Partituras Armoriais

 

O Movimento Armorial foi uma das coisas mais fenomenais que ocorreram no Brasil. Como nasceu em Pernambuco, não teve muita cobertura dos meios de comunicação nacionais, concentrados no eixo Rio-São Paulo,mas não perde em nada em robustez, propostas e inovação que a Tropicália. Ouso dizer que o Armorial foi mais abrangente, pois abraçou a pintura, escultura, gravura, literatura, design e, o que nos interessa mais neste blogue, a música!

Uma definição boa e didática do movimento é a da Lúcia Gaspar, Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco:

“A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus “cantares”, e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados.” Ariano Suassuna, Jornal da Semana, Recife, 20 maio 1975.
O Movimento Armorial surgiu sob a inspiração e direção de Ariano Suassuna, com a colaboração de um grupo de artistas e escritores da região Nordeste do Brasil e o apoio do Departamento de Extensão Cultural da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da Universidade Federal de Pernambuco.
Teve início no âmbito universitário, mas ganhou apoio oficial da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco.
Foi lançado oficialmente, no Recife, no dia 18 de outubro de 1970, com a realização de um concerto e uma exposição de artes plásticas realizados no Pátio de São Pedro, no centro da cidade.
Seu objetivo foi o de valorizar a cultura popular do Nordeste brasileiro, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares da cultura do País.
Segundo Suassuna, sendo “armorial” o conjunto de insígnias, brasões, estandartes e bandeiras de um povo, a heráldica é uma arte muito mais popular do que qualquer coisa. Desse modo, o nome adotado significou o desejo de ligação com essas heráldicas raízes culturais brasileiras.
O Movimento tem interesse pela pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura e cinema.
Uma grande importância é dada aos folhetos do romanceiro popular nordestino, a chamada literatura de cordel, por achar que neles se encontram a fonte de uma arte e uma literatura que expressa as aspirações e o espírito do povo brasileiro, além de reunir três formas de arte: as narrativas de sua poesia, a xilogravura, que ilustra suas capas e a música, através do canto dos seus versos, acompanhada por viola ou rabeca.
São também importantes para o Movimento Armorial, os espetáculos populares do Nordeste, encenados ao ar livre, com personagens míticas, cantos, roupagens principescas feitas a partir de farrapos, músicas, animais misteriosos como o boi e o cavalo-marinho do bumba-meu-boi.
O mamulengo ou teatro de bonecos nordestino também é uma fonte de inspiração para o Movimento, que procura além da dramaturgia, um modo brasileiro de encenação e representação.
Congrega nomes importantes da cultura pernambucana. Além do próprio Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Raimundo Carrero, Gilvan Samico, entre outros, além de grupos como o Balé Armorial do Nordeste, a Orquestra Armorial de Câmara, a Orquestra Romançal e o Quinteto Armorial.”

Conheça! Espalhe a notícia!

CEPE – Companhia Editora de Pernambuco (1894-1979)
Partituras Armoriais, com obras de:

01. Antônio José Madureira
02. Benny Wolkoff
03. Henrique Annes
04. Clóvis Pereira
05. Cussy de Almeida
06. Jarbas Maciel
07. José Tavares de Amorim
08. Lourenço da Fonseca Barbosa (Capiba)
09. Waldemar de Almeida

VEJA AQUI – SEE HERE – Blog de Carlos Eduardo Amaral
Também VEJA AQUI – SEE HERE – site da CEPE.

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Bisnaga

Cussy de Almeida (1936 -2010), Clóvis Pereira (1932), César Guerra-Peixe (1914-1993), Waldemar de Almeida (1904-1975), Luiz Gonzaga (1912-1989) e Humberto Teixeira (1915-1979) – Orquestra Armorial (1994) [link atualizado 2017]

Cussy de Almeida (1936 -2010), Clóvis Pereira (1932), César Guerra-Peixe (1914-1993), Waldemar de Almeida (1904-1975), Luiz Gonzaga (1912-1989) e Humberto Teixeira (1915-1979) – Orquestra Armorial (1994) [link atualizado 2017]

ORQ aRMORIALMUITO BOM !!!

Pra quem se lembra do CD com a Grande Missa Armorial de Capiba [calma, calma que o Bisnaga está preparando a repostagem da missa, que sai no domingo – UPDATE: já saiu faz tempo], aqui vai outro CD lançado pela Orquestra Armorial revival em 1994, sob regência de Cussy de Almeida.
Disco obrigatório para compreender melhor o movimento armorial e sua proposta musical.

Sivuca (1897-1986)

Orquestra Sinfônica da Paraíba & Sivuca (1999)

Cussy de Almeida (1936 -2010)
1. Aboio
Clóvis Pereira (1932)
2. Cantiga
Luiz Gonzaga (1912-1989) e Humberto Teixeira (1915-1979)
3. Asa Branca – Arr. Cussy de Almeida
César Guerra-Peixe (1914-1993) e Clóvis Pereira (1932)
4. Mourão
Cussy de Almeida (1936 -2010)
5. Kyrie, da Missa Nordestina
6. Gloria, da Missa Nordestina
7. Reino da Pedra Verde
Waldemar de Almeida (1904-1975)
8. Dança de índios
César Guerra-Peixe (1914-1993)
9. Galope, no estilo de cantoria
Cussy de Almeida (1936 -2010)
10. Cipó branco de Macaparana
César Guerra-Peixe (1914-1993)
11. Velame
Cussy de Almeida (1936 -2010)
12. Cirandância
César Guerra-Peixe (1914-1993)
13. Terno de pífanos
Capiba (1904 -1997)
14. Suíte sem lei nem rei – I. Chamada (moderato)
15. Suíte sem lei nem rei – II. Aboio (Largo)
16. Suíte sem lei nem rei – III. Galope esporeado (Allegro)

(Solistas não identificados no Kyrie e no Gloria)
Orquestra e Coro Armorial
Cussy de Almeida, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

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CVL
Repostado/recauchutado por Bisnaga

Capiba (1904-1997) – Grande Missa Armorial, Suíte sem lei nem rei [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Postado originalmente em 28 de agosto de 2009 pelo CVL. Repostado por Bisnaga

Nada melhor que começar o Domingo de Ramos com uma baita obra religiosa!

Aproveitando a vibe de missas de viés etnográfico, contribuo com esta aqui, que pode não ser tão importante quanto à Kewere de Marlui Miranda (aqui) ou a Crioula de Ariel Ramirez (aqui,com Mercedes Sosa, ou aqui, com José Carreras), mas que se destaca entre as obras sacras brasileiras por quebrar de modo respeitoso o excesso de sobriedade que às vezes irrefletidamente cerca a música litúrgica, mostrando que o serviço (a missa) pode ser uma celebração de júbilo do início ao fim e se aproximar das manifestações da cultura de seus fiéis.

Digo isso porque a missa de Capiba é, exceto pelo terno Benedictus, toda calcada em ritmos de forró (xote, xaxado e baião), como prescreviam as diretrizes da estética armorial, embora o texto usado seja em latim – pois os compositores armoriais não simpatizaram muito naquela época com o Concílio Vaticano II.

No final do ano passado postei a Grande missa nordestina, de Clóvis Pereira (aqui), num CD duplo do festival Virtuosi (vide categoria Música armorial). Enquanto a missa de Clóvis é sinfônica (requer uma orquestra mozartiana), esta de Capiba, de 1982, é camerística e quase usa a formação-tipo da Orquestra Armorial: cordas, duo de flautas, percussão pé-de-serra (zabumba, caixa e triângulo) – faltou somente o cravo.

Completa o CD a suíte Sem lei nem rei, de 1970, inspirada num romance armorial de Maximiniano Campos, pai do atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Convém esclarecer que a Orquestra Armorial neste álbum – gravado em 1994, para celebrar os 90 anos de Capiba (que apesar de ser um notório compositor de frevos escreveu lá suas peças eruditas) – é um revival daquela que surgiu e atuou na década de 70, ainda que regida pelo mesmo Cussy de Almeida.

O coral, os solistas e a orquestra podem estar longe do ideal, mas bem sabemos que as grandes obras de arte passam por cima dos desvios acidentais. Espero que apreciem.

De minha parte – Bisnaga: Ouçam! Ouçam! Deleitem-se, que é uma obra e tanto!

Capiba (Lourenço da Fonsêca Barbosa, 1904-1997)
Capiba 90 anos

01. Grande Missa Armorial, I. Kyrie
02. Grande Missa Armorial, II. Gloria
03. Grande Missa Armorial, III. Credo
04. Grande Missa Armorial, IV. Credo: Et Incarnatus est
05. Grande Missa Armorial, V. Credo: Et ressurexit
06. Grande Missa Armorial, VI. Credo: Et in Spiritum Sanctum
07. Grande Missa Armorial, VII. Sanctus
08. Grande Missa Armorial, VI. Benedictus
09. Grande Missa Armorial, VII. Agnus Dei
10. Suíte Sem lei nem rei, I. Chamada (Moderato)
11. Suíte Sem lei nem rei, II. Aboio (Largo)
12. Suíte Sem lei nem rei, III. Galope esporeado (Allegro)

Julie Cássia, soprano
Alexandre Borba, tenor
Eduardo Xavier, barítono
Coro e Orquestra Armorial
Henrique Lins, regente do coro
Cussy de Almeida, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE:

FLAC (168Mb)
MP3 (66 MB)

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POR FAVOR… NÃO ESQUEÇA DE ESCREVER UMAS LETRINHAS. Não se esqueça de mim…

Capiba feliz: “essa Missa Armorial ficou fuderosa!”

CVL
Repostado/recauchutado por Bisnaga

Cussy de Almeida (1936 -2010), Nélson Ferreira (1902-1976), Lula Queiroga (1960), Luiz Gonzaga (1912-1989), Humberto Teixeira (1915-1979), Capiba (1904 -1997), César Guerra-Peixe (1914-1993) e Clóvis Pereira (1932) – Grupo Orange – Raízes Brasileiras [link atualizado 2017]

MUITO BOM !!!

Postado originalmente em 31 de outubro de 2008 por CVL, repostado em 10 de março de 2011 pelo mesmo CVL e trepostado por Bisnaga, agora.

Diz-se bastante que não amamos aquilo que não conhecemos. Realmente, os CDs mais baixados até aqui, dentre os que postei, foram os de Copland e de Piazzolla (mais do que os das obras do Villa, pois Magdalena e A floresta do Amazonas completa, p. ex., são pouquíssimo conhecidas). Não reclamo por Jorge Antunes e por Padre Penalva, não tão acessíveis ao gosto predominante.

É que exortei vocês a baixarem o Réquiem Contestado de Eli-Eri Moura – porque vocês não vão encontrar essa obra, muito bela, nem em sebo – mas os downloads foram muito tímidos na semana em que o postei. Este CD aqui, do Grupo Orange, é meio ruim de achar (exceto no Recife, onde há de sobra) e também vai com minha efusiva recomendação. Portanto, aproveitem.

A melhor resenha que achei sobre o CD, que insere o Grupo Orange no contexto da música armorial e que, por sua vez, remete a outros links sobre o Movimento Armorial* e seus principais nomes na música, está neste blog.

Embora o Grupo Orange esteja desafinadinho que só (em algumas músicas em particular, como o Mourão), o repertório é excelente – principalmente Dom Cariongo, De rabeca em cantoria, Modinha, Assum Preto, De viola e de rabeca (título original de Mourão) e Galope.

Grupo Orange
Raízes Brasileiras

Cussy de Almeida (1936 -2010)
1. Dom Cariongo, Rei dos Congos
2. Caboclinhos
3. De rabeca em cantoria
4. Maracatucá
5. Modinha
Nélson Ferreira (1902-1976) e Lula Queiroga (1960). Arranjo de Maestro Duda
6. Adivinhações
Cussy de Almeida (1936-2010)
7. Cipó Branco de Macaparana
Luiz Gonzaga (1912-1989) e Humberto Teixeira (1915-1979) Arra. Benny Wolkoff
8. Assum Preto
Cussy de Almeida (1936-2010)
9. Cirandância
Capiba (1904 -1997). Arr. Maestro Duda
10. Minha Ciranda
César Guerra-Peixe (1914-1993) e Clóvis Pereira (1932)
11. De viola e de rabeca
Cussy de Almeida (1936-2010)
12. Aboio
13. Esquente de zabumba
Clóvis Pereira (1932), Cussy de Almeida (1936-2010) e Jarbas Maciel (1933)
14. Cavalo marinho
Clóvis Pereira (1932)
15. Terno de pífanos
César Guerra-Peixe (1914-1993)
16. Galope

Grupo Orange
Moema Macedo, bandolim (faixa 5)
Cussy de Almeida,regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE 61Mb

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Cussy de Almeida: um senhor violinista e um senhor compositor!

CVL
Repostado/recauchutado por Bisnaga

500 anos de Brasil – Quarteto Egan interpreta 10 compositores brasileiros [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Lá nos idos anos 2000, houve uma batelada de comemorações pelos 500 anos do “descobrimento” do Brasil. Aliás, nosso descobrimento é bem interessante: ocorreu em 1500, quatro anos depois do Tratado de Tordesilhas, que dividiu a América entre Portugal e Espanha. Os portugueses dividiram o que nem tinham descoberto ainda, claro… Sei… História bem contada essa…

Bom, apesar da estranheza dos dados históricos e do questionamento da data e das comemorações, os festejos foram responsáveis pela produção de muito material cultural de alta qualidade até em anos posteriores. Uma dessas produções foi este álbum de hoje: 500 anos do Brasil. Assim, ele acaba sendo um apanhado bem legal da música brasileira, desde o período do Reino Unido a Portugal até os dias atuais, interpretada ou reinterpretada (algumas peças foram arranjadas para esta gravação) para quarteto de cordas, com o pernambucano Quarteto Egan.
O passeio musical que os músicos propõem começa no Brasil Colônia e chega até dias recentes, com um percurso cronológico das músicas que contempla três Estados brasileiros, conforme o local onde as peças foram compostas: começam pelo século XIX no Rio de Janeiro (Padre José Maurício) e São Paulo (Carlos Gomes), voltam para o Rio no início do século XX (Chiquinha Gonzaga, Alberto Nepomuceno e Sérgio Bittencourt) e chegam à sua terra, Pernambuco, na segunda metade do século (Clóvis Pereira, Luiz Gonzaga, Capiba, Guerra Peixe e Mestre Duda). A organização das faixas do CD acaba tornando-se até didática, pois mostra a música brasileira se soltando, ganhando cada vez mais síncopas, cadências e malemolência conforme o tempo passa e ela se permite ser seduzida pela riqueza popular.

Putz! Muito bom! Ouça! Ouça! Deleite-se!

500 anos de Brasil
Quarteto Egan

Padre José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, RJ, 1767 – 1830)
01. Abertura em Ré
Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
02. Quem sabe?
03. Sonata em Ré, IV. Vivace: “O burrico de pau”
Chiquinha Gonzaga (Francisca Edwiges N. Gonzaga – Rio de Janeiro, RJ, 1847 – 1935)
04. Lua Branca
Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
05. Serenata
Sérgio Bittencourt (Rio de Janeiro, RJ, 1941 – 1979)
06. Modinha
Clóvis Pereira (Caruaru, PE, 1932)
07. Aboio
08. Galope
Luiz Gonzaga (Exu, PE, 1912 – Recife, PE, 1989)
09. Assum Preto
Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – Surubim, PE, 1904 — Recife, PE, 1997)
10. Valsa Verde
César Guerra Peixe (Petrópolis, RJ, 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 1993)
11. Mourão
Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – Surubim, PE, 1904 — Recife, PE, 1997)
12. Recife, cidade lendária
Mestre Duda (José Ursicino da Silva – Goaiana, PE, 1935);
13. Rafael Bis

Marie-Savine Egan, violino
Raphaëlle Egan, violino
Elyr Alves, viola
Fabiano Menezes, violoncelo
gravado em São Paulo, lançado no Recife, 2001

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FLAC encartes em 5.0Mpixel (276Mb)
MP3 encartes em 5.0Mpixel (121Mb)

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…Mas comente… Não me deixe apenas com o silêncio…

Bisnaga