Qualquer gravação da Sinfônica de Chicago traz os melhores metais. Não adianta, é cultural. E aqui não é diferente. As trombonadas, agora comandadas por um maestro genial, são impecáveis. Sempre. O restante talvez seja pior do que o ciclo de Haitink-Shostakovich que recém publicamos. A Sinfonia Nº 4 é uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.
D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 (Haitink, Chicago) (1:10:26)
1 Allegretto Poco Moderato – Presto 29:39
2 Moderato Con Moto 9:41
3 Largo – Allegro 31:06
A Sonata de Moscheles é muito boa, mas a verdadeira surpresa deste CD são os Estudos Melódicos e Contrapontísticos do mesmo Moscheles sobre Prelúdios de Bach nas faixas 5, 6 e 7. Já a Sonata de Hummel é rotineira, ainda mais se considerarmos sua luminosa obra, especialmente as Sonatas de nosso próximo e excelente post (PQP o postará na terça pela manhã). Para variar, a Hyperion nos brinda com um disco com repertório raro e que vale a pena conhecer. Serve bem a uma tarde preguiçosa de domingo.
Ignaz Moscheles (1794-1870) e Johann Nepomuk Hummel (1778-1837): Sonatas para Violoncelo e Piano (Bárta, Milne)
Cello Sonata in E major, Op 121 [Moscheles]
1. Movement 1: Allegro espressivo e appassionato
2. Movement 2: Scherzo ‘ballabile’. Allegretto quasi allegro
3. Movement 3: Ballade ‘in böhmische Weise’. Andantino
4. Movement 4: Allegro vivace, ma non troppo
Melodisch-contrapunktische Studien, Op 137 [Bach & Moscheles]
5. No 4: Andante con moto espressivo ‘Well-tempered Klavier II Prelude No 7 in E flat major’
6. No 8: Allegro maestoso ‘Well-tempered Klavier II Prelude No 6 in D minor’
7. No 9: Andante espressivo ‘Well-tempered Klavier I Prelude No 4 in C sharp minor’
Cello Sonata in A major, Op 104 [Hummel]
8. Movement 1: Allegro amabile e grazioso
9. Movement 2: Romanze. Un poco adagio e con espressione
10. Movement 3: Rondo. Allegro vivace un poco
Como é que os franceses podem viver sem reis e rainhas? O repertório que ouvimos em filmes que querem mostrar a nobreza e grandiosidade dos monarcas está todo aqui. Eu tenho algum respeito por Adolf Scherbaum, mas este CD… Tem umas músicas famosíssimas que são usadas quando o filme tem reis e rainhas ou quando deseja fazer alguma caricatura da nobreza. Sabe aqueles toques de trompete bem famosos? São todos franceses e estão neste disco. Adolf Scherbaum têm gravações estupendas de música para trompete e órgão, por exemplo. Mas este aqui é dureza. Mouret é o compositor que 10 entre 10 reis absolutistas escolheriam. Um saco. Ah, a faixa 32 de Monsieur Delalande é plágio escarrado de uma suíte orquestral de papai Bach. Fuja deste CD, a não ser que você queira usar numa festa à fantasia onde todos aparecerão metamorfoseados como nobres.
Mouret (1682-1738), Delalande (1732-1807), Philidor (1726-1795), Lully (1632-1687), Charpentier (1643-1704): Música Barroca Francesa para Trompete e Orquestra (Scherbaum, Kuentz)
Fanfares: Première Suitte
Composed By – Jean-Joseph Mouret
(7:34)
1 1. [Sans Indication de mouvement] 1:51
2 2. Gracieusement, sans lenteur 3:17
3 3. Allegro 1:41
4 4. Gay 0:45
Simphonies: Seconde Suitte
Composed By – Jean-Joseph Mouret
(13:36)
5 1. Air Ou Prélude 1:51
6 2. Allegro 1:55
7 3. Gracieusement 2:27
8 4. A) Première Gavotte – B) Deuxième Gavotte 2:34
9 5. A) Fanfare – B) Air 2:02
10 6. A) Premier Menuet – B) Second Menuet 1:51
11 7. Allegro 0:56
Simphonies Pours Les Soupers Du Roy Quatrième Suitte
Composed By – Delalande*
(26:16)
12 1. Simphonie Du Te Deum 1:54
13 2. 2e Air Du “Concert De Trompettes Pour Les Festes Sur Le Canal De Versailles” 0:54
14 3. 1er Air Pour Concert De Trompettes 3e Air Pour Les Mêmes 1:25
15 4. 1er Menuet Pour Les Trompettes 0:38
16 5. 2e Menuet 1:01
17 6. Fanfare; Air En Écho 1:12
18 7. Air Grave De “L’amour Fléchy Par La Constance” 2:39
19 8. Sarabande 2:12
20 9. Légèrement 0:41
21 10. “Chantons Ce Héros”. Gayement 1:51
22 11. Sarabande De “Cardeino” 1:43
23 12. Air. Gay “Ballet De Mélicerte” À Fontainebleau Marrage De M. De Lorraine 0:41
24 13. Musette Du “Ballet De L’lnconnue” 0:43
25 14. Air. Gay 0:56
26 15. Rondeau Du “Ballet Des Cléments” 1:32
27 16. Rondeau Du “Ballet De Cardenio” 0:58
28 17. Doucement Et Pesamment 0:43
29 18 “La Pagode”. Doucement Et Pesament 1:46
30 19. 7e Air Du “Ballet De La Paix” 1:33
31 20. Chaconne En Écho Avec Les Trompettes 2:14
Sixième Suitte – Premier Caprice
Composed By – Michel Richard Delalande
(15:11)
32 1. Fièrement Et Détaché – Gracieusement – Un Peu Plus Gay – Viste 4:55
33 2. Gracieusement, Sans Lenteur – Vif 2:53
34 3. Trio. Doucement (attacca) 5:37
35 4. Fièrement – Vivement 1:46
36 Marche à Quatre Timbales
Composed By – André I Danican Philidor
2:42
Airs de Trompettes, Timbales Et Hautbois (LWV 72)
Composed By – Jean-Baptiste Lully
(5:57)
37 1. Prélude 3:11
38 2. Menuet 0:59
39 3. Gigue 0:54
40 4.Gavotte 0:53
41 Prélude du Te Deum (H. 146)
Composed By – Marc Antoine Charpentier
1:34
Bassoon – André Sennedat
Conductor – Paul Kuentz
Harpsichord – Huguette Gremy, Olivier Alain
Horns – Georges Barbouteu*, Jacky Magnardi
Oboe – Emile Mayousse, Maurice Bourgue
Orchestra – Orchestre De Chambre Paul Kuentz
Soprano Vocals – Edith Selig
Timpani [Kettle Drums] – Jacques Remy
Trumpet – Adolf Scherbaum
No século XX, só posso comparar este conjunto de sinfonias de Mahler, à série de romances de Thomas Mann ou à literatura de Kafka, Borges ou Joyce ou ainda às pinturas de Picasso ou Kandinsky — ou ainda a algo maior, coisa que não sei se existe.
A surpreendente Sinfonia Nº 1; a decepcionante Nº 2; a curiosa Nº 3; a Nº 4, a que muda tudo, que é a primeira das grandiosas e talvez a mais sarcástica de todas — aquele Moderato beethoveniano bem ali no meio… –; a clássica e famosa Nº 5; a bipolar — pois dramática e circence — Nº 6; a importante, heroica e não tão boa Nº 7; a muito apaixonante e longa Nº 8 — com direito a dois scherzi e uma passacaglia –; a zombeteira (alvo: Stálin) Nº 9; a antistalinista e linda Nº 10; a Nº 11, que é a melhor das músicas programáticas que conheço; o escorregão da Nº 12 — filha piorada da Nº 7 –; a dilacerante e linda Babi Yar, Nº13; os grandes poemas de morte da quase camarística Nº 14; a autêntica suma de sua arte sinfônica que é a Nº 15 — com seu sarcasmo, canções de morte e citações.
E, nossa, que orquestras maravilhosas as formadas por Haitink! Aqui, o maestro demonstra toda a sua musicalidade ao nos acompanhar, com perfeito senso de estilo e compreensão, aos picos e vales emocionais por onde Shostakovich nos leva. Muitas vezes tive taquicardia ouvindo estes discos. O fuzilamento da Sinfonia Nº 11 é um fuzilamento, a canção de luto é exatamente isto, uma canção de luto. A Sinfonia Nº 14 é formada por verdadeiras canções de morte. Já os sarcasmos estão por toda a parte — na 4, 5, 6, 8, 9, 15º, todos bem desenhados. É uma música muito humana e dolorida, às vezes de incontrolável alegria, outras vezes de uma tristeza de cortar os pulsos. O compositor parece contar histórias e, mesmo que não compreendamos seus conteúdos sem palavras, deixa-nos com sua implacável lógica emocional. Como diria, meu amigo, o Dr. Herbert Caro, Haitink é um maestro compreensivo — isto é, que compreende tudo e bem. Ele nos leva pela mão nesta coleção absolutamente notável! Como escreveu a Concerto, Haitink é poesia, elegância e refinamento.
Lembro de quando o vi reger no Concertgebouw de Amsterdam. Uma vez estava atrás da orquestra, de frente para o maestro. Ele era uma figura magnética. Quando ele mandou a orquestra levantar para receber os aplausos, a gente lá atrás quase levantava junto.
(Fico muito curioso de ouvir a integral de Maxim Shostakovich. Alguém tem?).
Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas e mais (Haitink)
CD1 Symphony No.1 In F Minor, Op.10
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
1-1 I Allegretto – Allegro Non Troppo 8:14
1-2 II Allegro 8:14
1-3 III Lento 8:46
1-4 IV Allegro Molto – Lento – Allegro Molto 9:15
Symphony No.3 In E Flat Major, Op.20 ‘The First Of May’
Choir – London Philharmonic Choir*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
1-5 I Allegretto – Allegro 10:25
1-6 II Andante 5:35
1-7 III Allegro – Largo 10:34
1-8 IV Moderato: ‘V Pervoye Pervoye Maya’ 6:15
CD2 Symphony No.2 In B Major, Op.14 ‘To October – A Symphonic Dedication’
Choir – London Philharmonic Choir*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
2-1 I Largo – Allegro Molto 12:44
2-2 II My Shli, My Prosili Raboty I Khleba 8:10
Symphony No.10 In E Minor, Op.93
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
2-3 I Moderato 24:16
2-4 II Allegro 4:03
2-5 III Allegretto 12:23
2-6 IV Andante – Allegro 13:57
CD3 Symphony No.4 In C Minor, Op.43
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
3-1 I Allegretto Poco Moderato — 16:20
3-2 Presto 12:32
3-3 II Moderato Con Moto 9:06
3-4 III Largo — 7:03
3-5 Allegro 22:35
CD4 Symphony No.5 In D Minor, Op.47
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
4-1 I Moderato 18:04
4-2 II Allegretto 5:21
4-3 III Largo 15:40
4-4 IV Allegro Non Troppo 10:35
Symphony No.9 In E Flat Major, Op.70
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
4-5 I Allegro 4:57
4-6 II Moderato 7:44
4-7 III Presto 2:38
4-8 IV Largo 3:56
4-9 V Allegretto — Allegro 6:37
CD5 Symphony No.6 In B Minor, Op.54
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
5-1 I Largo 17:47
5-2 II Allegro 6:20
5-3 III Presto 7:06
Symphony No.12 In D Minor, Op.112 ‘The Year 1917’
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
5-4 I Revolutionary Petrograd 13:31
5-5 II Razliv 14:04
5-6 III Aurora 4:15
5-7 IV The Dawn Of Humanity 11:05
CD6 Symphony No.7 In C Major, Op.60 Leningrad
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
6-1 I Allegretto 28:57
6-2 II Moderato (Poco Allegretto) 11:35
6-3 III Adagio 20:22
6-4 IV Allegro Non Troppo 18:28
CD7 Symphony No.8 In C Minor, Op.65
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
7-1 I Adagio 25:55
7-2 II Allegretto 6:14
7-3 III Allegro Non Troppo 5:57
7-4 IV Largo 8:49
7-5 V Allegretto 14:47
CD8 Symphony No.11 In G Minor, Op.103 ‘The Year 1905’
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
8-1 I Adagio: The Palace Square 15:53
8-2 II Allegro: 9 January 19:54
8-3 III Adagio: In Memoriam 11:23
8-4 IV Allegro Non Troppo: Tocsin 14:16
CD9 Symphony No.13 In B Flat Minor, Op.113 ‘Babi Yar’
Bass Vocals [Bass] – Marius Rintzler
Choir – Gentlemen From The Choir Of The Concertgebouw Orchestra*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
9-1 I Adagio: Babi Yar 17:11
9-2 II Allegretto: Humour 8:18
9-3 III Adagio: In The Store 13:06
9-4 IV Largo: Fears 12:22
9-5 V Allegretto: A Career 13:23
CD10 Symphony No.14, Op.135
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
10-1 I De Profundis
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
4:45
10-2 II Malagueña
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
2:37
10-3 III Loreley
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
8:35
10-4 IV Le Suicidé
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
6:45
10-5 V Les Attentives I
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
2:58
10-6 VI Les Attentives II
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
1:52
10-7 VII À La Santé
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
8:46
10-8 VIII Réponse Des Cosaques Zaparogues…
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
2:03
10-9 IX O Delvig, Delvig
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
4:44
10-10 X Der Tod Des Dichters
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
5:26
10-11 XI Schluß-Stück
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
1:14
6 Poems Of Marina Tsvetaeva, Op.143a
Composed By – Dmitri Shostakovich
Contralto Vocals [Contralto] – Ortrun Wenkel
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
10-12 I My Poems 3:23
10-13 II Such Tenderness 3:52
10-14 III Hamlet’s Dialogue With His Conscience 3:23
10-15 IV The Poet And The Tsar 1:40
10-16 V No, The Drum Beat 3:28
10-17 VI To Anna Akhmatova 6:10
CD11 Symphony No.15 In A Major, Op.141
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
11-1 I Allegretto 8:05
11-2 II Adagio — Largo — Adagio — Largo 16:28
11-3 III Allegretto 4:12
11-4 IV Adagio —Allegretto — Adagio — Allegretto 16:57
From Jewish Folk Poetry, Op.79
Composed By – Dmitri Shostakovich
Contralto Vocals [Contralto] – Ortrun Wenkel
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
Soprano Vocals [Soprano] – Elisabeth Söderström
Tenor Vocals [Tenor] – Ryszard Karczykowski
11-5 I Lament For A Dead Infant 2:40
11-6 II Fussy Mummy And Auntie 2:50
11-7 III Lullaby 3:48
11-8 IV Before A Long Separation 2:25
11-9 V A Warning 1:18
11-10 VI The Deserted Father 2:05
11-11 VII A Song Of Poverty 1:24
11-12 VIII Winter 3:21
11-13 IX The Good Life 1:49
11-14 X A Girl’s Song 3:15
11-15 XI Happiness 2:39
[Recording details]
(No. 10): Kingsway Hall, London 1977
(No. 15): Kingsway Hall, London 1978
(Nos. 4 & 7): Kingsway Hall, London 1979
(Nos. 1 & 9): Kingsway Hall, London 1980
(Nos. 2 & 3): Kingsway Hall, London 1981
(No. 14): Concertgebouw, Amsterdam 1980
(No. 5): Concertgebouw, Amsterdam 1981
(Nos. 8 & 12): Concertgebouw, Amsterdam 1982
(Nos. 6, 11, From Jewish Folk Poetry & Six Poems): Concertgebouw, Amsterdam 1983
(No. 13): Concertgebouw, Amsterdam 1984
Apesar de a orquestra ser a do Concertgebouw de Amsterdam, aqui temos um Prokofiev com sotaque russo. As Sinfonias de Nº 5 e 7 são as minhas preferidas dentre as que o ucraniano escreveu e Ashkenazy realiza um de seus melhores trabalhos com ela. É linda esta sinfonia. Simplesmente, ela não tem momentos fracos, é toda perfeita. Ouçam e confiram! Nada a ver, mas sempre fico puto ao pensar na morte de Prokofiev. Ele morreu aos 61 anos, em 5 de março de 1953, no mesmo dia que Stalin. Por três dias, a oficialidade e a multidão que se despedia do Rei dos Expurgos impossibilitou a retirada do corpo de Prokofiev para o serviço funerário. No funeral, não havia flores nem músicos, todos requisitados pelo funeral do líder soviético.
Uma pena eu não ter meus alfarrábios aqui no escritório. Escrever sobre Schütz sem eles, confiando na Wiki e na rede? Nunca! Prefiro confiar na memória. Schütz escreveu três volumes de Symphoniæ Sacræ, o primeiro nos anos 20 do século XVII, o segundo anos 40 e o terceiro, que é de 1649, tenho certeza. Schütz nasceu cem anos antes de Bach e é o fundador da música alemã tanto no sentido de austeridade como no de sua abertura para o sol e a alegria meridionais. Refiro-me aos italianos, claro. Era um homem de seu tempo. A música era considerada ainda uma ciência e estava curiosamente fora das humanidades, sendo estudada como a matemática, a química, etc. Schütz, por revolucionário que fosse — e era! — utilizava modelos matemáticos em suas obras, mas era um erudito humanista que usava de liberalidades que criaram coisas tão maravilhosas como o Saul, Saul, was verfolgst du mich, SWV 415, música pela qual sou fascinado. Em comum com Bach, o luterano Schütz possuia a aspiração ecumênica dos crentes sinceros e procurava fugir do que era imposto pela religião alemã.
Aqui, pouco sol italiano brilha, o que se vê é a luz das catedrais do barroco. Mas não são catedrais vazias, são catedrais lotadas de povo e de apelos.
Álbum duplo de qualidade incomum, gravado só para variar pela Harmonia Mundi, vem com capa de libreto que são também arte.
Heinrich Schütz (1585-1672): Symphoniæ Sacræ III (Junghänel)
1. Der Herr ist mein Hirt SWV 398
2. Ich hebe meine Augen auf SWV 399
3. Wo der Herr nicht das Haus bauet SWV 400
4. Mein Sohn, warum hast du uns das getan SWV 401
5. O, Herr, hilf SWV 402
6. Siehe, es erschien der Engel des Herren SWV 403
7. Feget den alten Sauerteig aus SWV 404
8. O süßer Jesu Christ SWV 405
9. O Jesu süß, wer dein gedenkt SWV 406
10. Lasset uns doch den Herren, unsern Gott, loben SWV 407
11. Es ging ein Sämann aus SWV 408
12. Seid barmherzig SWV 409
13. Siehe, dieser wird gesetzt zu einem Fall SWV 410
14. Vater unser SWV 411
15. Siehe, wei fein und lieblich SWV 412
16. Hütet Euch SWV 413
17. Meister, wir wissen, dass du wahrhaftig bist SWV 414
18. Saul, Saul, was verfolgst du mich SWV 415
19. Herr, wie lang willst du mein so gar vergessen SWV 416
20. Komm heliger Geist, Herre Gott SWV 417
21. Nun danket alle Gott SWV 418
Johanna Koslowsky
Monika Mauch
Wilfried Jochens
Hans-Jorg Mammel
Stephan Schreckenberger
Wolf Matthias Friedrich
Uma excelente gravação da esplêndida Sinfonia Nº 7 vem desde um primeiro movimento colossal, passa através de dois movimentos Nachtmusik em ambos os lados de um scherzo. São esses três movimentos centrais que deram origem à obra sendo às vezes conhecida como ‘Canção da Noite’, que não é um apelido de Mahler. Dito isso, não é um apelido injustificado, pois até mesmo o primeiro movimento tem um sentimento noturno em sua abertura e em muitos de seus episódios. É apenas no final que finalmente emergimos para a luz do dia. A primeira Nachtmusik, após os chamamentos de trompas e a evocação de cantos de pássaros, traz novamente a marcha, no que parece a evocação de um caminhar pelo mistério da noite. A ambientação noturna reaparece no Scherzo, mas desta vez através das lembranças algo fantasmagóricas da valsa vienense. Antes de atingir o brilho, no último movimento, a obra atravessa a segunda Nachtmusik: lirismo, transparência, orquestra reduzida – nos metais, apenas as trompas –, mas com a acréscimo do bandolim para essa verdadeira serenata noturna. No Rondo – Finale, a explosão de luz e a energia do tema inicial têm efeito arrebatador. Uma vez mais, o compositor estabelece o diálogo com a tradição – desta vez, com o tema de Os Mestres Cantores, de Wagner. A alternância com seções transparentes, as transformações do tema principal e até a reminiscência do tema que abre o primeiro movimento conduzem a Sinfonia a um final luminoso. Se atentarmos para a diversidade temática da Sétima e mesmo para a expressão particular de cada um de seus movimentos, estaremos diante de uma riqueza de expressões humanas em que não faltam a dor, a nostalgia, a desesperança, mas também a ironia, a raiva, o amor e o encantamento diante da natureza.
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 (Halász)
Symphony No. 7 in E Minor
1 I. Langsam – Allegro con fuoco 20:55
2 II. Nachtmusik I: Allegro moderato 16:59
3 III. Scherzo: Schattenhaft 09:46
4 IV. Nachtmusik II: Andante amoroso 14:05
5 V. Rondo-Finale 17:25
Total Playing Time: 01:19:10
Conductor(s): Halász, Michael
Orchestra(s): Polish National Radio Symphony Orchestra
Aproveitando as comemorações pascoais do próximo domingo, faço retornar uma bela postagem — pela música, jamais por meu texto — alusiva à efeméride, escrita entre a compra de um ovo de chocolate e outro. Como chocólatra incondicional, amo a Páscoa! Este é CD lindamente interpretado por este conjunto que desconhecia. Claro, Pachelbel não é Bach, mas não julgo possível que os pequepianos mais afeitos ao barroco torçam seus sensíveis narizes para estas peças muito difíceis de se encontrar por aí. O CD é excelente! Bom Coelhinho para todos!
Johann Pachelbel (1653-1706): Cantatas de Páscoa (La Capella Ducale, Musica Fiata, Roland Wilson)
1. Deus In Adjutorium
2. Christ Lag In Todesbanden
3. Halleluja! Lobet Den Herrn
4. Christ Ist Erstanden
5. Jauchzet Dem Herrn
6. Magnificat In C Major
Mais um excelente CD trazendo o soprano Miriam Feuersinger, aquela cujo sobrenome diz tudo. Na enorme obra de cantatas de Johann Sebastian Bach, as “cantatas de diálogo” ocupam uma posição muito especial: como se em um diálogo pessoal, a ‘alma cristã’ (soprano) e ‘Cristo’ (baixo) entram em diálogo, quase como em uma ópera. Bach se refere às palavras de Martinho Lutero, segundo as quais “a fé une a alma a Cristo como uma noiva ao seu noivo”, e assim se vincula à ideia medieval do misticismo nupcial. Esse diálogo se torna um “dueto de amor” espiritual, por assim dizer, que Miriam Feuersinger e Klaus Mertens — ambos estão entre os grandes intérpretes de Bach do nosso tempo — interpretam aqui da maneira mais íntima. As duas cantatas “Ich geh und suche mit Verlangen” BWV 49 e “Liebster Jesu, mein Verlangen” BWV 32 são complementadas pelo Concerto para Oboé em Dó maior GWV 302 de Christoph Graupner, interpretado pela oboísta Elisabeth Grümmer.
J. S. Bach (1685-1750): Cantatas BWV 49 & 32 / C. Graupner (1683-1760): Concerto para Oboé (Feuersinger, Grümmer, Ensemble der »Bachkantaten in Vorarlberg«)
Bach, J S: Cantata BWV49 ‘Ich geh und suche mit Verlangen’ 26:22
I. Sinfonia 6:57
II. Aria (Bass): Ich geh und suche mit Verlangen 4:59
III. Rezitativo – Dialog (Sopran & Bass): Mein Mahl ist zubereit‘ 2:05
IV. Aria (Sopran): Ich bin herrlich, ich bin schön 5:47
V. Rezitativo – Dialog (Sopran & Bass): Mein Glaube hat mich selbst 1:44
VI. Duetto (Sopran & Bass): Dich hab ich je und je geliebet 4:50
Miriam Feuersinger (soprano), Klaus Mertens (bass-baritone)
Ensemble der »Bachkantaten in Vorarlberg«
Graupner: Oboe d’Amore Concerto in C major, GWV302 11:02
I. Vivace 4:53
II. Tempo giusto 2:14
III. Allegro 3:55
Elisabeth Grümmer (oboe)
Ensemble der »Bachkantaten in Vorarlberg«
Bach, J S: Cantata BWV32 ‘Liebster Jesu, mein Verlangen’ 23:58
I. Aria (Sopran): Liebster Jesu, mein Verlangen 6:24
II. Recitativo (Bass): Was ists, dass du mich gesuchet? 0:27
III. Aria (Bass): Hier, in meines Vaters Stätte 7:16
IV. Recitativo Dialogo (Sopran & Bass): Ach! heiliger und großer Gott 2:52
V. Aria Duetto (Sopran & Bass): Nun verschwinden alle Plagen 5:35
VI. Choral: Mein Gott, öffne mir die Pforten 1:24
Miriam Feuersinger (soprano), Klaus Mertens (bass-baritone)
Ensemble der »Bachkantaten in Vorarlberg«
A cultura não é meramente conhecimento, não é algum tipo de realização artística, mas sim um modo de vida.
László Németh
Tudo culpa de Bartók. O cara me deixou tão curioso sobre o folclore húngaro que simplesmente tento ouvir tudo o que passa por mim. O Muzsikás é um grupo de Budapeste que surgiu do movimento “Tanchaz” (literalmente, “casa de dança”) da década de 1970, quando os húngaros começaram a se interessar profundamente por sua herança folclórica, aprendendo a dançar e tocar músicas antigas. Os músicos do grupo, assim como Bartók e Kodály, fizeram viagens fantásticas para a Transilvânia e coletaram canções com a última geração de autênticos músicos e dançarinos folclóricos. Neste disco, testemunhamos o respeito e o amor que ligam os jovens aos músicos mais velhos e que ainda os conectam até hoje. Na Transilvânia, a música parece brotar espontaneamente. O Muzsikás consiste em violinos, um contrabaixo de três cordas tocado com um arco curto e a voz etérea de Marta Sebyesten. Como disse, a música em “The Prisoner’s Song” consiste em grande parte de composições folclóricas da Transilvânia. Lembre-se, a Transilvânia era parte da Hungria e, mais tarde, do Império Austro-Húngaro até depois da Primeira Guerra Mundial. Hoje, ela faz parte de Romênia e é conhecida por suas cidades medievais, fronteiras montanhosas e castelos como o de Bran, uma fortaleza gótica associada à lenda do Drácula. Bem, embora todas as músicas tenham sido compostas independentemente umas das outras, o Muzsikás as arranjou neste álbum para contar uma espécie de conto: uma história de desejo, amor e liberdade. A música é autêntica, nunca datada e não “modernizada” em nenhuma extensão. Mihaly Csipos toca seu violino como um velho cigano, Marta Sebyesten é angelical. Os Muzsikás são bastante populares na Hungria, e o movimento Tanchaz continua com força total.
Muzsikás: The Prisoner’s Song
A1 Rabnóta = Prisoner’s Song 4:12
A2 Eddig Vendég = The Unwelcome Guest 3:49
A3 Azt Gondoltam, Esö Esik = I Thought It Was Raining 4:02
A4 Hidegen Fújnak A Szelek = Cold Winds Are Blowing 3:10
A5 Bujdosódal = Outlaw’s Song 5:06
B1 Repülj Madár, Repülj = Fly Bird, Fly 3:32
B2 Régen Volt, Soká Lesz = It Was Long Ago 4:06
B3 Szerelem, Szerelem = Love, Love 4:30
B4 Én Scak Azt Csodálom = I Am Only Wondering 4:47
B5 Elment A Madarka = The Bird Has Flown 4:15
Post publicado originalmente em 1º de janeiro de 2012
Um bom modo de começar o ano. Sem exageros e já fazendo a desintoxicação pós-festa. Uns russos que tocam muito bem fazem um repertório bastante conhecido dos pequepianos. Um disco consistente para que deve ser baixado e ouvido tranquilamente neste começo de 2012, ano em que o Internacional vencerá mais uma Copa Libertadores da América. Peço sinceras desculpas aos gremistas e corintianos. Sei que o mundo vai acabar este ano e, como parece que o mundo acaba cedo em dezembro, espero não ter que enfrentar o Barcelona. Menos um problema.
Ah, não esqueçam que, se o mundo acabar, o Michel Teló acaba junto.
W. A. Mozart (1756-1791): Concerto para Piano Nº 23 e para Violino Nº 3
Piano Concerto No.23 in A major, K 488
I.Allegro
II.Adagio
III.Allegro assai
Violin Concerto No.3 in G major, K 216
I.Allegro
II.Adagio
III.Rondo
Veronika Reznikovskaya, piano
Mikhail Gantvarg, violin
Solist of St.Petersburg Chamber Ensemble
Artistic director Mikhail Gantvarg
Recorded by Petersburg Recording Studio, 1994
Um absurdo de bom este Hamilton de Holanda. Tudo é bom neste CD ao vivo. As interpretações, as composições — das 8 faixas, 4 são de Hamilton — e, vocês sabem, quando é Milton é bom. Hamilton tem uma longa discografia seja suas próprias composições ou homenagens a alguns de seus ídolos. Ele lançou suas gravações em sua própria gravadora independente, Brasilianos, ou em parceiros mundiais como Universal, ECM, MPS, Adventure Music. Ele entende que a indústria musical precisa de definições de categorias para a música que toca, como por exemplo Jazz, Brazilian Jazz, Brazilian Popular Music; mas para ele a inspiração transcende os rótulos, é algo que cresce livremente sem a necessidade de ser definido. Gosta de se explicar como um explorador musical em busca de beleza e espontaneidade. Dividiu o palco ou gravou com Wynton Marsalis, Chick Corea, The Dave Mathews Band, Paulinho da Costa, Chucho Valdes, Egberto Gismonti, Ivan Lins, Milton Nascimento, Joshua Redman, Hermeto Pascoal, Gilberto Gil, Richard Galliano, John Paul Jones, Bela Fleck, Stefano Bollani entre muitos outros.
.: interlúdio :. Hamilton de Holanda: 01 byte 10 cordas
1 . No Rancho Fundo — Ary Barroso , Lamartine Babo
2 . Ainda Me Recordo — Pixinguinha , Benedito Lacerda
3 . O Sonho — Hamilton de Holanda
4 . 01 Byte 10 Cordas — Hamilton de Holanda
5 . Pedra Sabão — Hamilton de Holanda
6 . Flor Da Vida — Hamilton de Holanda
7 . Disparada — Théo de Barros , Geraldo Vandré
8 . Adiós Nonino — Astor Piazzolla
Hamilton de Holanda, bandolim solo (gravado ao vivo no Rio Design Leblon, Rio de Janeiro (RJ), nos dias 16/12/2004 e 13/01/2005).
Não sei de onde saiu este CD. Não sei de quem ganhei. Não conheço o All your gardening needs, não sei é uma pessoa ou um grupo. É algo super pirata, bastante bom e divertido, que veio num CD vagabundo da MultiLaser. Mas o conteúdo não é nada vagabundo. (Vagabundo é Bolsonaro). São trabalhos bastante ousados sobre canções e falas de Adoniran Barbosa (1910-1982). Um Adoniran elétrico, computadorizado, um pogréssio, enfim. Creio que eu não precise dizer quem foi Adoniran. O brasileiro que veio aqui e desconhece este gênio está convidado a sair deste blog. Imediatamente! O brasileiro que não conhece “Trem das Onze”, “Tiro Ao Álvaro”, “Saudosa Maloca”, “Prova de Carinho” e “Samba do Arnesto” não merece o ar que respira.
Pogréssio: All your gardening needs encontra Adoniran Barbosa
1. Milonga de pampa a sampa
2. Ponte aérea 2099
3. Animado baile jovem no conjunto habitacional Vila Ibiza
4. Por aí
5. `ceridade
6. Apara o casamento
7. Vagabundos / Roubando bolinhas
8. Alfred Hitchcock`s Av. Paulista
9. Carnaval é disco
10. As Chaves
Nada como terminar a semana com uma grande obra-prima numa clássica interpretação que já recebeu três capas diferentes da EMI. Quem não se arrepiar no Kyrie inicial ou não gosta de música ou acabou de deixar de gostar. CD obrigatório, com Leppard em perfeita forma e Kiri nem se fala. Esta nasceu para cantar Mozart. A orquestra é enorme, mas Leppard (1927-2019) era um sujeito que sabia dosar as coisas. Ele não economiza nos tutti, mas aqui eles têm função. A Grande Missa K. 427 é tida como uma de suas maiores obras de Mozart. Ele a compôs em Viena em 1782 e 1783, após seu casamento, quando se mudou de Salzburgo para Viena. É uma missa solene composta para dois solistas soprano , um tenor e um baixo, coro duplo e grande orquestra. Permaneceu inacabada, faltando grandes partes do Credo e do Agnus Dei.
W. A. Mozart (1756-1791): Grande Missa em Dó Menor K. 427 (Cotrubas, Kiri Te Kanawa, New Philharmonia, Leppard)
1 I. Kyrie 8:05
2 II. Gloria: Gloria In Excelsis 2:52
3 II. Gloria: Laudamus Te 4:53
4 II. Gloria: Gratias Agimus Tibi 1:30
5 II. Gloria: Domine Deus 2:52
6 II. Gloria: Qui Tollis Peccata Mundi 6:27
7 II. Gloria: Quoniam Tu Solus Sanctus 4:18
8 II. Gloria: Jesu Christe 0:46
9 II. Gloria: Cum Sancto Spiritu 4:09
10 III. Credo: Credo In Unum Deum 3:59
11 III. Credo: Et Incarnatus Est 8:25
12 IV. Sanctus: Sanctus 2:03
13 IV. Sanctus: Osana 2:16
14 V. Benedictus 6:30
Ilena Cotrubas
Kiri te Kanawa
Werner Krenn
Hans Sotin
John Aldis Choir
New Philharmonia Orchestra
Raymond Leppard
E não é que os dois letões se entendem? Sem medo de serem invadidos pela Rússia, Skride e Nelsons fazem um Shostakovich absolutamente entusiasmante! Sem exageros ou firulas desnecessárias, a dupla mostra-se perfeita junto à ótima BSO. Em uma demonstração de virtuosismo e musicalidade, os dois letões se unem para uma performance eletrizante do Primeiro Concerto para Violino de Shostakovich. Ambos os concertos são executados com ousadia e podemos imaginar um Nelsons curvado pulando e dançando no pódio enquanto a solista e a orquestra unificados seguem suas deixas. A química entre é inegável. A orquestra e o solista funcionam como uma unidade coesa, sem que um sobrepuje o outro. Skride foi capaz de trazer esplendidamente a Passacaglia para o grandioso final de Shostakovich. O final da peça — diabolicamente sincopado e rápido — torna esta peça especialmente difícil de executar. Mais uma vez, Skride e Nelsons lidaram com este desafio sem esforço. No final da peça, eu já estava na ponta da cadeira implorando que a coisa jamais terminasse. Quanto ao Segundo Concerto, nunca gostei muito dele.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violino Nº 1 e 2 (Skride, Nelsons)
Violin Concerto No.1 in A minor, Op.99 (formerly Op.77)
01 I. Nocturne. Moderato 14:46
02 II. Scherzo. Allegro 06:59
03 III. Passacaglia. Andante 16:04
04 IV. Burlesque. Allegro con brio – Presto 05:19
Violin Concerto No.2 Op.129
05 I. Moderato 15:54
06 II. Adagio 12:16
07 III. Adagio – Allegro 09:33
Baiba Skride
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons
Friedrich Gulda disse numa entrevista que queria morrer no dia do aniversário de seu compositor predileto, Mozart. Conseguiu o feito; e aparentemente sem provocá-lo! Morreu em 27 de janeiro de 2000. Mas este não é o maior milagre de Gulda. O pianista não era nada ortodoxo e demonstrava um enorme desprezo pelas autoridades da Academia de Viena e outras. Uma vez foi-lhe oferecido o prêmio “Beethoven Ring”, pelas suas interpretações do compositor, mas o prêmio foi recusado por Gulda. Além disso, ele gravou um disco de jazz com Chick Corea, escreveu um Prelúdio e Fuga em ritmo de jazz que foi interpretado por Emerson, Lake & Palmer, compôs Variações sobre Light My Fire, de The Doors. Também gravou standards do jazz no álbum As You Like It.
Mas nem só de estrepolias é feito o austríaco. Ele foi profe de Martha Argerich e Claudio Abbado e é com seu pupilo que realizou estas gravações seminais dos maiores concertos de Mozart. Eu concordo com a escolha. Quem não gostar dela que reclame nos comentários. Será inútil mas pode ser divertido. Talvez eu me irrite se começarem a citar concertos mais jovens. Aliás, já estou ficando meio puto. Vão se fuder.
W. A. Mozart (1756-1791): Os Maiores Concertos para Piano (mesmo?) (Gulda, Abbado, VP)
1. Concerto No.20 In D Minor, K 466 / Allegro
2. Concerto No.20 In D Minor, K 466 / Romance
3. Concerto No.20 In D Minor, K 466 / Rondo
4. Concerto No.21 In C Major, K.467 / Allegro
5. Concerto No.21 In C Major, K.467 / Andante
6. Concerto No.21 In C Major, K.467 / Allegro Vivace
7. Concerto No.25 In C Flat Major, K.503 / Allegro Maestoso
8. Concerto No.25 In C Flat Major, K.503 / Andante
9. Concerto No.25 In C Flat Major, K.503 / Allegretto
10. Concerto No.27 In B Flat Major, K.595 / Allegro
11. Concerto No.27 In B Flat Major, K.595 / Larghetto
12. Concerto No.27 In B Flat Major, K.595 / Allegro
Friedrich Gulda, Piano
Vienna Philharmonic Orchestra
Claudio Abbado, Conductor
Beyond the Limits (Além dos Limites) é o título deste álbum e qualquer um que imagine CPE Bach como um trabalhador diligente na corte de Frederico, o Grande, vai levar um susto quando descobrir estas suas Sinfonias (de Hamburgo) para cordas. Este é o CPE desimpedido, seguindo o exemplo de seu igualmente inventivo padrinho Telemann. As seis sinfonias, encomendadas em 1773 pelo infatigável Gottfried van Swieten (o da Criação de Haydn) são mini-obras-primas extravagantemente originais, perfeitamente calculadas para emocionar um patrono que era simultaneamente especialista e entusiasta. Há muito de alegria nessas performances de instrumentos de época por Gli Incogniti sob sua diretora-fundadora Amandine Beyer. Os andamentos são rápidos, às vezes sensacionais, e Beyer aproveita ao máximo os contrastes dinâmicos de CPE. O conjunto é ressonante e encorpado – soando como se fosse maior do que os 14 músicos listados – e não há escassez de virtuosismo. Van Swieten supostamente instruiu Bach a escrever desconsiderando as dificuldades que os músicos possam enfrentar e o Gli Incogniti justifica essa confiança – mesmo que o contínuo do cravo seja às vezes quase inaudível sob os tuttis torrenciais e agressivos do grupo. Os movimentos lentos são bem feitos e poéticos. Beyer vai além das seis sinfonias de van Swieten para incluir uma obra anterior, o Wq177. Esta nova gravação de Amandine Beyer pode muito bem se tornar minha favorita deste repertório, embora eu ainda tenha em alta estima pela leitura de Pinnock. Beyer é conhecida por sua execução enérgica, e esta música se encaixa nela como uma luva. Os contrastes de tempo são perfeitamente realizados, e os músicos não têm medo de explorar ao máximo. O que é especialmente importante é que uma versão que faz justiça à imprevisibilidade dessas sinfonias, e aqui Beyer e seus colegas têm sucesso com louvor.
Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788): Beyond The Limits: Complete String Symphonies (Gli Incogniti, Amandine Beyer)
Symphony No. 1 In G Major H.657
1 I. Allegro Di Molto 3:14
2 II. Poco Adagio 3:16
3 III. Presto 3:43
Symphony No.6 In E Major H.662
4 I. Allegro Di Molto 2:08
5 II. Poco Andante 2:50
6 III. Allegro Spirituoso 3:36
Symphony No.5 In B Minor H.661
7 I. Allegretto 3:55
8 II. Larghetto 2:28
9 III. Presto 3:32
Symphony No.4 In A Major H.660
10 I. Allegro Ma Non Troppo 4:14
11 II. Largo Ed Innocentemente 3:07
12 III. Allegro Assai 4:07
Symphony No.3 In C Major H.659
13 I. Allegro Assai 2:23
14 II. Adagio 2:45
15 III. Allegretto 4:53
Sinfonia Wq. 177 (H652)
16 I. Allegro Assai 3:49
17 Ii. Andante Moderato 3:06
18 III. Allegro 3:24
Symphony No.2 In Bb Major H.658
19 I. Allegro Di Molto 3:07
20 II. Poco Adagio 2:56
21 III. Presto 4:29
Conductor – Amandine Beyer
Ensemble – Gli Incogniti
Yuja Wang é uma daquelas raras pianistas — aí incluídos os pianistos — que unem vasto repertório, consistência e pernas. Esqueçamos as pernas, mas jamais da elegância da moça nesta gravação. Sua interpretação de Shostakovich é como se ela não tivesse feito outra coisa na vida senão estudá-lo, o que sabemos não ser verdade. O Concerto Nº 1 aparece enormemente sofisticado em suas mãos e nas de Andris Nelsons, este sim um especialista no russo. No passado, os russos reclamavam muito das interpretações recebidas por seus compositores. Eles achavam que os ocidentais sujavam a sofisticação — que eles efetivamente têm — achando que seus compositores deles eram mais “primitivos” do que os nossos. Isto tem mudado, talvez por medo de uma invasão por parte de Gergiev e Putin. Se bem que o acorde dela (aquele acordão, vocês sabem) no último movimento do Primeiro Concerto é digno de um Oreshnik. Bem, a tremenda alegria e os jogos propostos no Nº 2 estão belamente realizados. Explico: o Nº 2 foi dedicado e estreado pelo filho de Shosta, Maxim, e contém muitas alusões ao rebento. Por exemplo, no centro do movimento final há um exercício para pianistas que Maxim devia praticar em casa.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Piano Nº 1 e 2 (Wang, Nelsons)
Piano Concerto No.1 for piano, trumpet & strings, Op.35
01 I. Allegro moderato 06:04
02 II. Lento 08:33
03 III. Moderato 01:53
04 IV. Allegro con brio 06:53
Piano Concerto No.2 in F, Op.102
05 I. Allegro 07:03
06 II. Andante 06:07
07 III. Allegro 05:22
Yuja Wang, piano
Thomas Rolfs, trompete
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons
Sim, um Heifetz, mas não chega a ser uma coisa de louco. Eu não roubaria nem mataria por estas gravações do grande violinista. Gravação jurássica pisando a linha do suportável, não obstante o inigualável talento de Jascha Heifetz. Para quem chegou anteontem de Marte, o lituano Heifetz (1901-1987) foi um dos maiores virtuosos da história do violino, famoso por suas interpretações de Paganini, Beethoven, Brahms, Tchaikovsky, Saint-Saëns, Sibelius e de todos os que passaram por suas mãos. É considerado por muitos o melhor violinista do século XX. Descobri que esta gravação do Concerto de Mozart é dos anos 40 e, bem, era difícil de recuperá-la com um som decente.
W. A. Mozart (1756-1791): Concerto para Violino Nº 5, K. 219 / Sonata para Violino e Piano, K. 378 / Quinteto para Cordas, K. 516 (Heifetz e amigos)
Concerto No. 5 K.219, “Turkish” In A
Allegro Aperto 9:31
Adagio 9:58
Rondeau. Tempo Di Menuetto 6:43
Sonata, K.378 In B Flat
Allegro Moderato 8:14
Andantino Sostenuto E Cantabile 4:27
Rondo Allegro 3:59
Quintet, K.516 In G Minor
Allegro 8:57
Menuetto 4:23
Adagio Ma Non TRoppo 8:16
Adagio: Allegro 8:24
Orchestra – Chamber Orchestra* (tracks: 1–3)
Piano – Brooks Smith (2) (tracks: 4–6)
Viola – Virginia Majewski, William Primrose (tracks: 7–10)
Violin – Jascha Heifetz
Violin [II] – Israel Baker (tracks: 7–10)
Violoncello – Gregor Piatigorsky (tracks: 7–10)
Quando desta postagem original, estávamos completando 6 aninhos. Hoje já temos 18…
Um disco estupendo para os admiradores da música da Renascença. Savall em grande forma. ‘Carlos V’ não busca meramente reconstruir um evento em particular, mas uma vida inteira, a do Imperador Carlos V. Uma ampla gama de peças é apresentada como tendo uma conexão, de uma forma ou de outra, com Carlos V, que teve inúmeras obras dedicadas a ele e que é conhecido por ter aprendido música quando criança. Era um conhecedor de música. Uma figura interessante. Aqueles familiarizados com as gravações de Hesperion XXI sabem o que esperar: “orquestração” colorida, incluindo percussão, e acompanhamento de viola para a música sacra, que geralmente funciona muito bem. As vozes de La Capella Reial de Catalunya sempre valem a pena ouvir.
Alfonso X (El Sabio), Arbeau, Cabezon, Desprez, Encina, Flecha, Isaac, Janequin, Morales, Narvaez, Parabosco, Willaert: A vida musical à época de Carlos V (Savall)
1. Fortuna Desperata: Nasci, Pati, Mori (Isaac) 4:19
2. Dit Le Bourguygnon (Instrumental) (Anónimo (Petrucci)) 1:16
3. Quand Je Bois Du Vin Clairet (Tourdion) (Anónimo) 4:51
4. Amor Con Fortuna (Villancico) (Del Enzina) 2:08
5. Vive Le Roy (Instrumental) (Des Prés) 1:27
6. Todos Los Bienes Del Mundo (Villancico) (Del Enzina) 4:18
7. La Spagna, A 5 (Instrumental) (Des Prés) 3:10
8. Harto De Tanta Porfía (Villancico) (Anónimo (Canc. Palacio)) 7:18
9. Pavana “La Battaglia” (Instrumental) (Janequin / Susato) 2:07
10. Belle Qui Tiens Ma Vie (Chanson) (Arbeau) 3:16
11. Diferencias Sobre “Belle Qui Tiens Ma Vie” (De Cabezón) 3:30
12. Vecchie Letrose (Villanesca Alla Napolitana) (Willaert) 2:33
13. Fanfarria (Anónimo) 1:08
14. Sanctus De La Missa “Mille Regretz”, A 6 (De Morales) 6:10
15. Da Pacem Domine (Ricercare XIV) (Parobosco) 5:01
16. Jubilate Deo Omnis Terra (Motete), A 6 (De Morales) 6:26
17. Mille Regretz (Chanson) (De Prés) 2:17
18. Todos Los Buenos Soldados (La Guera) (Flecha) 1:47
19. Agnus Dei De La Missa “Mille Regretz”, A 6 (De Morales) 7:03
20. Mille Regrets: Canción Del Emperador” (Josquin / De Navráez) 3:02
21. Circumdederunt Me Gemitus Mortis (Motete) (De Morales) 3:09
Minha geração e a anterior foram muito marcadas pelo pianista Glenn Gould (1932-1982). Eu, nascido em 1957, já nos anos 70 queria ouvir as coisas em instrumentos originais –, mas era impossível não considerar a qualidade e as manias de um gênio como Gould. Ele acentuava Bach de um modo diferente, mais inteligente, e sua passagem de 50 anos pelo mundo foi um vendaval. Ele abandonou as apresentações ao vivo em 1964, dedicando-se, desde então, somente às gravações em estúdio, com um estilo de tocar muito peculiar, às vezes excêntrico, mas jamais contornável. Foi discutidíssimo e criava polêmica onde ia ou chegava através de suas interpretações. Era canhoto — o que talvez explique a perfeição implacável de seu ritmo — e tinha uma habilidade talvez só comparável às de Martha Argerich e de Yuja Wang. Mas, contrariamente às citadas, tudo em Gould é conceitual, ele sempre traz novidades, por vezes muito brilhantes e que influenciaram muita gente. Também pode ser irritante. Muitas de suas gravações são tão idiossincráticas que são difíceis de ouvir, a não ser que você seja uma pessoa como eu, que gosta de observar fascinado até onde alguém pode ir. Ele ultrapassava quaisquer limites. Sua gravação das sonatas para piano de Mozart é um exemplo. Ele as gravou por obrigação contratual, mas sua antipatia por Mozart é evidente. Algumas delas ele toca muito suavemente, criando um romantismo que não é de Mozart e que dá vontade de rir, outras ele mutila acelerando tudo como uma caixinha de música alucinada. Tudo muito perfeito, mas feito de maneira voluntariamente ruim. Era sim um gênio atrevido. Mas quando é bom, ele é muito, muito bom. Gould pode ser surpreendente, poético e muito inpirador. Ouça sua gravação do Prelúdio em Dó Sustenido Maior, BWV 872 do Livro II do Cravo Bem Temperado (E sim, é Glenn que você pode ouvir cantando ao fundo!). É isso que torna Glenn Gould um enigma, um contraste inteiro. E muito digno de ser explorado. Como esta gravação estava há muito tempo sem links funcionando e, pior, dividida em dois posts, aqui vai uma revalidação com cara de curadoria, pois sem Gould não dá para ficar.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): O Cravo bem temperado, Livros I e II, BWV 846-893 (Gould, piano)
Existe a Música Antiga, o Barroco e há Savall. A abordagem do gambista, violoncelista e regente Jordi Savall à música pré-barroca é tão talentosa e interessada, que parece de um gênero diferente. É um grande mestre que, de forma inesperada e paradoxal, “renova” a música antiga, revelando como ela pode ser, quando interpretada com sensibilidade e senso de estilo. Para completar, Savall promove diálogos interculturais em seus discos e, sem palavras, faz-nos pensar.
Música Antiga com Jordi Savall e o Hesperion XX: Folias & Canarios
1 Folias (Pavana Con Su Glosa) Composed By – Antonio de Cabezón 2:03
2 Fantasia Composed By – Alonso Mudarra 2:45
3 Tiento De Falsas Composed By – Joan Cabanilles* 4:02
4 Jàcaras Composed By – Gaspar Sanz 2:15
5 Canarios Composed By – Gaspar Sanz 2:01
6 Paduana Del Re Composed By – Anonyme* 2:18
7 Saltarello Composed By – Anonyme* 1:10
8 Arpegiatta Composed By – Girolamo Kapsberger* 1:43
9 Gallarda Composed By – Giacomo De Gorzanis* 1:35
10 Canarios Composed By – Girolamo Kapsberger* 2:07
11 Si Ay Perdut Mon Saber Composed By – Jordi Savall, Ponç d’Ortafà* 3:59
12 La Mariagneta Composed By – Anon*, Jordi Savall 1:48
13 Con Que La Lavaré Composed By – Anonyme* 2:19
14 El Pare I La Mare Composed By – Anonyme*, Jordi Savall 3:39
15 Paradetas Composed By – Andrew Lawrence King*, Lucas Ruiz De Ribadayaz* 3:19
16 Clarines Y Trompetas Composed By – Gaspar Sanz 5:29
17 Fantasia Composed By – Joan Cabanilles* 2:33
18 Toccata & Chiaccona Composed By – Alessandro Piccinini 3:44
19 Todo El Mundo En General Composed By – Francisco Correa De Arauxo 3:57
20 Canarios Composed By – Anonyme*, Jordi Savall 2:19
Um portento. Uma coisa de louco estas gravações de Fricsay (1914-1963) com a Filarmônica de Berlim. Se não estou errado é uma gravação de 1958. Aqui não estamos falando de curiosidades, mas de uma orquestra fenomenal regida pelo maior dos regentes, ou quase isso. Esta Sinfonia contém a dedicatória rasgada mais célebre de todos os tempos: a que Beethoven dedicou a Napoleão, pensando-o um libertador, rasgando-a — ou melhor, apagando-a no papel COM UMA FACA — quando percebeu a que sonhos de grandeza vinha o pigmeu corso. É impossível ouvi-la sem a paixão da dedicatória, antes e depois. A Marcha Fúnebre… Quem quer viver na “Marcia Funebre” todas as dores da perda, só há a gravação de Ferenc Fricsay. E aqui está ela. Não há melhor gravação da Eroica. E nem vou falar da Oitava.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 3, Eroica / Sinfonia Nº 8 (Fricsay)
Sinfonia Nº 3, Op 55
1) Allegro con brio
2) Marcia funebre. Adagio assai
3) Scherzo. Allegro vivace
4) Finale. Allegro molto
Sinfonia Nº 8, Op. 93
5) Allegro vivace e con brio
6) Allegretto scherzando
7) Tempo di Minuetto
8) Allegro vivace
Hoje é o dia dos 100 anos de Pierre Boulez (ver post abaixo). Talvez já tenha escrito aqui que estou ouvindo todos os meus CDs fora de ordem. Todos. São muitos. O de hoje era casualmente com Pierre Boulez regendo a 8ª Sinfonia de Mahler. Além de compositor, Boulez foi um grande maestro.
Esta Sinfonia de Mahler é impressionante? Sim. É grandiosa em todos os sentidos? Sim. É para chorar ouvindo o coral de abertura Veni, Creator Spuritus? Sem dúvida. É das principais obras de Mahler? Imagina se não! É uma sinfonia? Olha, acho que é uma Cantata, não uma sinfonia. E PQP gosta dela? Não. Eu a acho grande e estranha como um dinossauro. Mas a gravação é boa e quem ama a oitava vai babar de gozo ouvindo isto. Tenho certeza, pois o nível aqui é alto.
Após gravar uma gélida segunda Sinfonia, Boulez veio com uma grande surpresa. A Parte 1 é supercarregada de excitação, e a engenharia de DG torna as sonoridades orquestrais e corais estupendas — o impacto visceral das forças gigantescas de Mahler surge como nunca. Eu me pergunto como um homem de 80 anos consegue reunir e fazer funcionar o número de artistas envolvidos na Oitava, mas, como sempre, Boulez domina tudo, mostrando-se um mestre da textura e dos detalhes orquestrais. A Berlin Staatskapelle é ótima e toca com convicção, e o coro está entre os melhores que já ouvi nesta obra. (As forças corais necessárias são imensas). Claro, a Oitava não é um Mahler de primeira linha do começo ao fim, e Boulez serve a partitura com cuidado, pensando no significado expressivo de cada episódio. Talvez tenhamos passado do ponto em que as performances da Oitava soam como uma luta. Conjuntos ao redor do mundo superaram suas dificuldades e a Sinfonia parece um pouco mais domada. Boulez se move através das passagens mais finas da Parte II com sensibilidade excepcional. Confiram.
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 8 (Pierre Boulez) Part One: Hymnus “Veni creator spiritus”
1) Veni, creator spiritus [1:24]
2) “Imple superna gratia” [3:21]
3) “Infirma nostri corporis” [2:31]
4) Tempo I. (Allegro, etwas hastig) [1:27]
5) “Infirma nostri corporis” [3:18]
6) “Accende lumen sensibus” [4:54]
7 “Veni, Creator…Da gaudiorum praemia” [3:47]
8. “Gloria sit Patri Domino” [3:03] Part Two: Final scene from Goethe’s “Faust”
1) Poco adagio [7:16]
2) Più mosso (Allegro moderato) [4:20]
3) “Waldung, sie schwankt heran” [5:09]
4) “Ewiger Wonnebrand” [1:43]
5) “Wie Felsenabgrund mir zu Füßen” [5:04]
6) “Gerettet ist das edle Glied” – “Hände verschlinget” [1:08]
7) “Jene Rosen, aus den Händen” [2:03]
8. “Uns bleibt ein Erdenrest” [2:02]
9) “Ich spür’ soeben” – “Freudig empfangen wir” [1:19]
10) “Höchste Herrscherin der Welt” [4:28]
11) “Dir, der Unberührbaren” – “Du schwebst zu Höhen” [3:33]
12) “Bei der Liebe” – “Bei dem Bronn” – Bei dem hochgeweihten Orte” [5:26]
13) “Neige, neige, du Ohnegleiche” [1:04]
14) “Er überwächst uns schon” – “Vom edlen Geisterchor umgeben” [3:31]
15) “Komm! hebe dich zu höhern Sphären” – “Blicket auf zum Retterblick” [7:21]
16) “Alles Vergängliche” [6:05]
Robinson / Wall / Queiroz / DeYoung / Schröder / Botha / Müller-Brachmann / Holl
Chor der Deutschen Staatsoper Berlin
Rundfunkchor Berlin
Aurelius Sängerknaben Calw
Staatskapelle Berlin
Pierre Boulez
Esqueci o nome da praga, mas houve um comentarista aqui no PQP, que odiava o grande Bernard Haitink de cabo a rabo. Era inacreditável, tanto mais que Haitink foi aquele tipo correto, gentil, tranquilo, inteligente… E até era bem musical! Chego à conclusão que tínhamos um bolsomínion nos visitando, porque era um ódio gratuito a quem nunca mordeu ninguém. Numa de nossas discussões, citamos o finlandês Klaus Mäkelä, que também foi espinafrado pelo cara logo após ser escolhido como regente titular do Concertgebouw de Amsterdam. Pelo jeito os músicos do Concertgebouw não acertam uma! Depois da frieza de Haitink e do Gatti assediador — foi inocentado –, chamaram mais um farsante pra comandá-los…
Imaginem que Mäkelä ocupa o cargo de Maestro Chefe da Filarmônica de Oslo desde 2020 e Diretor Musical da Orquestra de Paris desde setembro de 2021. Ele assumirá o título de Maestro Chefe da Royal Concertgebouw Orchestra em setembro de 2027 e na mesma temporada começa como Diretor Musical da Orquestra Sinfônica de Chicago. Todos idiotas: noruegueses, franceses, holandeses e estadunidenses. Mais de 400 músicos de algumas das maiores orquestras do mundo totalmente equivocados. Votaram nele. Estou impressionado até hoje. Ainda bem que faz tempo que a figura hostil sumiu.
Pois meus amigos, este trio de Sinfonias de Shostakovich receberam um belo tratamento por parte de Mäkelä — hoje com apenas 29 anos, esta gravação é de agosto de 2024, quando KM tinha 28 — e os filarmônicos de Oslo. Que orquestra e que maestro! Que gravação maravilhosa! Vai ouvir logo, vai, vai!
D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nº 4, 5 & 6 (Mäkelä / Oslo Philharmonic)
Symphony No. 4 In C Minor Op. 43
1-1 I. Moderato Poco Moderato – 16:11
1-2 Presto 12:35
1-3 II. Moderato Con Moto 9:03
1-4 III. Largo – 6:51
1-5 Allegro 22:20
Symphony No. 5 In D Minor Op. 47
2-1 I. Moderato – Allegro Non Troppo – Poco Sostenuto – Largamente – Più Mosso – Moderato 15:56
2-2 II. Moderato – Largamente – Poco Più Mosso 5:20
2-3 III. Largo 13:57
2-4 IV. Allegro Non Troppo – Allegro – Più Mosso 11:36
Symphony No. 6 In B Minor Op. 54
2-5 I. Largo 18:53
2-6 II. Allegro 5:43
2-7 III. Presto 6:45
Conductor – Klaus Mäkelä
Orchestra – Oslo Philharmonic