Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832) – Vida e obra

Vida e obra de Pe. João de Deus de Castro Lobo.

Há mais de 10 anos o musicólogo Prof. Paulo Castagna vem pesquisando a vida e a obra do Pe. João de Deus de Castro Lobo em 25 acervos diferentes, tendo já registrado mais de 750 manuscritos, alguns em estado precário de conservação. Tal pesquisa ainda não chegou ao fim pois ainda existem muitos acervos a serem vasculhados e estudados.

Não restaram autógrafos de Castro Lobo. Todos, por um interessante motivo, foram destruídos. O que tem chegado até nós são cópias guardadas pela comunidade ao longo dos anos.

Em 20 de abril de 2013 o Prof. Paulo Castagna deu uma entrevista de 2 horas à Rádio Cultura FM de S. Paulo, quando tomamos conhecimento de fatos que marcaram a vida de Castro Lobo, de como eram os usos e costumes da época, dos marcos histórico-socias daquele momento, de características de suas composições, e de vários fatos sobre a História do Brasil.

A partir do áudio dessa entrevista produzimos um vídeo que contém imagens inéditas dos manuscritos de Castro Lobo. São quase duas horas de História do Brasil e de História da Música.

NÃO PERCAM!!

Pe. João de Deus de Castro Lobo: vida e obra, por Paulo Castagna

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Avicenna

Relações musicais nos séculos XVII, XVIII e XIX – Vol. II/CD: Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830): Requiem de 1816 em ré menor & Pe. João de Deus de Castro Lobo (1794-1832): Missa em ré maior (Acervo PQPBach)

2wf0kdwMúsica na Corte do Rio de Janeiro e na Província das Minas Gerais durante o tempo de D. João VI no Brasil 

Americantiga Ensemble

Com instrumentos de época. On period instruments.

BRASIL XVIII-XIX: Música na Corte do Rio de Janeiro e na Província das Minas Gerais durante o tempo de D. João VI no Brasil (1808-1821)

Para enfrentar a série de sucessos que está sendo postada pelos meus amigos, sinto-me obrigado a liberar um ‘blockbuster’ que estava sendo guardado para mais tarde: José Maurício + Castro Lobo + Missa de Requiem + Missa em ré maior + Americantiga Ensemble. Reconheço que estou mandando chumbo grosso, mas a nossa música sacra colonial não pode ficar para trás!

O Americantiga Ensemble, sob os auspícios da Embaixada do Brasil em Buenos Aires e do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, tem o imenso prazer em apresentar o segundo volume do projeto de música produzida no Brasil, da transição do século dezoito para o dezenove, na cidade de Buenos Aires, Argentina. Contando com excelentes cantores e instrumentistas brasileiros, argentinos, chilenos e norte-americanos, especializados na performance com instrumentos originais, esta gravação pretende contribuir para a divulgação de um repertório ainda pouco conhecido da produção musical no continente americano durante o período colonial.

A maior parte do repertório remanescente da música produzida no Brasil do período colonial é de fins do século dezoito e primeiras décadas do dezenove, pertencendo a um momento estilístico transitório e considerado tardio, que não permite ser facilmente classificada nos rótulos mercadológicos de Música Antiga ou de Barroca. É deste modo clássica em sua linguagem musical que olha para o futuro, que transita entre o classicismo à italiana de Paisielo e Cimarosa e o bel canto de Rossini, que invade as igrejas e os teatros, dando características únicas de adaptação do estilo italianizante filtrado por Portugal e adaptado ao gosto e possibilidades locais da sociedade colonial em transição.

As obras apresentadas neste segundo volume pertencem a um segundo período, mais tardio, porém mais profícuo da produção musical do Brasil colônia. Trata-se da música composta na corte do Rio de Janeiro e na província das Minas Gerais durante o período da permanência do príncipe regente e depois rei D.Joao VI no Brasil (1808-1821).

Neste CD as obras estão interligadas pela emulação do estilo da corte ocorrida na província. Isto é, a Missa de Castro Lobo foi escrita no mesmo período e utiliza um mesmo estilo exuberante das obras compostas para a Real Capela do Rio de Janeiro, escritas por Nunes Garcia e Marcos Portugal. O Requiem de 1816 de Nunes Garcia e a Missa em Ré Maior de Castro Lobo se encontram entre as obras sacras mais importantes compostas no periodo e revelam, ainda que não intencionalmente, um paralelo estilístico vindo de uma fonte comum.

José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro 1767 – 1830) é considerado hoje o mais importante e é o mais conhecido compositor do periodo colonial brasileiro e foi o compositor principal da Real Capela de Música do Rio de Janeiro entre 1808 e 1811, até a chegada de Marcos Portugal para assumir esta função. Todavia, Nunes Garcia continua compondo para ocasiões relacionadas à corte e escreve este Requiem como parte das varias cerimônias realizadas para as exéquias da rainha D. Maria I, que falece no Rio de Janeiro.

Nunes Garcia dirigiu a primeira apresentação do Requiem de Mozart no continente americano em 1819. Sua Missa de Requiem de 1816 guarda traços mozartianos como uma homenagem ao compositor salzburguense, tornando-se uma de suas obras mais importantes e celebradas (técnica similar a que utiliza em dois salmos de 1821 que são baseados em temas do oratório Die Schöpfung de Joseph Haydn).

João de Deus de Castro Lobo nasceu na antiga Vila Rica, atual Ouro Preto, MG, em 1794. Sua relação com a música aconteceu cedo, pois seu pai Gabriel de Castro Lobo já era um importante músico atuante em várias irmandades locais. Há referências de que, já em 1810, João de Deus teria atuado como regente da temporada da Casa da Ópera de Vila Rica. A sua entrada no Seminário de Mariana, por volta de 1817, marca um caso raro na historia dos músicos/compositores que atuaram em Minas na época da colônia. Ao que tudo indica, ele foi o único compositor a se tornar padre na região, uma vez que a vida musical era tradicionalmente cuidada por leigos filiados às irmandades, confrarias e ordens terceiras. A partir de 1821, o seu nome aparece atuando principalmente em Mariana, onde falecerá precocemente em 1832, por motivos ignorados, provavelmente vítima de males que o acompanhavam desde a infância.

A Missa em Ré Maior foi composta em data ignorada, porém possivelmente em torno de 1817, durante seu período em Vila Rica. Devido à sua exuberância, é muito provável que tenha sido escrita para a Ordem 3ª do Monte do Carmo dos Homens Brancos de Vila Rica, que era a responsável pela igreja mais importante politicamente, como as demais igrejas do Carmo no Brasil colonia, pois essas encontravam-se sempre próximas à sede do poder civil. A outra razão para que acreditemos que as duas missas do padre-compositor foram compostas para essa igreja baseia-se no fato de que o coro dessa igreja é o único suficientemente grande para abrigar o aparato vocal-sinfônico que e as obras demandam. Podemos, sem dúvida, dizer que esta missa é tão grandiloqüente e está entre as principais obras escritas no Brasil assim como as compostas no Rio de Janeiro, por compositores como Nunes Garcia, Marcos Portugal e Sigismund Neukomm e, até mesmo, comparáveis às missas de Franz Joseph Haydn, em Eisenstadt ou Viena.
(Ricardo Bernardes e Harry Crowl, adaptado do encarte)

Palhinha: Requiem de 1816 em ré menor – 1. Introitus

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
(Ed. Cleofe Person de Mattos)
01. Requiem de 1816 em ré menor – 1. Introitus
02. Requiem de 1816 em ré menor – 2. Kyrie
03. Requiem de 1816 em ré menor – 3. Graduale
04. Requiem de 1816 em ré menor – 4. Sequentia 1
05. Requiem de 1816 em ré menor – 5. Sequentia 2
06. Requiem de 1816 em ré menor – 6. Sequentia 3
07. Requiem de 1816 em ré menor – 7. Ofertorio
08. Requiem de 1816 em ré menor – 8. Sanctus
09. Requiem de 1816 em ré menor – 9. Agnus Dei
10. Requiem de 1816 em ré menor – 10. Lux aeterna

Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
(Ed. Harry Crowl)
11. Missa em ré maior – 1. Kyrie
12. Missa em ré maior – 2. Christe
13. Missa em ré maior – 3. Kyrie
14. Missa em ré maior – 4. Gloria
15. Missa em ré maior – 5. Laudamus
16. Missa em ré maior – 6. Gratias
17. Missa em ré maior – 7. Domine Deus
18. Missa em ré maior – 8. Qui tollis
19. Missa em ré maior – 9. Qui sedes
20. Missa em ré maior – 10. Quoniam
21. Missa em ré maior – 11. Cum Sancto Spiritu
22. Missa em ré maior – 12. Amen

BRASIL XVIII-XIX: Música na Corte do Rio de Janeiro e na Província das Minas Gerais durante o tempo de D. João VI no Brasil (1808-1821) – 2008
Relações musicais nos séculos XVII, XVIII e XIX – Vol. II/CD
Americantiga Ensemble, Maestro Ricardo Bernardes
Gravação realizada em 2008 na Iglesia San Juan Bautista, em Buenos Aires
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Avicenna

17º Festival de Música de Juiz de Fora: Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) + Pe. João de Deus de Castro Lobo (1794-1832) + João de Sousa Carvalho (1745-1799) – Acervo PQPBach

10nexol17º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2006

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

Após vários anos trazendo ao público brasileiro diversas obras – primas do barroco europeu (já consolidado como uma singular e pioneira contribuição para a discografia brasileira) e do começo da nossa música colonial, o Festival trouxe uma novidade, mais uma vez com o que de novo nada tem: a obra de W.A.Mozart. A novidade aqui em questão é forma como ela foi executada, graças ao alicerce que o Festival ao longo de 17 anos soube construir. Ao comemorar os 250 anos de nascimento do grande gênio, a Orquestra Barroca interpretou sinfonias do compositor com o instrumentarium da época (instrumentos clássicos com afinação 430hz), com suas respectivas técnicas interpretativas historicamente orientadas, na primeira produção brasileira do gênero. (extraído do encarte)

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
01. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – I. Allegro vivace
02. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – II. Andante, di molto piu tosto allegretto
03. Sinfonia no. 34, em dó menor, K. 338 – III. Allegro vivace
04. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – I. Adagio – Allegro
05. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – II. Andante
06. Sinfonia no. 38, em ré maior, K. 504, “Praga” – III. Presto
Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
07. Abertura em Ré Maior
João de Sousa Carvalho (Estremoz, 1745 – Alentejo, 1799)
08. Abertura de L’Amore Industrioso

17° Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2006
Orquestra Barroca. Maestro Luis Otávio Santos
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- by Sergey Ivchenko
– by Sergey Ivchenko

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

8º Festival de Música de Juiz de Fora: Pe. João de Deus de Castro Lobo (1794-1832): Abertura em Ré Maior + Imperador D. Pedro I (1798-1834): Credo + Manoel Julião da Silva Ramos (1763-?): Credo (Acervo PQPBach)

8¬∫ Festival Internacional de MuÃÅsica Colonial Brasileira e MuÃÅsica Antiga de Juiz de Fora8º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora

1997

Modesto lugar, sem dúvida, na galeria dos autores musicais brasileiros, é o ocupado pelo Imperador D. Pedro I (Queluz, Portugal, 1798 – idem, 1834). Pode-se até admitir que, não acumulasse o músico o título de príncipe e soberano da nação, sua diminuta criação ter-se-ia dissipado, a exemplo do que ocorria com a maior parcela da produção nascida nestas terras nos tempos passado.

D. Pedro I conviveu na corte com a força da celebridade do luso Marcos Portugal, com o grande saber do austríaco Sigismond Neukomm e com o gênio do carioca Pe. José Maurício Nunes Garcia, dos quais recebeu muita lições. De medíocre não é, e de gênio também não, o estro de D. Pedro I.

Não foi o ilustre autor um culto, como também não chegou a sê-lo D. João, seu pai, que no entanto demonstrou prezar as ciências, as letras e as artes, tão logo desembarcou com a corte portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808, na qualidade de príncipe regente. A criança, que desde cedo pouca atenção vinha recebendo da parte de seus pais, não encontrou estímulo para uma vida voltada para a cultura. Para o futuro monarca, porém, daquilo que lhe ensinavam os dedicados professores uma coisa era importante: a música. Tocava vários instrumentos, compunha e ainda era cantor.
(adaptado do encarte)

Pe. João de Deus Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
1. Abertura em Ré Maior
Imperador D. Pedro I (Queluz, Portugal, 1798 – idem, 1834)
Credo (Sanctus, Benedictus e Agnus Dei) para Coro, Solistas e Orquestra
2. Credo 1. Credo: Credo in unum Deum
3. Credo 2. Credo: Et incarnatus est
4. Credo 3. Credo: Crucifixus
5. Credo 4. Credo: Et ressurrexit
6. Credo 5. Credo: Et in Spiritum Sanctum
7. Credo 6. Credo: Confiteor
8. Credo 7. Credo: Et vitam venturi sæculi
9. Credo 8. Sanctus
10. Credo 9. Benedictus
11. Credo 10. Agnus dei

Manuel Julião de Silva Ramos (Santa Luzia, MG, c. 1763 – ?, após 1824)
Credo em Fá  (Sanctus, Benedictus e Agnus Dei) para Coro, Solistas e Orquestra
12. Credo 1. Credo: Patrem omnipotentem
13. Credo 2. Credo: Et incarnatus est
14. Credo 3. Credo: Crucifixus
15. Credo 4. Credo: Et resurrexit
16. Credo 5. Credo: Et vitam venturi sæculi
17. Credo 6. Sanctus
18. Credo 7. Benedictus
19. Credo 8. Aguns Dei

8º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 1997
Orquestra do Festival, regente: Sérgio Dias (faixas 1 e 12 a 19)
Orquestra de Câmara Pró-Música, regente: Nelson Nilo Hack (faixas 2 a 11)
Coral Pro-Música, regente: Nelson Nilo Hack
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ensinando musica

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

4º Festival de Música de Juiz de Fora: Pe. João de Deus de Castro Lobo (1794-1832): Te Deum (Alternado) • Missa em Ré Maior • Credo em Fá Maior (Acervo PQPBach)

senn1v4º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora.

Pe. João de Deus de Castro Lobo
Te Deum (Alternado)
Missa em Ré Maior
Credo em Fá Maior

 

João de Deus de Castro Lobo foi, sem dúvida, o último grande representante da chamada “Escola de Compositores” mineiros ligada à tradição colonial.

O nome da familia Castro Lobo esteve associada à música religiosa em Vila Rica por, pelo menos, três gerações. O avô de João de Deus, Manuel de Castro Lobo, natural do Arraial do Antônio Dias, é mencionado por Curt Lange na sua relação de músicos atuantes na Irmandade de São José dos Homens Pardos.

Nascido por volta de 1763, Gabriel de Castro Lobo, filho de Manuel e Roza Vieira dos Santos, também natural do Arraial de Antônio Dias, foi um importante músico em várias irmandades de Vila Rica. Sua atuação deu-se como trombeteiro da tropa de linha onde também serviram outros importantes músicos da época.

Seu nome também aparece como regente na Irmandade do Santíssimo Sacramento da Matriz de Nossa Senhora do Pilar a partir de 1787. Gabriel casou-se com Quitéria da Costa e Silva, filha natural de Madalena da Costa Braga, natural da Vila Real de Nossa Senhora do Sabarábussú.

Em 16 de março de 1794, nasce João de Deus, primeiro filho de Gabriel e Quitéria. Em 1804, o casal contava com três filhos, João de Deus, Gabriel e Carlos. A familia contava ainda com os agregados Antonio, de 8 anos, e Luzia, de 6 anos.

A primeira informação sobre a atuação de João de Deus como músico é de 1811, quando aos 17 anos de idade, apresenta-se à frente de dezesseis músicos na temporada teatral da Casa da Ópera de Vila Rica. O elenco de atores (cantores) era formado por vinte nomes, entre eles, alguns da familia como o de João Pinto de Castro, Gabriel de Castro, José de Castro, Antônio Angelo, Ana Serrinha, Francisca Luciana, Luisa Josefa Nova e Felicidade Vaqueta. Entre os nomes de peças teatrais ou óperas encenadas na época consta ”Zaira”, que seguramente era a de autoria de Marcos Portugal.

Em 1815 é fundada em Vila Rica a Irmandade de Santa Cecília com o objetivo de agremiar os músicos profissionais atuantes em toda a capitania das Minas, pois a decadência econômica já se encontrava bastante acentuada e as tradicionais irmandades contavam com limitados recursos para a contratação dos serviços musicais. Assim sendo, aos 29 de novembro daquele ano, João de Deus de Castro Lobo assentou como irmão e professor da arte de música. A ata é também assinada pelo violoncelista e regente, João Nunes Maurício Lisboa, amigo do compositor.

A partir de 1817, o compositor começa a atuar como organista da Ordem 3ª de Nossa Senhora do Carmo, a mais influente de todas as irmandades de Vila Rica. As Ordens 3ª do Carmo eram reservadas aos homens brancos e a sua penetração na sociedade colonial pode ser atestada não só pela suntuosidade de seus templos, mas também pela proximidade física das sedes do poder civil, no caso de Vila Rica, da casa de Câmara e Cadeia. A atuação de João de Deus junto ao Carmo durou até 1823. Nesse mesmo período, o compositor concluiu os seus estudos de latim, em 1819 e, no ano seguinte foi admitido no Seminário de Mariana. Embora a obra encontrada de João de Deus não esteja datada, com exceção do “Te Deum” e dos ”6 Responsórios Fúnebres”, tudo indica que esta fase de sua vida foi a mais produtiva, pois em Vila Rica apenas o coro da lgreja do Carmo era suficientemente amplo para abrigar todo o conjunto instrumental tanto da “Missa em Ré Maior”, como da “Missa e Credo a 8 vozes”. Ainda, os nomes do compositor e o de João Nunes Maurício Lisboa, muitas vezes arrematante da música, aparecem juntos justificando, inclusive, os frequentes solos de violoncelo incluídos nas suas obras. J.N.M. Lisboa foi certamente um excelente instrumentista, pois entre as referências encontradas a seu respeito em diversos documentos, consta na Coleção Curt Lange, um “Trio para violino, viola e violoncelo” de Luigi Boccherini (1743-1805), copiado em 1799.

Durante todo o período de estudos no Seminário de Mariana, o compositor viajava de volta a Vila Rica para atender as suas funções junto à Ordem 3ª do Carmo. Segundo o viajante Auguste de Saint-Hilaire, que descreveu o trajeto nesta mesma época, a distância de Vila Rica até Mariana era de duas léguas, seguindo-se pela estrada que conduzia Vila Rica ao Distrito Diamantino que, de acordo com S. Hilaire era bastante bela, sendo pavimentada nas proximidades de Mariana.

João de Deus foi ordenado padre, em 1822, pelo bispo D. Frei José da Santíssima Trindade, tendo sido julgado habilitado para receber as ordens do presbiterado em 27 de maio, do mesmo ano, pelo Arcediago Rev. Dr. Marcos Antonio Monteiro de Barros.

Ainda em 1822, a Ordem 3° do Carmo paga ao compositor a importância de 22$100 pela composição de um “Te Deum” para Sua Alteza Real, D. Pedro l, durante sua histórica visita a Vila Rica. No ano seguinte, ainda atua como organista na igreja do Carmo, antes de transferir-se definitivamente para Mariana.

Em 1825, encontramos o compositor já ligado à Ordem 3ª de São Francisco da Penitência de Mariana, quando recebe a quantia de 5$1OO pelas Novenas e festas de São Francisco e para acolitar nas missas.

João de Deus retorna a Vila Rica em 1826 onde recebe 4$000 pela composição da “Missa do Pontifical” e para acolitar na Igreja de Sao Francisco de Assis. No período em que viveu em Mariana, certamente atuou também como mestre-de-capela, pois, embora não tenhamos o documento de sua nomeação, esta atividade e título eram exclusivas das sedes de bispado, de acordo com a tradição luso-brasileira.

Em 1831, o compositor começa a trabalhar na sua última obra, os “Responsórios Fúnebres” que ficaram incompletos devido ao seu falecimento precoce em 27 de janeiro de 1832.

Segundo o cura Agostinho lsidiro do Rosário, o Rev. Pe. Mestre foi sepultado com solene ofício na Capela de São Francisco de Mariana, sob a campa de n° 37. Um curioso e importante depoimento foi dado, em 1911, por uma certa Mestra Joana, como era conhecida em Mariana. Segundo ela que, quando menina conheceu muito o Pe. João de Deus, este era dotado de uma compleição débil, devido aos incômodos que o acompanhavam desde a infância. Ela assistiu o seu funeral nesta cidade, onde gozava de grande reputação.

As obras aqui apresentadas, formam, talvez, o conjunto mais representativo da criação do Pe. João de Deus de Castro Lobo.

Palhinha: ouça 02. Te Deum (Alternado) – 2. Gregoriano: Te Aeternun Patrem/Soprano e Coro: Tibi Omnes, Omnes Angeli

A Missa em Ré Maior é uma obra de grandes proporções, estrutura na forma habitual dos compositores coloniais mineiros, ou seja, “Kyrie” e ”Glória”. O “Kyrie” apresenta-se com uma introdução orquestral, seguida de três partes corais com um fugato no ”Christe”. O “Glória” inicia-se com um breve solo de baixo que antecede o coro. A estrutura deste trecho está baseada na alternância de solos de soprano e baixo com o coro. A orquestração é rica, com uma ativa participação dos instrumentos de sopro, apoiados pelos tímpanos. O “Laudamus” é um duo para soprano e contralto onde a influência do “bel canto” se faz notar, assim como um certo caráter modinheiro. No “Gratias”, o elemento dramático faz-se presente através de um escrita austera para o coro, acompanhada de uma melodia bastante ornamentada nos primeiros violinos. O “Domine Deus” traz o quarteto vocal solista no primeiro plano, seguido pelo coro. Este é um dos raros momentos em que a parte dos solistas está indicada separadamente do coro. O “Qui tollis” e o “Qui sedes” formam uma ária quase “de bravura” para tenor. O ”Quoniam” é um trecho bastante virtuosístico para o baixo solista chegando a lembrar uma ária de Rossini. O “Cum Sancto Spiritu” começa com um largo solene para o coro e em seguida um brilhante fugato é entoado pela orquestra e seguido pelas vozes. O compositor denominou este trecho de “Fuga”, porém a liberdade com a qual ele trata a forma, não poderíamos associar este trecho à chamada fuga escolástica.

O Credo em Fá Maior é uma obra de proporções bem mais modestas que a Missa. Composto seguramente em época diferente da obra anterior, este Credo é a única obra do gênero encontrada do compositor além do Credo a 8 vozes. Sua estrutura está dividida da seguinte maneira:
* Patrem omnipotentem; Et im unum Dominum; Genitum; Et incarnatus; Crucifixus; Et ressurexit
* Sanctus; Hosanna; Benedictus; Hosanna
* Agnus Dei

Em geral, a obra é bem equilibrada com predominância da escrita coral. Pelo número de cópias encontradas até agora, mais de cinco coleções de partes manuscritas, podemos constatar que trata-se de uma obra que gozou de bastante popularidade até inicio do século XX, em varias localidades de Minas.

Finalmente, o Te Deum alternado em lá menor aparece como sendo a composição provável, de 1822. Não se trata aquí de uma obra da proporção das obras vocais anteriores, mas de uma peça de ocasião. Este Te Deum tem proporções e instrumentação reduzidas e apresenta características de um “pasticcio” operístico da primeira metade do século XIX.

A abertura em Ré Maior está editada pela Universidade Federal de Ouro Preto. A Missa em Ré Maior foi reconstituida por H. Crowl especialmente para o 4° Festival de Música Colonial e Música Antiga de Juiz de Fora, a partir dos manuscritos existentes no arquivo do “Pão de Santo Antonio”, em Diamantina. O Credo em Fá Maior foi reconstituido pelo historiador Maurício Mário Monteiro e pelo regente e musicólogo Sérgio Dias, a partir de manuscritos provenientes de Airuoca, MG, hoje depositados na biblioteca da ECA/USP. O Te Deum em lá menor, reconstituido por Sérgio Dias, encontra-se no Arquivo da Orquestra Lira Sanjoanense, sendo a única versão existente. As cópias dos manuscritos foram-nos gentilmente cedidas por Aluizio Viegas. Todas as obras passaram por uma segunda revisão de Sérgio Dias.
(Harry L. Crowl, Jr., extraído do encarte)

Pe. João de Deus Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
01. Te Deum (Alternado) – 1. Gregoriano: Te Deum Laudamus/Coro: Te Dominum Confitemur
02. Te Deum (Alternado) – 2. Gregoriano: Te Aeternun Patrem/Soprano e Coro: Tibi Omnes, Omnes Angeli
03. Te Deum (Alternado) – 3. Gregoriano: Tibi Cherubim Et Seraphim/Coro: Sanctus, Sanctus
04. Te Deum (Alternado) – 4. Gregoriano: Pleni Sunt Caeli Et Terra/Baixo e Coro: Te Gloriosus Apostolorum
05. Te Deum (Alternado) – 5. Gregoriano: Te Prophetarum Laudabilis Numerus/Coro: Te Martyrum Candidatus
06. Te Deum (Alternado) – 6. Gregoriano: Te Per Orbem Terrarum/Coro: Patrem Immensae Majestatis
07. Te Deum (Alternado) – 7. Gregoriano: Veneradum Tuum Verum/Coro: Quoque Paraclitum
08. Te Deum (Alternado) – 8. Gregoriano: Tu Rex Gloriae Christe/Coro: Tu Patris Sempiternum Et Filius
09. Te Deum (Alternado) – 9. Gregoriano: Tu Ad Liberandum/Tenor, Contralto e Coro: Tu Devicto Mortis Aculeo/Coro: Aperuisti Credentibus Regna Caelorum
10. Te Deum (Alternado) – 10. Gregoriano: Tu Ad Dexteram Dei Sedes/Coro: Ludex Crederis e Te Ergo Quaesumus
11. Te Deum (Alternado) – 11. Gregoriano: Aeterna Fac/Coro: Salvum Fac Populum
12. Te Deum (Alternado) – 12. Gregoriano: Et Rege Eos Et Extoille Illos/Coro e Tenor: Per Singulos Dies
13. Te Deum (Alternado) – 13. Gregoriano: Et laudamus nomen tuum/Coro: Dignare Dominus
14. Te Deum (Alternado) – 14. Gregoriano: Miserere Nostri Domini/Coro: Fiat Misericordia Tua/Coro final: In Te Domine Speravit
15. Missa em Ré Maior – 1. Kyrie (Coro)
16. Missa em Ré Maior – 2. Christe (Solistas)
17. Missa em Ré Maior – 3. Kyrie (Coro)
18. Missa em Ré Maior – 4. Gloria (Solistas e Coro)
19. Missa em Ré Maior – 5. Laudamus (Duo: Soprano e Alto)
20. Missa em Ré Maior – 6. Gratias (Coro)
21. Missa em Ré Maior – 7. Domine Deus (Solistas)
22. Missa em Ré Maior – 8. Qui tollis/Qui Sedes (Tenor)
23. Missa em Ré Maior – 9. Quoniam (Barítono)
24. Missa em Ré Maior – 10. Cum Sancto Spiritu (Coro)/Amem (Solista e Coro)
25. Credo em Fá Maior – 1. Patrem (Coro)
26. Credo em Fá Maior – 2. Et In Unum Dominum (Solistas)
27. Credo em Fá Maior – 3. Genitum (Coro)
28. Credo em Fá Maior – 4. Et Incarnatus (Solistas)
29. Credo em Fá Maior – 5. Crucifixus (Solistas e Coro)
30. Credo em Fá Maior – 6. Et ressurrexit (Solistas e Coro)
31. Credo em Fá Maior – 7. Sanctus (Coro)
32. Credo em Fá Maior – 8. Hosanna (Coro)
33. Credo em Fá Maior – 9. Benedictus (Solistas)
34. Credo em Fá Maior – 10. Agnus Dei (Solistas e Coro)

4º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 1993
Orquestra de Câmara e Coral Pró-Música. Regente: Nelson Nilo Hack – Te Deum (Alternado)
Orquestra e Coral do Festival. Regente: Sérgio Dias – Missa em Ré Maior & Credo em Fá Maior
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Avicenna

Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 9/9 – Música Fúnebre (Acervo PQPBach)

 

2wgvtzbA Liturgia dos Defuntos, no Rito Romano, possui oito cerimônias distintas, nas quais participava música polifônica nos séculos XVIII e XIX, cada uma delas com estrutura e textos específicos.

Inicialmente, as Exéquias (Funeral ou Ofício de Sepultura), seguidas pelo Officium Deffunctorum, este constituído de Vesperas, Matinas e Laudes. Há também a Missa (que pode ser dos Funerais, de Aniversário, Quotidiana ou pela Comemoração dos Fiéis Defuntos), a Absolvição e Inumação após a Missa (ou Encomendação Litúrgica de Adultos), as Cinco Absolvições (destinadas às exéquias solenes) e o Ofício de Sepultura de Crianças (ou Encomendação Litúrgica de Anjinhos). No universo luso-brasileiro, entretanto, foram comuns três outras cerimônias fúnebres, não prescritas no Rito Romano: a Encomendação Paralitúrgica de Adultos (ou Memento), a Encomendação Paralitúrgica de Crianças e as Estações na Comemoração dos Fiéis Defuntos.

Para este volume, foram selecionadas composições presentes em manuscritos musicais do Museu da Música de Mariana, destinadas a quatro cerimônias fúnebres, três delas litúrgicas (Matinas, Encomendação de Anjinhos e Absolvição e Inumação após a Missa) e uma paralitúrgica (Memento).

Pe. João de Deus Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832) – Seis Responsórios Fúnebres
Próprio das Matinas dos Defuntos, os Seis Responsórios de Castro Lobo são obra de fôlego, de grande maturidade e dramaticidade. São várias as tonalidades utilizadas, embora cada Responsório tenda a ser uniforme na apresentação de tais tonalidades, exceto os Responsórios I e VI. A textura é predominantemente homófona nas quatro vozes, destacando-se, no entanto, algumas seções a solo, como o Qui Lazarum e o De profundis, para o baixo.
01. Seis Responsórios Fúnebres – 1. Credo quod Redemptor. Et in carne. Quem visurus. Et in carne
02. Seis Responsórios Fúnebres – 2. Qui Lazarum. Tu eis, Domine. Qui venturus. Tu eis, Domine
03. Seis Responsórios Fúnebres – 3. Domine, quando veneris. Quia peccavi. Commissa mea. Quia peccavi. Requiem æterna. Quia peccavi
04. Seis Responsórios Fúnebres – 4. Memento mei. Nec aspiciat. De profundis. Nec aspiciat
05. Seis Responsórios Fúnebres – 5. Hei mihi! Miserere mei. Anima mea. Miserere mei
06. Seis Responsórios Fúnebres – 6. Ne recorderis. Dum veneris. Dirige, Domine. Dum veneris. Requiem æternam. Dum veneris

Florêncio José Ferreira Coutinho (c1750-1819) – Encomendação Para Anjinhos
O autor desta obra foi trompista, cantor (baixo), mestre de música e compositor, citado com frequência na documentação de Vila Rica, onde pertenceu e prestou serviços musicais a várias irmandades, tendo composto também a música das óperas reais de 1795, infelizmente perdida.
07. Encomendação para Anjinhos – 1. Antífona e Salmo 112
08. Encomendação para Anjinhos – 2. Kyrie – Kyrie.
09. Encomendação para Anjinhos – 3. Antífona do Salmo 148 – Juvenes est virgines.

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ) – Matinas e Encomendação de Defuntos
Composta em 1799, associada a uma Missa de Defuntos, esta obra é de grande austeridade e apresenta seções concisas e homófonas nas quatro vozes. Apesar disso, existe uma certa variedade nas tonalidades utilizadas. É notável a presença de certos motivos empregados em obras fúnebres posteriores do mesmo compositor.
10. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório I
11. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório II
12. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório III
13. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório IV
14. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório V
15. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório VI
16. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório VII
17. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório VIII
18. Matinas e Encomendação de Defuntos – Responsório IX
19. Matinas e Encomendação de Defuntos – Kyrie.
20. Matinas e Encomendação de Defuntos – Requiescat.

Pe. José Maurício Nunes Garcia – Memento
O mais elaborado dos Mementos aquí presentes, é modulante em três de suas seções (Nec aspiciat, Kyrie e Requiescat) e exibe nuances como, por exemplo, os marcatos incisivos que sublinham a palavra clamavi e o piano sempre que matiza o canto do Requiescat.
21. Memento – I – Memento. Nec aspiciat. De profundis. Nec aspiciat
22. Memento – II – Kyrie
23. Memento – III – Requiescat

Anônimo Mineiro séc XVIII – Memento
O mais conciso dos Mementos aqui apresentados, possui seções que variam de apenas cinco a dez compassos, sendo duas delas modulantes de Si Bemol maior a Sol menor (Nec aspiciat e Requiescat). Como também é característico, prevalece a homofonia não imitativa, muito embora a maior independência entre as quatro vozes no expressivo Requiescat seja digno de nota, assim como a rápida diferenciação de textura que realça a palavra clamavi, no De profundis.
24. Memento – I – Memento. Nec aspiciat. De profundis. Nec aspiciat
25. Memento – II – Kyrie
26. Memento – III – Requiescat

Anônimo Mineiro séc XVIII – Memento
Pode-se destacar nesta peça, além de uma ênfase sobre a tonalidade da mediante, a predominância de ritmos pontuados no Nec aspiciat, o uso menos comum da métrica ternária no Kyrie e a presença de singelas imitações no Requiescat, sublinhando a expressão in pace.
27. Memento – I – Memento. Nec aspiciat. De profundis. Nec aspiciat
28. Memento – II – Kyrie
29. Memento – III – Requiescat

Pe. José Maurício Nunes Garcia – Libera Me
Esta obra, destinada à Encomendação Litúrgica de Adultos, contém o Responsório Libera me e o Kyrie, mas não o Requiescat, também prescrito para essa cerimônia.
30. Libera Me – I – Libera me
31. Libera Me – II – Kyrie

Pe. José Maurício Nunes Garcia – Memento
Trata-se de peça curta, austera e uniforme na tradicional tonalidade de Sol menor.
32. Memento – I – Memento. Nec aspiciat. De profundis. Nec aspiciat
33. Memento – II – Kyrie
34. Memento – III – Requiescat

Pe. José Maurício Nunes Garcia – Ego sum resurrectio
Esta singela Antífona do Benedictus (cantada na Encomendação Litúrgica de Adultos e nas Laudes dos Mortos), apesar de curta, apresenta grande variedade de texturas: homofonia e polifonia nas quatro vozes, além de um tratamento de vozes aos pares, que foge ao padrão mais comum da produção mauriciana. O tratamento tonal é simples, destacando-se o cromatismo do texto non morietur in æternum.
35. Ego Sum Resurrectio

(adaptado do encarte)

Conjunto Calíope & Orquestra Santa Tereza
Regência Júlio Moretzsohn
Museu da Música de Mariana – 2003
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. IX – Música Fúnebre

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Avicenna

Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 7/9 – Devocionário Popular aos Santos (Acervo PQPBach)

28su9ohDevocionário Popular aos Santos

Projeto Acervo da Música Brasileira – vol 7/9

Museu da Música de Mariana

As celebrações litúrgicas quotidianas compreendem, além de um Ciclo Temporal, também um Ciclo Santoral, destinado ao louvor das personalidades santificadas pela Igreja. Existe uma hierarquia nas festas dos Santos, encabeçadas pelas da Virgem Maria, que define sua solenidade e posição no calendário. Paralelamente, além das cerimônias estabelecidas pelo Rito Romano, foram comuns, no universo luso-brasileiro, cerimônias paralitúrgicas de louvor aos Santos, promovidas principalmente por irmandades e ordens terceiras, tais como Tríduos, Quinquenas, Setenários, Novenas e Trezenas, que constituem, portanto, cerimônias de  caráter popular, uma vez que não constam nos livros litúrgicos romanos. Para este volume, foram selecionadas composições encontradas em manuscritos do Museu da Música de Mariana que ilustram o devocionário popular a Nossa Senhora, São Francisco de Paula, São Francisco de Assis, Santo Antônio de Pádua, São Caetano e Santa Cecília.

Anônimo séc. XVIII
Trezena de São Francisco de Paula
A Trezena de São Francisco de Paula é uma cerimônia celebrada em treze dias consecutivos, culminando no dia 2 de abril
01. Trezena de São Francisco de Paula – 1. Invitatório – Regem Confessorum
02. Trezena de São Francisco de Paula – 2. Veni Sancte Spiritus – Veni Sancte Spiritus.
03. Trezena de São Francisco de Paula – 3. Hino – Germen o mirum. Andante
04. Trezena de São Francisco de Paula – 4. Antífona – Mihi omnium. Largo
05. Trezena de São Francisco de Paula – 5. Responsório – Si quœris miracula. Moderato
06. Trezena de São Francisco de Paula – 6. Responsório – Cedit mare. Andante
07. Trezena de São Francisco de Paula – 7. Responsório – Quot pereunt. Moderato
08. Trezena de São Francisco de Paula – 8. Responsório – Cedit mare. Andante
09. Trezena de São Francisco de Paula – 9. Responsório – Gloria patri (Sem andamento)
10. Trezena de São Francisco de Paula – 10. Responsório – Cedit mare. Andante

Oração Litânica
11. Oração Litânica – 1. Kyrie. Allegro
12. Oração Litânica – 2. Franciscus triador. Allegro

Trezena de Santo Antônio de Pádua
A Trezena de Santo Antônio de Pádua, como a precedente, é celebrada em treze dias, porém culminando em 13 de junho. Obra singela, sem rebuscamentos, compõe-se apenas de Invitatório e Responsório, aos quais se somariam certamente trechos de cantochão ou de música tradicional.
13. Trezena de Santo Antônio de Pádua – 1. Invitatório – Regem Dominum. Andante
14. Trezena de Santo Antônio de Pádua – 2. Responsório – Si quœris miracula.
15. Trezena de Santo Antônio de Pádua – 3. Responsório – Cedunt mare. Allegro
16. Trezena de Santo Antônio de Pádua – 4. Responsório – Pereunt pericula. Moderato
17. Trezena de Santo Antônio de Pádua – 5. Responsório – Cedunt mare. Allegro
18. Trezena de Santo Antônio de Pádua – 6. Responsório – Gloria Patri. Andante
19. Trezena de Santo Antônio de Pádua – 7. Responsório – Cedunt mare. Allegro

 Anônimo, séc. XVIII e Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
Novena de São Francisco de Assis
Celebrada nos nove dias que antecedem o dia 4 de outubro, esta Novena, da maneira como está apresentada nesta gravação, não foi composta por um único autor. Trata-se, provavelmente, da reunião, em um mesmo manuscrito, de peças isoladas ou de unidades funcionais extraídas de obras diversas, procedimento não incomum em muitas fontes que transmitem esse repertório.

Anônimo, séc. XVIII
20. Novena de São Francisco de Assis – 1. Veni Sancte Spiritus. Andante assai
21. Novena de São Francisco de Assis – 2. Deus in adjutorium – Deus in adjuntorium. Domine, ad adjuvandum. Cantochão. Allegro
22. Novena de São Francisco de Assis – 3. Gloria Patri – Gloria Patri. Sicut erat. Largo.
23. Novena de São Francisco de Assis – 4. Hino – Iste Confessor. Amen. Allegro. Allegro
24. Novena de São Francisco de Assis – 5. Antífona I – Salve, Sancte Pater. Andante
25. Novena de São Francisco de Assis – 6. Antífona II – Salve, Sancte Pater. Andantino
26. Novena de São Francisco de Assis – 7. Antífona III – Salve, Sancte Pater. Largo assai

Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
Plorans ploravit
Toques mixolídios e insistentes pedais harmônicos marcam esta breve peça. Extraído de Jeremias, Lamentação 1, 1-2, o Profeta lastima a sorte de Jerusalém, retratando-a como uma viúva em prantos.
27. Plorans ploravit – Moderato

Miguel Teodoro Ferreira (Caeté, 1788 – 1818)
Responsório de São Caetano
O texto latino deste Responsório exalta o poder de cura atribuído a São Caetano, tanto das enfermidades do corpo quanto da mente e da alma, fazendo referência a Nápoles, onde o Santo passou os quatro últimos anos de sua vida. A festa em seu nome é celebrada em 7 de agosto, inclusive com Novena, para o qual deve ter sido escrito este Responsório.
28. Responsório de São Caetano – 1. Si quœris beneficia. (Sem andamento)
29. Responsório de São Caetano – 2. Arœquœ flore. Allegro
30. Responsório de São Caetano – 3. Scit ista gens. Andante
31. Responsório de São Caetano – 4. Arœquœ flore. Allegro
32. Responsório de São Caetano – 5. Gloria Patri. (Sem andamento)
33. Responsório de São Caetano – 6. Arœquœ flore. Allegro

Anônimo séc. XVIII
Responsório de Santo Antônio de Pádua
As síncopas e a harmonia, sempre no campo de Ré maior, favorecem a manifestação expansiva de afeto e alegria, tão características dos festejos populares.
34. Responsório de Santo Antônio de Pádua – 1. Si quœris miracula. Largo
35. Responsório de Santo Antônio de Pádua – 2. Cedunt mare. Allegro
36. Responsório de Santo Antônio de Pádua – 3. Pereunt pericula. Andante
37. Responsório de Santo Antônio de Pádua – 4. Cedunt mare. Allegro
38. Responsório de Santo Antônio de Pádua – 5. Gloria Patri. Andante moderato
39. Responsório de Santo Antônio de Pádua – 6. Cedunt mare. Allegro

Emílio Soares de Gouveia Horta Júnior (Séc. XIX)
Hino a Santa Cecília
Este Hino, dedicado à festividade de Santa Cecília (22 de novembro), apresenta características bastante semelhantes à Ária do Pregador Maria Mater Gratiæ, do mesmo autor, sendo igualmente um claro exemplo de influência da ópera italiana no gosto musical brasileiro do século XIX. (extraído do encarte)
40. Hino a Santa Cecília – 1. Jesu corona. Qui pergis. Allegro. Cantabile
41. Hino a Santa Cecília – 2. Te deprecamur. Allegro moderato

Grupo Arcade da UFMG e músicos convidados
Maestro Rafael Grimaldi
Museu da Música de Mariana – 2003
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. VII – Devocionário Popular aos Santos

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Avicenna

Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. 1/9 – Pentecostes (Acervo PQPBach)

16t4dcProjeto Acervo da Música Brasileira
Vol. I – Pentecostes

O Pentecostes – Celebrada pelos cristãos no domingo da última semana do Tempo Pascal, a Dominica Pentecostes ocorre cinquenta dias após a Páscoa (ou no sétimo domingo depois da Ressurreição), estendendo-se a solenidade da festa até a véspera do domingo seguinte, quando se comemora a Santíssima Trindade, que encerra o Ciclo da Páscoa. O Pentecostes, que representa a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos (Atos 2, 1-13), era mais conhecida nos séculos XVIII e XIX como o Espírito Santo ou Divino Espírito Santo, dando origem também às festas populares já muito difundidas nessa época com o nome de Folias do Divino. No Pentecostes foi comum a celebração dos Ofícios Divinos, da Missa e da Novena.

Para este volume foram selecionadas as Matinas (o primeiro dos Ofícios Divinos), o Vidi aquam (Antífona da aspersão da água benta no início da Missa), o Gradual e Ofertório (do Próprio da Missa), a Novena e o Te Deum (Hino de Ação de Graças), este último antigamente utilizado como anexo às Matinas ou às Novenas.

Além de ser cantado no Ofício Divino, em substituição ao terceiro ou nono Responsório das Matinas (à exceção de certos períodos penitenciais) e no final de algumas Novenas (ao menos em Minas Gerais), o Te Deum também era executado em ação de graças em determinadas ocasiões: a eleição de um papa, a canonização de um santo ou, como era comum em Portugal e no Brasil, o nascimento, aniversário, bodas ou coroação de um membro da corte.

A obra Te Deum em Sol, de Francisco Manuel da Silva, foi composta para quatro vozes, violino I e II, baixo, flauta, clarineta, trompas I e II e tímpano. O contraste entre a extroversão marcial e operística dos trechos polifônicos e a sobriedade solene do cantochão, evidencia o paradoxo entre o religioso e o profano que persistiu na prática sacro-musical brasileira do período. No Judex crederis e no Fiat misericordia, os compassos iniciais profetizam o Hino Nacional Brasileiro, que garantiu à posteridade o nome de seu compositor.
(adaptado do encarte)

Pe. João de Deus Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
1. Matinas do Espírito Santo – 1. Invitatório – Alleluia. Andante
2. Matinas do Espírito Santo – 2. Invitatório – Venite. Allegro
3. Matinas do Espírito Santo – 3. Hino – Jam Christus. Andante
4. Matinas do Espírito Santo – 4. Responsório I – Cum complerentur. Andante majestoso
5. Matinas do Espírito Santo – 5. Responsório I – Tamquam spiritus. Allegro
6. Matinas do Espírito Santo – 6. Responsório I – Dum ergo essent. Largo
7. Matinas do Espírito Santo – 7. Responsório I – Tamquam spiritus. Allegro
8. Matinas do Espírito Santo – 8. Responsório II – Repleti sunt. Andante majestoso
9. Matinas do Espírito Santo – 9. Responsório II – Et convenit. Allegro
10. Matinas do Espírito Santo – 10. Responsório II – Loquebantur. Largo
11. Matinas do Espírito Santo – 11. Responsório II – Et convenit. Allegro
12. Matinas do Espírito Santo – 12. Responsório II – Gloria Patri. Largo
13. Matinas do Espírito Santo – 13. Responsório II – Et convenit. Allegro

Anônimo (Séc. XVIII)
14. Vidi aquam. Egredientem de templo. Andate
João de Araújo Silva (séc. XVIII)
15. Gradual do Espírito Santo – 1. Alleluia. Sem andamento
16. Gradual do Espírito Santo – 2. Emitte Spiritum. Sem andamento
17. Gradual do Espírito Santo – 3. Alleluia. Sem andamento

Miguel Teodoro Ferreira (Caeté, 1788-1818)
18. Gradual e Ofertório do Espírito Santo – 1. Alleluia. Emitte Spiritum.Alleluia (Gradual). Poco andante
19. Gradual e Ofertório do Espírito Santo – 2. Confirma hoc Deus. Andante. Allegro

Frutuoso de Matos Couto (séc. XIX)
20. Novena do Espírito Santo – 1. Alleluia (Invitatório). Andante mosso
21. Novena do Espírito Santo – 2. Veni Sancte Espírito Jaculatória I). Andante
22. Novena do Espírito Santo – 3. Vinde, Divino Espírito (Jaculatória I). Andante
23. Novena do Espírito Santo – 4. Vinde, Divino Espírito (Jaculatória II). Andante
24. Novena do Espírito Santo – 5. Vinde, Divino Espírito (Jaculatória III). Andante
25. Novena do Espírito Santo – 6. Vinde, Divino Espírito (Jaculatória IV). Andante
26. Novena do Espírito Santo – 7. Non vos relinquam (Antífona). Andante sostenuto
Francisco Manuel da Silva (1795-1865)
27. Te Deum em Sol – Te Deum. Te Dominum. Cantochão. Maestoso. Allegro
28. Te Deum em Sol – Te æternum Patrem. Cantochão
29. Te Deum em Sol – Tibi omnes. Andante comodo
30. Te Deum em Sol – Tibi Cherubim. Cantochão
31. Te Deum em Sol – Sanctus. Allegro comodo. Un poco più mosso
32. Te Deum em Sol – Pleni sunt. Cantochão
33. Te Deum em Sol – Te gloriosus. Allegro comodo
34. Te Deum em Sol – Te Prophetarum. Cantochão
35. Te Deum em Sol – Te Martyrum. Andante mosso
36. Te Deum em Sol – Te per orbem. Cantochão
37. Te Deum em Sol – Patrem imensæ. Allegro
38. Te Deum em Sol – Venerandum tuum verum. Cantochão
39. Te Deum em Sol – Sanctum quoque. Allegro moderato
40. Te Deum em Sol – Tu Rex gloriæ. Cantochão
41. Te Deum em Sol – Tu Patris. Allegro comodo
42. Te Deum em Sol – Tu ad liberandum. Cantochão
43. Te Deum em Sol – Tu devicto. Recitatvo (Ária)
44. Te Deum em Sol – Tu ad dexteram. Cantochão
45. Te Deum em Sol – Judex crederis. Allegro maestoso
46. Te Deum em Sol – Te ergo. Sostenuto
47. Te Deum em Sol – Æterna fac. Cantochão
48. Te Deum em Sol – Salvum fac. Allegro non troppo
49. Te Deum em Sol – Et rege eos. Cantochão
50. Te Deum em Sol – Per singulos dies. Allegro non troppo
51. Te Deum em Sol – Et laudamus. Cantochão
52. Te Deum em Sol – Dignare Domine. Andante moderato
53. Te Deum em Sol – Miserere nostri. Cantochão
54. Te Deum em Sol – Fiat misericordia. Andantino sostenuto
55. Te Deum em Sol – In te Domine. Allegro vivo. Mais vivo

Orquestra e Coral de Câmera da Escola de Música da UFMG e músicos convidados
Afrânio Lacerda, regente
Museu da Música de Mariana – 2001
Projeto Acervo da Música Brasileira – Vol. I – Pentecostes

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Avicenna

Manoel Dias de Oliveira: Gradual – Fuga do Egito & Francisco Gomes da Rocha: Novena de Nossa Senhora do Pilar & Pe. João de Deus de Castro Lobo : 6 Responsórios Fúnebres – The Sixteen & The Symphony of Harmony and Invention Orchestra

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The Sixteen & The Symphony of Harmony and Invention Orchestra
1992


Esta é a capa da caixa do CD desta postagem, cedido pelo Maestro, compositor e musicólogo Harry Crowl Jr.

Segundo o depoimento do Maestro Harry Crowl Jr., “esta apresentação aconteceu em junho ou julho de 1992, no Teatro Municipal de São Paulo e a gravação foi da Rádio Cultura. O “Sixteen” se apresentou em Brasília (Igreja Dom Bosco), São Paulo (Teatro Municipal), São João del Rey (Igreja de São Francisco), Juiz de Fora (Igreja do Rosário?) e Rio de Janeiro (Sala Cecília Meireles). A gravação do Te Deum, do António Teixeira, aconteceu logo depois.”

Me lembro de falar com o Harry Christophers sobre isso“, continua Harry. “No programa, havia também o Ofício 1816, do Pe. José Maurício. Mas, essa gravação, existe somente em fita cassete. A versão apresentada dos 6 Responsórios Fúnebres é um trabalho de resconstrução meu. Os trompetes que aparecem não são originais. A versão do Júlio Moretzsohn é mais fiel ao original. O que acontece é que essas músicas são encontradas como coleções de partes individuais de instrumentos e vozes. Muitas vezes, as cópias são de procedências distintas e de épocas diferentes. Na época, fiquei na dúvida em relação aos trompetes dobrando as trompas ritmicamente o tempo todo. Mas, como as notas tocadas não eram as mesmas, acabei incluindo-os, apesar de se tratar de um erro crasso de orquestração, que não seria compatível com o Pe. João de Deus de Castro Lobo.”

Não fosse os préstimos do Maestro Harry Crowl Jr, não teríamos conhecimento de mais este tesouro. Não tem preço!

Captura de Tela 2017-10-23 às 17.40.57

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Palhinha: ouça o Responsório Fúnebre # 3 enquanto se delicia com 32 telas/aquarelas do pintor inglês Henry Chamberlain, que morou e retratou o Rio de Janeiro durante 1819 e 1820:

Manoel Dias de Oliveira (São José del Rey [Tiradentes], 1735-1813)
01. Gradual: Fuga do Egito – Angelus Domini
Francisco Gomes da Rocha (1746-1808, Vila Rica, MG)
02. Novena De Nossa Senhora do Pilar – 1. Veni Sanctu Spiritu
03. Novena De Nossa Senhora do Pilar – 2. Domine ad Adjuvandum
04. Novena De Nossa Senhora do Pilar – 3. Gloria Patri
05. Novena De Nossa Senhora do Pilar – 4. Sicut Era in Principie
06. Novena de Nossa Senhora do Pilar – 5. In Honorem Sacratissimae Virginis Mariae (Invitatório)
07. Novena de Nossa Senhora do Pilar – 6. Quem Terra, Pontus, Sidera (Hino)
08. Novena de Nossa Senhora do Pilar – 7. Virgo Prudentissima (Antífona)
Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
09. Seis Responsórios Fúnebres – 1. Credo quod Redemptor. Et in carne. Quem visurus. Et in carne
10. Seis Responsórios Fúnebres – 2. Qui Lazarum. Tu eis, Domine. Qui venturus. Tu eis, Domine
11. Seis Responsórios Fúnebres – 3. Domine, quando veneris. Quia peccavi. Commissa mea. Quia peccavi. Requiem æterna. Quia peccavi
12. Seis Responsórios Fúnebres – 4. Memento mei. Nec aspiciat. De profundis. Nec aspiciat
13. Seis Responsórios Fúnebres – 5. Hei mihi!. Miserere mei. Anima mea. Miserere mei
14. Seis Responsórios Fúnebres – 6. Ne recorderis. Dum veneris. Dirige, Domine. Dum veneris. Requiem æternam. Dum veneris

Gravação ao vivo em São Paulo, em 1992
The Sixteen & The Symphony of Harmony and Invention Orchestra
Director: Harry Christophers

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Avicenna

Pe. João de Deus de Castro Lobo e as Matinas de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo (Acervo PQPBach)

2q8zekw Matinas de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo

Pe. João de Deus de Castro Lobo

Coral Porto Alegre e Orquestra

O Padre João de Deus de Castro Lobo é aquele que, junto com o Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), praticamente encerra o ciclo de compositores brasileiros do período colonial. Nasceu em Vila Rica (atual Ouro Preto) no ano de 1794, em uma família de músicos. Seu pai, Gabriel de Castro Lobo, foi regente na Irmandade do Santíssimo Sacramento na Freguesia do Pilar, de 1787 à 1816. Seu irmão Carlos de Castro Lobo foi exímio organista, e transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar na Capela Imperial. Pouco se sabe, entretanto sobre a vida de João de Deus.

Sua primeira atuação registrada como músico profissional foi em 1811 quando, aos 17 anos, fez parte do grupo de músicos que atuou na temporada da Casa de Ópera de Vila Rica. Ordenou-se Padre em 1821, recebendo sua formação religiosa no Seminário de Mariana. Na mesma cidade foi mestre-de-capela da Sé e organista da Ordem 3ª da Penitência. Atuou ainda, segundo registros, como organista da Ordem 3ª de N. Sra. do Monte do Carmo de Ouro Preto. Faleceu precocemente em Mariana no ano de 1832, deixando incompletos os “Responsórios fúnebres”, sua última obra.

As obras que chegaram aos nossos dias – pouco mais de 40 – consistem quase integralmente de peças sacras destinadas aos diversos serviços religiosos. Uma única exceção é a “Abertura em Ré M”. Das obras sacras destacam-se “Te Deum em Lá m”, a “Missa em Ré M”, o “Credo em Fá M” e, principalmente, a “Missa e Credo a 8 vozes” onde, em seu estilo pré-romântico, nota-se a influência da ópera italiana. O ousado contorno das melodias, o virtuosismo vocal e instrumental e o brilhantismo da orquestração distinguem o compositor de seus contemporâneos.O oficio de “Matinas” é a mais longa das horas do Ofício Divino e é cantado durante a madrugada. É dividido em três Noturnos, cada um deles composto por três Responsórios, que são numerados de I a IX, consecutivamente. O Responsório IX (3º do Noturno III) pode ser substituido por um Te Deum, em ocasiões solenes. É o caso das “Matinas de Natal” do Padre João de Deus, que possuem apenas oito responsórios.

No Brasil, durante o século XVIII, os responsórios I, III, VI e VIII eram cantados repetindo-se a segunda parte, normalmente um alegro, após o verso e o gloria patri, o que dava a esses responsórios a seguinte forma: a/b/c/b/d/b. Atualmente, e também nesta gravação, omite-se a repetição intermediária do allegro, após o verso.

Nos arquivos musicais brasileiros são encontradas um número enorme de Matinas “postas em música” pelos mais diversos compositores dos séculos XVIII e XIX, a maior parte delas dedicadas à Semana Santa. Outras tantas foram compostas em honra a um determinado Santo ou para outro período do calendário litúrgico. De Castro Lobo são conhecidas três Matinas: as de São Vicente, as de Natal e as de N. Sra. da Conceicão. Nas duas primeiras o compositor aproveitou trechos com a mesma música, modificando o texto e adequando a prosódia. Assim, o Responsório VIII da de São Vicente tem a mesma música do Responsório VII das Matinas de Natal. A música das Matinas de N. Sra. da Conceição é, na verdade, aproveitamento de trechos de outras obras, levantando a hipótese de não ser trabalho original do compositor, mas um “arranjo” posterior feito para homenagear a Santa.

As “Matinas de Natal” de João de Deus de Castro Lobo foram escritas para solistas, coro a 4 vozes e orquestra, composta de duas flautas, duas trompas e o quinteto de cordas. O tratamento dado aos instrumentos é bastante idiomático. Nos sopros, as trompas limitam-se ao reforço harmônico. As flautas são tratadas com mais desenvoltura, dobrando os violinos ou atuando como solista (verso do Responsório VII). Nas cordas, os violinos têm uma função concertante, costurando as frases do coro, que recebe um tratamento mais homofônico. Os solos vocais, bastante ornamentados, exigem cantores de sólidos recursos e revelam a influência do “bel canto”.

A gravação aqui registrada é a segunda de uma série que começou com as “Novenas” do Padre José Maurício. A partitura das “Matinas de Natal” de João de Deus de Castro Lobo foi montada a partir dos manuscritos da partes vocais e instrumentais depositados no arquivo da Lira Sanjoanense, por Aluizio Viegas e teve no Maestro Ernani Aguiar seu primeiro intérprete em tempos modernos.
(André Cardoso, Regente e Professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, extraído do encarte)

Palhinha: ouça o 5º Responsório – 1. O Magnum Mysterium

Matinas do Natal
Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
01. Matinas do Natal – 1º Invitatório – Christus Natus Est
02. Matinas do Natal – 2º Responsório – 1. Hodie Nobis Caelorum Rex
03. Matinas do Natal – 2º Responsório – 2. Gaudet Exercitus Angelorum
04. Matinas do Natal – 2º Responsório – 3. Gloria in Excelsis Dei
05. Matinas do Natal – 2º Responsório – 4. Gloria Patri
06. Matinas do Natal – 2º Responsório – 5. Gaudet Exercitus Angelorum
07. Matinas do Natal – 3º Responsório – 1. Hodie Nobis de Caelo Pax Vera
08. Matinas do Natal – 3º Responsório – 2. Hodie per Totum Mundum
09. Matinas do Natal – 3º Responsório – 3. Hodie Illuxit Nobis
10. Matinas do Natal – 3º Responsório – 4. Hodie per Totum Mundum
11. Matinas do Natal – 4º Responsório – 1. Quem Vidistis Pastores
12. Matinas do Natal – 4º Responsório – 2. Natum Vidimus
13. Matinas do Natal – 4º Responsório – 3. Dicite Quidnam Vidistis
14. Matinas do Natal – 4º Responsório – 4. Gloria Patri
15. Matinas do Natal – 4º Responsório – 5. Natum Vidimus
16. Matinas do Natal – 5º Responsório – 1. O Magnum Mysterium
17. Matinas do Natal – 5º Responsório – 2. Beata Virgo
18. Matinas do Natal – 5º Responsório – 3. Ave Maria
19. Matinas do Natal – 5º Responsório – 4. Beata Virgo
20. Matinas do Natal – 6º Responsório – 1. Beata Dei Genitrix
21. Matinas do Natal – 6º Responsório – 2. Hodie Genuit Salvatorem Saeculi
22. Matinas do Natal – 6º Responsório – 3. Beata Quae Credidit
23. Matinas do Natal – 6º Responsório – 4. Hodie Genuit Salvatorem Saeculi
24. Matinas do Natal – 7º Responsório – 1. Sancta et Immaculata
25. Matinas do Natal – 7º Responsório – 2. Quia Quem Caeli
26. Matinas do Natal – 7º Responsório – 3. Benedicta Tu in Mulieribus
27. Matinas do Natal – 7º Responsório – 4. Gloria Patri
28. Matinas do Natal – 7º Responsório – 5. Quia Quem Caeli
29. Matinas do Natal – 8º Responsório – 1. Beata Viscera
30. Matinas do Natal – 8º Responsório – 2. Quia Hodie Pro Salute Mundi
31. Matinas do Natal – 8º Responsório – 3. Dies Santificatus
32. Matinas do Natal – 8º Responsório – 4. Quia Hodie Pro Salute Mundi
33. Matinas do Natal – 9º Responsório – 1. Verbum Caro Factum Est
34. Matinas do Natal – 9º Responsório – 2. Et Vidimus Gloriam Ejus
35. Matinas do Natal – 9º Responsório – 3. Omnia per Ipsum
36. Matinas do Natal – 9º Responsório – 4. Gloria Patri
37. Matinas do Natal – 9º Responsório – 5. Et Vidimus Gloriam Ejus

Este CD é mais uma colaboração do maestro, compositor e musicólogo Harry Crowl Jr. Não tem preço!

Pe. João de Deus de Castro Lobo: Matinas de Natal – 2001
Coral Porto Alegre e Orquestra
Direção: Ernani Aguiar

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• Vida e obra de Castro Lobo, por Paulo Castagna: AQUI

• Partituras de autores brasileiros: AQUI

Boa audição.

Captura de Tela 2017-09-19 às 16.20.15

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Sinfonieta dos Devotos de Nossa Senhora dos Prazeres – Os Mestres Mulatos (Acervo PQPBach)

w0oy0yOs mestres mulatos

Sinfonieta dos Devotos de Nossa Senhora dos Prazeres

Maestro Marcelo Martins

 

 

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Luis Álvares Pinto (Recife, 1719 – 1789)
01. Te Deum Laudamus (1760) – Tibis Omnes
Pe. Caetano de Mello Jesus (Bahia?)
02. Recitativo e Ária (1759) – Ária
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
03. Tercis (1783) – Difusa est Gratia
Manoel Dias de Oliveira (São José del Rey [Tiradentes], 1735-1813)
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04. Gradual: Fuga do Egito – Angelus Domini
Joaquim de Paula Sousa “Bonsucesso” (Prados, c. 1760 – idem, c. 1820)
05. Antífona de São Joaquim – Laudemus Virum
Pe. João de Deus Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
06. Salve Sancte Pater
Anônimo (Serro, MG, Séc. XIX)
07. Jam Sol
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
08. Domini Jesu – Coral
Anônimo (modinhas imperiais coligidas por Mário de Andrade)
09. Escuta formosa …
10. Hei de amar-te até morrer
11. Lundum …

Xisto Bahia (1841 – 1894)
12. Lundu
Tradição oral, Paratí, RJ
13. Porto das Almas
Tradição oral, litoral norte, SP
14. Bendito
Antonio Carlos Gomes (1836-1906)
15. Cayumba – Dança de Negros

Você pode entrar no website da Sinfonieta e baixar suas gravações, saber dos seus projetos, programações. “Entre e fique à vontade, que a música é sua.”

Nossos agradecimentos ao Musicólogo e Maestro Marcelo Martins por nos ter cedido este CD. Não tem preço!!!

Os Mestres Mulatos – 2007
Sinfonieta dos Devotos de Nossa Senhora dos Prazeres
Direção musical e Regente: Marcelo Antunes Martins

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Boa audição.

pia entupida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Música do Brasil Colonial: Compositores Mineiros dos Séculos XVIII e XIX – Brasilessentia Grupo Vocal e Orquestra (Arquivo PQPBach)

2d0ktfrREPOSTAGEM

Música do Brasil Colonial: Compositores Mineiros é o álbum que apresenta o Brasilessentia Grupo Vocal e Orquestra, sob a regência de Vitor Gabriel, interpretando obras sacras de compositores do século XVIII e XIX, entre eles, José Joaquim Emerivo Lobo de Mesquita, Marcos Coelho Neto e João de Deus de Castro Lobo. De valor histórico inestimável, a gravação ilustra um trabalho concebido e prestigiado pelo diretor do Museu Inconfidência de Ouro Preto, Minas Gerais, o Professor Rui Mourão, para a preservação, organização, catalogação, transcrição de obras e divulgação do acervo de manuscritos
(extraído do encarte)

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Música do Brasil Colonial: Compositores Mineiros
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
01. Ladainha em Fá: 1. Andante
02. Ladainha em Fá: 2. Andante
03. Gradual Christus Factus Est
04. Responsório de Santo Antônio: 1. Andante Largo
05. Responsório de Santo Antônio: 2. Allegro
06. Responsório de Santo Antônio: 3. Andante
07. Responsório de Santo Antônio: 4. Moderato
08. Responsório de Santo Antônio: 5. Allegro
Marcos Coelho Neto, (Vila Rica [Ouro Preto], 1740-1806)
09. Antífona Salve Regina: 1. Andante Moderato
10. Antífona Salve Regina: 2. Andante
11. Antífona Crucem Tuam
Anônimo Mineiro séc XVIII
12. Motetos de Passos: 1. Miserere
13. Motetos de Passos: 2. Popule meus
14. Motetos de Passos: 3. Bajulans
15. Motetos de Passos: 4. Exeamus ergo
16. Motetos de Passos: 5. O vos omnes
17. Motetos de Passos: 6. Angariaverunt
18. Motetos de Passos: 7. Filiae Jerusalem
19. Motetos de Passos: 8. Domine Jesu
Francisco Gomes da Rocha (1746-1808, Vila Rica, MG)
20. Spiritus Domini: 1. Andante vivo
21. Spiritus Domini: 2. Allegro
22. Spiritus Domini: 3. Andante
23. Spiritus Domini: 4. Allegro II
José Joaquim da Paixão (Lisboa, c. 1770 – Funchal, c. 1820)
24. Moteto O Vere Christe: Andante ma non tropo/ Allegro
Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
25. Stabat Mater: 1. Andante Moderato
26. Stabat Mater: 2. Dolorosa – Moderato

Música do Brasil Colonial: Compositores Mineiros dos Séculos XVIII e XIX – 1997
Gabriel, Vitor (dir) Brasilessentia Grupo Vocal e Orquestra
Maestro Vitor Gabriel
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Boa audição

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Avicenna

Pe. João de Deus Castro Lobo (1794 – 1832): Missa e Credo a Oito Vozes

kcfrwwO BARROCO CATÓLICO NO BRASIL

O padre João de Deus Castro Lobo (1794-1832) é o exemplo do compositor mineiro do fim do ciclo barroco brasileiro. Talvez surpreenda aos eruditos e especialistas estrangeiros, apresentarmos a obra de um artista que morre aos trinta e oito anos na terceira década do século dezenove como um compositor barroco. O que pode parecer licencioso, impõe esclarecimento, com o cuidado de não pretender ampliar o debate e a análise formal do Barroco como estilo, o que já foi feito em relação à nossa arte – e muito bem feito – por Lúcio Costa, Afonso Avilla, Curt Lang e outros; mas é oportuno lembrar que artistas como Antonio Francisco Lisboa (1730-1814), o genial Aleijadinho e Manuel da Costa Athayde, o Mestre Athayde (l762-1830), ambos mineiros, foram barrocos no oitocentos.

Nao é ocioso repetir que a produção artística no Brasil refletiu a ideologia do poder, passada pelos estamentos do sistema administrativo português. As relações de dependência da colônia e o papel hegemônico da metrópole foram, reconhecidamente, fatores determinantes na nossa cultura. Enquanto duraram os casuismos de uma rigorosa legislação e as instituições que caracterizavam o sistema colonial, durou um ciclo cultural. As artes desembarcaram no litoral brasileiro com os padres que vieram acompanhando os colonizadores. O estilo que chegou e ficou, obedecia a um modelo que saiu do Concílio de Trento – Era o estilo da Contra-Reforma, Barroco portanto.

4qs8c8Durante todo o período de dominação colonial, o Estado português manteve articulados os seus interesses de expansão, domínio e exploração à fé católica, valendo-se dos privilégios especiais do Direito do Padroado, o que subordinava o culto católico aos reis de Portugal, que exerceram a administração da fé através da Mesa de Consciência e Ordens. Conjugou-se então uma estreita e eficiente ação administrativa e ideológica através deste pretenso tribunal, o que levou ao imobilismo o processo cultural no Brasil. Enquanto durou – até 1828 – a Mesa da Consciência e Ordens ordenou a sociedade por intermédio das confrarias de leigos: as Irmandades e as Ordens Terceiras.

Com a Proclamação da Independência do Brasil, nosso Imperador perdeu o Direito do Padroado. Até então competia ao Rei de Portugal a criação de dioceses e a apresentação de bispos e parocos, o que os Papas simplesmente confirmavam.

O arcaismo desta instituição e a rigidez administrativa do sistema colonial manteve o Brasil à margem das grandes mudanças sociais, econômicas e científicas. O período áureo da nossa arte barroca corresponde à segunda metade do setecentos, aos anos que se seguiram à criação do Bispado de Mariana, fundado em 1745. O trabalho de estruturar, organizando os diversos grupos étnicos, e economicamente bem definidos da sociedade em torno do culto de um Santo ou Santa Padroeira da Confraria, era incumbência do pároco, orientado pelo bispo; resultando na ereção de inúmeras igrejas nas vilas da Capitania de Minas Gerais.

Construído o templo, entalhados os altares, mobiliadas as sacristias e povoadas as naves de bancos e fiéis, chegara a vez da música. Tudo indica que o Seminário de Mariana, criado no ano em que chegou a vila o seu primeiro bispo, 1748, teve papel decisivo no desenvolvimento da música em Minas. Existem registros que comprovam ter havido, quando Minas Gerais ainda era Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, grande atividade de orquestras, bandas e corais, muito antes da criação do seminário em Mariana, mas poucas obras foram encontradas deste período.

O grande número de cópias de uma mesma obra que estão nos arquivos mineiros, é revelador da preferência e do prestígio que alguns compositores alcançaram entre os seus contemporâneos.

Hoje nossa arquitetura, pintura e escultura do período Barroco tem o reconhecimento internacional. Estão ai as publicações estrangeiras, preparadas por excelentes críticos e historiadores da arte e ainda, o crescente interesse turístico que nossas cidades históricas despertam. Mas a música contemporânea a Antonio Francisco Lisboa – o Aleijadinho -, ou a que se tocava no Rio de Janeiro no tempo do Mestre Valentlm, ou a de quando o Brasil foi elevado a Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves, só interessa a especialistas e musicólogos. Um saber que fica circunscrito ao ambiente acadêmico, com alguns artigos em publicações especializadas, para um público muito reduzido. Sendo poucas as execuções por orquestras em concertos e havendo desinteresse das gravadoras pelo nosso barroco, este fantástico acervo está condenado a desaparecer com o tempo.

2qwlkydOcorre-nos a importância que algumas orquestras européias tem hoje na divulgação da música produzida em seus paises. Uma contribuição à cultura universal sem duvida, mas que de certo modo orienta o interesse musical, na projeção da idéia de uma hegemonia cultural. É grande o número de conjuntos musicais que se especializaram no repertório de uma época no estrangeiro. São muitos os exemplos: o Collegium Aurium, a Camerata Antiqua, o Virtuosi di Roma, a Orquestra Bach de Munique, I Musicci, a Camerata di Roma, destacam-se, dentre outros conjuntos que igualmente se especializaram em períodos da História da Arte. Sem duvida estas instituições fazem um trabalho inestimável, enquanto preservam a memória musical do passado de seus paises de origem, concorrem para o aprimoramento das interpretações e freqüente debate em torno de questões ligadas aos seus valores culturais.

Longe está o dia, entretanto, em que um destes conjuntos musicais virá a incluir em seu repertório, espontaneamente, um autor brasileiro do século 18 e 19. Cabe-nos a iniciativa. Elmer C. Correa Barbosa, fevereiro, 1985 (extraído do encarte)

Pe. João de Deus Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
01. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 01. Kyrie
02. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 02. Kyrie. Christe
03. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 03. Kyrie. Kyrie
04. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 04. Gloria
05. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 05. Gloria. Laudamus
06. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 06. Gloria. Gratias
07. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 07. Gloria. Domine Deus
08. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 08. Gloria. Qui tollis
09. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 09. Gloria. Qui sedes
10. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 10. Gloria. Quoniam
11. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 11. Gloria. Cum Sanctus Spiritu
12. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 12. Gloria. Amen
13. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 13. Credo
14. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 14. Credo. Et incarnatus
15. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 15. Credo. Crucifixus
16. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 16. Credo. Et resurrexit
17. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 17. Sanctus
18. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 18. Sanctus. Hosanna
19. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 19. Sanctus. Benedictus
20. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 20. Sanctus. Hosanna
21. Missa e Credo para 8 Vozes em Ré maior – 21. Agnus Dei

Missa e Credo a Oito Vozes – 1985
Associação de Canto Coral, regente: Cléofe Person de Mattos
Camerata Rio de Janeiro, regente: Henrique Morelenbaum

O presente registro foi realizado nos dias 27, 28 e 29 de janeiro de 1985, no Salão Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Música, do Rio de Janeiro. “Nossos agradecimentos à Mesbla S.A., na pessoa de seu Gerente de Promoções, Valdemar Torres Neto, que conseguiu “calar” o potente carrilhão de seu simpático relógio nos períodos de gravação.”

Avicenna digitalizou esse  LP de 1985, selo Clio, gentilmente cedido pelo nosso ouvinte Alísson Roberto Ferreira de Freitas.

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MP3 320 kbps – 107,8 MB – 50,2 min
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Boa audição.

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Avicenna