A apresentação das Sinfonias de Beethoven como um ciclo é um fenômeno que certamente se deve às gravadoras. Algo semelhante se deu com as Sonatas para Piano. Pioneiro nesta empreitada e que certamente estabeleceu um espetacular parâmetro de comparação foi a iniciativa de Walter Legge que gravou para a EMI, entre 1951 e 1955, com a Philharmonia Orchestra regida pelo ainda não tão poderoso Herbert von Karajan, todas as sinfonias. Este ciclo ainda aparece nas listas dos mais-mais. Note que os ciclos de Sinfonias regidas por Furtwängler, por exemplo, foram obtidos reunindo gravações feitas em momentos diferentes.
Apesar das enormes dificuldades apresentadas pela tarefa, a moda pegou e todos os grandes regentes a levaram a cabo. Alguns, até mesmo mais vezes do que talvez fosse aconselhável.
Para ter uma ideia de quantas vezes isso se repetiu, veja uma lista de 2017, por ordem alfabética dos regentes, nesta página aqui.
Além dos grandes nomes de orquestras e regentes, nós consumidores precisamos escolher entre as diferentes abordagens. Qual é o seu estilo de interpretação favorito? Toscanini ou Furtwängler? Talvez Klemperer ou Bruno Walter? Karajan-63 ou Karajan-84? Possivelmente nenhum dos anteriores. Talvez o menos glamoroso, mas eficientíssimo Günter Wand? Há quem diga: Mackerras! Há para todos os gostos.
A primeira gravação que me fez pensar em uma abordagem diferente daquela oferecida pelas grandes orquestras foi da Sinfonia Pastoral com o jovem Michael Tilson Thomas regendo a English Chamber Orchestra. As outras sinfonias vieram posteriormente. Além dessas, havia algumas sinfonias gravadas pela Marlboro Festival Orchestra, regida pelo venerando Pablo Casals. Mas, o bloco das orquestras historicamente informadas estava a caminho e chegaram pelo disco do Roger Norrington regendo a London Classical Palyers com as Sinfonias 2 e 8, que levou um prêmio da Gramaphone em 1987. Daí por diante o cenário não seria mais o mesmo.
Atualmente estas ondas e modismos ganharam uma boa perspectiva e podemos escolher aquela gravação que traz as características que mais nos agradam, nos diferentes estilos e abordagens. Basta considerar como exemplos os ciclos gravados por Nikolaus Harnoncourt regendo a Chamber Orchestra of Europe ou David Zinman regendo a Tonhalle Orchestra Zurich.
É também importante considerar a opinião de que o ciclo ideal pode ser aquele coletado de gravações por diferentes orquestras e regentes para as diferentes sinfonias. Veja o que diz o Norman Lebrecht numa publicação sobre este tema e que você poderá ler aqui: ‘Boxed sets, I’ve always understood, are for Christmas. Beethoven is for the other 364 days of the year’.
Mesmo assim, vamos postar aqui as três últimas sinfonias que restam para completar o ciclo gravado por Thomas Adès regendo a Britten Sinfonia. O desafio é grande, mas acho que o conjunto é excelente. Minha maior expectativa era a Nona Sinfonia. Bom, se você gosta de Beethoven apresentado com intensidade, clareza e tempos justos, vai gostar muito destas gravações. Ouça e depois, me conte!
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
Sinfonia No. 7 em lá maior, Op. 92
- Vivace
- Allegretto
- Presto meno assai
- Allegro con brio
Sinfonia No. 8 em fá maior, Op. 93
- Allegro vivace con brio
- Allegretto scherzando
- Tempo di Menuetto
- Allegro vivace
Sinfonia No. 9 em ré menor, Op. 125 ‘Choral’
- Allegro ma non troppo, un poco maestoso
- Allegro vivace
- Adagio molto e cantabile
- Allegro assai
Gerald Barry (b. 1952)
- The Eternal Recurrence
Jennifer France, soprano
Christianne Stotijn, mezzo-soprano
Ed Lyon, tenor
Matthew Rose, baixo
Britten Sinfonia Voices – Royal Holloway Choir
Britten Sinfonia
Thomas Adès
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FLAC | 595 MB
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MP3 | 320 KBPS | 318 MB
O artigo de Benjamin Poore, que pode ser lido na íntegra aqui, diz:
Bacchic ebullience in Beethoven from Thomas Adès at the Barbican
Adès’ reading of this symphony was precise and propulsive. So far, so Nietzschean – but I have some misgivings. When Wilhelm Fürtwangler reclaimed the symphony at Bayreuth in 1951, he spotlighted its moments of faltering doubt and vulnerability: in places it is is unsure of its own ability to summon joy and brotherhood into the world; sometimes it turns its back on human community altogether. The self-assurance of Adès performance seemed to cast aside the uncertainties and frailties of this music, perhaps occluding its deeper significance.
Fragilidades? Veja lá…
Aproveite!
RD
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