucidaríamos Zidane com ou sem cabeçadas e Roberto Carlos lembraria de qualquer coisa, menos de suas meias…) Para completar o estranhamento, o movimento seguinte é pastoral e tranqüilo, contendo o maior enigma musical do mestre: a orquestra pára, dando espaço para a trompa executar o famoso tema baseado nas notas DSCH (ré, mi bemol, dó e si, em notação alemã) que é assinatura musical de Dmitri SCHostakovich, em grafia alemã. Para identificá-la, ouça o tema executado a capela pela trompa. Ele é repetido quatro vezes. Ouvindo a sinfonia, chega-nos sempre a certeza de que Shostakovich está dizendo insistentemente: Stalin está morto, Shostakovich, não. O mais notável da décima é o tratamento magistral em torno de temas que se transfiguram constantemente.

Symphony No. 9 in E flat major Op. 70
1. Allegro
2. Moderato. Adagio
3. Presto
4. Largo
5. Allegretto. Allegro

Symphony No. 10 in E minor Op. 93
1. Moderato
2. Allegro
3. Allegretto
4. Andante. Allegro
WDR Sinfonieorchester,
Rudolf Barshai

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Shostakovich
Shostakovich

PQP

D. Shostakovich (1906-1975): Trios Nros. 1 e 2 e Sonata para Viola

D. Shostakovich (1906-1975): Trios Nros. 1 e 2 e Sonata para Viola

IM-PER-DÍ-VEL !!!

As três obras deste álbum abrangem uma vida inteira. E tudo é de primeira linha. É incrível a qualidade deste repertório. O primeiro trio de piano foi escrito por Shostakovich aos 17 para uma namorada. Era o ano de 1923. O domínio dos meios já era inegável e as impressões digitais de Shosta são instantaneamente reconhecíveis: o ceticismo, o sarcasmo e a justaposição de opostos. Esta não é a maneira como a maioria de nós iria cortejar uma moça, mas Shostakovich foi sempre um original e eclético. Tudo o que ele escreve pode ser interpretado igualmente como seu oposto, um dispositivo que se tornou a chave para a sobrevivência do compositor na Rússia Soviética.

O segundo trio de piano, escrito em 1943, aos 37 anos do compositor, é finalizado por uma dança klezmer muito mórbida que alguns consideram o reflexo dos assassinatos de judeus na Alemanha de Hitler, enquanto outros a entendem como um protesto contra o crescente anti-semitismo stalinista. Independentemente da forma como você se aproxima dele, os ritmos cáusticos grudam na consciência do ouvinte. Esta composição está evidentemente ao lado das vítimas.

A Sonata para Viola, opus 147, é um trabalho escrito no leito de morte, em julho de 1975. Shosta tinha 69 anos. Inesperadamente, dadas as alternâncias de tristeza e agitação de seu quarteto de cordas final, a sonata emana uma tranquila beleza que cita a Sonata ao Luar de Beethoven. Cada seção termina com a palavra ‘morendo’ na partitura. É uma música estarrecedora, por assim dizer.

O pianista nesta gravação, Vladimir Ashkenazy, tocou para Shostakovich e cresceu em seu mundo. Os outros artistas são húngaro (Zsolt-Tihamér Visontay), sueco (Mats Lidström) e norueguês (Ada Meinich). A mistura de conhecimentos subjetivos e objetivos funciona bem. Há tensão. Como deve ser.

De Norman Lebrecht, com pequenas adições. Traduzido livremente por PQP.

Dmitri D. Shostakovich (1906-1975): Trios Nros. 1 e 2 e Sonata para Viola

1. Piano Trio No. 1 in C minor Op. 8 13:08

Piano Trio No.2, Op.67
2. 1. Andante – Moderato – Poco più mosso 7:13
3. 2. Allegro con brio 2:52
4. 3. Largo 5:22
5. 4. Allegretto – Adagio 10:15

Vladimir Ashkenazy, Zsolt-Tihamér Visontay, Mats Lidström

Sonata for Viola and Piano, Op.147
6. 1. Moderato 9:50
7. 2. Allegretto 7:33
8. 3. Adagio 15:31

Vladimir Ashkenazy, Ada Meinich

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Shostakovich, música de três fases diferentes da vida e fumadinha com Bernstein
Shostakovich, música de três fases diferentes da vida e fumadinha com Bernstein

PQP

The Dmitri Shostakovich Edition – CDs 19, 20 e 21 de 27

The Dmitri Shostakovich Edition – CDs 19, 20 e 21 de 27

SÉRIE IM-PER-DÍ-VEL!!!

CD 19

Concerto Nº 1 para Violoncelo e Orquestra, Op. 107 (1959)

Shostakovich e o grande violoncelista Mstislav Rostropovich eram amigos, tendo, muitas vezes, viajado juntos fazendo recitais que incluíam entre outras obras, a Sonata para violoncelo e piano, opus 40, já comentada nesta série. Desde que se conheceram, o compositor avisara a Rostropovich que ele não deveria pedir-lhe um concerto diretamente, que o concerto sairia ao natural. Saíram dois. Quando Shostakovich enviou a partitura do primeiro, dedicada ao amigo, este compareceu quatro dias depois na casa do compositor com a partitura decorada. (Bem diferente foi o caso do segundo concerto, que foi composto praticamente a quatro mãos. Shostakovich escrevia uma parte, e ia testá-la na casa de Rostropovich; lá, mostrava-lhe as alternativas, os rascunhos ao violoncelista, que sugeria alterações e melhorias. Amizade.)

Estilisticamente, este concerto deve muito à Sinfonia Concertante de Prokofiev – também dedicada a Rostropovich — e muito admirada pelos dois amigos. É curioso notar como os eslavos têm tradição em música grandiosa para o violoncelo. Dvorak tem um notável concerto, Tchaikovski escreveu as Variações sobre um tema rococó, Kodaly tem a sua espetacular Sonata para Cello Solo e Kabalevski também tem um belo concerto dedicado a Rostropovich. O de Shostakovich é um dos de um dos maiores concertos para violoncelo de todo o repertório erudito e minha preferência vai para a imensa Cadenza de cinco minutos (3º movimento) e para o brilhante colorido orquestral do Allegro com moto final.

Concerto para Violoncelo e Orquestra Nº 2, Op. 126 (1966)

Uma obra-prima, produto da estreita colaboração entre Shostakovich e Rostropovich, a quem o concerto é dedicado. A tradição do discurso musical está aqui rompida, dando lugar a convenções próprias que são “aprendidas” pelo ouvinte no transcorrer da música. Não há nada de confessional ou declamatório neste concerto. Há arrebatadores efeitos sonoros que são logo propositadamente abandonados. A intenção é a de ser música absoluta e lúdica, mostrando-nos temas que se repetem e separam momentos convencionalmente sublimes ou decididamente burlescos. Nada mais burlesco do que a breve cadenza em que o violoncelo é interrompido pelo bombo, nada mais tradicional do que o tema que se repete por todo o terceiro movimento e que explode numa dança selvagem, acabando com o violoncelo num tema engraçadíssimo – como se fosse um baixo acústico –, para depois sustentar interminavelmente uma nota enquanto a percussão faz algo que nós, brasileiros, poderíamos chamar de batucada. Esta dança faz parte de uma longa preparação para um gran finale que não chega a acontecer. Um concerto espantoso, original, capaz de fazer qualquer melômano feliz ao ver sua grande catedral clássica virada de ponta cabeça e, ainda assim, bonita.

Cello Concerto No. 1 Op. 107
1. Allegretto  6:15
2. Moderato  11:33
3. Cadenza  5:52
4. Allegro con moto  4:39

Cello Concerto No. 2 Op. 126
5. Largo  15:44
6. Allegretto  4:20
7. Allegretto  16:18

Total:  64:41

Alexander Ivashkin, cello
Moscow Symphony Orchestra,
Valeri Polyansky

CD 20

Quinteto para piano, Op. 57 (1940)

A música perfeita. Irresistível quinteto escrito em cinco movimentos intensamente contrastantes. Seu estilo é clássico, porém raramente todos os integrantes tocam juntos, a não ser no agitado scherzo central. O prelúdio inicial estabelece três estilos distintos que voltarão a ser explorados adiante: um dramático, outro neo-clássico e o terceiro lírico. Todos os temas que serão ouvidos nos movimentos seguintes apresentam-se no prelúdio em forma embrionária. Segue-se uma rigorosa fuga puxada pelo primeiro violino e demais cordas até chegar ao piano. Sua melodia belíssima e lírica que é seguida por um scherzo frenético. É um choque ouvir chegar o intermezzo que traz de volta a seriedade à música. Apesar do título, este intermezzo é o momento mais sombrio do quinteto. O Finale, cujo início parece uma improvisação pura do pianista, fará uma recapitulação condensada do prelúdio inicial. O Quinteto para piano recebeu vários prêmios que não vale a pena referir aqui, mas o mais importante para Shostakovich foi a admiração que Béla Bartók dedicou a ele.

Ah, muita atenção àquele último movimento do Trio Nº 2!

Piano Quintet in G minor Op.57
1. Prelude: Lento- Poco piu mosso  4:30
2. Fugue: Adagio  9:01
3. Scherzo: Allegretto  3:20
4. Intermezzo: Lento  6:11
5. Finale: Allegretto  7:04

Piano Trio No. 2 in E minor Op. 67
6. Andante- Moderato  7:11
7. Allegro non troppo  3:03
8. Largo  4:28
9. Allegretto  10:24

Total:  55:43

Edward Auer, piano
Christiaan Bor, violin
Paul Rosenthal, violin (1-5)
Marcus Thompson, viola (1-5)
Godfried Hoogeveen, cello (1-5)
Nathaniel Rosen, celo (6-9)

CD 21

Sonata para Viola e piano, Op. 147 (1975) – A Última Composição

Esta é a última composição de Shostakovich e uma de minhas preferidas. Ele começou a escrevê-la em 25 de junho de 1975 e, apesar de ter sido hospitalizado por problemas no coração e nos pulmões neste ínterim, terminou a primeira versão rapidamente, em 6 de julho. Para piorar, os problemas ortopédicos voltaram: “Eu tinha dificuldades para escrever com minha mão direita, foi muito complicado, mas consegui terminar a Sonata para Viola e Piano”. Depois, passou um mês revisando o trabalho em meio aos novos episódios de ordem médica que o levaram a falecer em 9 de agosto. Sentindo a proximidade da morte, Shostakovich escreveu que procurava repetir a postura estóica de Mussorgski, que teria enfrentado o inevitável sem auto-comiseração. E, ao ouvirmos esta Sonata, parece que temos mesmo de volta alguma luz dentro da tristeza das últimas obras. A intenção era a de que o primeiro movimento fosse uma espécie de conto, o segundo um scherzo e o terceiro um adágio em homenagem a Beethoven. O resultado é arrasadoramente belo com o som encorpado da viola dominando a sonata.

Os primeiros compassos da Sonata ao Luar, de Beethoven, uma obra que Shostakovich freqüentemente executava quando jovem pianista, é citada repetidamente no terceiro movimento, sempre de forma levemente transformada e arrepiante, ao menos no meu caso… O scherzo possui uma marcha e vários motivos dançantes, retirados de uma outra ópera baseada em Gógol – seria sua segunda ópera composta sobre histórias do ucraniano, pois, na sua juventude ele já escrevera O Nariz (1929) – que tinha sido abandonada há mais de trinta anos. Outras alusões são feitas nesta sonata. Há pequenas citações da 9ª Sinfonia (de Shostakovich), da 4ª de Tchaikovski, da 5ª de Beethoven, da Sonata Op.110 de Beethoven, de Stravinski, Mahler e Brahms. E a abertura da Sonata utiliza trecho do Concerto para Violino de Alban Berg, também conhecido pelo nome de “À memória de um anjo”, e é dedicado à filha de Alma Mahler, Manon, morta aos 18 anos, com poliomielite.

Creio não ser apenas invenção deste ouvinte – há uma constante interferência do inexorável nesta música, talvez sugerida pela intromissão de temas de outros compositores na partitura, talvez sugerida pela atmosfera melancólica da sonata, talvez por meu conhecimento de que ouço um réquiem. O fato é que Shostakovich estava esperando.

Shostakovich morreu sem ouvir a obra, que foi estreada num concerto privado no dia 25 de setembro de 1975, data em que faria 69 anos.

Sonata for violin and piano Op. 134
1. Andante  9:24
2. Allegretto  6:10
3. Largo  12:34

Sonata for viola and piano Op. 147
4. Moderato  8:23
5. Allegretto  6:56
6. Adagio  11:50

Total:  55:41

Isabelle van Keulen, violin and viola
Ronald Brautigam, piano

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Shostakovich: devolvendo todas
Shostakovich: devolvendo todas

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): 24 Prelúdios, Op. 34 / Lera Auerbach (1973): Arcanum

Dmitri Shostakovich (1906-1975): 24 Prelúdios, Op. 34 / Lera Auerbach (1973): Arcanum

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A notável violista norte-americana Kim Kashkashian — não confundir com a socialite Kim Kardashian, por favor –, uma das principais vozes da ECM New Series, introduz um novo duo com a compositora e pianista russa Lera Auerbach. Em sua primeira gravação juntas, elas apresentam o arranjo de Auerbach para viola e piano dos líricos, reflexivos, grotescos e brincalhões 24 Prelúdios, Op. 34, de Dmitri Shostakovich, originalmente escritos para piano solo. A transcrição de Auerbach é muito boa.

Depois, temos a sombria Sonata para viola e piano, Arcanum, de Lera Auerbach. “Arcanum significa ‘misterioso conhecimento’. Eu estava fascinada pela voz interior dentro de cada um de nós. Alguns podem chamá-la de intuição. Trata-se de algum conhecimento que há em nós, que não é necessariamente verbalizado ou racionalizado, mas que nos guia na busca de respostas que, o mais das vezes, não existem”. Auerbach escreveu sua Sonata para Kashkashian. A interpretação da descendente de armênios é algo.

Twenty-Four Preludes, Op.34 – Arr. For Viola And Piano (Dmitri Shostakovich)
01. No.1 In C Major – Moderato 01:32
02. No.2 In A Minor – Allegretto 01:00
03. No.3 In G Major – Andante 02:11
04. No.4 In E Minor – Moderato 02:18
05. No.5 In D Major – Allegro vivace 00:41
06. No.6 In B Minor – Allegretto 01:32
07. No.7 In A Major – Andante 01:27
08. No.8 In F Sharp Minor – Allegretto 01:05
09. No.9 In E Major – Presto 00:44
10. No.10 In C Sharp Minor – Moderato non troppo 02:13
11. No.11 In B Major – Allegretto 00:59
12. No.12 In G Sharp Minor – Allegro non troppo 01:34
13. No.13 In F Sharp Major – Moderato 01:15
14. No.14 In E Flat Minor – Adagio 02:19
15. No.15 In D Flat Major – Allegretto 01:13
16. No.16 In B Flat Minor – Andantino 01:22
17. No.17 In A Flat Major – Largo 02:20
18. No.18 In F Minor – Allegretto 01:06
19. No.19 In E Flat Major – Andantino 01:51
20. No.20 In C Minor – Allegretto furioso 00:48
21. No.21 In F Flat Major – Allegretto poco moderato 01:05
22. No.22 In G Minor – Adagio 02:32
23. No.23 In F Major – Moderato 01:27
24. No.24 In D Minor – Allegretto 01:32

Arcanum (Lera Auerbach)
25. I. Advenio 04:50
26. II. Cinis 07:03
27. III. Postremo 05:10
28. IV. Adempte 04:54

Kim Kashkashian, viola
Lera Auerbach, piano

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Lera Auerbach, sombras e desvãos
Lera Auerbach, sombras e desvãos

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D. Shostakovich (1906-1975): Piano Quintet; Piano Trio No. 2

D. Shostakovich (1906-1975): Piano Quintet; Piano Trio No. 2

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Trio Borodin (Rostislav Dubinsky, violino, Luba Edlina, piano, e Yuli Turovsky, violoncelo) une forças com a violinista Mimi Zweig e com o violista Jerry Horner no Quinteto para Piano Op. 57. O Quinteto é de 1940 e o Trio Nº 2 Op, 67, que o segue neste CD, é de 1944, isto é, dos anos de guerra na Europa. No entanto, apesar das referências à angústia daquela época, ambas as peças têm momentos de bom humor, daquele humor sarcástico de Shosta. O Quinteto recebeu o Prêmio Stálin em 1940, num raro momento de calmaria entre Shostakovich e o chefe que resolvia seus problemas daquela forma.

O Trio, com seu irresistível último movimento, é excelente, mas o Quinteto para piano é a música perfeita. É escrito em cinco movimentos intensamente contrastantes. Seu estilo é clássico, porém raramente todos os integrantes tocam juntos. O prelúdio inicial estabelece três estilos distintos que voltarão a ser explorados adiante: um dramático, outro neo-clássico e o terceiro lírico. Todos os temas que serão ouvidos nos movimentos seguintes apresentam-se no prelúdio em forma embrionária. Segue-se uma rigorosa fuga puxada pelo primeiro violino e demais cordas até chegar ao piano. Sua melodia belíssima e lírica que é seguida por um scherzo frenético. É um choque ouvir chegar o intermezzo que traz de volta a seriedade à música. Apesar do título, este intermezzo é o momento mais sombrio do quinteto. O Finale, cujo início parece uma improvisação pura do pianista, fará uma recapitulação condensada do prelúdio inicial.

O Quinteto para piano recebeu vários prêmios, mas o mais importante para Shostakovich foi a admiração que Béla Bartók dedicou a ele.

Piano Quintet In G Minor, Op.57 35:54
1. Prelude (Lento) 4:44
2. Fugue (Adagio) 12:13
3. Scherzo (Allegretto) 3:47
4. Intermezzo (Lento) 7:21
5. Finale (Allegretto) 7:34

Piano Trio No.2. In E Minor, Op.67 29:33
1. Andante — Moderato 8:14
2. Allegro Non Troppo 3:33
3. Largo — 6:06
4. Allegretto 11:26

The Borodin Trio
Mimi Zweig, violino
Jerry Horner, viola

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Shostakovich com sua filha Galina em 1945
Shostakovich com sua filha Galina em 1945

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Stravinsky (1882-1971): Suite italienne / Prokofiev (1891-1953): Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 119, Valsa do balé “Stone Flower” / Shostakovich (1906-1975) Sonata para Violoncelo e Piano, Op.40

Stravinsky (1882-1971): Suite italienne / Prokofiev (1891-1953): Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 119, Valsa do balé “Stone Flower” / Shostakovich (1906-1975) Sonata para Violoncelo e Piano, Op.40

A dupla Maisky-Argerich deu-nos um grande número de esplêndidas gravações nos últimos 30 anos. Essa história — formada basicamente de registros de estúdio — recebeu um bela contribuição ao vivo, em mais um CD da Deutsche Grammophon, onde a dupla interpreta um programa absurdamente bom e integralmente russo. O recital foi dado para uma plateia belga em 2003. A Sonata de Prokofiev e a de Shostakovich são verdadeiras joias, mas a “Suíte Italiana” de Stravinsky me deixaria muito culpado se não a citasse.

Stravinsky (1882-1971): Suite italienne / Prokofiev (1891-1953): Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 119, Valsa do balé “Stone Flower” / Shostakovich (1906-1975) Sonata para Violoncelo e Piano, Op.40

1 Applause 0:36

Igor Stravinsky
Suite Italienne, for cello & piano (after Pulcinella, transcribed with Gregor Piatigorsky)
2 1. Introduzione. Allegro moderato 2:15
3 2. Serenata. Larghetto 3:07
4 3. Aria. Allegro alla breve – Largo 5:32
5 4. Tarantella. Vivace 2:06
6 5. Minuetto e Finale. Moderato – Molto vivace 4:36

7 Applause 0:35

Sergey Prokofiev
Sonata for cello & piano in C major, Op. 119
8 1. Andante grave 11:07
9 2. Moderato 4:41
10 3. Allegro, ma non troppo 7:38

11 Applause 0:36

Dmitri Shostakovich
Sonata for cello & piano in D minor, Op. 40
12 1. Allegro non troppo 11:07
13 2. Allegro 2:54
14 3. Largo 7:44
15 4. Allegro 3:53

16 Applause 0:40

Sergey Prokofiev
The Tale of the Stone Flower, ballet, Op. 118
17 Waltz 2:15

18 Applause 0:52

Mischa Maisky, violoncelo
Martha Argerich, piano

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Óinnn.
Óinnn.

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The Dmitri Shostakovich Edition (CDs 8 e 9 de 27)

The Dmitri Shostakovich Edition (CDs 8 e 9 de 27)


IM-PER-DÍ-VEL!!!

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CD 8
A Sinfonia Nº 12… Bem, é fraca…

SYMPHONY No.12 in D Minor, Op.112, “1917”
5. Revolutionary “Petrograd”: Moderato, Allegro
6. Allegro
7. Aurora: Allegro
8. Down of Humanity: Allegro, Allegretto

WDR Sinfonieorchester,
Rudolf Barshai

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CD 9
Sinfonia Nº 13 (Babi Yar), Op. 113 (1962)

Após o equívoco da Sinfonia Nº 12 – lembrem que até Beethoven escreveu uma medonha Vitória de Wellington, curiosamente estreada na mesma noite da sublime 7ª Sinfonia, mas este é outro assunto… -, Shostakovich inauguraria sua última fase como compositor começando pela Sinfonia Nº 13, Babi Yar. Iniciava-se aqui a produção de uma seqüência de obras-primas que só terminaria com sua morte, em 1975. Esta sinfonia tem seus pés firmemente apoiados na história da União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. É uma sinfonia cantada, quase uma cantata em seu formato, que conta com a nada desprezível colaboração do grande poeta russo Evgeny Evtuchenko (conforme alguns, como a Ed. Brasilinense, porém pode-se encontrar a grafia Ievtuchenko, Yevtuchenko ou Yevtushenko, enfim!)

O que é, afinal, Babi Yar? Babi Yar é o nome de uma pequena localidade situada perto de Kiev, na atual Ucrânia, cuja tradução poderia ser Barranco das Vovós. Ali, em 29 e 30 de setembro de 1941, teve lugar o assassinato de 34 mil judeus pelos nazistas. Eles foram mortos com tiros na cabeça e a participação comprovada de colaboradores ucranianos no massacre permanece até hoje tema de doloroso debate público naquele país. Nos dois anos seguintes, o número de mortos em Babi Yar subiu para 200 mil, em sua maioria judeus. Perto do fim da guerra, os nazistas ordenaram que os corpos fossem desenterrados e queimados, mas não conseguiram destruir todos os indícios. Ievtuchenko criticou a maneira que o governo soviético tratara o local. O monumento em homenagem aos mortos referia-se às vítimas como ucranianas e russas, o que também eram, apesar de saber-se que o fato determinante de suas mortes era o de serem judeus. O motivo? Ora, Babi Yar deveria parecer mais uma prova do heroísmo e sofrimento do povo soviético e não de uma fatia dele, logo dele, que seria uma sociedade sem classes nem religiões… O jovem poeta Ievtuhenko considerou isso uma hipocrisia e escreveu o poema em homenagem aos judeus mortos. O que parece ser uma crítica de importância relativa para nós, era digna de censura, na época. O poema fui publicado na revista Literatournaia Gazetta e causou problemas a seu autor e depois, também a Shostakovich, ao qual foram pedidas alterações que nunca foram feitas na sinfonia. No Ocidente, Babi Yar foi considerado prova da violência anti-semita na União Soviética, mas o próprio Ievtuchenko declara candidamente em sua Autobiografia Precoce (Ed. Brasiliense, 1987) que a tentativa de censura ao poema não teve nada a ver com este gênero de discussão e que, das trinta mil cartas que recebeu falando em Babi Yar, menos de trinta provinham de anti-semitas…

O massacre de Babi Yar é tão lembrado que não serviu apenas a Ievtuchenko e a Shostakovich, tornando-se também tema de filmes e documentários recentes, assim como do romance Babi Yar de Anatoly Kuznetsov. Não é assunto morto, ainda.

O tratamento que Shostakovich dá ao poema é perfeito. Como se fosse uma cantata em cinco movimentos, os versos de Ievtuchenko são levados por um baixo solista, acompanhado de coral masculino e orquestra. É música de impressionante gravidade e luto; a belíssima linha melódica ora assemelha-se a um serviço religioso, ora ao grande modelo de Shostakovich, Mussorgski; mesmo assim, fiel a seu estilo, Shostakovich encontra espaço para seu habitual sarcasmo.

A seguir, aproveitarei a excelente descrição que Clovis Marques fez para o concerto que incuía a Sinfonia Nº 13, Babi Yar, realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 27 de julho de 2006:

Chostakovich, ‘for ever’ – Clovis Marques – Opinião & Noticia
30/07/2006

O contato em condições ideais com uma obra-prima do século XX é raro na vida musical de um mortal carioca. Na última quinta-feira, a Sinfonia nº 13 de Chostakovich passou pelo Teatro Municipal com uma carga tão densa de significado e beleza que quase não surpreendeu que a interpretação e o acabamento, a cargo da Petrobrás Sinfônica, estivessem também em esferas muito altas.

“Babi Yar” é como ficou conhecida esta sinfonia-cantata para coro masculino, baixo e orquestra composta e estreada em 1962 em Moscou. O título vem do poema de Ievgueni Evtuchenko que causara rebuliço ao ser publicado no ano anterior na “Literaturnaia Gazeta”, tocando na chaga do anti-semitismo a propósito do massacre cometido pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, no local conhecido como “ravina das mulheres”, perto de Kiev.

A partir desse texto de dura indignação, e apesar dos problemas que uma tal inspiração de “protesto” ainda geraria na União Soviética pós-stalinista, Chostakovich construiu um painel de extraordinária força em torno de duas ou três mazelas trágicas do seu tempo: o medo e a opressão, o conformismo e o carreirismo, o massacre quotidiano num Estado policial e a possibilidade de superação pelo humor e a intransigência.

Em linguagem quase descritiva, contrastando a severidade da orquestra com a impostação épica das vozes, “Babi Yar” tem um poder de evocação propriamente cinematográfico: raramente se ouviu música tão plástica e de poder de invenção tão sustentado, com um grau de concentração expressiva que sublima a revolta, o negrume e a angústia como poucas vezes na música pós-romântica.
O realismo e a concisão imagética dos poemas são admiravelmente esposados pelo estilo alternadamente sombrio e irruptivo da música de Chostakovich, que apesar da forma atípica, para uma sinfonia, dota a obra de continuidade estrutural e organicidade musical mesmerizantes – para não falar da invenção melódica tão sua, que associamos indelevelmente à Rússia soviética. Não obstante o grande efetivo orquestral e a tensão dos clímaxes, as texturas são parcimoniosas e o coro, declamando ou murmurando, canta quase sempre em uníssono ou em oitavas – mais um elemento dessa pungência feita de desolação e sobreexcitação nervosa.

O primeiro movimento alterna estrofes que exploram o horror e a culpa de Babi Yar com relatos de dois outros episódios, sobre Anne Frank e um menino massacrado em Bielostok. No segundo movimento, os tambores em ritmo marcado, a maior animação da música e o tom enfático das vozes falam da resistência que o “Humor” jamais deixará de oferecer à tirania. “Na loja”, o Adagio que se segue, descreve pictoricamente as filas de humilhadas donas-de-casa em uma linha sinuosa nas cordas graves, entrelaçada a outra que, no registro médio, evoca a maneira como elas se insinuam cautelosas até o balcão. “Elas nos honram e nos julgam”, diz o poema, enquanto blocos e castanholas fazem as vezes de panelas e garrafas se entrechocando. A reserva da estupefação moral explode na última estrofe: “Nada está fora do alcance da força delas”.

A subjugada linha sinuosa torna-se reta, com permanente vibração surda na percussão, ao prosseguir sem interrupção no episódio seguinte, em ameaçador ‘sostenuto’ das cordas graves sob solo da tuba: é o “Medo”, componente constante da vida soviética. Frente ao negrume até aqui prevalecente, a sinfonia conclui em uma satírica meditação sobre o que é seguir “Carreira”. Em orquestração e harmonização reminiscentes da música do tcheco Martinu (1890-1959), no emprego de flautas e oboés oscilantes em ritmo de valsa lenta, ficamos sabendo que a verdadeira carreira não é a dos que se submetem, mas a de Galileu, Shakespeare ou Pasteur, Newton ou Tolstoi: “Seguirei minha carreira de tal forma que não a esteja seguindo”, conclui o baixo, com o eco do sino que abrira pesadamente a sinfonia, agora aliviado pela sonoridade onírica da celesta.

A Orquestra Petrobrás Sinfônica esteve esplêndida, tocando como gente grande em cada naipe e coletivamente, sob a batuta do jovem maestro chileno Rodolfo Fisher. O barítono americano David Pittman-Jennings, embora não tenha aquele baixo profundo que impressiona nas interpretações russas, ostentou o metal nobre, a projeção plena e a capacidade de nuançar que permitiram total imersão nessa escorchante fantasia pânica. O Coro Sinfônico do Rio de Janeiro, dirigido por Julio Moretzsohn, esteve mais coeso e homogêneo que nunca, em sua formação exclusivamente masculina.

Faltou apenas a reprodução/tradução dos poemas.

MAS AO P.Q.P. BACH NÃO FALTA:

Babi Yar

Tenho medo.
Tenho hoje tantos anos
quanto o próprio povo judeu.

Parece que agora sou um judeu.
Perambulo no Egito antigo.
E eis-me na cruz, morrendo.
E ainda trago em mim a marca dos pregos.
Parece que Dreyfus sou eu.
Os filisteus são os que me denunciam e são o meu juiz.
Estou atrás das grades.
Estou cercado,
perseguido, cuspido, caluniado.
E as mocinhas, com suas rendas de Bruxelas,
rindo, me enfiam a sombrinha na cara.

(…)

Eu, chutado por uma bota, sem forças,
em vão peço piedade aos pogromistas.

(…)

Que a Internacional ressoe
quando enterrarem para sempre
o último anti-semita da terra.
Não há sangue judeu no meu sangue,
mas sou odiado com todas as forças
por todos os anti-semitas, como se judeu fosse.
E é por isso que sou um verdadeiro russo.

Humor

Czares, reis, imperadores
soberanos do mundo inteiro,
comandaram as paradas
mas ao humor não puderam controlar.

Ó euzinho aqui!
De repente me desembaraço de meu casaco,
faço um gesto com a mão e “Tchau!”.

Na loja

Dar-lhes o troco errado é uma vergonha,
enganá-las no troco é um pecado.

(…)

E, enquanto enfio no bolso as minhas massas,
olho, solene e pensativo,
cansadas de carregar seus sacos de compras,
as suas nobres mãos.
Elas nos honram e nos julgam,
nada está fora do alcance de suas forças.

Medos

Lembro do tempo em que ele era todo-poderoso,
na corte da mentira triunfante.
O medo se esgueirava por toda parte, como uma sombra,
infriltava-se em cada andar.
Agora é estranho lembrarmo-nos disso,
o medo secreto que alguém nos delate,
o medo secreto de que venham bater à nossa porta.
E depois, o medo de falar com um estrangeiro…
com um estrangeiro? até mesmo com sua mulher!
E o medo inexplicável de, depois de uma marcha,
ficar sozinho com o silêncio.

Não tínhamos medo de construir em meio à tormenta,
nem de marchar para o combate sob o bombardeio,
mas tínhamos às vezes um medo mortal,
de falar, nem que fosse com nós mesmos.

Uma Carreira

Os padres diziam que Galileu era mau e doido.
Que Galileu era doido.
Mas, como o tempo o demonstrou,
o doido era o mais sábio.
Um cientista da época de Galileu,
não era menos sábio que Galileu.
Ele sabia que a Terra girava,
mas tinha uma família
e, ao subir com sua mulher na carruagem,
achava que tinha feito sua carreira,
quando, na realidade, a tinha destruído.

Para compreender nosso planeta,
Galileu correu riscos.
É isso — eu penso — que é uma carreira.
Por isso, viva sua carreira,
quando é uma carreira como
a de Shakespeare e Pasteur,
Newton e Tolstói.
Liev?
Liev!
Por que eles foram caluniados?
Talento é talento,
digam o que disserem.
Os que insultaram estão esquecidos,
mas nós lembramos dos que foram insultados.

SYMPHONY No.13 in B flat minor, Op.113
For Bass Solo, Bass Choir and Orchestra in B Flat Minor, Op.113, “Babi Yar”
1. Babi Yar (Adagio)
2. Yumor – Humour (Allegretto)
3. V Magazine – In the Store (Adagio)
4. Strachi – Fears (Largo)
5. Kariera – A Career (Allegretto)

Sergei Aleksashkin, Bass
The Choral Academy Moscow
WDR Sinfonieorchester,
Rudolf Barshai

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O grande Yevgeny Yevtushenko
O grande Yevgeny Yevtushenko

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The Dmitri Shostakovich Edition (CD 7 de 27)

The Dmitri Shostakovich Edition (CD 7 de 27)


IM-PER-DÍ-VEL!!!

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CD 7

Sinfonia Nº 11, Op. 103 – O Ano de 1905 (1957)

Esta sinfonia talvez seja a maior obra programática já composta. Há grandes exemplos de músicas descritivas tais como As Quatro Estações de Vivaldi, a Sinfonia Pastoral de Beethoven , a Abertura 1812 de Tchaikovski, Quadros de uma Exposição de Mussorgski e tantas outras, mas nenhuma delas liga-se tão completa e perfeitamente ao fato descrito do que a décima primeira sinfonia de Shostakovich.

Alguns compositores que assumiram o papel de criadores de “coisas belas”, vêem sua tarefa como a produção de obras tão agradáveis quanto o possível. Camille Saint-Saëns dizia que o artista “que não se sente feliz com a elegância, com um perfeito equilíbrio de cores ou com uma bela sucessão de harmonias não entende a arte”. Outra atitude é tomada por Shostakovich, que encara vida e arte como se fosse uma coisa só, que vê a criação artística como um ato muito mais amplo e que inclui a possibilidade do artista expressar – ou procurar expressar – a verdade tal como ele a vê. Esta abordagem foi adotada por muitos escritores, pintores e músicos russos do século XIX e, para Shostakovich, a postura realista de seu ídolo Mussorgsky foi decisiva. A décima primeira sinfonia de Shostakovich tem feições inteiramente mussorgkianas e foi estreada em 1957, ano do quadragésimo aniversário da Revolução de Outubro. Contudo, ela se refere a eventos ocorridos antes, no dia 9 de janeiro de 1905, um domingo, quando tropas czaristas massacraram um grupo de trabalhadores que viera fazer um protesto pacífico e desarmado em frente ao Palácio de Inverno do Czar, em São Petersburgo. O protesto, feito após a missa e com a presença de muitas crianças, tinha a intenção de entregar uma petição – sim um papel – ao czar, solicitando coisas como redução do horário de trabalho para oito horas diárias, assistência médica, melhor tratamento, liberdade de religião, etc. A resposta foi dada pela artilharia, que matou mais de cem trabalhadores e feriu outros trezentos.

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O primeiro movimento descreve a caminhada dos trabalhadores até o Palácio de Inverno e a atmosfera soturna da praça em frente, coberta de neve. O tema dos trabalhadores aparecerá nos movimentos seguintes, porém, aqui, a música sugere uma calma opressiva.

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O segundo movimento mostra a multidão abordar o Palácio para entregar a petição ao czar, mas este encontra-se ausente e as tropas começam a atirar. Shostakovich tira o que pode da orquestra num dos mais barulhentos movimentos sinfônicos que conheço.

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O terceiro movimento, de caráter fúnebre, é baseado na belíssima marcha de origem polonesa Vocês caíram como mártires (Vy zhertvoyu pali) que foi cantada por Lênin e seus companheiros no exílio, quando souberam do acontecido em 9 de janeiro.

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O final – utilizando um bordão da época – é a promessa da vitória final do socialismo e um aviso de que aquilo não ficaria sem punição.

Symphony No. 11 in G minor Op. 103 “The Year 1905”
1. The Palace Square (Adagio)
2. January 9th (Allegro)
3. In Memoriam (Adagio)
4. Tocsin (Allegro non troppo)

WDR Sinfonieorchester,
Rudolf Barshai

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4, Op. 43

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4, Op. 43
Dmitri Shostakovich
Dmitri Shostakovich

Shostakovich Symphony No. 4 / Bolshoi Theatre Orchestra (Russian Disc)

Uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. A duração, o tamanho da orquestra, o estilo da orquestração e o uso da melodia banal, justaposta, todas vieram de Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.

A Sinfonia n.º 4 em Dó menor de Dmitri Shostakovich (opus 43) foi composta entre setembro de 1935 e maio de 1936, após o abandono de alguns esboços. Em janeiro de 1936, na metade de sua composição, Pravda – um jornal sob as ordens de Joseph Stalin1 – publicou um edital chamado “Bagunça invés de Música”, que denunciava o compositor e especificamente sua ópera Lady Macbeth de Mtsensk. Depois dos ataques e da grande opressão política, Shostakoivch não apenas concluiu sua sinfonia, como também planejou sua estreia, programada para dezembro de 1936 em Leningrado. Em algum momento dos ensaios, ele mudou de ideia. O trabalho foi finalmente apresentado dia 30 de dezembro de 1961 pela Orquestra Filarmônica de Moscou, conduzida por Kirill Kondrashin.

A gravação de Rozhdestvensky é 100% russa. Isto é, temos aqui um Shostakovich com seu sotaque original. Recuse imitações!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 – AO VIVO

1. Sym No.4 in c, Op.43: Alleretto Poco Moderato
2. Sym No.4 in c, Op.43: Moderatto Con Moto
3. Sym No.4 in c, Op.43: Largo. Allegretto

Bolshoi Theatre Orchestra
Gennadi Rozhdestvensky

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Shostakovich em 1936, brincando com sua filha Galina.
Shostakovich em 1936, brincando com sua filha Galina e uns porquinhos.

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Dmitri Shostakovitch (1905-1975) – Cello Concertos 1+2 – Alisa Weilerstein, Heras-Casado, BSO

folderAos poucos venho ensaiando meu retorno ao PQPBach, por isso, não se surpreendam se novamente eu sumir por algum tempo. Problemas pessoais, aliados a questão do fechamento do PQPShare me deixaram um tanto desgostoso, então resolvi dar um tempo. Como estamos nos aproximando das festividades de comemoração dos 10 anos do blog, resolvi contribuir mais um pouco, na medida do possível, mas tenho me estressado um tanto quanto na questão da escolha do novo servidor. Ainda estou me decidindo entre o MEGA, cuja senha simplesmente esqueci, ou o Drive, que nosso mentor PQPBach vem usando.
Então trago mais um lançamento, mais uma gravação destes dois grandes concertos para violoncelo de Shostakovich, nas mãos muito competentes de Alisa Weilerstein, que encara os dois petardos com muita segurança e competência. Sugiro ouvirem algumas vezes seguidas este CD, para melhor apreciarem a qualidade da interpretação.

01 – Cello Concerto No. 1 in E Flat Major, Op. 107 – I. Allegretto
02 – Cello Concerto No. 1 in E Flat Major, Op. 107 – II. Moderato
03 – Cello Concerto No. 1 in E Flat Major, Op. 107 – III. Cadenza
04 – Cello Concerto No. 1 in E Flat Major, Op. 107 – IV. Allegro con moto
05 – Cello Concerto No. 2 in G Major, Op. 126 – I. Largo
06 – Cello Concerto No. 2 in G Major, Op. 126 – II. Scherzo, Allegretto
07 – Cello Concerto No. 2 in G Major, Op. 126 – III. Finale, Allegretto

Alisa Weilerstein – Cello
Symphonieorchester des Bayerschen Rundfunk
Pablo Heras- Casado – Conductor

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Preludes & Ballet Suite

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Preludes & Ballet Suite


Um CD curioso. Shostakovich recebendo arranjos de um excelente oboísta russo, certamente desesperado para aumentar seu repertório. O disco não é nenhuma obra-prima, mas mostra a força do repertório leve de Shosta, pois, além das grandes e pesadas sinfonias, quartetos, concertos, etc., o compositor possui vários ballets e peças de circunstância de alto nível. Tudo coisa para ser deglutida sem maiores problemas. Eu curti moderadamente.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Preludes & Ballet Suite

1 Elegy in F Sharp Minor (transcription for oboe and strings) [04:06]

Ten Preludes, op. 34 (arranged for oboe and strings)
2 Prelude №1 in C Major [01:33]
3 Prelude №16 in B Flat Minor [01:05]
4 Prelude №3 in G Major [02:07]
5 Prelude №8 in F Sharp Minor [01:03]
6 Prelude №11 in B Major [00:51]
7 Prelude №17 in A Flat Major [02:04]
8 Prelude №18 in F Minor [01:06]
9 Prelude №19 in E Flat Major [01:44]
10 Prelude №21 in B Flat Major [09:54]
11 Prelude №22 in G Minor [02:45]

Prelude and Fugue in C Minor, op. 87 (arranged for oboe, cello and piano)
12 Prelude [03:56]
13 Fugue [05:32]

Prelude and Fugue in B Major, op. 87 (arranged for oboe, cello and piano)
14 Prelude [01:26]
15 Fugue [02:32]

Ballet Suite for Flute, Oboe, Strings and Percussion.
Compiled and arranged by Mikhail Utkin from the ballets The Limpid Stream [Svetly ruchey], The Bolt [Bolt], The Golden Age [Zolotoy vek]
16 Andante (Dance of The Negro) [00:51]
17 Allegro (Soviet Dance) [02:20]
18 Pantomima (Kozelkov’s Scene) [03:12]
19 Variation (Dance of The Drayman) [01:59]
20 Polka (Bureaucrat) [02:28]
21 Intermezzo (Saboteurs) [03:36]
22 Duet (Jealous Zina) [01:51]
23 Russian Dance (Lubok) [01:45]
24 Adagio (Zina and Pyotr) [06:18]
25 Pizzicato (Ballerina’s Variation) [01:02]
26 Waltz (Dance of The Ballerina) [03:06]
27 Galop (Coda) [01:56]
28 Adagio [05:05]

Alexei Utkin solo oboe (1 – 24; 26 – 28)
Mikhail Utkin solo cello (12 – 15); cello (24)
Maria Chepurina solo flute (17 – 24; 26 – 27)

All arrangements are by Mikhail Utkin.

HERMITAGE CHAMBER ORCHESTRA

Pyotr Nikiforov 1st violin (1 – 11; 16 – 28)
Ilya Norshtein 1st violin (1 – 11; 16 – 28)
Maria Trishina 1st violin (1 – 11; 16 – 28)
Anna Poletaeva 2nd violin (1 – 11; 16 – 28)
Nadezhda Sergiyenko 2nd violin (1 – 11; 16 – 28)
Andrei Barzov 2nd violin (1; 16 – 28)
Eugeny Sorkin 2nd violin (2 – 11)
Fyodor Belugin viola (1 – 11; 16 – 28)
Zoya Nevolina viola (1 – 11; 16 – 28)
Ekaterina Dossina solo cello (24); cello (1 – 11; 16 – 28)
Olga Kazantseva cello (1 – 11; 16 – 28)
Mikhail Khokhlov double bass (1 – 11)
Gleb Chernobrovkin double bass (16 – 28)
Darja Alyoshina piano (12 – 15)
Andrei Vinnitsky percussion (17; 19 – 21)

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A turma de solistas do CD: os dois Utkin e a Chepurina

PQP

Dmitry Shostakovich (1906-1975) — Alfred Schnittke (1934-1998): Piano Trios — Kempf Trio

Dmitry Shostakovich (1906-1975) — Alfred Schnittke (1934-1998): Piano Trios — Kempf Trio

frontNeste álbum fica bem fácil identificar a influência de Shotakovich sobre a obra de Schnittke. Primeiro, estamos falando de dois russos. Segundo, de dois russos do século XX. Terceiro, de dois russos do século XX que aderem à uma “escola” mais progressista na música. Schnittke, claro, mais que Shostakovich, mas ambos igualmente modernos aos nossos ouvidos, deliciosamente modernos.

Recomendo também ouvir a orquestração desse trio de Schnittke… ou, se você só ouviu a orquestração, ouça agora em um arranjo para trio de piano, violino e cello.

Li opiniões contraditórias sobre as interpretações do Kempf Trio. Pessoalmente adorei a interpretação do Piano Trio No. 2 de Shosta, talvez até mais que uma que o PQP postou não faz tanto tempo.

Dmitry Shostakovich (1906-1975):

Piano Trio No. 2 in E minor Op.67
01 I. Andante – Moderato – Poco più mosso
02 II. Allegro non tropo
03 III. Largo
04 IV. Allegretto

05 Piano Trio No.1 in C minor Op. 8

Alfred Schnittke (1934-1998):

Piano trio (1992)´[Arrangement from his String Trio]
06 I. Moderato
07 II. Adagio

Kempf Trio:
Freddy Kempf, piano
Pierre Bensaid, violin
Alexander Chaushian, cello

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shosta-quintet

Luke

Dukas / Kodály / Shostakovich / Hindemith / Johann Strauss / Beethoven / Mozart: Obras regidas pelo grande Ferenc Fricsay

Dukas / Kodály / Shostakovich / Hindemith / Johann Strauss / Beethoven / Mozart: Obras regidas pelo grande Ferenc Fricsay

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Ferenc Fricsay (1914-1963) foi um maestro genial, grande intérprete de Beethoven e Mozart, assim como dos húngaros Bartók e Kodály. Mas tudo o que tocava virava ouro. Estudou piano, violino, clarinete, trombone, percussão, composição e regência. Viveu pouquíssimo, 48 anos para ser exato. Estudou música com Béla Bartók, Zoltán Kodály, Ernst von Dohnányi e Leo Weiner. Fricsay fez sua primeira aparição como maestro aos quinze anos de idade. Ele se tornou diretor musical da recém formada Orquestra Sinfônica RIAS na Alemanha em 1949. Também foi maestro titular da Orquestra Sinfônica de Houston em 1954. De 1956 até 1958 ele ocupou o mesmo cargo na Ópera do Estado Bávaro, da Ópera Alemã de Berlim e na Filarmônica de Berlim. Do início da década de 1950 até sua morte ele fez inúmeras gravações com a Deutsche Grammophon. Seu último concerto aconteceu no dia 7 de Dezembro de 1961 em Londres, onde conduziu a Filarmônica de Londres da Sinfonia Nº 7 de Beethoven. Faleceu de um vulgar câncer no estômago.

Estas são gravações ao vivo. O som é bom, mas não é aquela coisa translúcida. Já a interpretação, a concepção que Fricsay tinha da música… Isto está completinho.

Dukas / Kodály / Shostakovich / Hindemith / Johann Strauss / Beethoven / Mozart:
Obras regidas pelo grande Ferenc Fricsay

CD 1:

01. Dukas- The Sorcerer’s Apprentice

02. Kodaly- Dances of Galanta

03. Shostakovich- Symphony No 9- I. Allegro
04. Shostakovich- Symphony No 9- II. Moderato
05. Shostakovich- Symphony No 9- III. Presto
06. Shostakovich- Symphony No 9- IV. Largo
07. Shostakovich- Symphony No 9- V. Allegretto

08. Hindemith- Symphonic Metamorphosis- I. Allegro
09. Hindemith- Symphonic Metamorphosis- II. Moderato
10. Hindemith- Symphonic Metamorphosis- III. Andantino
11. Hindemith- Symphonic Metamorphosis- IV. Marsch

12. Strauss, Johann- Kunstlerleben

CD 2:

01. Beethoven- Leonore Overture No 3

02. Beethoven- Symphony No 3- I. Allegro con brio
03. Beethoven- Symphony No 3- II. Marcia funebre. Allegro assai
04. Beethoven- Symphony No 3- III. Scherzo. Allegro vivace
05. Beethoven- Symphony No 3- IV. Finale. Allegro molto
06. Mozart- Overture to Cosi fan tuttte

RIAS-Symphonie-Orchester
Berlin Radio-Symphonie-Orchester
Berlin Wiener Philharmoniker
Ferenc Fricsay

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Ferenc Fricsay, gênio absoluto da direção orquestral
Ferenc Fricsay, gênio absoluto da direção orquestral

PQP

Dmitry Shostakovich (1906-1975) — Peteris Vasks (1946) — Alfred Schnittke (1934-1998): Dolorosa

Dmitry Shostakovich (1906-1975) — Peteris Vasks (1946) — Alfred Schnittke (1934-1998): Dolorosa

MI0001015895Não há nada de doloroso neste álbum, pelo contrário, só de delicioso. Primeiro temos a Sinfonia para Câmara de Shostakovich, que nada mais é do que uma transcrição do Quarteto No. 8 feita por Rudolf Barshai. Uma ótima ideia de Barshai pois deixou a coisa toda surpreendentemente mais gostosa.

Ao final do álbum temos outra transcrição: a sonata para trio de violino, viola e cello de Schnittke, transcrita também para orquestra de câmara, essa feita por Yuri Bashmet. Novamente uma ótima ideia.

Mas o destaque do álbum fica pra Musica Dolorosa de Peteris Vasks, compositor que estreia hoje no blog. Nascido na Letônia, parece utilizar vários métodos contemporâneos de composição. Sua obra neste álbum me pareceu uma mistura de dor e fúria, coisa que adoro sentir na obra de um compositor. Não sei se sou sádico, acredito que não, mas me deliciei com as “dores” desta música.

Aliás, o álbum inteiro parece conter um clima semelhante; certamente uma ótima compilação.

Shostakovich, Vasks, Schnittke: Dolorosa

Dmitry Shostakovich (1906-1975)

Chamber Symphony Op. 110a (orchestration by Rudolf Barshai)
01 I. Largo
02 II. Allegro molto
03 III. Allegretto
04 IV. Largo
05 V. Largo

Peteris Vasks (1946)

06 Musica Dolorosa

Alfred Schnittke (1934-1998)

Trio Sonata (orchestration by Yuri Bashmet)
07 Moderato
08 Adagio

Stuttgarter Kammerorchester
Dennis Russell Davies, conductor

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Vasks emocionado por estrear no PQP Bach.
Vasks emocionado por estrear no PQP Bach.

Luke

Gustav Mahler (1860-1911): Adagio da Sinfonia Nº 10 / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 14

Gustav Mahler (1860-1911): Adagio da Sinfonia Nº 10 / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 14

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sim, a versão apresentada neste disco para o adágio da 10ª Sinfonia — Mahler completou apenas este movimento da 10ª que permaneceu incompleta, apesar das atuais “reconstruções” — é uma redução para cordas escrita por Hans Stadlmair. É inferior ao original mahleriano, mas é muito bonita. Porém, a Sinfonia Nº 14 de Shostakovich está com sua instrumentação completa. Não têm razão os críticos que atacam Kremer por ele ter gravado duas reduções. Fico pasmo com isso: pessoas que se apresentam como críticos de música ignoram que a Sinfonia Nº 14 SEJA uma sinfonia de câmara.

Este CD é uma iguaria. A redução do tristíssimo Adágio de Mahler combinou perfeitamente com a 14ª de Shosta. A KREMERara Baltica (fundada em 1997) comemorou seu décimo aniversário lançando este CD onde interpreta o adágio da inacabada décima de Mahler com grande sensibilidade, assim como 14ª Sinfonia de Shostakovich – ambos são trabalhos escritos tendo por horizonte a proximidade da morte. Shosta, aliás, fez sua sinfonia sobre poemas a respeito da morte. Estão presentes, por exemplo, García Lorca, Apollinaire e Rilke. Ambas são composições plenas de dor e desespero.

Sobre a 14ª de Shostakovich, eu já tinha escrito neste blog:

Sinfonia Nº 14, Op. 135 (1969)

A Sinfonia Nº 14 – espécie de ciclo de canções – foi dedicada a Britten, que a estreou em 1970 na Inglaterra. É a menos casual das dedicatórias. Seu formato e sonoridade é semelhante à Serenata para Tenor, Trompa e Cordas, Op. 31, e à Les Illuminations para tenor e orquestra de cordas, Op. 18, ambas do compositor inglês. Os dois eram amigos pessoais; conheceram-se em Londres em 1960, e Britten, depois disto, fez várias visitas à URSS. Se o formato musical vem de Britten, o espírito da música é inteiramente de Shostakovich, que se utiliza de poemas de Lorca, Brentano, Apollinaire, Küchelbecker e Rilke, sempre sobre o mesmo assunto: a morte.

O ciclo, escrito para soprano, baixo, percussão e cordas, não deixa a margem à consolação, é música de tristeza sem esperança. Cada canção tem personalidade própria, indo do sombrio e elegíaco em A la Santé, An Delvig e A Morte do Poeta, ao macabro na sensacional Malagueña, ao amargo em Les Attentives, ao grotesco em Réponse des Cosaques Zaporogues e à evocação dramática de Loreley. Não há música mais direta e que trabalhe tanto para a poesia, chegando, por vezes, a casar-se com ela sílaba por sílaba para tornar-se mais expressiva. Há uma versão da sinfonia no idioma original de cada poema, mas sempre a ouvi em russo. Então, já que não entendo esta língua, tenho que ouvi-la ao mesmo tempo em que leio uma tradução dos poemas. Posso dizer que a sinfonia torna-se apenas triste se estiver desacompanhada da compreensão dos poemas – pecado que cometi por anos! Ela perde sentido se não temos consciência de seu conteúdo autenticamente fúnebre. Além do mais, os poemas são notáveis.

Possui indiscutíveis seus méritos musicais mas o que importa é sua extrema sinceridade. Me entusiasmam especialmente a Malagueña, feita sobre poema de Lorca e a estranha Conclusão (Schluss-Stück) de Rilke, que é brevíssima, sardônica e — puxa vida — muito, mas muito final.

Gustav Mahler (1860-1911)

1 Symphony No. 10 – Adagio (1910) adapted for strings by Hans Stadlmair and Kremerata Baltica

Dmitri Shostakovich (1906-1975)

Symphony No. 14 op. 135 (1969) for soprano, bass and chamber orchestra
Dedicated to Benjamin Britten

2 De profundis
3 Malagueña
4 Loreley
5 The Suicide
6 On the Alert
7 Look, Madame
8 At the Santé Jail
9 The Zaporozhian Cossacks’ Reply to the Sultan of Constantinople
10 O Delvig, Delvig!
11 The Death of the Poet
12 Conclusion

Yulia Korpacheva soprano
Fedor Kuznetsov bass
The Kremerata Baltica
Gidon Kremer

Recorded 2001 and 2004
ECM New Series 2024

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Gidon Kremers e sua Kremerata Baltica
Gidon Kremer e sua Kremerata Baltica

PQP

Hilary Hahn Spetacular – Beethoven, Brahms, Mendelssohn, Barber, Stravinsky, Shostakovich

CoverEu chamaria essa coleção de “Retrato do Artista Enquanto Jovem”, no lugar de ‘Spetacular’, título este um tanto quanto exagerado no meu entender, já que são gravações do início da carreira da artista, antes de assinar contrato com  a Deutsche Grammophon, mas tudo bem.
Mas enfim, a coleção serve para mostrar a evolução de Hilary Hahn enquanto artista. A carreira da violinista norte americana já está mais do que consolidada, e sua agenda sempre está cheia, se apresentando ao redor do mundo. São três cds, trazendo alguns dos principais concertos para violino, desde Beethoven até Barber, passando por Brahms, Mendelssohn, Stravinsky e Shostakovich.
Espero que apreciem. Conheço bem estas gravações, pois acompanho sua carreira já desde o início dos anos 2000, quando ela começou a se destacar nas salas de concerto.
Então vamos ao que viemos.

CD 1

01 Mendelssohn: Violin Concerto In E Minor, Op. 64 – 1. Allegro Molto Appassionato
02 Violin Concerto In E Minor, Op. 64 – 2. Andante
03 Violin Concerto In E Minor, Op. 64 – 3. Allegretto Non Troppo

Oslo Symphony Orchestra
Hugh Wolff – Conductor

04 Beethoven: Violin Concerto In D, Op. 61 – 1. Allegro Ma Non Troppo
05 Violin Concerto In D, Op. 61 – 2. Larghetto
06 Violin Concerto In D, Op. 61 – 3. Rondo: Allegro

Baltimore Symphony Orchestra
David Zinman – Conductor

CD 2

01 Brahms – Concerto in D Major for Violin and Orchestra, Op. 77: I. Allegro non troppo
02 Concerto in D Major for Violin and Orchestra, Op. 77: II. Adagio
03 Concerto in D Major for Violin and Orchestra, Op. 77: III. Allegro giocoso, ma non troppo vivace
04 Stravinsky – Concerto in D for Violin and Orchestra (1931): I. Toccata
05 Concerto in D for Violin and Orchestra (1931): II. Aria I
06 Concerto in D for Violin and Orchestra (1931): III. Aria II
07 Concerto in D for Violin and Orchestra (1931): IV. Capriccio

Academy of Saint-Martin in the Fields
Neville Marrimer – Conductor

CD 3

01 Shostakovich: Violin Concerto #1 In A Minor, Op. 77 – 1. Nocturne
02 Shostakovich: Violin Concerto #1 In A Minor, Op. 77 – 2. Scherzo
03 Shostakovich: Violin Concerto #1 In A Minor, Op. 77 – 3. Passacaglia
04 Shostakovich: Violin Concerto #1 In A Minor, Op. 77 – Cadenza
05 Shostakovich: Violin Concerto #1 In A Minor, Op. 77 – 4. Burlesque

Oslo Symphony Orchestra
Hugh Wolff – Conductor

06 Barber: Violin Concerto, Op. 14 – 1. Allegro
07 Barber: Violin Concerto, Op. 14 – 2. Andante
08 Barber: Violin Concerto, Op. 14 – 3. Presto In Moto

Saint Paul Chamber Orchestra
Hugh Wolff – Conductor

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CD 3 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Prokofiev (1891-1953): Cello Concerto, Op. 58, Music For Children, Op. 65 / Shostakovich (1906-1975): Cello Concerto No. 1, Op. 107

Prokofiev (1891-1953): Cello Concerto, Op. 58, Music For Children, Op. 65 / Shostakovich (1906-1975): Cello Concerto No. 1, Op. 107

Há um CD análogo a este gravado por Rostropovich e Ozawa. Mesmo repertório e, bem, interpretação muito melhor. Isserlis dá um jeito de dobrar as coisas a seu modo e não apenas toma um chocolate de Rostrô como também de outra dupla mais contemporânea presente no PQP Bach, Mørk e Petrenko. (Só que os últimos não tocam Prokofiev, só o 1º Concerto de Shosta). Estas duas gravações pulverizam o leve Isserlis, um cabeludo sonhador — nada contra — meio desconectado dos sentimentos que criaram tal música. Rapaz, esta não é música para cellistas românticos, é para gente grande e implacável.

Prokofiev (1891-1953): Cello Concerto, Op. 58, Music For Children, Op. 65 /
Shostakovich (1906-1975): Cello Concerto No. 1, Op. 107

Serge Prokofiev (1891-1953): Cello Concerto In E Minor, Op. 58
01. 1. Andante
02. 2. Allegro Giusto
03. 3a. Tema- Allegro; Interludio- L’Istesso Tempo
04. 3b. Var. 1- L’Istesso Tempo
05. 3c. Var. 2- Vivace
06. 3d. Var. 3- Andantino Tranquillo; Interludio II- Tempo I
07. 3e. Var. 4- L’Istesso Tempo
08. 3f. Reminiscenza- Meno Mosso
09. 3g. Coda- Poco Più Sostenuto

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Cello Concerto #1 In E Flat, Op. 107
10. 1. Allegretto
11. 2. Moderato
12. 3. Cadenza
13. 4. Allegro Con Moto

Serge Prokofiev (1891-1953): Music For Children, Op. 65
14. #10 March

Steven Isserlis, cello
Frankfurt Radio Symphony Orchestra
Paavo Järvi, regente

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Prokofiev e Shostakovich num daqueles alegres encontros de compositores soviéticos
Prokofiev e Shostakovich num daqueles animados encontros de compositores soviéticos

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Complete Symphonies – Cds 10 e 11 de 11 – Kondrashin, MPSO

CD10 (1)Então vamos acabar essa coleção, trazendo os dois últimos cds, com as duas últimas sinfonias compostas por esse incrível compositor.
A sinfonia nº14 foi composta para uma orquestra de câmara, que consiste apenas de cordas e percussão, e vozes solistas, aqui com uma soprano, Yevgenia Tselovalnik,  e um incrível baixo, Yevgeni Nesterenko. O adagio inicial, baseado em um poema de Lorca, é uma loucura. Enfim, cada movimento da sinfonia é baseada em um poema, devidamente descritos abaixo, na relação das faixas.
CD11 (1)A Sinfonia nº 15, ao contrário da anterior, pede uma orquestra completa, foi a última que Shostakovich compôs, em 1971, e sua estréia ocorreu em 1971, sob a direção de Maxim Shostakovich, filho do compositor. A gravação que ora vos trago, continua sobe a batuta competentíssima de Kirill Kondrashin.
Ah, de bônus os senhores terão apenas o Segundo Concerto para Violino, com ninguém mais ninguém menos que David Oistrakh. É mole, ou tá bom assim?

CD 10

01. Symphony No. 14, Op. 135 – Adagio. “De profundis” (Federico García Lorca)
02. Symphony No. 14, Op. 135 – Allegretto. “Malagueña” (Federico García Lorca)
03. Symphony No. 14, Op. 135 – Allegro molto. “Loreley” (Guillaume Apollinaire)
04. Symphony No. 14, Op. 135 – Adagio. “Le Suicidé” (Guillaume Apollinaire)
05. Symphony No. 14, Op. 135 – Allegretto. “Les Attentives I” (On watch) (Guillaume Apollinaire)
06. Symphony No. 14, Op. 135 – Adagio. “Les Attentives II” (Madam, look!) (Guillaume Apollinaire)
07. Symphony No. 14, Op. 135 – Adagio. “À la Santé” (Guillaume Apollinaire)
08. Symphony No. 14, Op. 135 – Allegro. “Réponse des Cosaques Zaporogues au Sultan de Constantinople” (Guillaume Apollinaire)
09. Symphony No. 14, Op. 135 – Andante. “O, Del’vig, Del’vig!” (Wilhelm Küchelbecker)
10. Symphony No. 14, Op. 135 – Largo. “Der Tod des Dichters” (Rainer Maria Rilke)
11. Symphony No. 14, Op. 135 – Moderato. “Schlußstück” (Rainer Maria Rilke)

Yevgenia Tselovalnik – Soprano
Yevgeni Nesterenko – Bass
Essemble of Soloists of the Moscow Philharmonics Symphony Orchestra
Kirill Kondrashin – Conductor

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CD 11

01. Symphony No. 15 in A major, Op. 141 I. Allegretto
02. Symphony No. 15 in A major, Op. 141 II. Adagio
03. Symphony No. 15 in A major, Op. 141 III. Allegretto
04. Symphony No. 15 in A major, Op. 141 IV. Adagio – Allegretto

Moscow Philharmonics Symphony Orchestra
Kirill Kondrashin – Conductor

05. Concerto for Violin and Orchestra No. 2 in C-sharp minor, Op. 129 I. Moderato
06. Concerto for Violin and Orchestra No. 2 in C-sharp minor, Op. 129 II. Adagio
07. Concerto for Violin and Orchestra No. 2 in C-sharp minor, Op. 129 III. Adagio – Allegro

David Oistrakh – Violin
Moscow Philharmonics Symphony Orchestra
Kirill Kondrashin – Conductor

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Complete Symphonies – CD 8 de 11 – Symphony nº 12 in G Minor, “1917” – Op. 112- Kodrashin, MPSO

CD8 (1)Mais um volume desta série incrível, longa, porém altamente recomendável, com as sinfonias de Shostakovich, interpretadas pelo seu amigo pessoal, Kirill Kondrashin.
Aqui temos a sinfonia que o compositor fez em homenagem à Revolução de 1917 e é dedicada à memória de Lenin.
Como já comentei anteriormente, nosso querido mentor PQPBach está trazendo outra série de gravações de Shostakovich, e, como especialista que é na obra do russo, descreve com maiores detalhes essa sinfonia. Sugiro sua leitura.

01. Symphony No. 12 in D minor, Op. 112 ‘1917’ I. Revolutionary Petrograd Moderato – Allegro
02. Symphony No. 12 in D minor, Op. 112 ‘1917’ II. Razliv (The Flood) Allegro – Adagio
03. Symphony No. 12 in D minor, Op. 112 ‘1917’ III. ‘Aurora’ L’istesso tempo – Allegro
04. Symphony No. 12 in D minor, Op. 112 ‘1917’ IV. The Dawn of Humanity L’istesso tempo – Allegretto
05. The Execution of Stepan Razin, Poem, Op. 119

Vitaly Gromadski – Bass
Russian State Choral Chapel
Moscow Philharmonic Symphony Orchestra
Kirill Kondrashin – Conductor

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) – CD 9 DE 11 – Symphony nº 13 for Bass Solist, Choir of Basses and Symphony Orchestra in B Flat Minor, op. 113 “Babi Yar” – Eizen, MPSO, Kondrashin

CD9 (1)Dentro de alguns dias entrará no ar outra postagem com essa mesma sinfonia, na verdade uma repostagem, com outro regente e orquestra. Especialista na obra de Shostakovich, PQPBach dará maiores detalhes a respeito dessa impressionante sinfonia, que sempre me chamou a atenção, desde o primeiro contato que tive com ela. Afinal, convenhamos, uma obra para baixo solista e coro de baixos chama a atenção.
Em uma obra deste porte tudo tem de ser grandioso, começando pela orquestração. Grandes momentos, grandes corais, um solista com um fôlego impressionante, enfim, junte tudo isso com um regente do quilate de Kirill Kondrashin dirigindo e você terá um CD facilmente classificável como IM-PER-DÍ-VEL !!!
Espero que apreciem. Não é uma obra de fácil assimilação, é densa, que cria um ambiente pesado, como não poderia deixar de ser, afinal é baseada em um poema que trata do massacre de judeus em Babi Yar, ocorrido em 1941, ou seja, em plena Segunda Guerra Mundial.

01. Symphony No. 13 in B-flat minor, Op. 113 ‘Babi Yar’ I. Babi Yar Adagio
02. Symphony No. 13 in B-flat minor, Op. 113 ‘Babi Yar’ II. Humour Allegretto
03. Symphony No. 13 in B-flat minor, Op. 113 ‘Babi Yar’ III. At the Store Adagio
04. Symphony No. 13 in B-flat minor, Op. 113 ‘Babi Yar’ IV. Fears Largo
05. Symphony No. 13 in B-flat minor, Op. 113 ‘Babi Yar’ V. Progress Allegretto

Artur Eizen – Bass
Bass Group of The Russian State Choral Chapel
Moscow Philharmonic Symphony Orchestra
Kirill Kondrashin – Conductor

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Complete Symphonies – CDs 6 e 7 de 11 – Kondrashin, MPSO

CD6 (1)Vamos adiantar um pouco as coisas, para conseguir dar conta do recado. Meus dias tem sido muito intensos, e quando chego em casa nem quero ligar o computador.
Então vou postar dois cds de uma só vez, o 6º e o 7º, que trazem mais algumas obras primas do compositor russo: as sinfonias de nº 9, 10, e 11, três obras fundamentais no repertório sinfônico do século XX.
E como sempre digo, o tempo urge, e fico por aqui. Boa audição.

CD 6
01. Symphony No. 9 in E-flat major, Op. 70 I. Allegro
02. Symphony No. 9 in E-flat major, Op. 70 II. Moderato
03. Symphony No. 9 in E-flat major, Op. 70 III. Presto
04. Symphony No. 9 in E-flat major, Op. 70 IV. Largo
05. Symphony No. 9 in E-flat major, Op. 70 V. Allegretto
06. Symphony No. 10 in E minor, Op. 93 I. Moderato
07. Symphony No. 10 in E minor, Op. 93 II. Allegro
08. Symphony No. 10 in E minor, Op. 93 III. Allegretto
09. Symphony No. 10 in E minor, Op. 93 IV. Andante – Allegro

CD 7

01. Symphony No. 11 in G minor, Op. 103 ‘1905’ I. Palace Square Adagio
02. Symphony No. 11 in G minor, Op. 103 ‘1905’ II. January the Ninth Adagio
03. Symphony No. 11 in G minor, Op. 103 ‘1905’ III. Eternal Memory Adagio
04. Symphony No. 11 in G minor, Op. 103 ‘1905’ IV. Tocsin Allegro non troppo – Allegro – Adagio – Allegro

CD 6 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
CD 7 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Dmitri Shostakovich – Complete Symphonies – CD 5 de 11 – Symphony nº8 in C Minor, op. 65 – Kondrashin, MPSO

CD5 (1)Pensaram que eu tinha desistido, né? Não, não se preocupem. Resolvi dar um tempo para deixá-los aproveitar outras coisas.
Esta é uma das sinfonias mais dramáticas que Shostakovich escreveu. Já no enorme primeiro movimento sentimos que a coisa é séria, já que ela foi composta no meio da Segunda Guerra Mundial, em 1943 para ser mais exato.
Kirill Kondrashin, para variar, está impecável frente à orquestra. Definitivamente, um dos grandes regentes do século XX.

01. Symphony No. 8 in C minor, Op. 65 I. Adagio
02. Symphony No. 8 in C minor, Op. 65 II. Allegretto
03. Symphony No. 8 in C minor, Op. 65 III. Allegro non troppo
04. Symphony No. 8 in C minor, Op. 65 IV. Largo
05. Symphony No. 8 in C minor, Op. 65 V. Allegretto
06. The Sun Shines on Our Motherland, Cantata, Op. 90

Moscow Philharmonic Symphony Orchestra
Kirill Kondrashin – Conductor

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