Um bom CD de chorinhos clássicos em versões remasterizadas e o escambal. A origem da designação “choro” para este gênero musical é controversa. Dentre as hipóteses, a primeira propõe que o termo teria surgido de uma fusão entre “choro”, do verbo chorar, e “chorus”, que em latim significa “coro”. Para Lúcio Rangel e José Ramos Tinhorão, a expressão choro derivaria da maneira chorosa, melancólica, com que os violonistas do século XIX acompanhavam as danças de salão europeias. Por extensão, próprio conjunto de choro passou a ser denominado pelo termo. Já Ary Vasconcelos vê a palavra choro como uma corruptela de choromeleiros, corporações de músicos que tiveram atuação importante no período colonial brasileiro. Os choromeleiros executavam, além da charamela, outros instrumentos de sopro. O termo passou a designar, popularmente qualquer conjunto instrumental. Câmara Cascudo arrisca que o termo pode também derivar de “xolo”, um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a ser conhecida como “xoro” e finalmente, na cidade, a expressão começou a ser grafada com “ch”. No princípio, a palavra designava o conjunto musical e as festas onde esses conjuntos se apresentavam, mas já na década de 1910 se usava o termo para denominar um gênero musical consolidado. A partir das primeiras décadas do século XX o termo “choro” passou a ser utilizado tanto para essa acepção como para nomear um repertório de músicas que inclui vários ritmos. A despeito de algumas opiniões negativas sobre a palavra “chorinho”, essa também se popularizou como referência ao gênero, designando um tipo de choro em duas partes, ligeiro, brejeiro e comunicativo.
Acervo Especial: Choros
1 Pixinguinha & Benedito Lacerda– Naquele Tempo
2 Jacob Do Bandolim– Vibrações
3 Paulo Moura– Espinha De Bacalhau
4 Conjunto Galo Preto*– Recado
5 Dominguinhos– Brasileirinho
6 Deo Rian*– Tenebroso
7 Canhoto & Seu Regional*– Fogo Na Roupa
8 Pixinguinha & Benedito Lacerda– Displicente
9 Jacob Do Bandolim– Noites Cariocas
10 Paulo Moura– Peguei A Reta
11 Conjunto Galo Preto*– Estou Voltando
12 Dominguinhos– Doce De Coco
13 Deo Rian*– Odeon
14 Canhoto & Seu Regional*– Enigmático
Olha, esse CD é muito bom. Achei meio ridícula a pomposidade do nome da obra, mas, se esta pode servir de piada, logo um oh! de surpresa cala qualquer intenção menos séria. Scherbakov é um pianista monstruoso e dá aos Estudos de Liapunov grande expressividade. Ao procurar saber mais sobre Liapunov, li várias vezes a expressão neglected composer. Bem, aqui no PQP, com nossos mais de mil compositores, ninguém é negligenciado, nem o ultrarromântico Liapunov ou Lyapunov. Scherbakov é apenas o segundo pianista a gravar o conjunto completo dos Estudos Transcendentais de Liapunov duas vezes, seguindo os passos de Louis Kentner, cuja primeira versão (de 1949) continua sendo a padrão. Estranhamente, as primeiras versões de ambos os pianistas são amplamente preferíveis às suas segundas tentativas. Esta é a primeira gravação de Scherbakov (1993) e está em segundo lugar, logo atrás de Kentner, à frente das gravações mais recentes de Vincenzo Maltempo e Etsuko Hirose.
Pollini chamou essas peças de as provavelmente mais importantes para piano do século XX. A proposição é discutível, não é discutível a qualidade das interpretações de Pollini. Aqui e ali, pode-se objetar sobre detalhes, e a primeira peça do Op. 11, que inicia o disco, sempre me pareceu muito estática, mas, no geral, há uma combinação de maestria intelectual e pianística que é indubitavelmente extraordinária. A oportunidade de ouvi-la em som remasterizado digitalmente não deve ser perdida. Se você é novo nesse repertório, não espere ser cortejado ou seduzido — Schoenberg não era um pianista talentoso, e parece ter usado o instrumento mais para aventuras ousadas no desconhecido do que para relaxamento. Aceite o choque ou vá direto para o Op. 11 No. 3 ou a Giga do Op. 25. Para um descanso lírico, experimente o Op. 33 a. Mas não importa para onde você olhe, pode ter certeza de que a percepção musical e o virtuosismo de Pollini, sem mencionar a gravação da DG, apresentam a música da melhor forma possível.
Arnold Schoenberg (1874-1951): A Música para Piano (Pollini)
Three Piano Pieces Op. 11 = Drei Klavierstücke Op. 11 = Trois Pièces Pour Piano, Op. 11 = Tre Pezzi Per Pianoforte Op. 11 (13:36)
1 1. Mässig 3:53
2 2. Mässige Achtel 7:11
3 3. Bewegt 2:32
Six Little Piano Pieces Op. 19 = Sechs Kleine Klavierstücke Op. 19 = Six Petites Pièces Pour Piano, Op. 19 = Sei Piccoli Pezzi Per Pianoforte Op. 19 (5:10)
4 1. Leicht, Zart 1:12
5 2. Langsam 0:53
6 3. Sehr Langsame Viertel 0:59
7 4. Rasch, Aber Leicht 0:26
8 5. Etwas Rasch 0:32
9 6. Sehr Langsam 1:08
Five Piano Pieces Op. 23 = Fünf Klavierstücke Op. 23 = Cinq Pièces Pour Piano, Op. 23 = Cinque Pezzi Per Pianoforte Op. 23 (10:12)
10 1. Sehr Langsam 2:03
11 2. Sehr Rasch 1:18
12 3. Langsam 2:47
13 4. Schwungvoll 1:37
14 5. Walzer 2:27
Suite For Piano Op. 25 = Suite Für Klavier Op. 25 = Suite Pour Piano, Op. 25 = Suite Per Pianoforte Op. 25 (14:16)
15 Präludium: Rasch 0:59
16 Gavotte: Etwas Langsam, Nicht Hastig (Attacca:) 1:04
17 Musette: Rascher 1:11
18 Gavotte (Da Capo) 1:10
19 Intermezzo 3:21
20 Menuett: Moderato – Trio 3:56
21 Gigue: Rasch 2:35
22 Piano Piece Op. 33a = Klavierstück Op. 33a = Pièce Pour Piano, Op. 33a = Pezzo Per Pianoforte Op. 33a. Mässig 2:06
23 Piano Piece Op. 33b = Klavierstück Op. 33b = Pièce Pour Piano, Op. 33b = Pezzo Per Pianoforte Op. 33b. Mässig Langsam 3:31
Hoje é o aniversário de… PQP Bach. Aniversário não do blog ou do personagem, mas do ser humano que há, dizem, por trás. Por isso, vou postar duas obras-primas neste 19 de agosto. Esta é a segunda.
Um CD eletrizante! Esta gravação de Schubert é uma sobre a qual não é realmente necessário dizer muito. É, provavelmente, a melhor performance da Nona que me lembro de ter ouvido e a direção de Abbado é magistral. Seu ritmo para cada movimento parece ser o ideal e ele frequentemente molda a música com sutis modificações de andamento da maneira que um maestro como Furtwängler teria feito. Abbado, nesta gravação de 1987, é um grande músico continuando a explorar a música e a renovar sua abordagem para obras que ele deve ter conduzido muitas vezes. Há também uma determinação em manter os mais altos padrões possíveis de musicalidade, trabalhando com músicos de primeira linha. Ele regravou a Nona em 2011, mas nunca ouvi a gravação.
Franz Schubert (1797-1828): Symphonie No. 9 · Rosamunde: Ouvertüre (Die Zauberharfe) (The Chamber Orchestra Of Europe · Claudio Abbado)
Sinfonia Nr. 9, D 944, “A Grande”
1 1. Andante – Allegro Ma Non Troppo 16:46
2 2. Andante Con Moto 15:26
3 3. Scherzo. Allegro Vivace 14:02
4 4. Allegro Vivace – Trio 15:29
5 Rosamunde: Ouverture (“Die Zauberharfe” D. 644) 10:12
Conductor – Claudio Abbado
Orchestra – The Chamber Orchestra Of Europe
Hoje é o aniversário de… PQP Bach. Aniversário não do blog ou do personagem, mas do ser humano que há, dizem, por trás. Por isso, vou postar duas obras-primas neste 19 de agosto. Está é a primeira.
Durante anos disse que Upon Reflexion era o melhor LP/CD editado pela grande ECM. Hoje, eles lançam tanta coisa que talvez fosse perigoso manter esta opinião. De qualquer maneira, este seria um dos discos que levaria para a ilha deserta, trata-se de um dos melhores discos de jazz de todos os tempos. O disco abre com a espetacular Edges Of Illusion cujo solo decorei de tanto ouvir o LP desde 1980. Tal solo vem do sax barítono de Surman com algumas fundamentais intervenções melódicas do sax soprano. O curto ostinato viajandão do fundo deve-se aos sintetizadores. O som dos saxofones de Surman é algo. O ostinato da agitada Filigree vem de diversos saxofones sobrepostos que somem maravilhosa Caithness To Kerry, escrita para sax soprano solo. Alegre, ingênua e pastoral em sua absoluta falta de acompanhamento, parece ter sido composta pelo louco da aldeia. O louco some na sonoridade de jazz clássico de Beyond a Shadow, uma bela e negra composição do inglês, com acompanhamento de sintetizadores, saxofones e participação decisiva do clarone (bass clarinet). O lado 2 de meu antigo disco começava com Prelude And Rustic Dance. O louco da aldeia, já com os antipsicóticos em dia, organiza uma cortina de agitados saxofones para o solo de sax soprano de Surman. A poética e tranquila The Lamplighter acalma as coisas, preparando a área para a curta correria de Following Behind, uma brincadeira com ecos. Constellation talvez seja a melhor composição do disco. No ostinato voltam com tudo os sintetizadores.
John Surman: Upon Reflection (1979)
1. Edges Of Illusion 10:10
2. Filigree 3:41
3. Caithness To Kerry 3:51
4. Beyond A Shadow 6:40
5. Prelude And Rustic Dance 5:14
6. The Lamplighter 6:19
7. Following Behind 1:24
8. Constellation 8:16
all composed by Surman
recorded May 1979, Talent Studio, Oslo
John Surman, baritone and soprano saxophones, bass clarinet, synthesizers
Já que temos duas excelentes gravações dos quartetos de Bartók e também dos últimos de Beethoven, nada como dialogar com mano CDF postando os dois primeiros quartetos do polonês Górecki: o primeiro plenamente bartokiano, o segundo indiscutivelmente beethoveniano.
Não creio que as grandes influências recebidas por Górecki desconsiderar o polaco. Burrice seria pensar que um quarteto de cordas pode ser escrito sem a referência destes gigantes. O primeiro quarteto é eslavo até a raiz dos cabelos, com lentos corais e danças furiosas de sabor mais bartokiano do que shostakovichiano. O segundo quarteto, principalmente no Arioso: Adagio Cantabile faz referências aos últimos quartetos de Beethoven, com a utilização de um tema curto levado ao paroxismo. Neste “Quasi una Fantasia” também há muito do minimalismo. Um bom disco!
Sobre o Kronos… Bem, não vou repetir o que os mais antigos no blog já sabem: acho-os o máximo!
Górecki (1933-2010): Quartetos de Cordas Nros. 1 e 2
1. Already It Is Dusk String Quartet No. 1, Op. 62
2. Quasi Una Fantasia String Quartet No. 2, Op. 64: Largo Sostenuto – Mesto
3. Quasi Una Fantasia String Quartet No. 2, Op. 64: Deciso – Energico; Furioso, Tranquillo – Mesto
4. Quasi Una Fantasia String Quartet No. 2, Op. 64: Arioso: Adagio Cantabile
5. Quasi Una Fantasia String Quartet No. 2, Op. 64: Allegro – Sempre Con Grande Passion E Molto Marcato; Lento – Tranquillissimo
É impossível não recomendar este disco. Ele apresenta notáveis performances de obras de grande nobreza e sensibilidade, além de expressiva elegância. Bruno Cocset — o fantástico violoncelista da melhor gravação que conheço das Suítes para Violoncelo de Bach — lidera o Les Basses Réunies em performances de força e sutileza. A gravação da Alpha é calorosa, capturando Les Basses Réunies em um ambiente acústico ideal. Parte da atração do disco está na novidade de ouvir essas peças, que são tocadas com bastante frequência, em uma instrumentação que dispensa os usuais sopros. O único toque de cor diferente é fornecido pelo cornetto. O papel do contínuo é imensamente trabalhado, tornando-se não um pano de fundo para os solos, mas sua fundação. Sua seção é realmente rica: harpa, claviorganum, theorbo e cravo. Quando tudo se junta, o resultado é colorido e emocionante. Não há tensão. Este é um disco que cresce em você com audições repetidas e demonstra que as canzoni de Frescobaldi não são menos inventivas do que sua música para teclado.
Girolamo Frescobaldi (1583-1643): Canzoni (Bruno Cocset & Les Basses Réunies)
1 Vigesimaquarta A Due Bassi E Canto “Detta La Nobile” 3:15
2 Ottava A Basso Solo “Detta L’Ambitiosa” 3:06
3 Prima A 4, Canto Alto Tenor Basse “Sopra Rugier” 2:15
4 Seconda A Canto Solo “Detta La Bernardinia” 2:40
5 Undecima A Due Canti “Detta La Plettenberger” 2:13
6 Prima A 2 Bassi 3:11
7 Trigesima Quinta “Detta L’Alessandrina” 3:28
8 Seconda A 2, Canto E Basso 3:34
9 Terza A 2, Canto E Basso 2:39
10 Prima A Basso Solo (Sesta “Detta Laltera”) 3:27
11 Quinta A 4, Canto Alto Tenor Basse 3:30
12 Decimasettima A Due Bassi “Detta La Diodata” 3:53
13 Quarta A 4, Due Canti E Due Bassi 3:03
14 Prima A 2, Canto E Basso 2:29
15 Quintadecima A 2 Bassi “Detta La Lieuoratta” 3:21
16 Settima A Basso Solo “Detta La Superba” 2:51
17 Decimasesta A 2 Bassi “Detta La Samminiata” 2:34
18 Seconda A 4, Due Canti E Due Bassi 4:36
19 Quinta A 3, Due Canti E Basso 3:01
20 Terza A Canto Solo “Detta La Donatina” 2:15
21 Seconda A 4, Canto Alto Tenor Basse “Sopra Romanesca” 2:56
Bruno Cocset & Les Basses Réunies
Bruno Cocset, ténor de violon, basse de violon “a la Bastarda” & direction
Emmanuel Jacques, ténor & basse de violon
Emmanuel Balssa, basse de violon
Richard Myron, violone & contrebasse
William Dongois, cornets
Xavier Diaz-Latorre, théorbe
Christina Pluhar, harpe
Luca Guglielmi & Laurent Stewart, clavecin & claviorganum
September 2003, Chapelle de l’hôpital Notre-Dame de Bon Secours, Paris
Este disco surpreendente e extraordinário é, pensamos, a melhor coleção de música de John Cage em catálogo. Ele é o mais geral. Demonstra o radicalismo do compositor, bem como o seu humor, tudo isso em várias fases. As obras são também são muito diferentes entre si. É muito bom ouvir a Suite for Toy Piano (1948) , que emprega apenas as teclas brancas em uma única oitava, e a versão belamente orquestrada que se segue (escrita por Lou Harrison, um amigo de Cage, em 1963). Mas três das obras-primas absolutas de Cage também estão aqui: a misteriosa Seventy-Four (1992) , a música para balé The Seasons (1947) e o fascinante Concerto para Piano Preparado e Orquestra de Câmara (1950-51). Muito do que você precisa saber sobre John Cage está aqui. No mais, ouça 4´33, o auge do radicalismo e ironia.
John Cage (1912-1992): The Seasons e outras peças
01. Seventy-Four (Versoin I) (12:15)
02. The Seasons – Prelude I, Winter (03:12)
03. The Seasons – Prelude II, Spring (03:43)
04. The Seasons – Prelude III, Summer (05:51)
05. The Seasons – Prelude IV, Fall (03:52)
06. Concerto for Prepared Piano and Orchestra – First Part (08:08)
07. Concerto for Prepared Piano and Orchestra – Second Part (08:09)
08. Concerto for Prepared Piano and Orchestra – Third Part (04:22)
09. Seventy-Four (Version II) (12:05)
10. Suite For Toy Piano – I (01:32)
11. Suite For Toy Piano – II (01:33)
12. Suite For Toy Piano – III (01:27)
13. Suite For Toy Piano – IV (01:22)
14. Suite For Toy Piano – V (01:09)
15. Suite For Toy Piano (Orchestration: Lou Harrison) – I (01:43)
16. Suite For Toy Piano (Orchestration: Lou Harrison) – II (01:33)
17. Suite For Toy Piano (Orchestration: Lou Harrison) – III (01:24)
18. Suite For Toy Piano (Orchestration: Lou Harrison) – IV (01:35)
19. Suite For Toy Piano (Orchestration: Lou Harrison) – V (00:55)
Margaret Leng Tan, prepared piano, toy piano
American Composers Orchestra
Dennis Russell Davies
As fotografias denunciam e a música comprova: John Cage foi um sujeito talentoso, alegre e feliz. Se você não é absolutamente conservador em matéria musical, deve ouvir as obras deste CD e do anterior, de Cage, que postamos. São peças coloridas e interessantes do cara que criou a coisa mais estapafúrdia e intrigante de todos os tempos, 4`33″. O piano preparado de Cage, neste CD e no anterior, aparece em timbres realmente inusitados. Sua música talvez deixe corado alguns minimalistas, Quem ouvir saberá dizer por quê.
John Cage (1912-1992): Music for Prepared Piano (Vol. 2)
1. The Perilous Night: No. 1. – 2:32
2. The Perilous Night: No. 2. – 0:54
3. The Perilous Night: No. 3. – 4:16
4. The Perilous Night: No. 4. – 1:19
5. The Perilous Night: No. 5. – 0:44
6. The Perilous Night: No. 6. – 3:42
7. Tossed as it is Untroubled 3:04
8. Daughters of the Lonesome Isle 9:30
9. Root of an Unfocus 4:57
10. Primitive 4:28
11. Mysterious Adventure 8:15
12. And the Earth shall Bear Again 3:29
13. The Unavailable Memory of 4:08
14. Music for Marcel Duchamp 5:05
15. Totem Ancestor 2:05
16. A Room 2:03
17. Prelude for Meditation 1:02
Roubado daqui. Reportagem de Irinêo Baptista Netto.
Uma lupa descansa sobre a mesa a alguns metros do piano. “Este é o nosso instrumento de trabalho”, diz a pianista Vera Di Domênico, pegando a lente de aumento para mostrar as anotações feitas à mão por John Cage (1912-1992) na fotocópia da partitura de Sonatas e Interlúdios, peça a ser tocada na íntegra pelas pianistas Grace Torres e Lilian Nakahodo no palco do Teatro HSBC.
(…)
Por algum motivo obscuro, poucos se dispõem a enfrentar a obra de John Cage.
O compositor norte-americano, um dos homens que debulharam a música erudita no século 20 – e poucos foram capazes disso –, explorou o silêncio como ninguém antes dele. Defendia uma música permeada pelos sons cotidianos e chegou a criar mecanismos como o “piano preparado” para dar conta daquilo que tinha em mente.
Sonatas e Interlúdios é a composição mais famosa de Cage para o “piano preparado”, criada entre 1946 e 1948. Ele não permitiu que passassem suas anotações a limpo e cabe aos músicos desvendarem as partes mais ambíguas do registro, feito com bico de pena (o que explica a lupa).
O “piano preparado” parece um objeto de ficção científica. Das cordas do instrumento, pendem parafusos, pedaços de plástico e até uma típica borracha escolar, meio vermelha e meio azul. É um instrumento saído da imaginação de um doutor Frankenstein – neste caso, Cage.
Uma “bula” acompanha a partitura de Sonatas e Interlúdios, com indicações minuciosas sobre onde encaixar cada um dos objetos. Ao todo, 45 notas são alteradas e o resultado deixa de ser um piano para se tornar outro instrumento, mais percussivo, que remete às orquestras de gamelão da Indonésia. Uma hipótese para a resistência dos músicos a Cage é exatamente essa transformação que arranca o pianista de sua zona de conforto.
“[A música de Cage] diz muito do momento atual, do ser humano de hoje”, diz Vera, e emenda uma comparação. “Você pode sair na rua com uma roupa do século 17. Uma roupa linda que você gosta, mas ela é de outra época. O mesmo serve para a música. Se você me perguntar se gosto de Beethoven… Eu adoro! Assim como adoro Cage.”
Há pelo menos duas décadas que Vera pensa em levar Sonatas e Interlúdios para o palco. Lilian e Grace se tornaram alunas dela em parte pelo interesse da professora nos compositores contemporâneos. Numa conversa cerca de dois anos atrás, surgiu a ideia de um projeto para oferecer às leis de incentivo. Vera se lembrou de Cage no ato.
“Para o Cage, a música não pode se alienar dos sons da vida”, diz Grace. Seu primeiro contato com a obra do norte-americano foi por meio de um livro de poesia, embora ele não seja lembrado como poeta. Amigo do pintor Jackson Pollock (1912-1956), que parecia fazer com a artes plásticas o que Cage fazia com a música, o compositor causou um forrobodó com 4’33’’, uma peça de 4 minutos e 33 segundos de duração em que não há uma nota sequer. Uma proposta extravagante, sem dúvida.
“Apesar dos parafusos, a música de Cage [Sonatas e Interlúdios] leva as pessoas a pensarem em imagens delicadas, de vidros e de água”, diz Lilian, citando as reações daqueles que tiveram chance de ouvir os ensaios.
Para Grace, a irreverência de Cage era uma característica memorável. Ele foi um dos primeiros a fazer a “música do acaso” (chance music), explorando a aleatoriedade, uma noção que se insinua no “piano preparado” – pois cada instrumento produz sons diferentes depois da inserção da parafernália citada na “bula”.
“O que ouvi no ensaio, apesar de minha cultura a respeito das gravações já existentes dessa obra ser limitada, me deu a certeza de estar diante de uma execução perfeita, em alto nível técnico e de excelência interpretativa”, escreveu o músico e historiador André Egg, professor Faculdade de Artes do Paraná, no blog Amálgama. “O que vi foi uma coisa impressionante.”
São 16 sonatas e quatro interlúdios que somam 70 minutos, divididos entre Lilian e Grace, que deverão usar um figurino desenhado para o espetáculo. Será uma das poucas ocasiões em que os músicos não deverão se incomodar com uma tosse ocasional, ou outros barulhos vindos da plateia. Ao menos em tese, a música de Cage é capaz de incorporar todos os sons não previstos na partitura.
John Cage (1912-1992): Sonatas and Interludes for Prepared Piano (Vol. 1)
1. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 1 3:10
2. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 2 2:32
3. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 3 2:26
4. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 4 2:06
5. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: First Interlude 3:29
6. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 5 1:51
7. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 6 2:28
8. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 7 2:31
9. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 8 2:54
10. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Second Interlude 4:03
11. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Third Interlude 2:17
12. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 9 4:27
13. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 10 4:08
14. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 11 3:39
15. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 12 3:33
16. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Fourth Interlude 2:47
17. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 13 3:57
18. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 14 and No. 15, ‘Gemini’ (after the work by Richard Lippold) 6:21
19. Sonatas and Interludes for Prepared Piano: Sonata No. 16 4:47
Eram outros tempos, muito diferentes. Dias antes, em Leningrado, foram planejados ataques aos alemães a fim de que eles não incomodassem durante a execução da obra através de um ajuntamento de músicos famintos e estropiados. E, assim, a Sinfonia Nº 7 de Shostakovich foi estreada em Leningrado no dia 27 de dezembro de 1941, tornando-se instantaneamente popular na URSS e no Ocidente como um símbolo da resistência ao totalitarismo e militarismo nazista.
No dia 19 de julho de 1942, a NBC transmitiu a Sétima para todos os Estados Unidos na mais espetacular iniciativa da era do rádio até então — anunciada inclusive na capa da revista Time, que ostentava (abaixo) a figura do compositor como bombeiro, uma de suas atribuições na cidade sitiada há meses.
A maioria dos compositores de peso estavam nos EUA — Schoenberg, Bartók, Stravinsky, Eisler, Hindemith, Rachmaninov — e grudaram no rádio. E tiveram uma enorme decepção. A mais popular das sinfonias era horrível. Schoenberg e Hindemith esbravejaram publicamente. Bartók ficou pasmo diante da ruindade do primeiro movimento, mas confidenciou apenas a amigos. O grande problema era, obviamente, o primeiro movimento. Após uma introdução pastoral que descreve as maravilhas do tempo pré-guerra com Stalin, há o tema da invasão, claramente inspirado no Bolero de Ravel.
Concordo que é tudo muito simples e anormal para Shostakovich, mas, anos depois, terminada a guerra e acalmados os ânimos, os críticos começaram a ver o que sempre esteve sob seus tolos narizes. A descrição musical da URSS trabalhadora, feliz, tranquila e pastoral durante o regime de Stalin era um evidente e claríssimo sarcasmo. Fato conhecido de todos — inclusive dos envolvidos — é que Shosta detestava Stalin e jamais daria uma chance a ele. Além do mais, era um homem talentoso, inteligente, complexo e muito, mas muito corajoso, apesar de seus problemas. Ora, a ironia forma-se no ato de dizer-se as coisas exatamente ao contrário e com certo exagero. Como é que ninguém deu-se conta de que aquele açúcar todo tinha o endereço de Stalin? Já o restante da música é extremamente dramático e bom.
A gravação de Mariss Jansons e da RCO é uma coisa de louco.
Vou contar um segredo para vocês. Eu estou ouvindo todos os meus CDs. Um a um, um por um. Alguns eu jogo fora ou dou depois de uma decepção. Mas às vezes bato de cara com algo excelente de que tinha esquecido. É o caso deste Vol. 11 de minhas queridas Cantatas de Bach por Helmuth Rilling. Ganhei a enorme Caixa de Cantatas de uma namorada faz uns 35 anos. 53 CDs! Minha capa é menos carnavalesca do que a que apresento, mas foi o que encontrei. Rilling estava no limite entre a música historicamente informada e o horrível passado das gravações barrocas. Adorei o mimo quando ganhei! Muito obrigado! A maturidade me ensinou que ex-mulher é cargo de confiança e que não se fala mal de nenhuma. Ainda mais eu, que casei tantas vezes até finalmente encontrar meu primeiro amor… Bem, ouçam tudo porque vale a pena. A sonhadora ária Sanfte soll mein Todeskummer (faixa 7) está de arrancar o coração, de tão linda. E o que dizer de Ach bleib bei uns, Herr Jesu Christ (faixa 14)?
J. S. Bach (1685-1750): Oratório da Páscoa, BWV 249 & Cantata BWV 6 (Rilling)
O húngaro Joseph Joachim é uma figurinha comum nas capas de discos. O cara escreveu notáveis cadenze para uma infinidade de Concertos para Violino românticos e clássicos. Muita gente as usa. Além de violinista, foi regente, compositor e professor. Grande amigo e intérprete de Schumann e de Brahms, foi um dos mais influentes instrumentistas de seu tempo. A carreira de Joachim foi profundamente marcada pela amizade com Brahms. A colaboração entre os dois músicos foi benéfica para ambos. A obra mais signficativa dessa amizade é seguramente este Concerto para Violino de Brahms, claro. Na composição desse concerto, Brahms foi muito auxiliado por Joachim, especialmente no tocante à técnica violinística. A cadenza do concerto foi escrita por Joachim, para variar. E há mais de uma escrita por ele.
Curiosidade: parece que sua mullher plantou-lhe um belo par de cornos… O maravilhoso Concerto Duplo para Violino, Violoncelo e Orquestra de Brahms, só existe porque… Bem, em 1884, Joachim e sua mulher se separaram depois que ele se convenceu que ela mantinha uma relação com o editor de Brahms, Fritz Simrock. Brahms, certo de que as suposições do violinista eram reles paranoias, escreveu uma carta de apoio a Amalie, que mais adiante ela usará como prova no processo de divórcio que Joseph movia contra ela. O fato motivou um esfriamento das relações de amizade entre Joachim e Brahms, que depois foram restabelecidas quando Brahms escreveu o Concerto Duplo e o enviou a Joachim para fazer as pazes. Em suma, o Concerto Duplo só existe em função dos cornos que Amalie pôs em Joseph Joachim. PQP Bach é Cultura! Porém, não misturem as coisas, Joachim foi traído, mas era um monstro em seu instrumento.
Por exemplo, em Berlim, no dia 17 agosto de 1903, o músico gravou um disco para a Gramophone Company (G&T), que chegou à nossa época como uma fascinante fonte de informações sobre o estilo violinístico do século XIX. Joachim foi o primeiro violinista a fazer uma gravação sonora. Sim, ele não era moleza.
Mas, bem, o disco ora postado abre com um Concerto para Violino e Orquestra de Joachim. Olha, se lhe sobravam galhos na testa e talento para executar peças de outros, faltava-lhe a centelha que faz de um ser humano normal um compositor. O Concerto, de quase 50 minutos, não é mau, mas também não é lá essas coisas. O que é legal neste CD duplo é que a excelente violinista Rachel Barton Pine faz quase uma tese sonora explorando a obra de dois amigos, pois também coloca versões alternativas das cadenze. Versões de Joachim e dela. Sim, Joachim e suas cadenze foram imortalizados, ele grudou-se para sempre à obra de Brahms, Beethoven e outros. Quanto à Barton Pine, o futuro dirá. Bobagem comentar o Concerto de Brahms. A gente só precisa ouvir. É impecável, perfeito, incrível.
J. Brahms (1833-1897) & J. Joachim (1831-1907): Concertos para Violino (Barton Pine, Kalmar)
Joseph Joachim: Violin Concerto in Hungarian Style in D minor, Op. 11
1. Joachim: Violin Concerto: 1st mvmt.: Allegro un poco maestoso
2. Joachim: Violin Concerto: 2nd mvmt.: Romanze: Andante
3. Joachim: Violin Concerto: 3rd mvmt.: Finale alla Zingara: Allegro con spirito
Johannes Brahms: Violin Concerto in D Major, Op. 77
4. Brahms: Violin Concerto: Allegro non troppo
5. Brahms: Violin Concerto: 1st mvmt. cadenza (by Joachim)
6. Brahms: Violin Concerto: 2nd mvmt.: Adagio
7. Brahms: Violin Concerto: 3rd mvmt.: Allegro giocoso, ma non troppo vivace
8. Cadenza by Rachel Barton-end of 1st mvmt. (Bonus Track)
Rachel Barton Pine, Violino
Chicago Symphony Orchestra
Carlos Kalmar
Eu gosto muito de Berwald. Aliás, compositores suecos são raros. Escrevi “compositores eruditos suecos” e o Google mudou espertamente para “compositores escandinavos”. Citou Berwald, mas já dentro deste novo escopo. Coisas da AI. Ele escreveu 4 belas Sinfonias, das quais as duas primeiras estão aí. Franz Berwald, descendente de uma família de músicos suecos de remota origem alemã, era violinista por formação e se tornou a figura mais importante da música sueca do século XIX. Em suma, ele teve razoável sucesso em seu próprio país, eventualmente se voltando para os negócios, gerenciando uma fábrica de vidro e abrindo uma serraria. Ser músico na Suécia do século XIX devia dar uma grana… Ele acabou nomeado professor de composição da academia sueca apenas em 1867, um ano antes de morrer.
Franz Berwald (1796-1868): Abertura “Estrela de Sória” / Sinfonia Nº 1, “Sérieuse” / Sinfonia Nº 2, “Capricieuse” (Kamu)
1 Overture to Estrella de Soria 08:08
Symphony No. 1 in G Minor, “Sinfonie serieuse”
2 I. Allegro con energia 11:26
3 II. Adagio maestoso 06:41
4 III. Stretto 05:14
5 IV. Finale: Adagio – Allegro molto 08:21
Symphony No. 2 in D Major, “Sinfonie capricieuse”
6 I. Allegro 11:49
7 II. Andante 08:41
8 III. Finale: Allegro assai 11:06
“Em 50 anos, serei lembrado apenas pelo meu concerto para violino em sol menor… Brahms foi um compositor muito maior do que eu porque assumiu riscos”. OK, então, neste CD, temos Bruch representado por sua melhor música e ela não parece uma obra complementar — é muito bonita. Claro que Brahms é Brahms , mas Bruch não faz feio, de modo algum. Talvez a comparação direta mais conhecida entre os concertos para violino de Brahms e Bruch venha de Hans von Bülow, que comentou que, enquanto Bruch havia escrito um concerto para violino, Brahms havia composto um contra ele. E embora isso seja talvez um pouco duro com Brahms, pode-se entender o ponto de von Bülow: Bruch usa a orquestra para apoiar seu solista, enquanto Brahms tenta tratar tanto o solista quanto a orquestra como iguais. Comparações à parte, ambos são exemplos imponentes do gênero e permanecerão estabelecidos como pedras fundamentais do repertório de concertos. Aqui, os dois concertos são tocados com raro brilho.
Max Bruch (1838-1920): Concerto Nº 1 para Violino e Orq. / Johannes Brahms (1833-1897): Concerto para Violino e Orq. (Little, Handley, RLPO)
Violin Concerto No. 1 In G Minor, Op. 26 Composed By – Max Bruch
1 I Vorspiel: Allegro Moderato 8:51
2 II Adagio 9:09
3 III Finale: Allegro Energico 7:34
Violin Concerto In D, Op. 77 Composed By – Johannes Brahms
4 Allegro Non Troppo 22:15
5 Adagio 8:47
6 Allegro Giocoso, Ma Non Troppo Vivace 7:44
Conductor – Vernon Handley
Orchestra – Royal Liverpool Philharmonic Orchestra
Violin – Tasmin Little
O nome de Rafael Kubelik é garantia de qualidade e durabilidade. Ele não deforma, não tem cheiro e não solta as tiras. E quando ele pega um boêmio a coisa se torna realmente linda. É uma gravação de referência para a Nona de Dvořák. A Nona Sinfonia foi escrita em 1892 no período em que o compositor estava nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo que estava encantado com o novo lugar sentia saudades de sua terra. Essa confusão pra lá de fingida aparece neste Op. 95 quando temas norte-americanos dialogam com eslavos e a obra ganha um tom trágico. A obra estreou em 1893 no Carnegie Hall de Nova York em comemoração ao aniversário da conquista do novo mundo, fato que deu nome à obra. Já a transcrição de quarteto de cordas para orquestra do Fugão de Beethoven é desnecessária. Ouça a versão original e estamos conversados.
Dvořák: Sinfonia Nº 9, Novo Mundo / Beethoven: Grosse Fuge, Op. 133 (versão para orquestra) (Kubelik/ Bavarian Radio SO)
Antonín Dvorák (1841-1904) –
Symphony No. 9 in E minor, op. 95 “From the New World”
01. Adagio – Allegro molto
02. Largo
03. Scherzo (Molto vivace)
04. Allegro con fuoco
Ludwig van Beethoven (1770-1827) –
Grande Fuga em Si maior, Op. 133
05. Grande Fuga em Si maior, Op. 133
Bavarian Radio Symphony Orchestra
Rafael Kubelik, regente
Meus astutos e ínclitos pequepianos, esta é uma gravação mezzo antiquada, com vibratões e instrumentos modernos, mas há algo de especial nela. Além do repertório LINDO, VERDADEIMENTE EXTRAORDINÁRIO, além do talento de Rilling, há Dietrich Fischer-Dieskau cantando. Só esta versão da Cantata BWV 82 é superior a todas as gravações de Karl Richter somadas, apenas para citar um contemporâneo de Rilling. Pois Rilling não é um romântico de Bach. E acreditem, ele está vivo até hoje. Ele é bem conhecido por suas performances da música de Bach e seus contemporâneos. Foi o primeiro a ter gravado duas vezes (em instrumentos modernos) as obras vocais completas de Bach, uma tarefa monumental envolvendo mais de 1.000 peças musicais — abrangendo 170 CDs. Ele também gravou muitas obras corais e orquestrais românticas e clássicas, incluindo as obras de Johannes Brahms.
J. S. Bach (1685-1750): Cantatas 51, 56 e 82 (Rilling)
Cantata No. 56, “Ich Will Den Kreuzstab Gerne Tragen,” BWV 56 (BC A146)
6 Ich Will Denn Kreuzstab Gerne Tragen 8:08
7 Mein Wandel Auf Der Welt 2:22
8 Endlich, Endlich Wird Mein Joch 6:27
9 Ich Stehe Fertig Und Bereit 2:07
10 Komm, O Tod, Du Schlafes Bruder 1:42
Glenn Gould era um original. No auge da carreira, abandonou os concertos pelas gravações, cantava durante as mesmas, era um mago no estúdio e corrigia seu som quando isto era “roubar no jogo”, fazia entrevistas consigo mesmo, produzia notáveis programas radiofônicos. Era um gênio e um gênio do piano, mas… preferiu tocar A Arte da Fuga, ou metade dela, ao órgão. Claro, vocês sabem que Glenn Gould era dado a estranhas opções de andamentos e brigava com muita gente boa, como Lenny Bernstein. Mas eu aprovo este CD, apesar de alguns críticos atacarem a digitação muito pouco “organística” de GG. Se o CD é estranho pela utilização de órgão por parte de Gould, ele é absolutamente sensacional a partir da faixa 10, onde retorna definitivamente o piano. Ele acentua tudo de forma demasiada no órgão — não sei explicar — é também muito bonito.
Tudo bem, sei que A Arte da Fuga pode ser interpretada em qualquer instrumento ou grupo deles, não ignoro que alguns pensam tratar-se de obra para leitura, mas ouçam a faixa 10, quando Gould entra tocando (e cantando, como sempre) o Contrapunctus I… É muito bom, né? Apenas acho um pouco discutível a forma como ele finalizou a fuga inacabada. Ficou um pouco romântica, com intenção pouco clara, sei lá.
(ALÔ, PRÍNCIPE SALINAS! Ao ouvir Andras Schiff, senti falta de… Gould cantando. Como pode meu ouvido ter se acostumado desta forma à cantoria de Gould?)
J. S. Bach (1685-1750): A Arte da Fuga (Glenn Gould)
1. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 1
2. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 2
3. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 3
4. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 4
5. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 5
6. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 6 (a 4, im Stile francese)
7. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 7 (a 4, per Augmentationem et Diminutionem)
8. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 8 (a 3)
9. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 9 (a 4, alla Duodecima)
10. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 1
11. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 2
12. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 4
13. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 9 (a 4, alla Duodecima)
14. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 11 (a 4)
15. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 13 (a 3)
16. Die Kunst der Fuge (The Art of the Fugue), for keyboard (or other instruments), BWV 1080 Contrapunctus 14 (Fuga a 3 Soggetti) unfinished
17. Prelude and Fugue on the name of “B-A-C-H,” for keyboard in B flat major (doubtful; perhaps by J.C. Kittel), BWV 898
O grande René Denon postou estes CDs em 2019 com muito mais categoria. Bem aqui, ó. Reposto-os aqui neste cantinho só para não perder os muitos comentários.
Sei que não somente “aqueles comentaristas habituais” hostilizarão esta gravação colocada entre as melhores da DG (obrigado pela lembrança dos Originals, Lais; minha gravação é pré-Originals), como nossa comparsa Clara Schumann deverá apresentar chiliques em defesa de seu amado Alfred Brendel que, segundo ela, acarinha melhor o compositor que ela mais ama.
(Nunca entendi esta senhora que casa com um, tem Brahms por amante, mas gosta mesmo é de Schubert. A mente masculina é mais simples e burra, graças a Deus, e interessa-se por todas, prova de seu amor à humanidade.)
Schubert é o compositor que mais lamento. Apenas 31 anos! Onde ele chegaria se tivesse vivido, por exemplo, os 57 anos de Beethoven? É difícil de responder, ainda mais ouvindo suas últimas obras, amadurecidas a fórceps pelo sofrimento causado pela doença. Este criador de melodias irresistíveis trabalhava (muito) pela manhã, caminhava à tarde e bebia à noite. O bafômetro o pegaria na volta, certamente. Seria um recordista de multas. Não morreu da sífilis e sim de tifo, após ingerir um vulgar peixe contaminado. Ou seja, uma droga de um peixe podre nos tirou anos de muitas obras, certamente. Espero que, se o inferno existir, este peixe esteja lá queimando. Desgraçado, bicho ruim!
A interpretação de Pollini é completamente despida de exageros ou de virtuosismo. Ele respeita inteiramente Schubert, compositor melodista e destituído de virtuosismo pessoal ao piano, pero… nada de sentimentalismos, meus amigos. Pollini é um realista. E, com efeito, as sonatas finais desfazem o mito do Schubert fofinho, mundano e feliz. Era um indivíduo profundo e o trágico não lhe era estranho.
Minha sonata preferida é a D. 960, com seu imenso e emocionante primeiro movimento. Quando o ouço de surpresa, penso que virão o que não me vêm há anos: lágrimas. O que segue é-lhe digno, com destaque especial para o zombeteiro movimento final. O D. 959 também é extraordinário, principalmente o lindíssimo e nobre Andantino e o lied do Rondó. Também tenho indesmentível amor pela contrastante primeira peça das Drei Klavierstucke.
A Fundação Maurizio Pollini, desta vez patrocinada por PQP Bach, agradece todos os apoios recebidos e declara-se ofendida pela nefasta ironia perpetrada pelo provocador Kaissor (ou foi o Exigente?) ao querer estigmatizar nosso ídalo por ser mais divulgado em razão do perfil marcadamente “comercial” de sua gravadora. Com todo o respeito, respondemos a ele que Pollini é a Verdade e o Absoluto. Dou a Schnabel um lugar no pódio e ele que fique quieto. “O homem que inventou Beethoven”??? Arrã. Acho que foi reinventado… :¬)))
Franz Schubert (1797-1828): As Últimas Sonatas (Pollini)
CD 1
1. Piano Sonata No. 19, D.958 – Allegro
2. Piano Sonata No. 19, D.958 – Adagio
3. Piano Sonata No. 19, D.958 – Menuetto: Allegro
4. Piano Sonata No. 19, D.958 – Allegro
5. Piano Sonata No. 20 In A D.959 – Allegro
6. Piano Sonata No. 20, D.959 – Andantino
7. Piano Sonata No. 20, D.959 – Scherzo: Allegro
8. Piano Sonata No. 20, D.959 – Rondo: Allegretto
CD 2
1. Piano Sonata No. 21, D.960 – Molto Moderato
2. Piano Sonata No. 21, D.960 – Andante Sostenuto
3. Piano Sonata No. 21, D.960 – Scherzo: Allegro
4. Piano Sonata No. 21, D.960 – Allegro Ma Non Troppo
5. Allegretto In C Minor D.915
6. 3 Klavierstucke, D.946 – No. 1 In E Flat Minor – Allegro Assai
7. 3 Klavierstucke, D.946 – No.2 In E Flat – Allegretto
8. 3 Klavierstucke, D.946 – No. 3 In C – Allegro
Um lindo CD cheio de obras desconhecidas! Depois de 1683, quando as tropas polonesas salvaram Viena da invasão turca, esta, a Turquia, já não era uma ameaça para a Europa Ocidental e se tornou um símbolo do Oriente misterioso. Para os músicos europeus, no entanto, a Turquia era menos nebulosa. Alguns instrumentos turcos (incluindo tambores, pratos e triângulos) entraram nas orquestras europeias, com compositores emulando o som das bandas militares turcos. A introdução deste orientalismo musical na Europa é mostrada neste sensacional álbum com excelentes performances do Concerto Köln e da Sarband, um conjunto tradicional turco.
Dream Of The Orient, peças de compositores ou inspiradas pelo Oriente
1 –Concerto Köln & Sarband Introduction 1:18
2 –Concerto Köln & Sarband Overture To “Die Entführung Aus Dem Serail” 4:39
Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart
3 –Sarband Introduction 1:22
4 –Concerto Köln & Sarband Concerto Turco Nominate “Izia Semaisi” 4:16
5 –Sarband Son Yürük Sema’i 0:55
Composed By – Traditional
6 –Concerto Köln & Sarband Overture To “La Rencontre Imprévue”
Composed By – C. W. Gluck*
2:28
7 –Sarband Introduction 0:59
8 –Sarband Uşşak Peşrevi
Composed By – Zurnazen Ibrahim Ağa 2:31
9 –Sarband & Concerto Köln Mahur Peşrevi 3:02
Composed By – Tatar Han Gazi Giray*
10 –Concerto Köln & Sarband Ballet From “Soliman II, Eller De Tre Sultaninnorna” – Allegro 3:40
Composed By – Joseph Martin Kraus
– Ballet From “Soliman II”
Composed By – Joseph Martin Kraus
13 –Concerto Köln & Sarband Marcia Del Sultano 0:58
14 –Concerto Köln Marcia Degli Schiavi 1:32
15 –Concerto Köln & Sarband Danza Di Elmira 1:07
16 –Concerto Köln & Sarband Marcia Dei Giannizzari 1:25
17 –Sarband Neva Ilahi – Improvisation – Neva Ilahi 5:58
Composed By – Traditional
18 –Concerto Köln Ballet from “Soliman II” – Marcia Di Roxelana 1:09
Composed By – Joseph Martin Kraus
19 –Sarband Introduction 1:15
20 –Concerto Köln Ballet from “Soliman II” – La Coronazione 1:34
Composed By – Joseph Martin Kraus
21 –Sarband Hüseyni Ilahi 1:34
Composed By – Traditional
22 –Concerto Köln Ballet from “Soliman II” – Marcia Dei Dervisci 1:12
Composed By – Joseph Martin Kraus
“Sinfonia Turchesca” In C Major
Composed By – Franz Xaver Süssmayr
23 –Concerto Köln & Sarband 1. Allegro 6:58
24 –Concerto Köln & Sarband 2. Adagio 4:08
25 –Concerto Köln & Sarband 3. [Minuetto] – Trio 3:12
26 –Concerto Köln & Sarband 4. Finale 3:51
Concerto Köln & Sarband
Vladimir Ivanoff, Werner Ehrhardt – direção
Este interlúdio continua de onde o anterior parou (ou, na verdade, um passo antes): numa colaboração entre Miles Davis e Gil Evans. Gravado em quatro sessões no verão de 1958, a adaptação de Porgy and Bess, ópera de Gerswhin, veio com a publicidade em torno do filme de Otto Preminger. A película não deu certo e desagradou os criadores. Já a versão jazz, que diferença: não apenas um dos maiores best-sellers da história do gênero, também foi aclamado por toda crítica como um marco do jazz orquestral.
Sensível e melódico, Porgy and Bess é um álbum que tem Miles Davis vivendo um momento de redescoberta das harmonias, no já pós-bop:
I think a movement in jazz is beginning, away from the conventional string of chords and a return to emphasis on melodic rather than harmonic variations….When Gil wrote the arrangement of ‘I Loves You, Porgy’, he only wrote a scale for me to play. No chords. And that other passage with just two chords gives you a lot more freedom and space to hear things.
E espaço é o que se ouve. Apesar da formação com muitos músicos, a produção delicada permite a todos seu espaço – seja na orquestração do acompanhamento, seja nos solos de Davis e do genial Cannonball Adderley. Além disso, há um aspecto lúdico – porque não é nada menos do que divertido ver os tons por onde Miles e Evans enxergaram canções populares como Summertime e It Ain’t Necessarily So.
Se aqui temos uma leitura fantástica da obra de Gershwin, ela já havia rendido outra obra-prima: a gravação de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, mais orquestra, um ano antes. Disco este que deve pintar por aqui em breve, prometido por FDP Bach.
Miles Davis – Porgy and Bess (320)
01 The Buzzard Song 4’12
02 Bess, You Is My Woman Now 5’15
03 Gone (Evans) 3’41
04 Gone, Gone, Gone 2’06
05 Summertime 3’22
06 Prayer (Oh Doctor Jesus) 4’44
07 Fisherman, Strawberry and Devil Crab 4’10
08 My Man’s Gone Now 6’14
09 It Ain’t Necessarily So 4’29
10 Here Come de Honey Man 1’26
11 I Wants to Stay Here (a.k.a. I Loves You, Porgy) 3’41
12 There’s a Boat That’s Leaving Soon for New York 3’29
13 I Loves You, Porgy [tk1 2nd version] 4’16
14 Gone [tk 4] 3’41
Composto por George Gershwin, Ira Gershwin e DuBose Heyward
Conduzido e arranjado por Gil Evans
Produzido por Cal Lampley e Teo Macero para a Columbia
Miles Davis (trumpet, flugelhorn); Cannonball Adderley (alto saxophone); Gil Evans (arranger, conductor); Paul Chambers (bass); Jimmy Cobb (drums); Ernie Royal, Bernie Glow, Johnny Coles, Louis Mucci (trumpet), Dick Hixon, Frank Rehak, Jimmy Cleveland, Joe Bennett (trombone), Willie Ruff, Julius Watkins, Gunther Schuller (horn), Bill Barber (tuba), Phil Bodner, Jerome Richardson, Romeo Penque (flute, alto flute, clarinet); Danny Bank (alto flute & bass clarinet); Philly Joe Jones (drums on tracks 3, 4, 15).
A música barroca é algo realmente sem fim e, cada vez que posto mais um bom compositor, fico impressionado com uma proporção que antes não via em minha cedeteca. O troço não acaba nunca e pasmo para a época em que meu pai nos concebeu — falo de mim, FDP e CDF. Este CD foi gravado em 1970 e relançado em 2003 pela providencial gravadora APEX, que está nos trazendo de volta coisas antológicas. Aqui, temos o grande Nikolaus Harnoncourt e seu Concentus musicus de Viena cuidando de outro austríaco, Fucks, digo, Fux. Já notaram como esses compositores barrocos viviam bastante? Fucks, digo, Fux viveu 81 anos e sei de uns vinte que ultrapassaram a idade vivida por meu pai (65 anos). Johann Joseph Fucks, digo, Fux nasceu em Hirtenfeld na Áustria. Foi filho de camponeses e autodidata em música. Foi Kappelmeister e compositor da corte. É autor do Gradus ad Parnassum, o mais importante tratado de contraponto já escrito. Fucks, digo, Fux morreu em Viena. Deixou 405 obras além do Gradus ad Parnassum que é um diálogo, em latim, entre professor e aluno, seguido de exercícios de composição.
Johann Joseph Fucks, digo, Fux (1660-1741): Serenada a 8, Rondeau a 7, Sonata a 4 (Harnoncourt)
SERENADA A 8
for 2 clarinos, 2 oboes, bassoon, 2 violins, viola and basso continuo
(from Concentus musico-instrumentalis in septem partittas, Nuremberg 1701)
William Byrd foi um compositor inglês da Renascença. Considerado um dos maiores compositores britânicos, teve grande influência, tanto da sua Inglaterra natal como do continente. Ele escreveu em muitas das formas correntes na Inglaterra na época, incluindo vários tipos de polifonia sagrada e secular, teclado (a chamada escola virginalista) e música para grupos. Embora tenha produzido música sacra para serviços religiosos anglicanos, em algum momento durante a década de 1570 ele se tornou católico e passou a escrever música sacra católica. Byrd foi o compositor mais importante da época de William Shakespeare. Seus salmos e motetos, bem como seus madrigais, estão entre as composições mais aclamadas do século XVI. Ele também escreveu obras para órgão e piano.
William Byrd (1543-1623): Consort and Keyboard Music / Songs and Anthems (Rose Consort of Viols / Red Byrd)
1 Pavan 03:04
2 Galliard 01:59
Byrd, William
Gueroult, Guillaume – Lyricist
3 Susanna fair 03:29
Byrd, William
4 Rejoice unto the Lord 03:24
5 John come kiss me now (from The Fitzwilliam Virginal Book) 05:18
6 Fantasia No. 2 05:21
7 Have mercy upon me, O God 03:15
8 In Nomine No. 2 03:15
9 In angel’s weed 02:56
10 Fair Britain isle 05:57
11 Fantasia 02:46
12 Triumph with pleasant melody 03:39
13 Pavan in A Minor 04:01
14 Qui passe (for my Lady Nevell) 03:07
15 Fantasia No. 3 04:11
16 In Nomine No. 5 02:33
17 Christ rising again 05:14
Total Playing Time: 01:03:29
Ensemble(s): Rose Consort of Viols, The
Choir(s): Red Byrd
Artist(s): Bonner, Tessa; Roberts, Timothy
Giuseppe Sinopoli (1946-2001) foi em regente genial, morto infelizmente aos 54 anos, de ataque cardíaco, enquanto dirigia uma Aida em Berlim. A Segunda Sinfonia de Schumann é minha obra favorita do compositor e a gravação de Sinopoli com a Filarmônica de Viena é a que sempre escolho ouvir. Sinopoli foi um mestre em alcançar o máximo equilíbrio orquestral e definitivamente consegue tudo nesta gravação de 1984. A acústica do Musikverein e os engenheiros da DGG colocam os instrumentos de sopro um pouco atrás das cordas, mas isso não diminui o impacto desta performance. A importância da escrita dos metais é claramente manifesta e as páginas finais da obra têm uma majestade incomparável a qualquer outra gravação da sinfonia com a qual estou familiarizado. Sinopoli prova que a escrita orquestral de Schumann pode ser traduzida com sucesso para uma grande orquestra contemporânea. E este desempenho é muito superior à sua gravação posterior com a Staatskapelle Dresden. A execução da Abertura Manfred também é definitiva. Altamente recomendado.
Robert Schumann (1810-1856): Sinfonia Nº 2 / Abertura “Manfredo” / Abertura, Scherzo e Final (Sinopoli)
01 – Symphony No. 2 in C major – I. Sostenuto assai – Allegro, ma non troppo
02 – Symphony No. 2 in C major – II. Scherzo Allegro vivace
03 – Symphony No. 2 in C major – III. Adagio espressivo
04 – Symphony No. 2 in C major – IV. Allegro molto vivace
05 – “Manfred” Overture Op. 115
06 – Overture, Scherzo & Finale, Op. 52 – I. Overture. Andante con moto – Allegro
07 – Overture, Scherzo & Finale, Op. 52 – II. Scherzo. Vivo – trio. L’istesso tempo
08 – Overture, Scherzo & Finale, Op. 52 – III. Finale. Allegro molto vivace
Wiener Philharmoniker
Staatskapelle Dresden (faixas 6 a 8)
Giuseppe Sinopoli, regente
Kenneth Schermerhorn (1929-2005) estava estudando com Bernstein durante a criação de West Side Story e foi até considerado um possível maestro para a estreia. Finalmente tendo sua chance quase 50 anos depois, Schermerhorn conduz a partitura com uma autoridade e entusiasmo que revela seu conhecimento íntimo e convicções pessoais, mesmo que às vezes seus andamentos se arrastem (como em I Feel Pretty). Esta gravação utiliza a partitura de Bernstein em sua forma original, antes de passar pelas revisões necessárias para torná-la mais adequada às necessidades do teatro musical da época. Na verdade, tudo soa praticamente o mesmo, as distinções mais óbvias são alguns compassos faltando perto do final do Prólogo e o arranjo vocal diferente para America. A Sinfônica de Nashville toca com uma mistura ideal de elegância sinfônica e jazzística que mostra por que esta obra é um clássico tão maravilhoso. Apenas a gravação multimicrofonada e obviamente destinada ao estúdio, com suas vozes artificialmente próximas, decepciona um pouco. No entanto, este CD recria fielmente o mundo mágico e fascinante que é West Side Story, e qualquer pessoa que venha a esta peça novamente terá uma experiência rara e especial. (Neste link, a última versão de Bernstein).
Bernstein, Leonard Sondheim, Stephen – Lyricist West Side Story
1 Act I: Prologue 04:18
2 Act I: Jet Song 02:30
3 Act I: Something’s Coming 02:49
4 Act I: Blues 01:54
5 Act I: Promenade 00:22
6 Act I: Mambo 02:39
7 Act I: Maria 03:07
8 Act I: Balcony Scene / Tonight 07:21
9 Act I: America 04:59
10 Act I: Cool 04:35
11 Act I: One Hand, One Heart 04:58
12 Act I: Tonight 03:56
13 Act I: The Rumble 03:08
14 Act II: I Feel Pretty 03:57
15 Act II: Ballet Sequence 01:32
16 Act II: Transition to Scherzo 00:41
17 Act II: Scherzo 01:40
18 Act II: Somewhere 02:38
19 Act II: Procession and Nightmare 03:37
20 Act II: Gee, Officer Krupke 04:20
21 Act II: A Boy Like That / I Have a Love 06:05
22 Act II: Taunting Scene 01:07
23 Act II: Finale 02:52
Total Playing Time: 01:15:05
Composer(s): Bernstein, Leonard
Lyricist(s): Sondheim, Stephen
Conductor(s): Schermerhorn, Kenneth
Orchestra(s): Nashville Symphony Orchestra
Artist(s): Chozen, Joanna / Cooke, Marianne / Dean, Robert / Ditty, Billy / Eldred, Mike / Gabriel, Winter / Lee, Neal Richard / Lewis, Jeff / Morrison, Betsi / Prentice, Michelle / San Giovanni, Michael / Schanuel, Greg / Shenoy, Nandita / Whiting, Jeff