Henry Purcell (1659-1695): Sonnatas Vol. 3 (The Purcell Quartet)

Henry Purcell (1659-1695): Sonnatas Vol. 3 (The Purcell Quartet)

Este delicado CD traz uma excelente amostra do que é a música instrumental do grande Henry Purcell. São Sonatas curtinhas e muito bonitas. As sonatas do inglês estão entre os pilares da música de câmara barroca. O próprio compositor as descreveu despretensiosamente como “uma imitação dos mais famosos mestres italianos”. No entanto, a audição e a suas estruturas revelam que a modéstia de Purcell esconde uma mistura altamente original de modelos italianos, de música tradicional inglesa e uma quase obsessão com a técnica contrapontística. O Purcell Quartet dá uma verdadeira aula de como abordar este belo e negligenciado repertório. A personalidade criativa do mestre inglês, seu dom melódico arrebatador e as suas inquietas harmonias estão por toda parte, negando, de certa forma, sua modéstia.

Henry Purcell (1659-1695): Sonnatas Vol. 3 (The Purcell Quartet)

1 Sonata nº 9 em fá maior “Chamada por sua excelência de Sonata Dourada”, Z. 810 6:52
2 Sonata nº 4 em ré menor, Z. 805 6:28
3 Voluntário para Órgão em Sol Maior, Z. 720 3:22
4 Sonata nº 8 em Sol menor, Z. 809 6:24
5 Variante para dois movimentos da Sonata nº 8 2:50
6 Sonata nº 7 em dó maior, Z. 808 6:17
7 Sonata nº 3 em lá menor, Z. 804 6:45
8 Voluntário para órgão em ré menor, Z. 718 3:06
9 Sonata nº 10 em ré maior, Z. 811 5:16
10 Prelúdio para violino solo em sol menor, ZN. 733
Violino – Catherine Mackintosh
0:50
11 Sonata nº 5 em sol menor, Z. 806 7:07
12 Sonata No. 6 Em Sol Menor, Z. 807 6:41

The Purcell Quartet:
Órgão – Robert Woolley
Viola da Gamba – Richard Boothby
Violino – Catherine Mackintosh , Elizabeth Wallfisch

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O muito unido Purcell Quartet preparando-se para uma noite de sono reparador.

PQP

Franz Schubert (1797-1828): Lieder (Ameling / Jansen)

Franz Schubert (1797-1828): Lieder (Ameling / Jansen)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Os LPs de Elly Ameling (1933) cantando lieder de Schubert foram quem me trouxeram para o mundo cheio de beleza e melodias do compositor austríaco. Não sou uma pessoa muito nostálgica, mas é difícil para mim esquecer a voz de Elly passeando pelos campos e ladeiras schubertianas. Pensei que a cantora já tinha falecido, mas Elly permanece viva aos 90 anos. Ela foi a mais perfeita dos sopranos e, para nossa alegria, amava mais a música de câmara e o barroco dos que as grandiosidades operísticas. Imaginem que ela colaborou muito nos primórdios da música historicamente informada! Não sei se ela já está presente em gravações no PQP Bach — não consultei por preguiça –, mas estamos chegando aos 8000 posts e me sinto preenchendo uma lacuna, pois não lembro da nenhuma de suas 150 gravações sendo postada aqui. Na apreciação do crítico Martin Bernheimer,

Ameling, que estreou em 1953, nunca teve uma carreira convencional. Sem dúvida, ela nunca quis uma. Sua voz, um soprano leve e límpido, foi sempre pequena. Seu temperamento nunca foi considerado extravagante. Sua escala expressiva era baseada na sutileza. Ela se aventurou poucas vezes na ópera. Mas, em um mundo dominado pelo brilho fácil e pela vulgaridade fria, ela provou o valor duradouro de certas virtudes antiquadas: imaginação, calor, bom gosto, sensibilidade, honestidade e refinamento.

Franz Schubert (1797-1828): Lieder (Ameling / Jansen)

A1 Ganimede D. 544 See More 4:52
A2 Die Götter Griechenlands D. 677 4:42
A3 Der Musensohn D. 764 2:00
A4 Fülle Der Liebe D. 854 6:35
A5 Sprache Der Liebe D. 410 2:52
A6 Schwanengesang D. 744 2:45
A7 An Den Tod D. 518 3:05
B1 Die Forelle D. 550 2:09
B2 Am Bach Im Frühling D. 361 3:51
B3 Auf Dem Wasser Zu Singen D. 774 3:45
B4 Der Schiffer D. 694 3:17
B5 An Die Entfernte D. 765 3:19
B6 Sehnsucht D. 516 3:59
B7 An Die Untergehende Sonne D. 457 6:29
B8 Abendröte D. 690 3:48

Composição : Franz Schubert
Piano – Rudolf Jansen
Voz Soprano – Elly Ameling

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Elly Ameling hoje. Essa merece viver muito e bem!

PQP

: interlúdio :. John Surman – Saltash Bells

: interlúdio :. John Surman – Saltash Bells

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Os álbuns solo de John Surman ocupam um lugar especial e importante em sua discografia. Na música multifacetada do britânico, as gravações solo fornecem talvez os insights mais claros sobre sua imaginação melódica e Saltash Bells está entre os melhores de seus trabalhos. Desta vez, as composições foram inspiradas no West Country da infância inglesa de John, com memórias e sons de lugares especiais. A faixa-título refere-se aos ecos do sino da igreja de Saltash ressoando ao redor do vale do rio Tamar, na fronteira da Cornualha e Devon. Whistman’s Wood, enquanto isso, evoca a misteriosa floresta petrificada de Dartmoor… E assim vai, antigas assombrações inspirando novas músicas vívidas. Saltash Bells enfatiza novamente a singularidade do trabalho solo de Surman: aqui ele toca saxofones soprano, tenor e barítono, clarinetes alto, baixo e contrabaixo, bem como gaita e sintetizador. Surman há muito usa o sintetizador em seus trabalhos solo, “como uma ferramenta para esculpir textura e atmosfera e para criar novos contextos de improvisação que podem ser diferentes de tocar do que o tempo regular com um baixista e baterista”. Em nenhum outro lugar suas palhetas se estendem tão sensualmente, com melodias que continuam a se desdobrar até o horizonte, a faixa-título sugerindo os dias claros em que você pode ver e ouvir para sempre. Aqui, Surman encontra um acordo com os ‘outros músicos’ que nenhuma música de grupo acústico em tempo real poderia obter. Há uma bela execução em cada um de seus saxofones e clarinetes e — ouça atentamente o que se passa nos fundos de Sailing Westwards – há algumas gaitas também – instrumento com o qual Surman brinca desde a adolescência. E adorei Winter Elegy, uma obra-prima!

John Surman – Saltash Bells

01 Whistman’s Wood 6:32
02 Glass Flower 3:13
03 On Staddon Heights 7:32
04 Triadichorum 3:36
05 Winter Elegy 8:17
06 Ælfwin 2:17
07 Saltash Bells 10:40
08 Dark Reflections 3:27
09 The Crooked Inn 2:41
10 Sailing Westwards 10:37

John Surman:
— saxofones soprano, tenor e barítono,
— clarinetes alto, baixo e contrabaixo,
— gaita e
— sintetizador.

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Eu, PQP Bach, amo John Surman

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Johann Gottlieb Goldberg (1727-1756): Música de Câmara — Trio Sonatas, Quarteto para 2 Violinos, Viola And B.C. (Musica Alta Ripa)

Johann Gottlieb Goldberg (1727-1756): Música de Câmara — Trio Sonatas, Quarteto para 2 Violinos, Viola And B.C. (Musica Alta Ripa)

Exatamente! Parabéns! Você acertou! Este Goldberg é exatamente aquele! Johann Gottlieb Goldberg foi um virtuose alemão do cravo e do órgão, além de compositor do barroco tardio e do início do período clássico. Sua imortalidade aconteceu ao emprestar o seu nome — como intérprete original — às famosas Variações Goldberg de Johann Sebastian Bach. E notem que ele morreu pouco depois de Bach. Era um adolescente de 14 anos quando recebeu as Variações das mãos de Deus em 1741 e foi morrer aos 29 anos, coitado. Dizem que era enorme, com mãos que conseguiam posições que a maioria dos tecladistas jamais sonhariam. Durante a adolescência foi o empregado favorito de quem encomendou as Variações, o Conde Hermann Karl von Keyserling.

Este CD é bastante bom, especialmente nas peças para cravo solo. Vale a pena ouvir!

Johann Gottlieb Goldberg (1727-1756): Música de Câmara — Trio Sonatas, Quarteto para 2 Violinos, Viola And B.C. (Musica Alta Ripa)

Sonata For 2 Violins And B.C. A Minor
1 Adagio
2 Allegro
3 Alla Siciliana
4 Allegro Assai

Sonata For 2 Violins And B.C. C Major
5 Adagio
6 Alla Breve
7 Largo
8 Gigue E Presto

Polonaises Composto Per Il Cembalo
9 Polonaise F Major
10 Polonaise D Minor

Sonata For 2 Violins, Viola And B.C. C Minor
11 Largo
12 Allegro
13 Grave
14 Gigue

Polonaises Composto Per Il Cembalo
15 Polonaise E Flat Major
16 Polonaise C Minor

Sonata For 2 Violins And B.C. B Flat Major
17 Adagio
18 Allegro
19 Grave
20 Ciacona

Sonata For 2 Violins And B.C. G Minor
21 Adagio
22 Allegro
23 Tempo Di Menuetto

Polonaises Composto Per Il Cembalo
24 Polonaise G Major
25 Polonaise C Major

Sonata For 2 Violins And B.C. F Minor
26 Adagio
27 Allegro
28 Largo
29 Allegro Ma Non Tanto

Ensemble – Musica Alta Ripa

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Não me perguntem o autor

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Pérotin (c. 1160 – c. 1236) / Sungji Hong (1973): Trio Mediaeval – Stella Maris

Pérotin (c. 1160 – c. 1236) / Sungji Hong (1973): Trio Mediaeval – Stella Maris

Espetacular CD da ECM (para variar). Três vozes femininas cantam as primeiras obras da polifonia e uma obra moderna da compositora coreana Sungji Hong (1973). Som puríssimo, lindo.

Altamente recomendável.

Trio Mediaeval – Stella Maris

Anônimos

1. Flos regalis virginalis 4:26
2. O Maria, stella maris 3:43
3. Quem trina polluit 4:44
4. Dou way Robyn – Sancta Mater 3:58
5. Veni creator spiritus 9:51

Perotin
6. Dum sigillum 9:52

Anônimo

7. Beata viscera 2:01

Sungji Hong
8. Missa Lumen de lumine (2002) – Kyrie 4:03
9. Missa Lumen de lumine (2002) – Gloria 6:43
10. Missa Lumen de lumine (2002) – Credo 5:48
11. Missa Lumen de lumine (2002) – Sanctus 4:06
12. Missa Lumen de lumine (2002) – Agnus Dei 5:52

Anna Maria Friman soprano
Linn Andrea Fuglseth soprano
Torunn Østrem Ossum soprano

Recorded February 2005
ECM New Series 1929

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Lotti / Platti / Vivaldi / Brescianello / Steffani / Montanari: Del Sonar Pitoresco (Ensemble Barocco Sans Souci)

Lotti / Platti / Vivaldi / Brescianello / Steffani / Montanari: Del Sonar Pitoresco (Ensemble Barocco Sans Souci)

Um CD que junta vários compositores italianos do século XVIII. Todas as obras são para oboés ou fagotes solistas. Após a primeira surpresa pela bela sonoridade alcançada pelos intérpretes, a coisa cai em plana mesmice. O Sans Souci é o grande destaque do trabalho, soltando bons ventos para todos os lados, só que os compositores não ajudam. O curioso é que Vivaldi perdeu-se em meio a seus contemporâneos e não consegui diferenciá-lo dos Lottiplattimontanari durante a audição do CD. O século XVIII italiano está lotado de bons compositores, mas acho que a maioria privilegiava o violino, não é verdade, Vivaldi? O conhecimento dos instrumentos de sopro durante a “Era do Iluminismo” era escasso, particularmente em contraste com os instrumentos de corda. De qualquer forma, a sonoridade é tão bonita que nem chegamos a notar a falta da boa música. Acho que vale a pena conferir.

Lotti / Platti / Vivaldi / Brescianello / Steffani / Montanari: Del Sonar Pitoresco (Ensemble Barocco Sans Souci)

Lotti : Sonata a quattro for two oboes, bassoon & b.c.
1 I. Adagio
2 II. Allegro
3 III. Adagio
4 IV. Allegro

Platti: Sonata in G Major for Oboe, obbligato bassoon & b.c
5 I. Adagio
6 II. Allegro
7 III. Largo
8 IV. Allegro

Vivaldi: Trio Sonata RV81 in G minor for two oboes & b.c
9 I. Allegro
10 II. Largo
11 III. Allegro

Brescianello: Concerto for oboe, obbligato bassoon & b.c
12 I. Largo
13 II. Allegro
14 III. Largo
15 IV. Allegro

Steffani: Aria “Chomigioia” for two oboes & b.c
16 Chomigioia: Aria

Lotti: “Echo” Sonata a 4 for two oboes, obbligato bassoon and b.c
17 I. Echo
18 II. Adagio
19 III. Allegro – Presto

Platti: Sonata in C minor for oboe, obbligato bassoon and b.c
20 I. Adagio
21 II. Allegro
22 III. Mesto
23 IV. Allegro

Montanari: Sonata in C for two oboes and b.c
24 I. Adagio
25 II. Allegro
26 III. Vivace

Ensemble Barocco Sans Souci

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Jean Jacques de Boissieu – Um oboísta tocando na frente de dois pastores

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Johannes Brahms (1833-1897): Quinteto para Piano, Op. 34 / Quinteto para Clarinete, Op. 115 (Bartók Quartet / Ránki / Kovács)

Johannes Brahms (1833-1897): Quinteto para Piano, Op. 34 / Quinteto para Clarinete, Op. 115 (Bartók Quartet / Ránki / Kovács)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sem dúvida, um baita disco desta lendária gravadora húngara! Acho que o CD é de 1994. Aqui temos duas peças fundamentais da música de câmara de Brahms que raramente aparecem juntas, apesar de serem muito conhecidas. O Quinteto para Piano é de 1864 e o para Clarinete é de 1891. É curioso compará-los. A gente sempre pensa que o estilo de Brahms mudou pouco através dos anos, mas não é o que se nota nestes dois esplêndidos quintetos. O humor é muito semelhante em ambos, mas a fluência que o compositor ganhou naqueles 27 anos é notável. OK, talvez seja a lembrança da peça análoga de Mozart, mas o que o Quinteto para Piano tem de lírico, o para Clarinete tem de natural, trazendo em si aquela tranquila audácia mozartiana. Um CD para ser ouvido e reouvido muitas vezes.

Johannes Brahms (1833-1897): Quinteto para Piano, Op. 34 / Quinteto para Clarinete, Op. 115 (Bartók Quartet / Ránki / Kovács)

Quinteto em fá menor para piano, dois violinos, viola e violoncelo Op.34
I. Allegro non troppo 11:03
II. Andante un poco adagio 8:54
III. Scherzo. Alegro 7:15
IV. Final. Poco sostenuto – Allegro non troppo 10:13

Quinteto em si menor para clarinete, dois violinos, viola e violoncelo Op.115
I. Allegro 9:36
II. Adagio 10:33
III. Andantino 4:09
IV. Com moto 8:24

Dezső Ránki, piano
Béla Kovács, clarinete
Bartók Quartet

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Ignoro se o Bartók Quartet ainda existe. Esta foto é de 2009.

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JS Bach / CPE Bach / JC Bach / Böhm / F Couperin / Hasse / Pezold / Stölzel: Notebooks for Anna Magdalena (Esfahani / Sampson)

JS Bach / CPE Bach / JC Bach / Böhm / F Couperin / Hasse / Pezold / Stölzel: Notebooks for Anna Magdalena (Esfahani / Sampson)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Disco de uma delicadeza e intimidade maravilhosas!

A encantadora música doméstica dos Bach

Mahan Esfahani e Carolyn Sampson revivem o Pequeno Livro de Anna Magdalena.

Por João Marcos Coelho em 20 de agosto de 2023

Nascido em Teerã, no Irã, 39 anos atrás, Mahan Esfahani cresceu nos Estados Unidos, onde estudou musicologia na Universidade de Stanford. Estudou cravo em Praga com Zuzana Ruzicková. Em 2009, fixou-se em Londres. E hoje vive em Praga. Ele é decididamente um cravista fora da curva. Nos últimos treze anos encomendou obras a compositores contemporâneos e as estreou, algumas para cravo e orquestra. E, claro, notabilizou-se também no chamado repertório fundamental do instrumento – as obras do período barroco, sobretudo as de Bach. Já tocou com nomes ilustres do mundo clássico, como François Xavier-Roth, Ilan Volkov, Thomas Dausgaard, Antoni Wit, Jiri Belohlávek e o atual maestro titular e diretor artístico da Osesp Thierry Fischer. Entre seus parceiros de concertos e gravações estão Michala Petri e Emmanuel Pahud; e estreou obras de compositores como George Lewis, Brett Dean, Ben Sorensen. Grava para a Hyperion e para a Deutsche Grammophon.

E é da Hyperion, selo independente inglês que foi recentemente comprado pelo grupo Universal, que também detém a Deutsche Grammophon, o excepcional CD desta semana. Ele se intitula “Bach: os Pequenos Livros para Anna Magdalena”. Pela primeira vez, juntam-se no mesmo álbum as peças curtas instrumentais com nove árias sacras constantes dos álbuns de 1722 e 1725, onde Bach inclui, além de suas peças, as de outros compositores seus contemporâneos, como o cravista francês François Couperin.

No texto do encarte brilhante – tão bom quanto suas interpretações ao cravo – Esfahani denuncia a misoginia multissecular que transformou em praticamente material descartável, mero gesto de gentileza do gênio para sua segunda esposa estes cadernos manuscritos, para serem usados na atmosfera familiar. Ora, escreve o cravista, Anna era cantora profissional até casar-se com Johann Sebastian e praticamente abandonou o canto para se dedicar à numerosa família: “A presença de peças para cravo e também outras vocais de caráter sacro tem um significado mais profundo do que a descrição em geral informal desta música como subprodutos menores e até mesmo imperfeita do que se descreve imperfeitamente como “devoção pessoal’. Se as obras do ‘pequeno livro’ são modestas e parecem de escasso valor comparadas às grandes suítes e variações e às fantasias e fugas virtuosísticas, elas representam, porém, o espírito de uma civilização que coloca no mesmo patamar tanto estas quanto as que exigem maiores competências técnicas e expressivas”.

E fecha com chave de ouro: “Cada uma delas é um precioso artefato que sobreviveu até os dias atuais, de uma mulher sobre quem sabemos tão pouco que nem temos uma representação física. Para conhecê-la e conhecer o homem que era Johann Sebastian, seria bom prestarmos atenção à música que ambos consideravam digna o bastante para acompanhar seus pensamentos diários, em família”.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Notebooks for Anna Magdalena (Esfahani / Sampson)

01. Bach: Minuet in F major, BWVAnh113 (1:46)
02. Pezold: Minuets in G major / G minor, BWVAnh114 & 115 (3:34)
03. Couperin: Rondeau in B flat major, BWVAnh183 (4:17)
04. Bach: Minuet in G major, BWVAnh116 (1:44)
05. Bach: Polonaise in F major, BWVAnh117 (1:18)
06. Bach: Minuet in B flat major, BWVAnh118 (1:24)
07. Bach: Polonaise in G minor, BWVAnh119 (1:13)
08. Bach: Wer nur den lieben Gott lässt walten, BWV691 (1:36)
09. Bach: Gib dich zufrieden, BWV510 (1:20)
10. Bach: Gib dich zufrieden, BWV511 (1:14)
11. Bach: Minuet in A minor, BWVAnh120 (1:28)
12. Bach: Minuet in C minor, BWVAnh121 (1:03)
13. Bach (CPE): March in D major, BWVAnh122 (1:04)
14. Bach (CPE): Polonaise in G minor, BWVAnh123 (1:19)
15. Bach (CPE): March in G major, BWVAnh124 (1:26)
16. Bach (CPE): Polonaise in G minor, BWVAnh125 (1:59)
17. Bach: Erbauliche Gedanken eines Tobackrauchers, BWV515a, ‘So oft ich meine Tobackspfeife’ (5:28)
18. Böhm: Menuet fait par Mons Böhm in G major (1:09)
19. Bach: Musette in D major, BWVAnh126 (0:43)
20. Bach (CPE): March in E flat major, BWVAnh127 (1:13)
21. Bach: Polonaise in D minor, BWVAnh128 (1:17)
22. Stölzel: Bist du bei mir, BWV508 (2:47)
23. Bach: Goldberg Variations ‘Aria mit verschiedenen Veränderungen’, BWV988 – Movement 01: Aria (4:21)
24. Bach (CPE): Solo per il cembalo, BWVAnh129 (2:13)
25. Hasse: Polonaise in G major, BWVAnh130 (2:00)
26. Bach: The well-tempered Clavier Book 1, BWV846-869 – No 01 in C major, BWV846. Movement 1: Prelude (2:11)
27. Bach (JC): Rigaudon in F major, BWVAnh131 (0:44)
28. Bach: Warum betrübst du dich?, BWV516 (1:37)
29. Bach: Ich habe genug, BWV82 – No 2. Recitativo: Ich habe genug (1:07)
30. Bach: Ich habe genug, BWV82 – No 3. Aria: Schlummert ein, ihr matten Augen (7:09)
31. Bach: Schaffs mit mir, Gott, BWV514 (0:57)
32. Bach: Minuet in D minor, BWVAnh132 (0:54)
33. Bach: Willst du dein Herz mir schenken, BWV518 (2:58)
34. Bach: Dir, dir, Jehova, will ich singen, BWV299b (0:55)
35. Bach: Wie wohl ist mir, o Freund der Seelen, BWV517 (1:32)
36. Bach: Gedenke doch, mein Geist, zurücke, BWV509 (0:58)
37. Bach: O Ewigkeit, du Donnerwort, BWV513 (1:22)
38. Bach: Jesus, meine Zuversicht, BWV728 (1:49)
39. Bach: Minuet in G major, BWV841 (1:18)
40. Stölzel: Bist du bei mir, BWV508 (2:40)

Mahan Esfahani, cravo
Carolyn Sampson, soprano

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Mahan Esfahani e Carolyn Sampson

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Biber (1644-1704) / Schmelzer (ca. 1620-23-1680): Sonatas (Freiburger Barockorchester Consort)

Biber (1644-1704) / Schmelzer (ca. 1620-23-1680): Sonatas (Freiburger Barockorchester Consort)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A brilhante música instrumental do barroco médio dificilmente poderia ser demonstrada de forma mais eficaz do que na escolha do repertório e nas apresentações neste disco. O programa — suntuoso e exótico — é compartilhado entre o músico da corte de Viena, Schmelzer, e seu jovem contemporâneo boêmio, Biber. Poucas ou nenhuma das peças  são novidades, mas consigo pensar em apenas uma abordagem alternativa –- a de Nikolaus Harnoncourt — que corresponda às nuances expressivas mostradas aqui pelo Freiburg Baroque Orchestra Consort. O cardápio foi cuidadosamente escolhido, capitalizando os vívidos contrastes que existem nos dois extremos, entre as cintilantes peças dominadas por trompetes de Biber, por um lado, e a triste e linda Sonata sopra la morte Ferdinand III de Schmelzer. O imperador Ferdinand era o empregador musicalmente talentoso de Schmelzer, e sua morte em 1657 gerou não apenas esta peça excepcionalmente bela de seu Hofkapellmeister, mas também um impressionante lamento para teclado de seu organista da corte, Froberger. Esta sonata é a mais comovente das três peças elegíacas de Schmelzer reunidas aqui, todas harmonicamente distintas e de grande interesse. As Sonatas de Biber estão na tradição da sonata da igreja. A primeira e a última sonatas do conjunto, ambas incluídas aqui, contêm partes para dois trompetes, assim como a Sétima Sonata, em grande parte construída sobre o contrabaixo. A Quarta e a Décima Sonatas, por outro lado, exigem um único trompete, enquanto as duas restantes no disco, a Sexta e a Oitava, são puramente para cordas. Os músicos de Freiburg parecem deleitar-se com as sonoridades variadas inerentes às texturas de Biber, respondendo com talento e senso de estilo ao colorido e imaginação do compositor. As sonatas com trompete provavelmente te causarão um apelo instantâneo, mas são as expressões mais tristes de Schmelzer que causam uma impressão mais profunda em meus sentidos. Um disco maravilhoso!

Biber / Schmelzer: Sonatas (Freiburger Barockorchester Consort)

1 Sonata No. 1 A Otto C-Dur / C Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
4:38
2 Sonata No. 6 A Cinque F-Dur / F Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
4:38
3 Sonata No. 4 A Cinque C-Dur / C Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
4:35
4 Sonata (Lamento) A Tre Con Organo Et Violone H-Moll / B Minor
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
6:36
5 Sonata A Due Con Basso Continuo A-Moll / A Minor
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
4:39
6 Lamento “Sopra La Morte Ferdinandi A Tre” Con Organo Et Basso H-Moll / B Minor
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
6:38
7 Sonata No. 8 A Cinque G-Dur / G Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
6:26
8 Sonata No. 10 A Cinque G-Moll / G Minor
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
5:38
9 Sonata No. 7 A Cinque C-Dur / C Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
5:32
10 Sonata A Due Con Basso Continuo D-Moll / D Minor
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
5:44
11 Lamento A Tre Con Basso Continuo B-Dur / B Flat Major
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
8:30
12 Harmonia A Cinque Con Basso Continuo B-Dur / B Flat Major
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
4:52
13 Sonata No. 12 A Otto C-Dur / C Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
5:05

Ensemble – Freiburger Barockorchester Consort*
Executive-Producer – Jan Höfermann
Harpsichord – Torsten Johann
Theorbo – Lee Santana
Trumpet – François Petit-Laurent (faixas: 2, 3, 8, 9, 13), Friedemann Immer (faixas: 2, 3, 8, 9, 13)
Viola – Christa Kittel, Christian Goosses, Ulrike Kaufmann
Viola da Gamba, Violone – Hildegard Perl*
Violin – Anne Katharina Schreiber, Petra Müllejans
Violone – Love Persson

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Eu gosto de gente bonita, mas nem sempre é possível. Este é o Schmelzer.

PQP

Gabriel Fauré (1845-1924): Música de Câmara I (Collard / Dumay / Lodéon / Debost)

Gabriel Fauré (1845-1924): Música de Câmara I (Collard / Dumay / Lodéon / Debost)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Belíssimo, melodioso e — como sempre — discreto e elegante CD duplo de Fauré. Fauré viveu muito, chegando a conhecer Debussy e Ravel. Embora menos conhecida do que a “nova” música de seus contemporâneos, sua obra ocupa um lugar muito próprio. Sim, sua Berceuse, Op. 16 e a Siciliane, op. 78 são instantaneamente reconhecíveis, mas quantos de nós podemos reivindicar familiaridade com suas sonatas para violino, violoncelo, quartetos para piano e quarteto de cordas? Silêncio… Eu disse acima “menos conhecido” pela simples razão de que a música de Fauré é uma mistura de acessibilidade, tranquilidade e discrição. Não me entenda mal: a música de Fauré não é “tranquila”, é apenas que suas composições falam claramente à nossa alma e depois se afastam como se dissessem: “Você não entenderia o que estou tentando dizer de qualquer maneira…”. É apaixonante! Você já se sentiu da mesma forma em relação a alguém muito especial em sua vida? Sim, claro! E você amou esta pessoa! A verdade é que você nunca sabe exatamente onde está Fauré, mas uma coisa é certa: uma vez que você experimentou as ilusões musicais deste mágico francês, você retornará frequentemente ao lugar onde ele o hipnotizou. Gravadas no final dos anos 1970 — no auge da era do LP — essas versões são de longe as mais satisfatórias e convincentes que já ouvi. Todos os músicos são franceses e tocam como se suas próprias vidas dependessem de Fauré. O som é excelente, bem arejado em torno dos instrumentos. Já ouvi muitos outros conjuntos franceses tentarem interpretar as “paixões” e os “maneirismos” nessa música de uma forma que teria perturbado e entristecido profundamente o compositor, penso eu, deturpando fatalmente aquilo que eles estavam tentando enobrecer. Aqui não. Sim, essas são performances apaixonadas, com certeza, mas temperadas com e aquele importantíssimo bom gosto e afiado intelecto musical. Faça-se acompanhar de um Cabernet Sauvignon e ouça este CD magnífico.

Gabriel Fauré (1845-1924): Música de Câmara I (Collard / Dumay / Lodéon / Debost)

Sonate Pour Violon Et Piano No.1 En Le Majeur, Op.15
1-1 I Allegro 7:03
1-2 II Andante 7:36
1-3 III Allegro Vivo 3:48
1-4 IV Allegro Quasi Presto 4:57

Sonate Pour Violon Et Piano No. 2 En Ml Mineur, Op.108
1-5 I Allegro Non Troppo 9:43
1-6 II Andante 8:37
1-7 III Finale: Allegro Non Troppo 6:42

1-8 Berceuse Pour Violon Et Piano En Ré Majeur, Op.16 5:42

1-9 Romance Pour Violon Et Piano En Si Bémol Majeur, Op.28 5:42

1-10 Morceau De Lecture A Vue Pour Violon Et Piano (Concours Du Conservatoire 1903) 1:33

1-11 Sicilienne Pour Violoncelle Et Piano En Sol Mineur, Op.78 3:51

1-12 Elegie Pour Violoncelle Et Piano En Ut Mineur, Op.24 7:16
2-1 Romance Pour Violoncelle Et Piano En La Majeur, Op.69 3:42

2-2 Papillon, Pour Violoncelle Et Piano En La Majeur, Op.77 2:26

2-3 Sérénade Pour Violoncelle Et Piano En Si Mineur, Op.98 2:44

Sonate Pour Violoncelle Et Piano En No.1 En Ré Mineur, Op.109
2-4 I Allegro 5:22
2-5 II Andante 7:25
2-6 III Finale: Allegro Moderato 6:21

Sonate Pour Violoncelle Et Piano No.2 En Sol Mineur, Op.117
2-7 I Allegro 6:20
2-8 II Andante 7:25
2-9 III Allegro Vivo 4:59

2-10 Fantasie Pour Flute Et Piano En Ut Majeur, Op.79 5:11

2-11 Morceau De Concours Pour Flute Et Piano En Fa Majeur (Juillet 1998) 1:38

Trio Pour Piano, Violon Et Violoncelle En Ré Mineur, Op.120
2-12 I Allegro Ma Non Troppo 7:32
2-13 II Andantino 9:36
2-14 III Allegro Vivo 4:46

Composed By – Gabriel Fauré
Flute – Michel Debost
Piano – Jean-Philippe Collard
Violin – Augustin Dumay

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Fauré, né? Quem mais seria?

PQP

J. S. Bach (1685-1750): As Suítes Inglesas (completas) (Hewitt)

J. S. Bach (1685-1750): As Suítes Inglesas (completas) (Hewitt)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Ouvi este álbum duplo ontem à noite. É realmente de entusiasmar, principalmente se pensar que sempre coloquei as Inglesas após as Partitas e as Suítes Francesas, obras análogas em formato. Desta vez, fiquei até com vontade de rever meus conceitos. Tudo muito elegante, fluido e musical. Hewitt veio realmente para ficar. Confiram e me digam se não é verdade.

(Todas estas postagens maravilhosas da Hewitt têm o patrocínio da extraordinária Hyperion e de FDP Bach, que as mandou num esperto pen drive para este que vos escreve).

J. S. Bach (1685-1750): As Suítes Inglesas (completas)

Disc: 1
English Suite No 1 in A major BWV806
1. Prelude
2. Allemande
3. Courante I
4. Courante II
5. Sarabande
6. Bourree I And II
7. Gigue

English Suite No 2 in A minor BWV807
8. Prelude
9. Allemande
10. Courante
11. Sarabande Et Les Agrements De La Meme Sarabande
12. Bourree I And II
13. Gigue

English Suite No 3 in G minor BWV808
14. Prelude
15. Allemande
16. Courante
17. Sarabande Et Les Agrements De La Meme Sarabande
18. Gavotte I And II
19. Gigue

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Disc: 2
English Suite No 4 in F major BWV809
1. Prelude
2. Allemande
3. Courante
4. Sarabande
5. Menuet I And II
6. Gigue

English Suite No 5 in E minor BWV810
7. Prelude
8. Allemande
9. Courante
10. Sarabande
11. Passepied I And II
12. Gigue

English Suite No 6 in D minor BWV811
13. Prelude
14. Allemande
15. Courante
16. Sarabande
17. Gavotte I And II
18. Gigue

Angela Hewitt, piano

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PQP

J. S. Bach, Arvo Pärt: Bach & Pärt (Steinbacher, Koncz, Stuttgarter Kammerorchester)

J. S. Bach, Arvo Pärt: Bach & Pärt (Steinbacher, Koncz, Stuttgarter Kammerorchester)

Arabella Steinbacher monta um interessante programa formado por obras de Bach e Pärt. Em Bach, sua interpretação não é a historicamente informada, mas é muito boa e convincente. Seus vibratos não são exagerados e a coisa vai muito bem. Arabella percebe Bach e Pärt como companheiros porque eles ‘têm uma origem espiritual comum’ e sua música a comove emocionalmente. Ela vai bem no Fratres de Pärt, introduzindo suas variações com uma hábil seção de solo inicial e transmitindo seu efeito hipnótico com segurança e arte. No entanto, embora hipnotizante, para meu gosto, sua abordagem à simples e bela Spiegel im Spiegel de Pärt acaba superaquecida pelo vibrato exagerado.

J. S. Bach, Arvo Pärt: Bach & Pärt (Steinbacher, Koncz, Stuttgarter Kammerorchester)

1 Fratres (Version For Violin, String Orchestra & Percussion)
Composed By – Arvo Pärt
12:34

Violin Concerto in E Major, BWV 1042
Composed By – Johann Sebastian Bach
2 I. Allegro 7:43
3 II. Adagio 6:31
4 III. Allegro Assai 2:43

Violin Concerto In A Minor, BWV 1041
Composed By – Johann Sebastian Bach
5 I. Allegro Moderato 3:36
6 II. Andante 6:08
7 III. Allegro Assai 3:45

Concerto For 2 Violins In D Minor, BWV 1043 “Double Concerto”
Composed By – Johann Sebastian Bach
8 I. Vivace 3:36
9 II. Largo, Ma Non Tanto 6:06
10 III. Allegro 4:44

11 Spiegel Im Spiegel (Version For Violin & Piano)
Composed By – Arvo Pärt
11:26

Orchestra – Stuttgarter Kammerorchester
Violin – Arabella Steinbacher
Violin [2] – Christoph Koncz

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Arabella Steinbacher brincando com uma violinista

PQP

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti Per Violino IV “L’imperatore” (Il Pomo d’Oro, Minasi)

Antonio Vivaldi (1678-1741):  Concerti Per Violino IV “L’imperatore” (Il Pomo d’Oro, Minasi)

“L’Imperatore”, o 51º título da Edição Vivaldi da gravadora francesa Naïve, ficou a cargo do excelente violinista Riccardo Minasi e da orquestra barroca Il Pomo d’Oro o. Este CD é o quarto de uma série de 12, dedicada aos concertos para violino cujos manuscritos estão guardados na Biblioteca Nacional de Turim. É um empreendimento completista, mas cada um desses álbuns tem sido pelo menos interessante.  Todos os concertos aqui presentes foram compostos rapidamente, dedicados ou executados diante de Carlos VI (1685-1740), soberano do Império Habsburgo, conhecido como patrono e apaixonado pela música. Mas não há sinal de pressa nestes notáveis e até revolucionários concertos para violino. Esta série de 7 concertos dão uma visão geral da arte completa de Vivaldi como compositor e violinista: grande invenção, expressão, energia e virtuosismo. Cada um dos movimentos lentos parece mais bizarro do que o anterior, e todos eles têm gestos expansivos, quase operísticos, que se prestam lindamente às performances de instrumentos de época do violinista Riccardo Minasi e do Il Pomo d’Oro. Minasi é um dos principais violinistas barrocos italianos e também é maestro. O resultado é quase um lançamento essencial de Vivaldi, por mais desconhecido que o repertório possa ser. Nesse CD, eu apenas conhecia o “L’amoroso”, que é realmente belíssimo.

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti Per Violino IV “L’imperatore” (Il Pomo d’Oro, Minasi)

Concerto RV 331 In Sol Minore
1 Allegro 4:27
2 Largo 4:34
3 Allegro 3:55

Concerto RV 171 In Do Maggiore Per S.M.C.C.
4 Allegro 3:42
5 Largo 1:58
6 Allegro Non Molto 3:19

Concerto RV 391 In Si Minore Op. 9 n° 12 (Violino Scordato)
7 Allegro Non Molto 4:41
8 Largo 3:10
9 Allegro 3:37

Concerto RV 271 In Mi Maggiore “L’amoroso”
10 Allegro 4:02
11 Cantabile 2:47
12 Allegro 3:20

Concerto RV 327 In Sol Minore
13 Allegro Mà Non Molto 3:30
14 Largo 3:50
15 Allegro 3:31

Concerto RV 263a In Mi Maggiore
16 Allegro 4:32
17 Largo 2:47
18 Allegro Non Molto 3:04

Concerto RV 181 In Do Maggiore
19 Allegro 3:28
20 Largo 2:52
21 Allegro 3:25
22 Allegro (Versione Alternativa Dall’ Op. IX No. 1, RV 181a) 2:35

Cello – Ludovico Minasi, Marco Ceccato
Contrabass – Davide Nava
Ensemble – Il Pomo d’Oro
Harp – Margreth Köll
Harpsichord [Clavicembalo], Organ – Andrea Perugi, Giulia Nuti (2)
Viola – Enrico Parizzi, Giulio D’Alessio, Pablo De Pedro*
Violin – Alfia Bakieva, Boris Begelman, Laura Corolla, Laura Mirri, Mauro Lopes Ferreira, Valerio Losito
Violin, Directed By – Riccardo Minasi

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Segurando tudo na esquerda, Minasi dá um discurso contra Giorgia Meloni na sede da PQP Bach Corporazione da Torino.

PQP

Alfred Schnittke (1934-1998): Violin Concertos Nos. 2 & 3 / Stille Nacht / Gratulationsrondo (Kremer / Eschenbach)

Alfred Schnittke (1934-1998): Violin Concertos Nos. 2 & 3 / Stille Nacht / Gratulationsrondo (Kremer / Eschenbach)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Aqui, Gidon Kremer em sua melhor forma artística. Um verdadeiro banho de competência ao violino. E a Orquestra de Câmara da Europa e Eschenbach embarcam juntos neste grande disco da Teldec.

E aqui eu peço licença a meu amigo Al Reiffer para dizer que Alfred Schnittke é, ao lado de Ligeti, o melhor compositor da segunda metade do século XX. Talvez nem precisasse pedir licença ao Reiffer, uma vez que ele disse que Penderecki era o melhor compositor do século XXI e um dos melhores do XX, dando lugar a minha avaliação…

Olha, este é um disco extraordinário! Schnittke faz uma música enormemente extrovertida e nada esquecível. Admirador de Shostakovich e ligado ao pós-modernismo, usa o chamado poliestilismo, que é o uso de múltiplos estilos e técnicas de composição musical… misturados. Ou seja, tudo pode mudar a qualquer momento. Fiel ao mestre Shosta, Schnittke é ultra-sarcástico, como podemos ouvir neste disco. Se você duvida, vá direto à brincadeira de Stille Nacht.

Schnittke (1934-1998): Violin Concertos Nos. 2 & 3 / Stille Nacht / Gratulationsrondo

1. Concerto pour violon no. 2

2. Stille Nacht

3. Gratulationsrondo

4. Concerto pour violon no. 3, 1. Moderato
5. Concerto pour violon no. 3, 2. Agitato
6. Concerto pour violon no. 3, 3. Andante

Gidon Kremer: violino
Chamber Orchestra of Europe
Christoph Eschenbach (cond./piano)

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O grande Alfred Schnittke

PQP

W. A Mozart (1756-1791): Os 4 Concertos para Trompa (Berlin Philharmonic, Seifert, Karajan)

W. A Mozart (1756-1791): Os 4 Concertos para Trompa (Berlin Philharmonic, Seifert, Karajan)

Música leve e agradável, os quatro Concertos para Trompa de Wolfgang Amadeus Mozart foram escritos para seu amigo Joseph Leutgeb, um conhecido de infância. Leutgeb era um trompista habilidoso, pois as obras são difíceis de executar na trompa natural da época, exigindo a língua mais rápida do velho oeste. Os quatro concertos são curtos e cabem até em um LP. Abbado gravou um CD com estes Concertos e não penso que haja versão melhor (Allegrini + Abbado), mas a doçura deles espraiou-se por Karajan de tal forma que mesmo sua mão pesada conseguiu acariciar nesta gravação aceitável. Karajan parece ter tido relações sexuais satisfatórias antes de ir ao estúdio, pois chegou tomado de tranquilidade primaveril, desejando servir mais à música do que a seu ego. O Concerto N° 4 é especialmente bonito.

W. A Mozart (1756-1791): Os 4 Concertos para Trompa (Berlin Philharmonic, Seifert, Karajan)

Concerto For Horn And Orchestra No. 1 In D Major, K. 412
A1 Allegro
A2 Rondo: Allegro

Concerto For Horn And Orchestra No. 4 In E Flat Major, K. 495
A3 Allegro Moderato
A4 Romanza: Andante
A5 Rondo: Allegro Vivace

Concerto For Horn And Orchestra No. 2 In E Flat Major, K. 417
B1 Allegro Maestoso
B2 Andante
B3 Rondo

Concerto For Horn And Orchestra No. 3 In E Flat Major, K. 447
B4 Allegro
B5 Romance: Larghetto
B6 Allegro

Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart
Composed By [Cadenzas] – Manfred Klier (tracks: A3, B4)
Conductor – Herbert Von Karajan
Horns – Gerd Seifert
Orchestra – Berliner Philharmoniker

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Seiffert, o toque aveludado que acalmou Karajan

PQP

Johann Georg Pisendel (1687-1755): Sonatas para Violino (Steck / Riegel)

Johann Georg Pisendel (1687-1755): Sonatas para Violino (Steck / Riegel)

IM-PER-DÍ-VEL!!!

Sim, nós sabemos!!! Você passou dois anos visitando nosso blog apenas à espera de obras de Pisendel! Então, alegre-se! Seu dia chegou!!! Valeu a pena aguardar!!! Agora, você poderá convidar aquela mulher a qual você aspira há anos sem sucesso da seguinte forma:

— Queres ir lá em casa tomar um vinho e ouvir meu Pisendel?
— Teu pi… O quê?
— Meu Pisendel. Sim, eu tenho um.

Não perca esta oportunidade única. E, se não for bem sucedido, console-se com a bela sonata para violino solo que vai da faixa 4 a 6 deste CD da CPO. Grande Pisendel! Pisendel foi amigo de meu pai — alguns diriam que é amigo de todos –, que o introduziu a Telemann. Foi durante anos o primeiro violinista do Collegium musicum de Telemann. Grande Pisendel!

EXCELENTE CD!!! 

O violinista Anton Steck leva seu Pisendel pelo mundo afora

Pisendel: Sonatas para Violino

Sonata for violin & continuo in D major
1. Allegro
2. Larghetto
3. Allegro

Sonata for Violin Solo in A minor
4. without indication
5. Allegro
6. Giga – Variationen

Sonata for violin & continuo in E minor
7. Largo
8. Moderato
9. Arioso
10. Scherzando

Violin Sonata in C minor
11. Adagio
12. Presto
13. Affetuoso
14. Vivace

Violin Sonata in G minor
15. Larghetto
16. Allegro
17. Largo
18. Allegro

Anton Steck, violino
Christian Rieger, cravo

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O meu, o teu, o nosso Pisendel

PQP

.: interlúdio :. Kenny Wheeler – Gnu High

.: interlúdio :. Kenny Wheeler – Gnu High

Um bom disco. Quando Kenny Wheeler (1930-2014) mudou-se de seu Canadá natal para a Inglaterra, não foi manchete. Mas com o lançamento de Gnu High, ele se tornou uma figura admirada do jazz contemporâneo. Claro que o time de craques ajudou: o pianista Keith Jarrett, o baixista Dave Holland e o baterista Jack DeJohnette são geniais. Heyoke é uma peça de quase 22 minutos. Esta valsa cadenciada é ao mesmo tempo atmosférica e comovente, um estilo bastante inventivo que se torna mais dramático perto do final. Tudo é alimentado pelo swing de DeJohnette. O gemido vocal de Jarrett é controlado, enquanto seu belo piano sustenta os solos de Wheeler. Certamente este foi um ponto de partida auspicioso para um artista cujo som e inteligência capturaram a imaginação de tantos colegas músicos e ouvintes daquele ponto em diante.

Kenny Wheeler – Gnu High

01. Heyoke 21:49
02. Smatter 5:58
03. Gnu Suite 12:49

musicians
Kenny Wheeler – fluegelhorn
Keith Jarrett – piano
Dave Holland – double-bass
Jack DeJohnette – drums

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Kenny Wheeler

PQP

G. F. Handel (1685-1759): Water Music (Akademie für Alte Musik Berlin)

G. F.  Handel (1685-1759): Water Music (Akademie für Alte Musik Berlin)

Tantas vezes postamos a Música Aquática que desta vez vamos apenas aos detalhes históricos e um pouco de opinião depois. Música Aquática (em inglês: Water Music) é uma coleção de movimentos orquestrais, frequentemente divididos em três suítes — but not here –, compostas por Handel. Sua estreia se deu em 17 de julho de 1717, após o rei Jorge I encomendar um concerto para ser executado sobre o rio Tâmisa. O concerto foi executado originalmente por cerca de 50 músicos, situados sobre uma barca nas proximidades da barca real, a partir da qual o monarca escutava a peça com seus amigos mais próximos, incluindo Anne Vaughan, Duquesa de Bolton, a Duquesa de Newcastle, a Condessa de Darlington, Condessa de Godolphin, Madame Kilmarnock, e o Earl das Órcades. As barcas dirigiam-se a Chelsea ou Lambeth. O rei Jorge teria gostando tanto das suítes que pediu a seus músicos, já esgotados, que tocassem-na por três vezes durante o tempo do percurso.

A Akademie für Alte Musik Berlin dá esplêndida interpretação às obras. Os caras parecem ter certa predileção por suítes, pois já fizeram misérias em obras análogas de Telemann.

G. F. Handel (1685-1759): Water Music

Suite No. 1 In F Major (26:40)
1 I. Overture : Largo – Allegro 3:12
2 II. Adagio E Staccato 2:08
3 III. [Allegro 2:08
4 IV. Andante – III. [Allegro] Da Capo 4:30
5 V. Allegro 2:47
6 VI. Air 3:11
7 VII. Minuet 2:23
8 VIII. Bourrée 1:10
9 IX. Hornpipe 1:30
10 X. [Allegro Moderato] 3:41

Suite No. 2 In D Major (11:07)
11 XI. [Allegro] 2:00
12 XII. [Alla Hornpipe] 3:43
13 XIII. [Minuet] 2:49
14 XIV. [Rigaudon 1] 1:07
15 XV. [Rigaudon 2] – XIV. [Rigaudon 1] 1:28

Suite No. 3 In G Major (10:35)
16 XVI. Lentement 1:59
17 XVII. [Bourrée] 1:14
18 XVIII. Menuet [1] 0:56
19 XIX. [Menuet 2] 1:36
20 XX. [Gigue 1] – XXI. [Gigue 2] Da Capo 2:11
21 XXII. Menuet (Coro) 2:39

Akademie für Alte Musik Berlin

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Ponte de Westminster no dia da Música Aquática, de Canaletto, 1746 (detalhe)
Ponte de Westminster no dia da Música Aquática, de Canaletto, 1746 (detalhe)

PQP

Bedřich Smetana (1824-1884): Minha Pátria (completa) (Má Vlast) – Malaysian Philharmonic Orchestra, Claus Peter Flor

Bedřich Smetana (1824-1884): Minha Pátria (completa) (Má Vlast) – Malaysian Philharmonic Orchestra, Claus Peter Flor

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Excelente interpretação de um importante clássico romântico do qual normalmente conhecemos apenas o famoso segundo movimento O Moldava. Porém este é somente um trecho de uma obra muito maior, um trecho do ciclo orquestral Má Vlast (Minha Pátria), que contém seis poemas sinfônicos sobre diferentes aspectos tchecos. Smetana compôs essas obras épicas à maneira de Franz Liszt, evocando imagens dramáticas através de uma orquestração colorida, pintando cenas naturais e históricas através de temas e harmonias de boêmias. Pode-se supor que apenas uma orquestra tcheca poderia tocar essa música com a intensidade adequada, mas a Orquestra Filarmônica da Malásia, sob o comando do alemão Claus Peter Flor, dá um relato emocionante que pode rivalizar com qualquer outro em energia, paixão e atmosfera. De fato, se a música de Smetana se comunica de forma tão convincente que uma orquestra asiática pode interpretá-la fiel e entusiasticamente, pode-se também dizer que a obra toca emoções universais de orgulho e patriotismo. A orquestra oferece todas as mudanças sutis de ênfase nos ritmos de dança que lhe dão tanto interesse. Os ouvintes que amam O Moldava podem definitivamente se familiarizar com o Má Vlast completo, e esta gravação excepcional fornece uma versão que satisfará tanto os recém-chegados quanto os fãs de Smetana.

Bedřich Smetana (1824-1884): Minha Pátria (completa) (Má Vlast) – Malaysian Philharmonic Orchestra, Claus Peter Flor

1 Vyšehrad 14:38
2 Vltava (The Moldau) 12:14
3 Šárka 9:42
4 Z českých Luhů A Hájů (From Bohemia’s Woods And Fields) 12:31
5 Tábor 13:09
6 Blaník 13:10

Conductor – Claus Peter Flor
Orchestra – Malaysian Philharmonic Orchestra

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Com carinho, um Flor para vocês

PQP

Modest Mussorgsky (1839-1881): Quadros de uma Exposição (ao piano e em versão orquestral, Ashkenazy em ambas)

Modest Mussorgsky (1839-1881): Quadros de uma Exposição (ao piano e em versão orquestral, Ashkenazy em ambas)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu acho este CD extraordinário. Primeiro, Ashkenazy dá sua interpretação aos Quadros no piano, onde dá um show; depois rege a Philharmonia Orchestra numa versão orquestral que não é a de Ravel, é sua. Não tenho a versão de Ravel em meus ouvidos para poder fazer comparações, porém digo que a versão de Ashkenazy é muito boa. Certamente sua versão fica mais próxima ao estilo de Mussorgsky — vide a ópera Boris Godunov cuja sonoridade voltei a ouvir neste Quadros — do que a orquestração também brilhante, mas muito mais limpa e ocidental, de Ravel.

Quadros de uma Exposição foi moda nos anos 70. Foram feitas dezenas de gravações — na versão original e na de Ravel — a partir de um surpreendente trabalho realizado por Emerson, Lake & Palmer. Voltei ao CD do ELP ontem. Tem momentos bastante divertidos.

Modest Mussorgsky (1839-1881): Quadros de uma Exposição (ao piano e em versão orquestral, Ashkenazy em ambas)

1. Pictures at an Exhibition – for Piano – Promenade – Gnomus 4:06
2. Pictures at an Exhibition – for Piano – Promenade – The Old Castle 5:10
3. Pictures at an Exhibition – for Piano – Promenade – The Tuileries – Bydlo 3:48
4. Pictures at an Exhibition – for Piano – Promenade – Ballet of Unhatched chicks – 2 Polish Jews 4:11
5. Pictures at an Exhibition – for Piano – The Market Place at Limoges – The Catacombs 6:36
6. Pictures at an Exhibition – for Piano – The Hut on Fowls Legs – The Great Gate of Kiev 8:28

Vladimir Ashkenazy, piano

7. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – Gnomus 4:02
8. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – The old castle 5:24
9. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – Tuileries – Bydlo 3:54
10. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – Ballet of the unhatched chicks – 2 Polish Jews 4:33
11. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – The Market Place at Limoges 7:03
12. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – The Hut on Fowls Legs – The Great Gate of Kiev 9:09

Philharmonia Orchestra
Vladimir Ashkenazy, regente

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Vladi no piano e na regência
Vladi no piano, na regência e vestindo Sibelius na camiseta

PQP

.: interlúdio :. Gotan Project: La Revancha Del Tango

.: interlúdio :. Gotan Project: La Revancha Del Tango

IM-PER-Dí-VEL !!!

Originalidade é uma mercadoria escassa no mundo da música hoje em dia, então a própria existência de um grupo como o Gotan Project é motivo de comemoração. Quando eles apareceram pela primeira vez em 2000 com os singles El Capitalismo Foráneo e Triptico, o Gotan Project, que, como o PQP Bach, tem sede em Paris, se destacou misturando house, jazz e sons latinos baseados nos ritmos e na instrumentação do tango. Embora isso não pareça um conceito particularmente radical, o fato é que ninguém jamais havia feito isso antes, e o Gotan o fez com tanta perfeição, especialmente no deslumbrante Triptico, que ninguém mais poderá seguir seus passos. O som deles é tão particular que está quase além da imitação. Começando com os acordes de abertura de Queremos Paz, o Gotan Project construiu um conjunto de 10 canções de melodias jazzísticas e soltas costuradas por batidas sólidas de rock que parecem pairar em algum lugar entre os tangos argentinos tradicionais e os breakbeats modernos, com talvez apenas um toque de jazz da era bebop para manter a vibração. Os membros oficiais do Gotan são os tecladistas/programadores de beat Philippe Cohen Solal e Christoph H. Müller e o guitarrista Eduardo Makaroff (uma verdadeira coleção internacional de nomes), mas o músico que realmente define o som do grupo é provavelmente Nini Flores. Flores toca bandoneón. Em cada faixa de La Revancha, ele dá um banho. Sua forma de tocar é maravilhosa, nunca excessivamente chamativa, mas transbordando com uma paixão discretamente contida. Basta ouvir as notas altas assustadoras que abrem suas frases flexíveis em El Capitalismo Foráneo, ou a maneira como ele corta a paisagem sonora na sombria Chunga’s Revenge, que é um Frank Zappa platino… Por melhor que Flores seja, os outros músicos convidados de La Revancha combinam com ele sensualmente nota por nota sensual. O violino de Line Kruse e o piano de Gustavo Beytelmann estão em ótima forma, especialmente em Triptico, que como o próprio título sugere é basicamente uma vitrine para cada um dos três solistas. Alguns puristas irão, sem dúvida, protestar contra a apropriação do Gotan Project do estilo musical semioficial da Argentina, mas acho que a maioria dos fãs de tango ficará tão entusiasmada quanto eu com a maneira como eles dão nova vida à forma. Graças ao nível de talento envolvido para reconstruir um ritmo sem deixar que ele ofusque seus músicos principais, La Revancha del Tango é um triunfo geral para a dance music moderna de base latina.

.: interlúdio :. Gotan Project: La Revancha Del Tango

1 Queremos Paz 5:15
2 Época 4:27
3 Chunga’s Revenge 5:01
Written-By – Frank Zappa
4 Tríptico 8:26
5 Santa María (Del Buen Ayre) 5:57
6 Una Música Brutal 4:11
7 El Capitalismo Foráneo 6:12
Written-By – Avelino Flores
8 Last Tango In Paris 5:50
Written-By – Gato Barbieri
9 La Del Ruso 6:22
10 Vuelvo Al Sur 6:59
Written-By – Astor Piazzolla, Fernando E. Solanas

Acoustic Guitar – Eduardo Makaroff
Bandoneon – Nini Flores
Double Bass – Fabrizio Fenoglietto
Drum Programming [Beat Programming], Bass, Keyboards – Christoph H. Müller
Keyboards, Bass, Sounds, Effects [Dub Fx] – Philippe Cohen Solal*
MC – Willy Crook
Percussion – Edi Tomassi*
Piano – Gustavo Beytelmann
Violin – Line Kruse
Vocals – Cristina Vilallonga
Written-By – Christoph H. Müller (tracks: 1, 2, 4 to 7, 9), Eduardo Makaroff (tracks: 1, 2, 4 to 6, 9), Philippe Cohen Solal* (tracks: 1, 2, 4 to 7, 9)

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O pessoal do Gotan Project é todo estiloso.

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Maurice Ravel (1875-1937) / Claude Debussy (1862-1918): Piano Concertos / Fantaisie for Piano & Orchestra (Kocsis / Fischer)

Maurice Ravel (1875-1937) / Claude Debussy (1862-1918): Piano Concertos / Fantaisie for Piano & Orchestra (Kocsis / Fischer)

Vou ser claro: eu não gosto de Debussy. Claro que ouço com prazer a Suíte Bergamasque e as peças orquestrais La Mer e Nocturnes, mas aqueles prelúdios e coisinhas para piano… Aquelas brumas diáfanas… Olha, às vezes me parece que Debussy inventou a New Age, o gênero de música que serve para não ser ouvido; aquele que, quando termina, você nem se dá conta, pois não estava prestando nenhuma atenção mesmo!

Juntá-lo com Ravel parece óbvio para os fazedores de CDs, mas não para mim. Seus dois Concertos para Piano são notáveis. O Adagio Assai do primeiro é de morrer por ele! Eu amo Ravel! Então digo que — juro! — ouvi atentamente os dois concertos maravilhosamente interpretados pelo grande Zoltán Kocsis (1952–2016) e seu amigo Iván Fischer e não lembro nada, mas nada mesmo, da tal Fantasia. Vale (muito) pelo Ravel!

Ravel: Concertos para piano / Debussy: Fantasia para piano e orquestra

Piano Concerto in G Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 19:48
1. Allegramente Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:50
2. Adagio assai Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 8:14
3.Presto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 3:44

Piano Concerto for the left hand in D Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 17:38
4. Lento Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:45
5. Allegro Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 4:56
6. Tempo I Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 4:56

Fantasy for piano and orchestra Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 19:51
7. Andante ma non troppo-Allegro giusto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 6:28
8. Lento e molto espressivo Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:06
9. Allegro molto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 6:16

Zoltán Kocsis, piano
Budapest Festival Orchestra
Iván Fischer

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Kocsis, uma amiga e o húngaro

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Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel, Filarmônica de Viena)

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel, Filarmônica de Viena)

Esta não é uma grande versão da quinta de Mahler. Ou melhor, a gravação é boa, mas não é candidata ao Olimpo das Gravações. Tornei-me muito exigente em relação a esta obra após ver Daniele Gatti regê-la em Roma. É da vida. A gente vê um cara que realmente é íntimo da obra e ele estraga as outras versões. O alcance emocional da obra pode ser enorme e me parece que Maazel fica aquém dele. O drama é reflexo dos problemas pelos quais o compositor passava. A Sinfonia Nº 5 começou a ser escrita em 1901, após uma grave doença. Na noite entre 24 e 25 de fevereiro, Mahler quase morreu em razão de uma hemorragia intestinal. Durante a convalescença, ele fez o esboço dos primeiros movimentos. No verão seguinte, ele começava uma nova vida acompanhado de sua esposa Alma. Ela também ajudou o marido, sendo a responsável por copiar a partitura da nova sinfonia. Naquele verão, com Alma, ele compôs o famoso Adagietto e o movimento final. Em 24 de agosto de 1901, ele terminaria a partitura, tocando-a ao piano para Alma.

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel)

Part I , Movement I: Trauermarsch
1 In Gemessenem Schritt. Streng. Wie Ein Kondukt. 5:50
2 Prötzig Schneller. Leidenschaftlich. Wild. 2:13
3 Tempo I. 5:56

Part I, Movement II
4 Stürmisch Bewegt. Mit Grösster Vehemenz. 4:30
5 Langsam Aber Immer. 5:48
6 Nicht Eilen. 4:41

Part II, Movement III: Scherzo
7 Kräftig, Nicht Zu Schnell. 2:30
8 Etwas Ruhiger. 4:23
9 Molto Moderato. 4:02
10 A Tempo I. 4:10
11 Tempo I. (Subito)
French Horn – Wolfgang Tomböck Jr.*
2:31

Part III, Movement IV: Adagietto
12 Sehr Langsam. 10:33

Part III, Movement V: Rondo-Finale
13 Allegro. 8:15
14 Nicht Eilen. A Tempo. 3:42
15 Grazioso. 3:20

Conductor – Lorin Maazel
Orchestra – Wiener Philharmoniker

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Mahler no comando

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.: interlúdio :. Miroslav Vitous: Universal Syncopations (Vitous, Garbarek, Corea, McLaughlin, DeJohnette)

.: interlúdio :. Miroslav Vitous: Universal Syncopations (Vitous, Garbarek, Corea, McLaughlin, DeJohnette)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Algumas obviedades são muito verdadeiras. Quando você Universal Syncopations, entenderá que música é sobre ouvir. Syncopations é um encontro único de grandes músicos que, além de tocarem com verdadeira maestria, parecem ouvir uns aos outros com atenção e respeito. É uma espécie de democracia auditiva: todo mundo tem a chance de dizer o que quer e, ao mesmo tempo, cada um deixa o outro falar. No entanto, Vitous representa a espinha dorsal dessa conversa democrática. Ele está sempre sugerindo o assunto. Ele não impõe, ele propõe. É inútil dizer que Vitous é um mestre orador. Seu discurso não é alto, mas suave e claro e, acima de tudo, imaginativo e habilidoso. Vitous constrói um equilíbrio perfeito entre as virtudes harmônicas e melódicas do baixo. E DeJohnette é um monstro a auxiliá-lo a manter o ritmo. A banda é um bando de veteranos astutos — hoje alguns já morreram — que conversam e colaboram com declarações curtas, mas incisivas e graciosas. A cota de Jan Garbarek talvez seja maior. A incursão inusitada de seu sax é um dos destaques de Universal Syncopations. Já Chick Corea, por sua vez, permanece bastante discreto. Ele diz isso ou aquilo e depois volta ao silêncio. O mesmo acontece com o guitarrista John McLaughin, que parece dizer “olha, eu acho que…” e então se cala. Mas o início de seu pensamento vale a pena ser ouvido com atenção… Por outro lado, o repertório se tece como uma suíte, orgulhosa representante da estética ECM. É mais uma atmosfera audível do que apenas uma sessão de gravação de um grupo de velhos amigos. A foto da capa do disco mostra um misterioso céu noturno adornado com nuvens brancas tracejadas. Se tal imagem pudesse fazer som, as Universal Syncopations de Vitous chegariam direto aos nossos ouvidos, conversando e nos deixando saber porque a música é, apenas, uma questão de ouvir.

Miroslav Vitous: Universal Syncopations (Vitous, Garbarek, Corea, McLaughlin, DeJohnette)

1 Bamboo Forest 4:35
2 Univoyage 10:48
3 Tramp Blues 5:15
4 Faith Run 4:50
5 Sun Flower 7:16
6 Miro Bop 3:59
7 Beethoven 7:13
8 Medium 5:06
9 Brazil Waves 4:26

Double Bass, Written-By – Miroslav Vitous
Drums – Jack DeJohnette
Guitar – John McLaughlin
Piano – Chick Corea
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – Jan Garbarek
Trombone – Isaac Smith (faixas: 2 to 4)
Trumpet – Wayne Bergeron (faixas: 2 to 4)
Trumpet, Flugelhorn – Valerie Ponomarev* (faixas: 2 to 4)
Written-By – Jack DeJohnette (faixas: 8), Jan Garbarek (faixas: 7, 9)

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Miroslav Vitous serrando um contrabaixo

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J. S. Bach (1685-1750): Solo & Double Violin Concertos (Podger / Manze)

J. S. Bach (1685-1750): Solo & Double Violin Concertos (Podger / Manze)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Andrew Manze e Rachel Podger que retomam peças fundamentais do barroco alemão: os Concertos para Violino de Johann Sebastian Bach. O CD merece todo meu respeito. O estilo de Manze é altamente individual. Alguns de seus acordes soam notavelmente rústicos. Ele usa o vibrato mínimo, que é o correto. Além disso, ele não tem medo de ornamentar os concertos solo — uma prática que pode irritar quanto satisfazer os ouvintes. Ele geralmente reserva essas alterações nas recapitulações e defende seus embelezamentos com base na própria prática de Bach. Essas novidades vão desde as notas no final do Allegro de abertura do BWV1043 até as intervenções mais extensas no primeiro Allegro de BWV1042. Ouvintes conservadores podem sair correndo… A Academia de Música Antiga oferece um papel coadjuvante competente. Mas vale sempre a pena ouvir Manze em palavras e ações. E aqui ele está acompanhado de uma futura estrela, a jovem, na época, Rachel Podger. Um fato curioso é que ninguém pode ter certeza de quantos concertos para violino Bach escreveu. Sua produção de concerto consiste em várias obras escritas para determinados instrumentos, depois reorganizadas para outros. O cânone estabelecido de seus concertos para violino é limitado ao BWV 1043, 1041 e 1042. O resto não se sabe.

Johann Sebastian Bach (1685-1770) – Solo & Double Violin Concertos

Concerto in D Minor for Two Violins BWV 1043
01. Vivace
02. Largo ma non tanto
03. Allegro

Concerto in A Minor for Violin BWV 1041
04. Allegro
05. Andante
06. Allegro Assai

Concerto in E Major for Violin BWV 1042
07. Allegro
08. Adagio
09. Allegro assai

Concerto in D Minor for Two Violins BWV 1060
10. Allegro
11. Adagio
12. Allegro

Andrew Manze & Rachel Podger, violinos
The Academy of Ancient Music
Andrew Manze, regente

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O violinista e regente Andrew Manze
O violinista e regente Andrew Manze

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