György Ligeti (1923-2006): Quartetos Nº 1 e 2 / Andante e Allegretto (Quatuor Diotima) — 28/05/2023 — 100 anos de Ligeti!

György Ligeti (1923-2006): Quartetos Nº 1 e 2 / Andante e Allegretto (Quatuor Diotima) — 28/05/2023 — 100 anos de Ligeti!

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Mais Ligeti aqui.

Ligeti não é apenas o grande compositor que de certa forma carrega o legado de Bartók, mas é um sujeito bem-humorado e divertido. Imaginem que ele estudou com Zoltán Kodály e realizou —  como Bartók e Kodály — um trabalho etnomusicológico sobre a música folclórica romena, porém, depois de um ano, voltou à antiga escola em Budapeste e foi nomeado professor de harmonia, contraponto e análise musical. As 3 obras deste CD são de fases distintas do compositor. O Andante é de 1950, o Quarteto Nº 1 é de 1953 e o Nº 2 é de 1968.

Bem, como escrevi acima, cerca de 15 anos separam os dois quartetos de cordas numerados de György Ligeti e, do ponto de vista estilístico, eles pertencem a fases diferentes de sua carreira criativa. O primeiro, com o subtítulo “Métamorphoses nocturnes”, foi iniciado em 1953, quando Ligeti ainda vivia em sua Hungria natal, onde o realismo socialista era a regra para os compositores desde o governo comunista implantado cinco anos antes. Na época em que escreveu o segundo, ele já estava baseado na Europa Ocidental, tendo deixado seu país natal durante o levante de 1956 .

Ouvidos sucessivamente, os dois quartetos demonstram de onde vieram as obras madu0ras e todo um mundo musical recém-criado. Os gestos bartókianos dos 12 minúsculos movimentos do primeiro estavam totalmente fora das prescrições estilísticas autoritárias. No segundo, são substituídos pelas texturas mutáveis, pelos mecanismos interligados e as prestidigitações harmônicas com as quais Ligeti estabeleceu um distinto nicho dentro da vanguarda do pós-guerra. Infelizmente, ele nunca voltou a escrever um quarteto durante o notável terceiro período de sua carreira, embora após sua morte, em 2006, esboços de duas dessas obras tenham sido encontrados entre seus papéis, aparentemente destinados aos Quartetos Arditti e Kronos, respectivamente. UMA PENA, REALMENTE.

No entanto, o que temos são duas das contribuições mais significativas para o repertório do quarteto da segunda metade do século XX. Eles impõem enormes demandas técnicas e musicais, e o Quarteto Diotima atende a seus desafios com mais precisão e brilho do que qualquer outro que já ouvi antes. Cada detalhe da escrita das cordas, criada pela incrível imaginação de Ligeti, é cristalino, a forma de cada movimento totalmente lúcida. E, entre essas obras, o Diotima fornece um vislumbre de onde a jornada musical de Ligeti começou: se o Primeiro Quarteto pertence ao que o compositor chamou de seu período “pré-histórico”, então o Andante e Allegretto, composto em 1950, enquanto ele era aluno da Academia Franz Liszt em Budapeste, presumivelmente se qualificaria como um Ligeti primordial, quando Kodály e Bartók faziam parte da mistura estilística e a influência da música folclórica húngara e romena ainda era clara. Não sabemos se a capa do CD, no estilo 2001, uma odisseia no espaço, se deve ao bom humor do quarteto, mas que eu dei risada, dei.

György Ligeti (1923-2006): Quartetos Nº 1 e 2 / Andante e Allegretto (Quatuor Diotima)

String Quartet No. 1, “Métamorphoses Nocturnes” (20:57)
01 I Allegro Grazioso 1:28
02 II Vivace, Capriccioso 1:51
03 III Adagio, Mesto 2:13
04 IV Presto 1:08
05 V Prestissimo 1:24
06 VI Andante Tranquillo 3:12
07 VII Tempo di Valse, Moderato, Con Eleganza, Un Poco Capriccioso 0:52
08 VIII Subito Prestissimo 1:31
09 IX Allegretto, Un Poco Giovale 0:55
10 X Poco Più Mosso 1:41
11 XI Prestissimo 1:34
12 XII Ad Libitum, Senza Misura 3:15

Andante and Allegretto for String Quartet (13:17)
13 I Andante Cantabile 6:29
14 II Allegretto Poco Capriccioso 6:48

String Quartet No. 2 (19:29)
15 I Allegro Nervoso 4:40
16 II Sostenuto, Molto Calmo 4:41
17 III Come Un Meccanismo di Precisione 3:14
18 IV Presto Furioso, Brutale, Tumultuoso 1:57
19 V Allegro Con Delicatezza 4:57

Quatuor Diotima

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Ligeti tendo um papo super estimulante com Conlon Nancarrow

PQP

György Ligeti (1923-2006): Quartetos de Cordas Nº 1 e 2 / Sonata para Violoncelo Solo (Béla) — 28/05/2023 — 100 anos de Ligeti!

György Ligeti (1923-2006): Quartetos de Cordas Nº 1 e 2 / Sonata para Violoncelo Solo (Béla) — 28/05/2023 — 100 anos de Ligeti!

Mais Ligeti aqui.

Métamorphoses nocturnes é a grande atração deste CD e é um título particularmente adequado para o primeiro quarteto do lendário compositor húngaro György Ligeti. É uma extraordinária obra de juventude que dá uma mostra da inquietude e do desenvolvimento precoce daquele que é uma das vozes mais influentes do século 20.

Composto em 1953-4, fica claro que o herói de Ligeti era Béla Bartók, um dos poucos compositores “modernos” que eram acessíveis ao dentro das fronteiras da Hungria. O Quarteto é marcado por discordantes ritmos folclóricos, contraponto e episódios de solidão e violência. Bartók. Mas a voz do próprio Ligeti é clara, assim como o germe do que viria a se tornar conhecido como a “micropolifonia” — densas rajadas que resultam em aglomerados frenéticos.

Gosto muito do Quarteto Nº 1, apesar de sabê-lo inferior ao 2. Fazer o quê? Já a Sonata para Violoncelo Solo é de 1948-1953, é lírica e tem referências a Bach, Bartók e Kodály. Uma peça de estudo, ou de um estudante brilhante.

Gyorgy Ligeti (1923-2006): Quartetos de Cordas Nº 1 e 2 / Sonata para Violoncelo Solo

String Quartet No. 1, “Métamorphoses nocturnes”
01.String Quartet No. 1, “Métamorphoses nocturnes”

String Quartet No. 2
02. I. Allegro nervoso
03. II. Sostenuto, molto calmo
04. III. Come un meccanismo di precisione
05. IV. Presto furioso, brutale, tumultuoso
06. V. Allegro con delicatezza

Cello Sonata
07. I. Dialogo
08. II. Capriccio

Quatuor Béla

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Já ouviu falar em micropolifonia?
Já ouviu falar em micropolifonia?

PQP

György Ligeti (1923-2006): Requiem, Aventures e Nouvelles Aventures — 28/04/2023 — 100 anos de Ligeti!

György Ligeti (1923-2006): Requiem, Aventures e Nouvelles Aventures — 28/04/2023 — 100 anos de Ligeti!

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Mais Ligeti aqui.

E mais um Ligeti para o povo pequepiano. A complexidade dos contrapontos do Requiem — música da fase timbrística de Ligeti e composta um ano antes de Lux Aeterna — é uma coisa que beira o absurdo, ao menos para um ouvinte como eu. É uma coisa linda e metafísica. É a melhor peça deste maravilhoso CD, mas amo também as divertidas Aventures e as Nouvelles Aventures, escritas pouco antes do Requiem. Aqui há também uma polifonia furiosa, porém parece-me que a utilização de grunhidos e, fundamentalmente, do riso e de algumas momices, torna essas duas obras mais simpáticas do que o belo e difícil Requiem. Nas Aventuras, a impressão geral é a de que estamos de volta ao ambiente e à vida descrita pelo excelente filme Themroc (1973), de Claude Faraldo… Esta gravação é de 1965 e bastante rara, apesar da Amazon tê-la disponível.

Enjoy porque vale a pena…

György Ligeti (1923-2006) – Requiem, Aventures e Nouvelles Aventures

1 Requiem
Choir – Chor Des Bayerischen Rundfunks
Chorus Master – Wolfgang Schubert
Conductor [Orchester] – Michael Gielen
Mezzo-soprano Vocals – Barbro Ericson
Orchestra – Sinfonie-Orchester Des Hessischen Rundfunks Frankfurt
Soprano Vocals – Liliana Poli

2 Aventures

3 Nouvelles Aventures
Alto Vocals – Marie-Thérèse Cahn
Baritone Vocals – William Pearson
Conductor – Bruno Maderna
Orchestra – Internationales Kammerensemble Darmstadt
Soprano Vocals – Gertie Charlent

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Ele tenta se esconder, mas a gente sempre reencontra Ligeti
Ele tenta se esconder, mas a gente sempre encontra Ligeti

PQP

Ligeti / Lutosławski / Schnittke: Quartetos de Cordas / Cânon em Memória de Igor Stravinsky (Hagen Quartett) — 28/04/2023 — 100 anos de Ligeti!

Ligeti / Lutosławski / Schnittke: Quartetos de Cordas / Cânon em Memória de Igor Stravinsky (Hagen Quartett) — 28/04/2023 — 100 anos de Ligeti!

Mais Ligeti aqui.

Certa vez, vi o Quarteto Hagen tocando Bartók no Southbank Center de Londres. Foi um dos melhores concertos a que fui na vida. O Hagen foi fundado em 1981 por quatro irmãos, Lukas, Angelika (primeiramente substituída por Annette Bik, que foi substituída por Rainer Schmidt em 1987), Veronika e Clemens, em Salzburgo. Os membros do quarteto são professores e mentores no Salzburg Mozarteum e na Hochschule für Musik Basel. Aqui, eles estão no seu chão e dão um chocolate. O Quarteto de Cordas Nº 1 de Ligeti, intitulado Métamorphoses nocturnes, foi composto em 1953–54. É, portanto, representativo do que Ligeti costumava chamar de “o Ligeti pré-histórico”, referindo-se às obras que escreveu antes de deixar a Hungria em 1956. Este quarteto foi fortemente inspirado pelo terceiro e quarto quartetos de Bartók, tanto que recebeu a alcunha “o sétimo quarteto de cordas de Bartók” pelo compositor húngaro György Kurtág. Ligeti só pode estrear este quarteto fora de sua Hungria natal, a performance dele foi proibida. Mas mesmo assim, ele guarda muito do Ligeti posterior. O bom humor e as surpresas estão por todo lado. 

Ligeti / Lutosławski / Schnittke: Quartetos de Cordas / Cânon em Memória de Igor Stravinsky (Hagen Quartett)

1 György Ligeti– Streichquartett Nr. 1 = String Quartet No. 1 = Quatuor À Cordes N° 1 = Quartetto Per Archi N. 1 (Métamorphoses Nocturnes)
– – 20:08
– Allegro Grazioso
– Vivace, Capriccioso
– A Tempo
– Adagio, Mesto
– Presto
– […] Molto Sostenuto – Andante Tranquillo
– Più Mosso
– Tempo Di Valse, Moderato, Con Eleganza, Un Poco Capriccioso
– Subito Prestissimo
– Subito: Molto Sostenuto
– Allegretto, Un Poco Giovale
– Allarg. Poco Più Mosso
– Subito Allegro Con Moto, String. Poco A Poco Sin Al Prestissimo
– Prestissimo
– Allegro Comodo, Giovale
– Sostenuto, Accelerando
– Lento

Witold Lutosławski*– Streichquartett = String Quartet = Quatuor À Cordes = Quartetto Per Archi
2 I. Introductory Movement 9:04
3 II. Main Movement 16:36

Alfred Schnittke– Kanon In Memoriam I. Strawinsky Für Streichquartett = For String Quartet = Pour Quatuor À Cordes = Per Quartetto D’archi
4 Lento 8:02

Hagen Quartett

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Ligeti coçando a cabeça e tomando café. Precisa explicar?

PQP

CPE Bach (1714-1788): Sonatas for Keyboard & Violin (Bezuidenhout / Podger)

CPE Bach (1714-1788): Sonatas for Keyboard & Violin (Bezuidenhout / Podger)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este disco é sensacional. A primeira sonata é bem conhecida, penso, em sua versão para flauta, mas as outras me eram inteiramente desconhecidas, E são lindas! No título, o teclado vem antes do violino e é isto mesmo o que se ouve. Nenhum dos dois instrumentos é coadjuvante, só que o piano tem leve protagonismo. E esta dupla de instrumentistas… Ah, é assim que se faz, meus amigos. Mais um disco delicioso da rainha do violino barroco, Rachel Podger. Em parceria com o tecladista Kristian Bezuidenhout, Rachel nos oferece um pouco mais de uma hora de música completamente arrebatadora do muitas vezes subestimado Carl Philipp Emanuel Bach, quinto filho e segundo filho sobrevivente de Johann Sebastian Bach. As Sonatas são imaginativas, inovadoras e sublimes. Kristian Bezuidenhout é o parceiro perfeito para Podger nesses trabalhos. Tem um toque delicado e sutil. Assim como Podger, sua forma de tocar não é automática ou perfeitinha, não está ligada a um metrônomo. Ele arrisca um bom grau de improvisação, o que torna essas obras muito mais interessantes do que seriam em outras mãos. A alternância entre cravo e pianoforte acrescenta grande interesse ao CD. O resultado é o de pura alegria auditiva. Destaque absoluto para o lindo e comovente Arioso con variazioni per il cembalo e violino.

CPE Bach (1714-1788): Sonatas for Keyboard & Violin (Bezuidenhout / Podger)

01. Violon Sonata in G Minor, H. 542.5: I. […] 3:46
02. Violon Sonata in G Minor, H. 542.5: II. Adagio 2:40
03. Violon Sonata in G Minor, H. 542.5: III. Allegro 4:51

04. Violin Sonata in C Minor, H. 514, Wq. 78: I. Allegro moderato 8:06
05. Violin Sonata in C Minor, H. 514, Wq. 78: II. Adagio ma non troppo 6:30
06. Violin Sonata in C Minor, H. 514, Wq. 78: III. Presto 5:26

07. Arioso con variazioni per il cembalo e violino in A Major, Wq. 79 11:06

08. Violin Sonata in B Minor, H. 512, Wq. 76: I. Allegro moderato 7:15
09. Violin Sonata in B Minor, H. 512, Wq. 76: II. Poco andante 5:13
10. Violin Sonata in B Minor, H. 512, Wq. 76: III. Allegretto siciliano 5:37

11. Violin Sonata in D Major, H. 502, Wq. 71: I. Poco adagio 3:21
12. Violin Sonata in D Major, H. 502, Wq. 71: II. Allegro 2:16
13. Violin Sonata in D Major, H. 502, Wq. 71: III. Adagio 2:58
14. Violin Sonata in D Major, H. 502, Wq. 71: IV. Menuet I & II 2:53

Kristian Bezuidenhout, teclados
Rachel Podger, violino

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Podger e Bezuidenhout contado piadas um pro outro na PQP Musical Pray Church of London

PQP

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Clavichord — Capriccio Sopra La Lontananza Del Fratello Dilettissimo / 15 Invenções / 4 Duetos / 15 Sinfonias / Ricercare a 3 da Oferenda Musical / Fantasia e Fuga Cromática (András Schiff, Clavicórdio)

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Clavichord — Capriccio Sopra La Lontananza Del Fratello Dilettissimo / 15 Invenções / 4 Duetos / 15 Sinfonias / Ricercare a 3 da Oferenda Musical / Fantasia e Fuga Cromática (András Schiff, Clavicórdio)

Opa, postei sem texto (obs. de 17/05, 19h49). Vou escrever agora, vamos lá!

IM-PER-DÍ-VEL !!!

András Schiff é um cara curioso. Não consigo imaginar nenhum outro pianista de seu calibre indo em direção a um clavicórdio, apenas se por brincadeira. Mas Schiff é diferente. Ele disse que costuma iniciar seu dia tocando Bach num clavicórdio… Bem, e aqui temos este grande artista tocando esplendorosamente o pequeno teclado que precede o pianão. Eu gostei muito do que eu ouvi. A face historicamente informada de Schiff é autêntica e muito bonita. Fiquei muito feliz de ouvir. Como explica o longo artigo do livreto, o clavicórdio era o instrumento favorito de Bach, que supostamente achava que permitia capacidades expressivas não oferecidas pelo cravo. De fato, como Schiff exemplifica nesta gravação, o clavicórdio oferece ao executante tanto sutis mudanças dinâmicas quanto delicado vibrato, feito ao mover a tecla depois de tocada. Schiff toca uma réplica de um clavicórdio Specken de 1743, construído por Joris Potvlieghe em 2003. Se no piano moderno Schiff nos traz Bach em toda a sua majestade, no clavicórdio ele convida o público a escutar o próprio Bach, como se estivesse sentado na mesma sala, ou ‘num oásis tranquilo’, como Schiff coloca em suas anotações. Minha única reclamação é a de que ele torna difícil para mim voltar a ouvir essas obras no piano moderno, ou pelo menos no piano, com qualquer outro músico.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Clavichord — Capriccio Sopra La Lontananza Del Fratello Dilettissimo / 15 Invenções / 4 Duetos / 15 Sinfonias / Ricercare a 3 da Oferenda Musical / Fantasia e Fuga Cromática (András Schiff, Clavicórdio)

Capriccio Sopra La Lontananza Del Fratello Dilettissimo BWV 992
1-1 Arioso. Adagio – Ist Eine Schmeichelung Der Freunde, Um Denselben Von Der Reise Abzuhalten. = Is A Cajoling By His Friends To Deter Him From His Journey. 1:31
1-2 Ist Eine Vorstellung Unterschiedlicher Casuum, Die Ihm In Der Fremde Könnten Vorfallen. = Is A Representation Of Various Calamities That Might Befall Him In Foreign Parts. 1:12
1-3 Adagiosissimo – Ist Ein Allgemeines Lamento Der Freunde. = Is A General Lament Of His Friends. 2:05
1-4 Allhier Kommen Die Freunde (Weil Sie Doch Sehen, Dass Es Anders Nicht Sein Kann) Und Nehmen Abschied. = Here Come The Friends (As They See That It Cannot Be Otherwise) And Say Farewell To Him. 0:36
1-5 Aria Di Postiglione. Adagio Poco 1:36
1-6 Fuga All’ Imitatione Di Posta 2:27

Inventions BWV 772‎ – 786
1-7 No. 1 In C Major 1:28
1-8 No. 2 In c Minor 1:50
1-9 No. 3 In D Major 1:14
1-10 No. 4 In d Minor 0:45
1-11 No. 5 In E-flat Major 1:24
1-12 No. 6 In E Major 3:24
1-13 No. 7 In e Minor 1:41
1-14 No. 8 In F Major 0:56
1-15 No. 9 In f Minor 1:45
1-16 No. 10 In G Major 0:58
1-17 No. 11 In g Minor 0:59
1-18 No. 12 In A Major 1:12
1-19 No. 13 In a Minor 1:22
1-20 No. 14 In B-flat Major 1:20
1-21 No. 15 In b Minor 1:10

Four Duets BWV 802 ‎– 805
1-22 No. 1 In e Minor 3:02
1-23 No. 2 In F Major 2:58
1-24 No. 3 In G Major 3:08
1-25 No. 4 In a Minor 2:10

1-26 Ricercar À 3 From “Das Musikalische Opfer” BWV 1079 5:50

Sinfonias BWV 787 ‎– 801
2-1 No. 1 In C Major 1:08
2-2 No. 2 In c Minor 2:07
2-3 No. 3 In D Major 1:13
2-4 No. 4 In d Minor 1:45
2-5 No. 5 In E-flat Major 2:07
2-6 No. 6 In E Major 1:20
2-7 No. 7 In e Minor 2:06
2-8 No. 8 In F Major 0:59
2-9 No. 9 In f Minor 3:03
2-10 No. 10 In G Major 1:05
2-11 No. 11 In g Minor 1:55
2-12 No. 12 In A Major 1:29
2-13 No. 13 In a Minor 1:41
2-14 No. 14 In B-flat Major 1:18
2-15 No. 15 In b Minor 1:29

Chromatic Fantasia And Fugue BWV 903
2-16 Fantasia 5:43
2-17 Fugue 5:01

András Schiff, Clavicórdio

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Schiff levando a sério seu belo brinquedinho

PQP

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Concerto Italiano / Abertura Francesa / Duetos / Caprichos (Esfahani)

Mahan Esfahani é um esplêndido e original cravista. Ele não se preocupa em ser o perfeitinho limpinho engomadinho, mas tem uma percepção musical toda própria. Às vezes parece atropelado ou atabalhoado. Em suas declarações públicas, e talvez um pouco mais moderadamente em suas apresentações reais, Esfahani declarou independência de qualquer aplicação puritana ou dogmática da prática histórica da performance. Nesta gravação, dedicada às duas obras-chave do Clavierübung II de Bach – o Concerto Italiano e a Abertura em Estilo Francês – ele explicita ainda mais essa independência, ampliando sobremaneira a capacidade dinâmica e expressiva do cravo. Seu instrumento particular foi feito em 2018 na oficina de Jukka Ollikka em Praga, uma peça de mão dupla com registros de 16 pés e 4 pés para cores extras, bem como uma placa de ressonância composta de fibra de carbono. Produz sonoridades de órgão, especialmente em seus alcances mais baixos, e Esfahani explora toda a sua variedade, incluindo algumas escolhas de registro curiosas e até excêntricas. A faixa dinâmica expandida do instrumento é particularmente bem-vinda nos contrastes solo-conjunto do Concerto italiano e é particularmente eficaz na ilusão de um instrumento de sopro solo do segundo movimento. As possibilidades coloridas expandidas são melhor ouvidas na ampla coleção de danças da Abertura, que explora uma gama de escolhas de registro eficazes. Mas Esfahani não está apenas exibindo um instrumento. Sua ornamentação e articulação são inventivas e envolventes, e enviarão os ouvintes atentos a suas memórias de outros executantes, enquanto o ouvido tenta descobrir exatamente o que ele está fazendo. Esfahani tem um toque nervoso e hiperatento, com figuras rítmicas afiadas e precisas. Pode ser exaustivo, mas o álbum é melhor ouvido trabalho por trabalho, e não como um todo. Mas certifique-se de reservar atenção especial para o Capriccio em si bemol ‘na partida de seu amado irmão’, um trabalho inicial e às vezes descartado como ingênuo e não do melhor Bach. Esfahani o leva a sério. A fuga final é a pièce de résistance, transformando a despedida em uma selvagem declaração de independência de tal forma que a própria gravação se torna não apenas uma coleção de obras de Bach, mas um manifesto do intérprete.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Concerto Italiano / Abertura Francesa / Duetos / Caprichos (Esfahani)

Concerto nach Italienischen Gusto ‘Italian Concerto’ BWV971[12’42]
1 [untitled][4’05]
2 Andante[5’01]
3 Presto[3’36]

Ouvertüre nach Französischer Art ‘French Overture’ BWV831[33’44]
4 Ouverture[12’53]
5 Courante[2’06]
6 Gavotte I[1’15]
7 Gavotte II[1’13]
8 Gavotte I da capo[0’42]
9 Passepied I[1’02]
10 Passepied II[0’47]
11 Passepied I da capo[0’35]
12 Sarabande[3’55]
13 Bourrée I[1’07]
14 Bourrée II[1’23]
15 Bourrée I da capo[0’45]
16 Gigue[3’01]
17 Echo[3’00]

18 Duet in E minor BWV802[2’43]

19 Duet in F major BWV803[3’04]

20 Duet in G major BWV804[2’37]

21 Duet in A minor BWV805[2’38]

Capriccio in B flat major ‘on the departure of his beloved brother’ BWV992[10’09]
22 Ist eine Schmeichelung der Freunde, um denselben von seiner Reise abzuhalten: Arioso (Adagio)[2’08]
23 Ist eine Vorstellung unterschiedlicher Casuum, die ihm in der Fremde könnten vorfallen[1’23]
24 Ist ein allgemeines Lamento der Freunde: Adagissimo[2’26]
25 Allhier kommen die Freunde (weil sie doch sehen, dass es anders nicht sein kann) und nehmen Abschied[0’42]
26 Aria di postiglione: Allegro poco[1’03]
27 Fuga all’imitazione della cornetta di postiglione[2’27]

28 Capriccio in E major ‘in honorem Johann Christoph Bachii Ohrdrufiensis’ BWV993[6’07]

Mahan Esfahani, cravo

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Esfahani dando um rolê pelo centro de Morungava

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 8, Op. 65 (Berliner Philharmoniker & Kirill Petrenko)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 8, Op. 65 (Berliner Philharmoniker & Kirill Petrenko)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Com alguma justiça, convencionou-se dizer que a Orquestra Filarmônica de Berlim é a campeã das orquestras. Isso desde antes do polêmico Karajan, na verdade desde o século XIX, com Hans von Bülow, entrando no século XX com Nikisch, Furtwängler e outros. Depois de HvK, tivemos os nomes lendários de Abbado e Rattle, chegando a 2018 com Kirill Petrenko. O russo ainda tem poucas gravações, mas já demonstra que tem tudo para seguir a estirpe. Esta versão da Sinfonia Nº 8 de Shostakovich é maravilhosa, dando aquela impressão de não somente ser definitiva como de estarmos ouvindo uma orquestra segura e infalível numa obra cheia de dificuldades. Trata-se de uma performance vívida, respirando convicção em cada momento. Não é apenas o alcance emocional da música que é destacado, há muito caráter também, especialmente em alguns dos solos. Kirill Petrenko nos lembra que Shostakovich poderia evocar emoções cruas com a urgência e acuidade de Mahler ou Tchaikovsky. Afinal, a Oitava é quase um drama psicológico, não?

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 8, Op. 65 (Berliner Philharmoniker & Kirill Petrenko)

1 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: I. Adagio – Allegro non troppo 25:12
2 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: II. Allegretto 06:10
3 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: III. Allegro non troppo 06:00
4 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: IV. Largo 09:55
5 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: V. Allegretto 13:39

Berliner Philharmoniker
Kirill Petrenko

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Petrenko: apenas magnífico!

PQP

Johann Adam Birckenstock (1687-1733) / Franz Benda (1709-1786): Sonatas para Violino e baixo contínuo (Sans Souci)

Johann Adam Birckenstock (1687-1733) / Franz Benda (1709-1786): Sonatas para Violino e baixo contínuo (Sans Souci)

Um esplêndido e inesperado disco de música barroca. Também é uma raridade, tanto que não consegui em lugar nenhum a relação das faixas. Mas adorei ouvi-lo muitas vezes. O Ensemble Sans Souci é extremamente competente e dá vida aos desconhecidos Birckenstock e Benda. Sim, sei da família Benda.

Johann Adam Birkenstock foi um compositor e violinista alemão. Foi considerado um dos principais violinistas de sua época. Em Kassel, tornou-se músico da corte em 1708, onde permaneceu até 1722, quando embarcou em uma turnê pela Holanda. Lá, foi oferecido a Birkenstock um posto na comitiva do Rei de Portugal. Ele recusou a oferta e após seu retorno a Kassel foi nomeado Konzertmeister da capela local em 1725. Quando o Landgrave de Kassel morreu em 1730, Birkenstock mudou-se para Eisenach, onde também se tornou o Kapellmeister da corte.

Franz (František) Benda nasceu na Boêmia na povoação de Altbenatky. Tornou-se o fundador de uma escola alemã de tocar violino. Depois obteve um cargo na Capela Real de Dresden. Ao mesmo tempo, juntou um grupo de músicos que tocavam em festas, feiras, etc. Aos dezoito anos de idade Benda abandonou esta vida errante e retornou a Praga, indo depois para Viena, onde estudou violino com Heinrich Graun, um aluno de Tartini. Dois anos depois, foi nomeado mestre de capela em Varsóvia. Benda foi um mestre na arte de tocar violino. Tinha muitos alunos e escreveu uma série de obras, principalmente exercícios e estudos de violino.

Johann Adam Birckenstock (1687-1733) / Franz Benda (1709-1786): Sonatas para Violino e baixo contínuo (Sans Souci)

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Benda foi bem feio, não?

PQP

Franz Schubert (1797-1828): Complete Violin Sonatas (Neudauer, Brunner)

Franz Schubert (1797-1828): Complete Violin Sonatas (Neudauer, Brunner)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma Schubertiade ou, aportuguesando, uma Schubertíada é um evento realizado para celebrar a música de Franz Schubert. À princípio era um evento privado, de salão. As Schubertíadas modernas também incluem séries de concertos e festivais. Durante a vida de Schubert, esses eventos eram geralmente reuniões informais e não anunciadas, realizadas em residências particulares. As Schubertiades na Viena do início do século 19 eram tipicamente patrocinadas por amigos ricos e aficionados da música de Schubert. Numerosos recitais foram organizados a partir de 1815 no grande apartamento do jurista e patrono austríaco Ignaz von Sonnleithner. Um amigo de Schubert, Leopold Kupelwieser, afirmou que os mantinha porque “Eu me mimo com uma Schubertiade de vez em quando”. Até aí tudo bem. Mas… Vocês não acham que Schubert escreveu apenas sinfonias para seguir Beethoven e o restante de suas obras para as Schubertíadas? Por que ele escreveu apenas sinfonias e música de câmara, muita música de câmara, onde realmente metia a cara e avaliava o impacto sobre os ouvintes? Cadê os concertos de Schubert? Ah, quero mais schubertíadas na minha vida. Este CD é sublime. E mais não digo.

Franz Schubert (1797-1828): Complete Violin Sonatas (Neudauer, Brunner)

Sonata In G Minor D 408, Nº 3, Op. 137 (16:16)
1 Allegro Giusto 5:02
2 Andante 4:30
3 Menuetto 2:38
4 Allegro Moderato 4:06

Sonata In D Minor D 384, Nº 1, Op. 137 (12:27)
5 Allegro Molto 4:54
6 Andante 4:27
7 Allegro Vivace 4:06

Sonata In Minor D 385, Nº 2, Op. 137 (20:20)
8 Allegro Moderato 6:28
9 Andante 6:52
10 Menuetto. Allegro 2:25
11 Allegro 4:35

Sonata In A Major D 574, Nº 4, Op. 162 (22:09)
12 Allegro Modereato 8:59
13 Scherzo. Presto 4:06
14 Andantino 3:53
15 Allegro Vivace 5:11

Fortepiano – Wolfgang Brunner
Violin – Lena Neudauer

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Uma schubertíada com o próprio

PQP

Claudio Santoro (1919-1989): Obra Completa para Violino e Piano (Baldini / Santoro)

Claudio Santoro (1919-1989): Obra Completa para Violino e Piano (Baldini / Santoro)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Claudio Santoro foi um grande, um imenso compositor brasileiro. Além de talentoso, era alguém posicionado politicamente. Por exemplo, quando era jovem, teve seu visto recusado para estudar nos EUA por ser filiado ao PCB. Coerentemente, suas obras não são meras abstrações. Ou seja, ele foi um ser humano e um artista inteiro, se me entendem. No caso que exemplifiquei, o de seus estudos, a segunda opção era Paris… E ele foi estudar com Nádia Boulanger!

Santoro escreveu quatorze sinfonias, uma ópera (Alma), inúmeras obras orquestrais, concertos, quartetos e peças de câmara, tudo da melhor qualidade. Também foi professor fundador do Departamento de Música da Universidade de Brasília. Em 1979, fundou a Orquestra do Teatro Nacional de Brasília, atualmente Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, da qual foi regente titular até sua morte em março de 1989. 

Em nosso tempo, Emmanuele Baldini vem fazendo um notável trabalho de registro da música de concerto brasileira. E aqui ele está com o filho de Santoro, Alessandro, excelente pianista (e cravista) formado no conservatório de Moscou e responsável pelo acervo de seu pai. Desde os primeiros minutos de audição percebe-se que Baldini está encharcado de Santoro até os ossos. Com efeito, ele me escreveu dizendo que estudou tanto estas obras que teve a impressão de conhecer pessoalmente o compositor. E completo dizendo que esta impressão deveria ser maior por estar ao lado de seu filho. Isso é audível, a atenção de Baldini a Santoro não foi e nem poderia ser residual. Claudio Santoro merece este cuidado. É um compositor único. Tem um lirismo muito particular e forte, que conseguimos ver transposto e referindo realidades. O resultado é estupendo. Baldini e Alessandro Santoro dão um espetáculo de senso de estilo e competência neste excelente e, infelizmente, pouco conhecido repertório.

Claudio Santoro (1919-1989): Obra Completa para Violino e Piano (Baldini / Santoro)

CD1

01. Sonata No. 1 para Violino e Piano: Andante
02. Sonata No. 1 para Violino e Piano: Allegro

03. Sonata No. 2 para Violino e Piano: Allegro
04. Sonata No. 2 para Violino e Piano: Andante
05. Sonata No. 2 para Violino e Piano: Allegro Molto

06. Sonata No. 3 para Violino e Piano: Bien Rythmé
07. Sonata No. 3 para Violino e Piano: Allegro Moderato
08. Sonata No. 3 para Violino e Piano: Allegro Energico
09. Sonata No. 3 para Violino e Piano: Epílogo

10. Sonata No. 4 para Violino e Piano: Allegro
11. Sonata No. 4 para Violino e Piano: Lento
12. Sonata No. 4 para Violino e Piano: Allegro

13. Sonata No. 5 para Violino e Piano: Allegro
14. Sonata No. 5 para Violino e Piano: Lento
15. Sonata No. 5 para Violino e Piano: Vivo-molto
16. Sonata No. 5 para Violino e Piano: Allegro Molto

CD2

01. Sicilienne Op.1 para Violino e Piano

02. Op.4 para Violino e Piano

03. Sonata 1939 para Violino e Piano: I. Allegro
04. Sonata 1939 para Violino e Piano: II. Andante

05. Na Serra da Mantiqueira

06. Elegia No. 1 para Violino e Piano
07. Elegia No. 2 para Violino e Piano: Romance
08. Elegia No. 3 para Violino e Piano: Andante

Emmanuele Baldini, violino
Alessandro Santoro, piano

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Baldini e Santoro no resort de inverno da PQP Bach Corp.

PQP

Hans Werner Henze (1926-2012): Requiem, Nine Sacred Concertos For Piano Solo, Trumpet Concertante And Chamber Orchestra (Metzmacher)

Hans Werner Henze (1926-2012): Requiem, Nine Sacred Concertos For Piano Solo, Trumpet Concertante And Chamber Orchestra (Metzmacher)

Este é um Réquiem diferente. Um Réquiem sem solistas vocais nem coro. Um Réquiem instrumental. Com suas imagens de guerra e terror, angústia e esperança, é tentador ver neste ciclo de nove concertos de Henze um memorial para aquele capítulo da história alemã que se encerrou com a queda do Muro de Berlim. É preciso resistir à tentação: o compositor refutou categoricamente essa interpretação, pois a inspiração era pessoal, decorrente da morte de seu amigo, o Diretor Artístico da Sinfonietta de Londres, Michael Vyner, em 1989 e mais amplo do que a história de qualquer nação. Composto entre 1990 e 1992, o Réquiem  instrumental e não litúrgico foi estreado em 1993 em Colônia pelo grupo acima. Os grandes estouros do Dies irae e do Rex tremendae, provocados pelos acontecimentos da Guerra do Golfo em 1991, são conduzidos pela orquestra com a mesma segurança com que a delicadeza e a quietude exigidas no Lux aeterna e no Agnus dei. Para quem não conhece, Hans Werner Henze foi um compositor alemão residente na Itália, conhecido por suas opiniões políticas marxistas que influenciam na sua obra. Trocou a Alemanha pela Itália em 1953, em razão da intolerância as suas posições políticas e a sua homossexualidade.

Requiem, Nine Sacred Concertos For Piano Solo, Trumpet Concertante And Chamber Orchestra

1 I. Introitus: Requiem 4:03
2 Il. Dies Irae 7:19
3 Ill. Ave Verum 7:16
4 IV. Lux Aeterna 7:50
5 V. Rex Tremendae 7:20
6 Vl. Agnus Dei 7:57
7 Vll. Tuba Mirum 6:49
8 VIll. Lacrimosa 6:55
9 IX. Sanctus 7:29

Conductor – Ingo Metzmacher
Ensemble – Ensemble Modern
Piano – Ueli Wiget
Trumpet – Håkan Hardenberger

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Henze, este foi grande!

PQP

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas K. 515 & 516 (Ébène + Tamestit)

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas K. 515 & 516 (Ébène + Tamestit)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu, PQP Bach, amo estes dois Quintetos escritos por Mozart em sua fase final. O K. 515 e 516 são dois “quintetos de violas” na medida em que foram escritos para quarteto de cordas e uma viola extra (dois violinos , duas violas e violoncelo), contrariamente ao comum, que é dobrar o violoncelo. O K. 515, em dó maior, foi finalizado em 19 de abril de 1787, menos de um mês antes da conclusão do tempestuoso Quinteto em sol menor, K. 516. Esta não seria a última vez que um grande par de obras em dó maior / sol menor seriam publicadas em estreita proximidade e receberiam números Köchel consecutivos. No ano seguinte, as sinfonias 40 (sol menor) e 41 (dó maior) seriam concluídas com algumas semanas de diferença. Dizem que Mozart compôs estes dois quintetos de cordas só para mostrar ao recém-empossado rei Frederico Guilherme II da Prússia que era tão bom ou melhor do que Luigi Boccherini no formato que celebrizou o italiano… Frederico Guilherme, que sucedeu a Frederico o Grande, era ótimo violoncelista. Fez isso porque teria chegado a seus ouvidos que Boccherini era candidato ao posto de diretor da música na corte da Prússia. Nesta gravação, o Ébène convida o amigo e violista Antoine Tamestit para tocar estas duas obras lindas e contrastantes. Os movimentos lentos estão de cortar os pulsos, mas com alegria…

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas K. 515 & 516 (Ébène + Tamestit)

String Quintet No.3 In C, K.515
1 Allegro
2 Menuetto (Allegretto)
3 Andante
4 Allegro

String Quintet No.4 In G Minor, K. 516
4 Allegro
5 Menuetto (Allegretto)
6 Adagio Ma Non Troppo
7 Adagio-Allegro

Cello – Raphaël Merlin
Ensemble – Quatuor Ebène
Viola – Antoine Tamestit, Marie Chilemme
Violin – Gabriel Le Magadure, Pierre Colombet

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Acima, o Ébéne posando sem Tamestit.

PQP

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

Neste interessante CD, Marc-André Hamelin interpreta gente como ele, ou seja, compositores-pianistas. OK, quase todos são, mas Hamelin se dedica aos grandíssimos virtuoses que, de vez em quando, achatam suas bundas numa cadeira para compor. O resultado é uma série de obras onde, em sua maioria, são exigidas habilidades demoníacas dos pianistas, o que não é problema para Hamelin, um pianista que parece ter e controlar uns 36 dedos sem se confundir. Há umas coisas decididamente bobas, outras lindas e outras em que a gente fica pensando: como ele consegue tocar essa coisa? Bem coloquemos as coisas em seus devidos lugares: o pianista canadense Marc-Andre Hamelin é um fenômeno, tendo uma série de gravações de tirar o fôlego. Ele se estabeleceu mais ou menos como o maior virtuose do planeta, e este disco só irá aumentar essa reputação — isto não significa que ele seja o melhor, claro. Hamelin faz parte de uma longa linhagem de compositores-pianistas. Alguns compuseram obras de dificuldade sobre-humana para exibir suas próprias proezas e fazer seus colegas se acovardarem, outros o fizeram para se apresentaram em público, ou seja, por razões financeiras (Rachmaninov e Medtner são bons exemplos). Este disco contém uma amostra representativa destes trabalhos, muitos dos quais não foram gravados anteriormente ou pelo menos são difíceis de encontrar. O CD também traz músicas de dois “gênios reclusos”: Charles-Valentin Alkan e Kaikhosru Shapurji Sorabji, ambos homens que produziram obras de desafios técnicos diabólicos enquanto se isolavam de quase todo contato humano e musical.

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

1 Toccata In G Flat Major Op 13
Composed By – Leopold Godowsky
3:18

2 Poème Tragique Op 34
Composed By – Alexander Scriabin*
3:13

3 Etude No 9 (D’après Rossini)
Composed By – Marc-André Hamelin
3:48

4 Etude No 10 (D’après Chopin) (‘Pour Les Idées Noires’) 2:01

5 Schübler Chorale No 6 (transcription)
Composed By – Bach*
Transcription By – Samuel Feinberg*
3:29

6 Andante From Symphony No 94 (transcription)
Composed By – Haydn*
Transcription By – Charles-Valentin Alkan
5:48
Esquisses Op 63
Composed By – Charles-Valentin Alkan
7 No 46: Le Premier Billet Doux 1:05
8 No 47: Scherzetto 2:11

9 Fantasia Nach J S Bach
Composed By – Ferruccio Busoni
13:37

10 Moment Musical In E Flat Minor Op 16 No 2 (Revised Version 1940)
Composed By – Sergei Rachmaninov*
2:45

11 Etude-Tableau In E Flat Op 33 No 4 (Originally No 7)
Composed By – Sergei Rachmaninov*
1:37
Deux Poèmes Op 71
Composed By – Alexander Scriabin*
12 No 1: Fantastique 1:18
13 No 2: En Rêvant, Avec Une Grande Douceur 1:51

14 Berceuse Op 19a
Composed By – Samuel Feinberg*
4:53

15 Improvisation No 1 In B Flat Minor Op 31 No 1
Composed By – Nikolai Medtner
7:02

16 Pastiche On The Hindu Merchant’s Song From ‘Sadko’ By Rimsky-Korsakov
Composed By – Kaikhosru Shapurji Sorabji
4:05

17 Prelude And Fugue (Etude No 12)
Composed By – Marc-André Hamelin

Marc-André Hamelin, piano

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Hamelin aqui na Livraria Bamboletras. Quem dera…

PQP

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos de Cordas Nº 1, 2 e 3 (Quatuor Ébène)

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos de Cordas Nº 1, 2 e 3 (Quatuor Ébène)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um CD de 2007. Então, aqui o extraordinário Quarteto Ébène ainda tinha sua primeira formação, com Pierre Colombet, 1º violino; Gabriel Le Magadure, 2º violino; Mathieu Herzog, viola e Raphaël Merlin, violoncelo. O quarteto, que já era fantástico, só se tornou melhor com o ingresso da violista Marie Chilemme no lugar de Herzog em 2017. Falar sobre o repertório é ocioso, basta você visitar este link que você terá a obra completa de Bartók e mais uns 130 CDs dele. Ah, e quando apresentamos a obra completa, descrevemos dedicadamente cada um dos quartetos em várias versões. Vai lá! Sobre a interpretação, só posso dizer que o Ébène compreende muito bem o húngaro. Suas interpretações são excelentes!

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos de Cordas Nº 1, 2 e 3 (Quatuor Ébène)

Quatuor à Cordes No 1 Opus 7 Sz. 40
1 Lento
2 Allegretto
3 Introduzione: Allegro – Allegro Vivace

Quatuor à Cordes No 2 Opus 17 Sz. 67
4 Moderato
5 Allegro Molto Cappriccioso
6 Lento

Quatuor à Cordes No 3 Opus 3 Sz. 85
7 Prima Parte: Moderato
8 Seconda Parte: Allego
9 Ricapitulazione Della Prima Parte: Moderato
10 Coda: Allegro Molto

Quatuor Ébène

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

O fotógrafo deles em 2007 devia gostar muito do rock inglês.

PQP

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 9, WAB 109 (Nowak Edition) (Thielemann)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O problema de Bruckner é resultado da timidez, da falta de confiança e de segurança do artista em si mesmo. Bruckner faria sucessivas revisões de suas sinfonias que são, em sua maioria, obras-primas. Aconteceu com todas elas. Por exemplo, a segunda, terminada em 1872, foi revisada em 1873, 1876, 1877 e em 1892 — detalhe, a obra já contava com edições publicadas e estreadas. Quem mais sofreu com esse desassossego de Bruckner foram suas Terceira e Quarta sinfonias. A Terceira, composta em 1873, tem cinco versões! Então, cada execução tem que explicar a versão que está sendo tocada. Uma versão não é muito diferente da outra, mas às vezes a gente se surpreende. A Nona é a mais radical de todas as sinfonias de Bruckner, surpreendentemente diferentes umas das outras. Seu material temático é tão audacioso que é preciso ouvi-la várias vezes para entender o que é, enquanto suas transições são mais abruptas do que em qualquer outra. É uma das minhas preferidas da série, juntamente com a 4ª, 5ª e a 7ª. O trabalho de Thielemann e dos filarmônicos de Viena é impecável! Talvez o Scherzo devesse ser mais demoníaco, mas tudo bem…

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 9, WAB 109 (Nowak Edition) (Thielemann)

1 I. Feierlich, Misterioso 23:22
2 II. Scherzo. Bewegt, Lebhaft. Trio. Schnell 10:29
3 III. Adagio. Langsam, Feierlich 23:46

Orq. Filarmônica de Viena
Christian Thielemann

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

PQP

.: interlúdio :. Your Mother Should Know – Brad Mehldau plays Beatles

.: interlúdio :. Your Mother Should Know – Brad Mehldau plays Beatles

Eu gosto muito dos Beatles. Sou daqueles que boto a agulha para ouvir meu vinil original de Rubber Soul e fico na expectativa, na espera do início de Drive my car. Aquela guitarra de abertura me comove de forma avassaladora. Minha (boa) infância retorna com tudo, principalmente com sua alegria. Bem, este álbum solo ao vivo de Brad Mehldau apresenta interpretações do pianista para nove canções de Lennon e McCartney e uma de Harrison. Embora outras canções dos Beatles tenham sido a base dos shows solo e trio de Mehldau, ele não havia gravado nenhuma das músicas deste Your Mother Should Know antes. O álbum termina com um bis de David Bowie, o que estabeleceria uma conexão entre os Beatles e os compositores que vieram depois. Your Mother Should Know foi gravado em setembro de 2020 na Philharmonie de Paris. “Há uma universalidade indiscutível nos Beatles”, disse Mehldau, na época. “Sua música atravessa linhas culturais e geracionais, à medida que novos ouvintes continuam a descobri-la. Há um imediatismo e uma integridade em suas canções que atraem a todos. Quando eu estava começando no instrumento, os Beatles ainda não estavam no meu radar. Eu não sabia que muito da música pop duradoura que eu ouvia no rádio surgira a partir deles. Essa música se tornou parte da minha personalidade musical e, quando descobri os Beatles mais tarde, tudo se conectou. A música deles, e sua ampla influência sobre outros artistas, continua a fazer parte do que faço. Há muita coisa boa e original na série de álbuns revolucionários que começam com Rubber Soul e Revolver até seu álbum final, Let It Be.”

Eu? Eu gostei muito de algumas coisas e menos de outras. Para mim, os pontos altos são I am the…, Your Mother…, I saw…, She said…, If I needed…, Golden Slumbers, etc. Um bom disco!

.: interlúdio :. Your Mother Should Know – Brad Mehldau plays Beatles

1 I Am The Walrus
2 Your Mother Should Know
3 I Saw Her Standing There
4 For No One
5 Baby’s In Black
6 She Said, She Said
7 Here, There And Everywhere
8 If I Needed Someone
9 Maxwell’s Silver Hammer
10 Golden Slumbers
11 Life On Mars?

Brad Mehldau, piano

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Brad Mehldau: um beatlemaníaco da mais alta estirpe

PQP

Franz Schubert (1797-1828): Sonatas for Violin & Piano (Biondi / Tverskaya)

Franz Schubert (1797-1828): Sonatas for Violin & Piano (Biondi / Tverskaya)

Estas Sonatas não têm nada a ver com o nome “Sonatinas”, através do qual eram chamadas no passado. Estão mais para “Sonatões”. Schubert era um hábil violinista que escrevia de forma orgânica para um instrumento que conhecia muito bem e isto é encantadoramente evidente aqui. Biondi e Tverskaya tocam, respectivamente, uma cópia moderna de um violino de 1740 e um pianoforte de 1820 que evocam vividamente a atmosfera dessa música. Eles cantam demais, o que significa que seu Schubert é convincente. Poucos compositores inventaram melodias tão belas como ele! A espontaneidade cativante – revigorada pelas elegantes ornamentações de Biondi – revela uma mistura potente de vigor, paixão e, muitas vezes, delicadeza. Um disco essencial para todos os schubertianos.

Franz Schubert (1797-1828): Sonatas for Violin & Piano (Biondi / Tverskaya)

Sonata in A major, op. posth. 162, D.574
1. I. Allegro moderato – 7:57
2. II. Scherzo: presto – 3:49
3. III. Andantino – 4:27
4. IV. Allegro vivace – 4:43

Sonata in D major, op. 137, no.1
5. I. Allegro molto – 4:08
6. II. Andante – 4:23
7. III. Allegro vivace – 3:59

Sonata in A minor op.137, no.2
8. I. Allegro moderato – 9:09
9. II. Andante – 7:37
10. III. Menuetto: allegro – 2:12
11. IV. Allegro – 4:32

Sonata in G minor op.137, no.3
12. I. Allegro giusto – 4:31
13. II. Andante – 7:17
14. III. Menuetto – 2:25
15. IV. Allegro moderato – 5:09

Fabio Biondi – violin
Olga Tverskaya – piano

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Schubert, mostrando como se descansava na primeira metade do século XIX.

PQP

Alban Berg (1885-1935): Violin Concerto / Three Orchestral Pieces / Piano Sonata / Passacaglia (Ehnes, Davis, BBC SO)

Alban Berg (1885-1935): Violin Concerto / Three Orchestral Pieces / Piano Sonata / Passacaglia (Ehnes, Davis, BBC SO)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um disco extraordinário, por razões difíceis de explicar. Tudo começa com as lindas transcrições de Sir Andrew Davis para peças de Berg. Ele consegue explorar e descobrir sonoridades orquestrais insuspeitadas. O desempenho da Orquestra da BBC é extraordinário. É aquela coisa vienense meio decadente. No final do CD, temos o comovente Concerto para Violino de Berg, À Memória de um Anjo. Explico mais: este Concerto para violino foi umas das últimas obras escritas por Alban Berg. Composto entre a Primavera e o Verão de 1935, foi uma encomenda do jovem violinista Louis Krasner. Nessa época, a ascensão do nazismo limitava a carreira de muitos músicos de ascendência judaica, entre os quais Alban Berg. Vivendo um período de dificuldades financeiras, o compositor já não estava nuim período muito feliz. Pouco tempo após começar a escrever a obra, Berg recebeu a notícia da morte de Manon Gropius, filha do arquiteto Walter Gropius e de Alma Mahler. Manon faleceu aos 18 anos, vítima de poliomielite. O Concerto transformou-se então num tributo à memória da adolescente. Berg criou um concerto programático de enorme tensão emocional. James Ehnes dá ao Concerto um tratamento digno. A cadência em forma de lamento — que retoma alguns elementos do andamento anterior — talvez jamais tenha sido tão bem tocada. A intensidade vai crescendo até atingir o clímax, reforçada pela orquestração. A meditação caracteriza a segunda parte do andamento, que evoca a libertação e a ausência. Na conclusão do concerto, Berg inclui uma citação do coral Es ist genug. A melodia desse coral foi composta por Johann Rudolf Ahle e publicada em 1662. Posteriormente, Bach reutilizou-a, e Berg cita a versão bachiana. O texto original é uma reflexão que associa a morte à libertação do sofrimento terreno. Assim, Manon Gropius libertou-se das agruras de um mundo que estava em profunda transformação. No seu epitáfio, Berg funde estilos, períodos e gêneros com mestria, numa das obras mais belas do Modernismo.

Alban Berg (1885-1935): Violin Concerto / Three Orchestral Pieces / Piano Sonata / Passacaglia (Ehnes, Davis, BBC SO)

1 Piano Sonata, Op. 1 (Orchestrated By Sir Andrew Davis) 12:04

2 Passacaglia (Orchestrated By Sir Andrew Davis) 4:24

Three Orchestral Pieces, Op. 6
3 I. Präludium 4:39
4 II. Reigen 6:05
5 III. Marsch 10:19

Violin Concerto
6 I. Andante 11:57
7 II. Allegro 16:32

James Ehnes, violino
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Manon Gropius em 1933

PQP

Verdi (1813-1901): Requiem – Messa Da Requiem (Bernstein / Arroyo / Veasey / Domingo / Raimondi / London Symphony Orchestra & Chorus)

Verdi (1813-1901): Requiem – Messa Da Requiem (Bernstein / Arroyo / Veasey / Domingo / Raimondi / London Symphony Orchestra & Chorus)

Esta gravação de 1970, feita no Royal Albert Hall de Londres, é bastante histriônica. O início é arrastadíssimo, os tímpanos no Dies Irae são ensurdecedores, o sotto voce no Quantus tremor é exagerado, o Andante do Libera me é um Adagio bem lento. Do lado positivo, Bernstein observa muitos pontos que outros ignoram — por exemplo, as trompas Tuba mirum, o maravilhosamente vivo e preciso Sanctus, a leveza do Pleni sunt coeli. A acústica do Albert Hall ajuda a dar à performance um ambiente real (incluindo um pouco de eco), embora às vezes o som seja desconfortável. A LSO e seu Coro atendem a todas as exigências rigorosas de Bernstein. Veasey faz um mezzo profundamente eloquente. Domingo, lá no início de sua carreira internacional (substituindo um doente Corelli), canta com espontaneidade agradável. Raimondi canta com requinte, mas num estilo bem antiquadão. Arroyo é uma decepção. Seu vibrato é parkinsoniano. Mas prefiro essa leitura àquela menos comprometida e mais rotineira de Solti na Decca, mas não à interpretação muito mais refinada e igualmente dramática de Giulini. Porém a versão superaquecida de Bernstein não deve ser ignorada.

Verdi (1813-1901): Requiem – Messa Da Requiem (Bernstein / Arroyo / Veasey / Domingo / Raimondi / London Symphony Orchestra & Chorus)

1-1 I – Requiem & Kyrie 10:42
1-2 II – Dies Irae, Dies Illa 2:11
1-3 Tuba Mirum Spargens Sonum 3:05
1-4 Liber Scriptus Proferetur 5:09
1-5 Quid Sum Miser 4:00
1-6 Rex Tremendae Majestatis 4:05
1-7 Recordare, Jesu Pie 4:37
1-8 Ingemisco Tamquam Reus 4:03
1-9 Confutatis Maledictis 5:20
1-10 Lacrimosa Dies Illa 7:07
2-1 III – Offertorio 11:44
2-2 IV – Sanctus 2:31
2-3 V – Agnus Dei 5:55
2-4 VI – Lux Aeterna 6:35
2-5 VII – Libera Me 13:40

Bass Vocals – Ruggero Raimondi
Chorus – London Symphony Chorus
Chorus Master – Arthur Oldham
Composed By – Giuseppe Verdi
Conductor – Leonard Bernstein
Mezzo-soprano Vocals – Josephine Veasey
Orchestra – Londoner Sinfonie-Orchester*
Soprano Vocals – Martina Arroyo
Tenor Vocals – Placido Domingo

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Bernstein limpando a cozinha de seu flat no PQP Bach Hotel for Composers de Londres.

PQP

Prokofiev: Concerto Nº 2 para Violino e Orq. / Rachmaninov: Danças Sinfônicas (Laurenceau / Sokhiev / Toulouse)

Prokofiev: Concerto Nº 2 para Violino e Orq. / Rachmaninov: Danças Sinfônicas (Laurenceau / Sokhiev / Toulouse)

Este é um daqueles discos tão bem interpretados — orquestra, solistas, regente — que nos convence de qualquer coisa. O trabalho de Sokhiev e seus pupilos é esplêndido, a captação do som é notável e até Rach fica parecendo muito bom. Falo sério!

O Concerto Nº 2 para Violino de Prokofiev é muito bonito — é uma de minhas músicas preferidas neste mundo –, dois belos movimentos rápidos circundam um sublime e apaixonado movimento central. Pouco antes de seu regresso definitivo à Rússia, em 1935, na mesma época em que trabalhava no balé Romeu e Julieta, Prokofiev compôs este maravilhoso Concerto. Trata-se de sua última obra composta no Ocidente.

Já a composição das Danças — pero no mucho — Sinfônicas permitiu a Serguei Rachmaninov um mergulho nas lembranças de sua antiga Rússia. Última de suas obras, as Danças são como um resumo de sua vida de compositor. De grande variedade rítmica e lirismo, a obra é plena de reminiscências dos cantos da Igreja Ortodoxa Russa e de citações de obras do próprio Rachmaninov, além de Rimsky-Korsakov, Stravinsky e outros.

Serguei Prokofiev — Violin Concerto No.2 In G Minor, Op. 63
Violin – Geneviève Laurenceau
1 – Allegro Moderato
2 – Andante Assai
3 – Allegro, Ben Marcato

Serguei Rachmaninov — Symphonic Dances, Op. 45
4 – Non Allegro
5 – Andante Con Moto (Tempo Di Valse)
6 – Lento Assai – Allegro Vivace – Lento Assai. Come Prima – Allegro Vivace

Geneviève Laurenceau, violin
Orchestre National Du Capitole De Toulouse
Tugan Sokhiev

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Geneviève Laurenceau posando para nosso blog na Cathédrale Athée du Son Moderne de Toulouse (propriedade da PQP Bach Corp.)

PQP

.:interlúdio:. Mingus Big Band Live at Jazz Standard

.:interlúdio:. Mingus Big Band Live at Jazz Standard

Quem se acostumou ao barato da droga de Charlie Mingus sabe: ela causa dependência para toda vida. Não, não há ex-viciados. Sorte nossa é que há muitos e bons músicos drogaditos sempre prontos a não deixarem que padeçamos de síndrome de abstinência. Mesmo 32 anos após a morte do grande baixista, ainda há carradas de gente devotadas à obra deste notável compositor de música erudita… que gostava de jazz. Este disco de 2009 não é o melhor da Big Band formada para cultuar Mingus, mas é um álbum ao vivo absolutamente estimulante para quem gosta do jazz visceral e raivoso praticado pelo homem que era 3.

Destaque para uma das muitas homenagens feitas à Charlie Parker, Gunslinging Birds, mas também para Cryin’ Blues, Open Letter To Duke, Moanin’ e Goodbye Pork Pie Hat. A obra de Mingus parece ter mais facetas do que mostra qualquer LSD.

Divirtam-se. Embriaguem-se. Droguem-se. Quem gostar não vai poder mais viver sem.

Mingus Big Band Live at Jazz Standard

1. Gunslinging Birds
2. New Now Know How
3. Self-Portrait In Three Colors
4. Birdcalls
5. E’s Flat Ah’s Flat Too
6. Cryin’ Blues
7. Open Letter To Duke
8. Moanin’
9. Goodbye Pork Pie Hat
10. Song With Orange

Mingus Big Band

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

O cara era bom mesmo. Canta a menina enquanto carrega seu pequeno instrumento.
O cara era bom mesmo. Canta a menina enquanto carrega seu pequeno instrumento.

PQP

Astor Piazzolla (1921-1992): As Quatro Estações Portenhas / 2 Tangos para Orq de Cordas e outras peças (Les Violons du Roy)

Astor Piazzolla (1921-1992): As Quatro Estações Portenhas / 2 Tangos para Orq de Cordas e outras peças (Les Violons du Roy)

Pois é. O melhor intérprete de Piazzolla é o próprio Piazzolla. Seus discos tem uma aspereza que, talvez por pudor, talvez por respeito, ninguém repete. Piazzolla parecia ser alguém dotado daquele mau humor, daquela arrogância sofisticada buenairense. Mas isso não tira o mérito de Jean-Marie Zeitouni e seus violinos do rei. Eles tentaram e se saíram bastante bem. Se Piazzolla por Piazzolla é um dançarino sensual, arriscado e de cara amarrada — um verdadeiro tanguero, os quebequianos ficam mais para o emocionante e o divertido. A arte do violinista Pascale Giguère, membro de longa data do grupo, brilha muito. Seu verão, por exemplo, é alternadamente fluido, fantasioso ou ardente, no que é acompanhado por seus cúmplices da orquestra. Há muito mais para saborear aqui, variando de tangos lentos e sedutores até, vejamos…, tangos rápidos e sedutores. Confiram.

Astor Piazzolla (1921-1992): As Quatro Estações Portenhas / 2 Tangos para Orq de Cordas e outras peças (Les Violons du Roy)

Les Quatre Saisons de Buenos Aires
Soloist, Violin – Pascale Giguère
(28:49)
1 Été 6:28
2 Automne 7:50
3 Hiver 7:58
4 Printemps 6:33

Deux Tangos Pour Orchestre À Cordes (7:31)
5 Coral 4:03
6 Canyengue 3:28

7 Fuga y Misterio 4:07

8 Graciela Y Buenos Aires
Soloist, Cello – Benoît Loiselle
7:30

9 Milonga Del Ángel 6:57
10 La Muerte Del Ángel 3:08

Arranged By – J. Bragato* (tracks: 7, 9, 10), Leonid Desyatnikov* (tracks: 1 to 4)
Cello – Benoît Loiselle, Carla Antoun, Laurence Leclerc, Sylvain Murray
Composed By – Astor Piazzolla (tracks: 1 to 7, 9, 10), José Bragato (tracks: 8)
Conductor – Jean-Marie Zeitouni
Double Bass – Raphaël McNabney, Étienne Lépine-Lafrance
Ensemble – Les Violons du Roy
Piano, Harpsichord – François Zeitouni
Viola – Annie Morrier, Eric Paetkau, Gregory Hay, Jean-Louis Blouin
Violin [II] – Nicole Trotier, Noëlla Bouchard, Renaud Lapierre, Sophia Gentile
Violin [I] – Angélique Duguay, Maud Langlois, Michelle Seto, Pascale Gagnon, Pascale Giguère

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Esforço monumental: Piazzolla tenta um sorriso

PQP

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Paixão Segundo São Lucas (Wit)

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Paixão Segundo São Lucas (Wit)

– Postagem original de 2009 –

Descobri esta obra na discoteca do Instituto Goethe lá pelos anos 80, quando este ainda localizava-se no centro de Porto Alegre e sua blibioteca-discoteca tinha a mão de Herbert Caro. A obra insere-se na fase radical de Penderecki, nada tendo a ver com sua atual fase melódica, da qual também gosto. Costuma-se afirmar que esta versão de Antoni Wit é superior àquela que ouvia lá no Goethe, que era do próprio compositor. Estou de acordo.

Um leitor da Amazon escreveu a seguinte resenha a respeito:

By Shota Hanai (Torrance, CA):

Krzystof Penderecki has become one of my favorite composers ever since I listened to some of his most radical works, including the “Threnody to the Victims of Hiroshima”, the two “De Natura de Sonoris”, and the “St. Luke Passion”, his musical depiction of the last hours of Christ.

This is one of the most graphic, most intense pieces of music the world has to witness. The work is divided in two parts. In Part I, The ominous introduction, with the chorus singing “Hail the Cross”, already invites doom. Christ’s prayer on Mt. Olives begins somberly, but leads to a teffifying climax as the chorus sings “I am crying”, before dying down to near silence. In the capture scene, once can vision the approaching Roman legion, with a series of nasty brass sounds and stampede of percussion. The mocking of Jesus is equally violent, as the entire orchestra and chorus seems to laugh at Him. Sinister monophonic notes rip the air as the chorus shouts “Crucify Him!”

Part II begins with Christ’s carrying of the cross. The cruficixion scene features one of the most excrutiating tone clusters the chorus ever produced, as overwhelming as the pain Jesus witnessed with pins hammered to His hands and feet. In the “Stabat Mater”, when the Virgin Mary watches her dying Son, the music becomes relatively calm, but the avant-garde sound is still prevalent. The music becomes violent again when Christ utter his last words, before the music dies away, along with Christ’s spirit. The concluding call for redemption begins dark, but ends in a glorious major chord, unachieved within the previous 75 minutes.

Penderecki’s rendition of Christ’s last hours is as shocking, disturbing, and powerful as the controversial Mel Gibson movie. A music like this should have a “Parental Advisory” label (and I am being a little sarcastic).

PENDERECKI: St. Luke Passion

1. Part I: O Crux ave (Hymn ‘Vexilla Regis prodeunt’) 00:05:06
2. Part I: Et egressus (St. Luke) 00:01:49
3. Part I: Deus meus (Psalm 21) 00:03:52
4. Part I: Domine, quis habitabit (Psalms 14, 4 & 15) 00:04:28
5. Part I: Adhuc eo loquente (St. Luke) 00:02:08
6. Part I: Ierusalem (Lamentation of Jeremiah) 00:01:25
7. Part I: Ut quid, Domine (Psalm 9) 00:01:17
8. Part I: Comprehendentes autem eum (St. Luke) 00:01:57
9. Part I: Iudica me, Deus (Psalm 42) 00:01:10
10. Part I: Et viri, qui tenebant illum (St. Luke) 00:02:11
11. Part I: Ierusalem (Lamentation of Jeremiah) 00:01:22
12. Part I: Miserere mei, Deus (Psalm 55) 00:04:04
13. Part I: Et surgens omnis (St. Luke) 00:04:19
14. Part II: Et in pulverem (Psalm 21) 00:00:45
15. Part II: Et baiulans sibi crucem (St. Luke) 00:00:13
16. Part II: Popule meus (Improperia) 00:07:46
17. Part II: Ibi crucifixerunt eum (St. Luke) 00:01:47
18. Part II: Crux fidelis (Antiphons from ‘Pange lingua’) 00:05:00
19. Part II: Dividentes vero (St. Luke) 00:01:12
20. Part II: … in pulverem mortis (Psalm 21) 00:05:39
21. Part II: Et stabat populus (St. Luke) 00:01:31
22. Part II: Unus autem (St. Luke) 00:02:03
23. Part II: Stabant autem iuxta crucem (St. John) 00:01:01
24. Part II: Stabat Mater (Sequence) 00:07:38
25. Part II: Erat autem fere hora sexta (St. Luke, St. John) 00:01:26
26. Part II: Alla breve 00:01:05
27. Part II: In pulverem mortis… / In te, Domine, speravi (Psalm 30) 00:04:08

Klosinska, Izabela, soprano
Kolberger, Krzysztof, reader
Kruszewski, Adam, baritone
Tesarowicz, Romuald, bass
Warsaw Boys Choir
Warsaw Philharmonic Choir
Warsaw National Philharmonic Orchestra
Wit, Antoni, Conductor

Total Playing Time: 01:16:22

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

LINK ALTERNATIVO

Deus está te vendo, Krzysz.

PQP (Pleyel repostou e infelizmente adicionou a data de morte do compositor, que era vivo na época da postagem original)

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um CD matador de Jos van Immerseel e turma. Traz 3 Concertos extraordinários de Mozart: o lindo Concerto para 2 Pianos Nº 10, o belíssimo para Flauta e Harpa K. 299 e o não menos para Trompa K. 447, tudo com instrumentos de época. Talvez isto aqui não seja o ‘The best of the best’ dentro dos Concertos do compositor, mas está bem próximo. O que interessa é que são grandes concertos interpretados com muito tesão, para usar o termo técnico. O tempo das gravações historicamente informadas serem sem sal passou definitivamente. Cada vez mais, acho interessante ouvir uma representação mais próxima do que o compositor pretendia. Não estou dizendo que as apresentações de época sejam o único caminho a seguir, claro, mas são, atualmente, a via mais importante para a música pré-Beethoven. Recomendo fortemente este CD para qualquer amante de Mozart. Tem um som incrível e há muita, muita vida nas interpretações.

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 Pianos Nº 10, K. 365, para Flauta e Harpa K. 299 e para Trompa, K. 447 (Jos van Immerseel, Anima Eterna)

Concerto No. 10 for 2 Pianos in E flat major, K365
01. Allegro
02. Andante
03. Rondeau

Concerto for Flute and Harp in C major, K299
04. Allegro
05. Andantino
06. Rondeau

Horn Concerto No. 3 in E flat major, K447
07. Allegro
08. Romance – Larghetto
09. Allegro

Jos van Immerseel, piano
Yoko Kaneko, piano
Frank Theuns, flute
Marjan de Haer, harp
Ulrich Hübner, horn
Anima Eterna

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Jos Van Immerseel: um supercraque em Mozart

PQP