Tentar atender um chavão como postar “O Quebra-Nozes” no Natal ao mesmo tempo que se o subverte marotamente é puro sumo deste blogue, pelo que resolvi trazer-lhes hoje estas gravações. Se certamente há na discografia de “Duke” álbuns mais brilhantes, também há muita beleza e humor nessas transmutações do balé de Tchaikovsky que fizeram tanto e tão tremendo sucesso em sua época quanto foram rapidamente esquecidas entre os jorros da cornucópia criativa de Ellington. Digno de nota é o destaque então inédito dado a seu braço direito: o incansável Billy Strayhorn, compositor de “Take the ‘A’ Train” e de “Chelsea Bridge”, excelente pianista e, sobretudo, arranjador responsável por muito do que de imediatamente reconhecível há no som de “Duke” e sua orquestra. Seu sobrenome aparece, merecidamente, entre os de “Duke” e Pyotr na capa do LP original, da mesma forma que seu nome ganha as mesmas maiúsculas que o dos colegas mais velhos na capa do álbum que lhes apresentamos na sequência, aquele que interrompeu inacreditáveis cinquenta anos até que tivessem a ideia de lançar o “Quebra-Nozes” de Tchai ao lado de sua suingueira recriação pelos talentos do Novo Mundo.
THE NUTCRACKER SUITE (1960)
Ellington – Strayhorn – Tchaikovsky
Música de Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893)
Arranjos de Duke Ellington e Billy Strayhorn
1 – Overture
2 – Toot Toot Tootie Toot (Dance of the Reed-Pipes)
3 – Peanut Brittle Brigade (March)
4 – Sugar Rum Cherry (Dance of the Sugar-Plum Fairy)
5 – Entr’acte
6 – Volga Vouty (Russian Dance)
7 – Chinoiserie (Chinese Dance)
8 – Danse of the Floreadores (Waltz of the Flowers)
9 – Arabesque Cookie (Arabian Dance)
Duke Ellington, piano
Willie Cook, Fats Ford, Ray Nance e Clark Terry, trompetes
Lawrence Brown, Booty Wood e Britt Woodman, trombones
Juan Tizol, trombone valvulado
Jimmy Hamilton, clarinete e sax tenor
Johnny Hodges, sax contralto
Russell Procope, sax contralto e clarinet
Paul Gonsalves, sax tenor
Harry Carney, sax barítono, clarinete e clarone
Aaron Bell, contrabaixo
Sam Woodyard, bateria
Gravado em 26 e 31 de maio e 3, 21 e 22 de junho de 1960 nos estúdios Radio Recorders, Los Angeles, Estados Unidos.
NUTCRACKER SUITES (2013)
Harmonie Ensemble New York
Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Suíte do balé Shchelkuntchik (“O Quebra-Nozes”), Op. 71a
1 – Abertura
2 – Marcha
3 – Dança da Fada Açucarada
4 – Trépak (Dança Russa)
5 – Dança Árabe
6 – Dança Chinesa
7 – Dança das Flautas de Bambu
8 – Valsa das Flores
The Nutcracker Suite
Arranjo de Billy Strayhorn e Duke Ellington para a Suíte do balé “Quebra-Nozes” de Tchaikovsky
9 – Overture 3:19
10 – Toot Toot Tootie Toot (Dance of the Reed Pipes)
11 – Peanut Brittle Brigade (March)
12 – Sugar Rum Cherry (Dance Of The Sugar Plum Fairy)
13 – Entr’acte 1:56
14 – The Volga Vouty (Russian Dance)
15 – Chinoiserie (Chinese Dance)
16 – Dance of the Floreadores (Waltz of the Flowers)
17 – Arabesque Cookie (Arabian Dance)
George Cables, piano
Lew Soloff, Robert Millikan e Steve Bernstein, trompetes
Art Baron, Curtis Fowlkes e Wayne Goodman, trombones
Scott Robinson, clarinete, sax contralto e flauta de bambu
Mark Gross, sax contralto
Bill Easley, clarinete e sax tenor
Bobby Lavell e Lew Tabackin, sax tenor
Ron Janelli, sax barítono e clarone
Hassan Shakur, contrabaixo
Victor Lewis, bateria
Harmonie Ensemble New York
Steven Richman, regência
Oi, Vassily!! Obrigado, e Feliz Natal a você e toda a equipe do PQP!!
Como curiosidade, vai aqui outro arranjo do Quebra Nozes, por Keith Emerson…
https://www.youtube.com/watch?v=30U5Uyg2Wp8
Grato, Eduardo – pelas felicitações e pelo arranjo de Emerson, que desconhecia!
Prezado Vassily
Toquei para quase todos eles que estão nesse lindo disco! Dá uma espiada:
http://www.edgardpocas.com.br/wp-admin/post.php?post=7412&action=edit
Abraço e Feliz Natal!
Edgard
Salve, Edgard!
Que privilégio! Gostaria muito de acessar o link que enviou, mas ele não me é acessível: presumo que você o tenha remetido a partir da área restrita de seu blog. Poderia tentar novamente?
Feliz Natal!
Desculpe Vassily! Acho que agora vai. Meu blog é a desorganização total, uma gaveta onde fui jogando o que rolou, para um dia, quem sabe, construir um site – carinha pretensioso – assim como o pqp, que é o melhor da música.
http://www.edgardpocas.com.br/category/qualquer-nota/trem-da-bamba/
Abraço
Edgard
Caro Edgard,
Virei suco com o que li. Que momento!
Nem sei o que me passaria pela cabeça se tocasse para Duke Ellington. O que passou pela sua?
Acho que não passou o que deveria passar. Eu até que tocava legal; uma vez acompanhando o Vinicius de Moraes na casa de amigo (c. 1965) o Baden ficou espantado: -Esse moleque tem uma mão direita FDP! Depois tive um acidente, não pude mais tocar direito e fui fazer jingles, trilhas para publicidade, Balão Mágico, … Mas, a história, foi que um empresário artístico (Moracy do Val) ligou para o Nelson Ayres, piano, colega de conjunto – os outros eram, Zeca Assumpção, baixo, Roberto Sion, sax e William Caram, bateria – e disse que o Duke estava em Sampa e queria ouvir a BN. Quando vc tem 19 anos não tem desconfiômetros e topei na hora. O legal foi ver as feras descendo do ônibus, reconhecendo todos – eu lia a Down Beat – o Johnny Hodges era do tamanho do Grande Otelo e parecia uma azeitona! No fim da fila veio o Duke terno azul claro, camisa cor-de-rosa e um rabinho de cavalo – nunca tinha visto um cara com! Se vc tiver um tempinho, a história tá la no blog. Tomei um porre com o Paul Gonçalves, o Cat Anderson (que veio no lugar do Maynard Ferguson ) e o Cootie Williams (depois vim saber que ele foi parceiro do monge das esferas em ‘Round Midnight! Hoje, diria como outro cara genial que tive a felicidade de ser amigo (Otto Lara Resende) – “Eu não sou covarde, o que me falta é coragem”.
Grande abraço.
Parabéns pelo seu trabalho. Sou um velho frequentador do site.
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