Isso que eu posto aqui hoje, não é um CD, e sim um fragmento de dois CD’s que eu não encontrei na Amazon. Penso que Alfred Reed tenha sido um dos mestres do século. Sempre compondo com gosto. Fazendo sempre bem feito o seu trabalho.
A orquestração para bandas sinfônicas é tida com muito preconceito. Tida como sendo um ramo da música que cresceu defeituoso. Acho que tudo isso seja ”prosopopéia flácida para acalentar bovinos.”
Vamos falar do post..
Eu já tive o prazer de tocar todas as músicas presentes neste post, e posso dizer com muita firmeza: É muito difícil. Alfred Reed. Reed ”contraponteia” toda a melodia. Ainda a melodia é toda quebrada nos instrumentos. Isso dá a impressão de união do conjunto. Como se o conjunto tocasse uma coisa só. É uma técnica muito utilizada, e tem resuldatos.
Composta em 1983, Viva Música é uma ”Abertura de Concerto” ( assim vem escrito na partitura: A Concert Overture for Winds ) ou seja, mostra toda a sonoridade que se pode extraír do conjunto. Mostra o som de todos, eu disse TODOS, os instrumentos seja como for. Desde a Clarineta até o Pandeiro. Ainda assim essa música é o terror na vida dos trompista, porque caso vocês escutem, tem um solo de trompa ( 1:16min. ) com sax alto. Os intervalos entre as notas são grandes, o que facilita muito mais as coisas para o músico. O compasso é um ”mix” de 7/8 e 8/8. Os atentos irão perceber que por mais que o compasso seja composto e sem o chamado ”tempo forte” a música flui muito bem. Os compassos 7/8 tem a concheia como principal figura rítmica. Reed agrupa as 3 primeiras colcheias no primeiro tempo, e as 4 seguidas, duas em um tempo e duas no outro tempo. Assim ficamos com 3 tempos em um compasso 7/8. Interpretando cada “I” como se fosse uma colcheira e o espaço entre eles a divisão do tempo ficaria assim ( III – II – II ). O interessante é que o compasso 8/8 funciona da mesma maneira ( III – III – II ). Eu fiquei embasbacado como esse cara conseguiu bolar isso. É uma música que eu recomendo ouvir atentamente. Cada segundo ouvindo é um aprendizado. Vale a pena tentar adivinhar qual o instrumento está tocando tal trecho.
A First Suite for Band é dividida entre uma abertura, em ritmo de marcha. esse movimento não quer expressar a música das ” bandas marciais” mas sim como um tema de aventura. Reed era trompetista. Isso faz com que ele utilize muito os naipes de metais. Principalmente trompa e trompete ( cornet, flugelhorn….. )
O segundo movimento é a coisa mais bela que eu já ouvi na vida. Me dá vontade de chorar toda vez que o ouço. É a coisa mais bela e melodiosa que eu já pude tocar. Não sei como descrever. Poderia ficar um mês inteiro atribuindo adjetivos para esse movimento mas deixo a voces a missão de dizer o que acharam deste movimento na caixa de comentário.
O terceiro movimento é um Rag. Isso nos trás às origens de da Música classica americana. Profetizada por Dvorák o Ragtimes é uma forma de compor nascida nos EUA. Aqui em baixo um trcho tirado da wikipédia sobre o Ragtimes.
”Ragtime (também ragged-time) é um gênero musical norte-americano que teve seu pico de popularidade entre os anos 1897 e 1918. Tal gênero tem tido vários períodos de renascimento, ainda hoje são produzidas composições. O ritmo foi o primeiro gênero musical autentico norte-americano, superando o jazz.[1] Começou como música de dança com cunho mais popular, anos antes de ser publicado como partitura popular para piano. Sendo *uma modificação da marcha foi primeiramente escrita na tempos 2/4 ou 4/4 com uma predominância da left hand pattern de notas graves em batidas com tempos diferentes e acordes em números de batidas pares, acompanhando uma melodia sincopada na mão direita. Uma composição nesse estilo é chamada de “rag”. Uma rag escrita em 3/4 é uma “valsa ragtime”.
Ragtime não é um “tempo” (métrica no mesmo sentido que a métrica marcial é 2/4 e a valsa com métrica 3/4). No entanto, é um gênero musical que usa um efeito que pode ser aplicado à qualquer métrica. A característica que define a música ragtime é um tipo específico de sincopação na qual os acentos melódicos ocorrem entre as batidas métricas. Isso resulta em uma melodia que parece evitar algumas batidas na métrica do acompanhamento, através da ênfase de notas que tanto antecipam ou seguem a batida. A última e (intencional) efeito no ouvinte é de fato acentuar a batida, sendo assim induzindo o ouvinte a vibrar com a música.”
Não preciso dizer mais nada né ?
Sobre o último movimento, não tenho nada a dizer. Só a escutar. É muito engraçado. Dá para rir ouvindo.
Sobre a Second Suite for Band.
Quando Alfred Reed compos essa peça, imagino que ele queria juntar rítmos presentes na América latina, Principalmente na parte colonizada por espanhóis. O Son Motuno é um rítmo proveniente da área Cubanda, Muitos estudiosos dizem que o Tango, a Salsa e outrs rímos saíram do Son Motuno. É uma peça que a pessoa que está ouvindo tem vontada de levantar e sair dançando.
Para não ficar confuso, o começo do segundo movimento ( Tango ) quer representar ondas do mar. Pode-se perceber que em toda a exucução da música tem o ”vai e vem” das ondas do mar. Isso foi uma grande sacada da parte de reed. Ainda prefiro a segundo movimento da Primeira Suíte.
Guaracha, o própio nome quer dizer sobre o que se trata este movimento. É o mais curto de todos. Cerca de 2 minutos. Ainda assim é muito divertido. Ouvir este movimento é como ouvir uma criança brincando. Não tenho como descrever este movimento. Lá para o 1:17, sempre que tive a oportunidade de tocar esse solo me dava vontade de rir. Não sei porque. Simplesmente é muito belo e muito engraçado. 😀
Ahhhh, agora eu vou falar ! O 4º Movimento quer expressar toda a emoção de uma tourada. Quem não conhece o toque de trompete presente no 0:18 deste música ? Reed cria um eco, primeiro da clarineta, depois da flauta. Daí entra o Corne ingles e a clarineta tocando como um tema fúnebre. Um solo de Clarineta. O Lamento. Depois um compasso sincopado 5/4 deixa claro a corrida, a emoção. Entra as castanholas e as flautas. Intervenções de trompete. Tudo mais.
Vai-se para o compasso 3/4, como se representa uma dança, uma valsa. Ou até mesmo um ciclo de transe que as pessoas ficam. Peço atenção ao período da 3:10 até 3:30. É fantástico. Diz tudo, expressa tudo. Toda a emoção. O solo de Xilofone ao fundo é dificílimo de ser executado. É executado junto com trompetes com surdina e fica mais difícil pois ambos tem que tocar juntos. Sem nenhuma marca de erro e atraso. Neste período volta ao compasso 5/4 que ao mesmo tempo não te dá a sensação de estabilidade musical mas ao mesmo tempo não deixa a melodia depravada. Pelo contrário deixa ainda mais rica.
Bom, espero que gostem, e digam o que acham.
Alfred Reed (1921-2005): Viva Música, First Suite for Band e Second Suite for Band ( Latinomexicana ) – Tokio Kosei Wind Orchestra
1 – Viva Música
2 – First Suite for Band – March
3 – First Suite for Band – Melody
4 – First Suite for Band – Rag
5 – First Suite for Band – Gallop
6 – Second Suite for Band (Latino Mexicana) – Son Montuno
7 – Second Suite for Band (Latino Mexicana) – Tango (“Sargasso Serenade”)
8 – Second Suite for Band (Latino Mexicana) – Guaracha
9 – Second Suite for Band (Latino Mexicana) – Paso Double (“A la Corrida!”)
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Gabriel Clarinet