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IM-PER-DÍ-VEL !!!
O extraordinário Concerto para Orquestra é uma obra-prima em cinco movimentos composta por Béla Bartók em 1943. É uma de suas obras mais conhecidas e populares. Na partitura está escrito “15 de agosto – 8 de outubro de 1943”. Foi estreado em 1º de dezembro de 1944 pela Orquestra Sinfônica de Boston regida por Serge Koussevitzky. Foi um enorme êxito. Este Concerto é o mais conhecido da série de peças que têm o título aparentemente contraditório de Concerto para Orquestra. Isso contrasta com a forma convencional de concerto, que apresenta um instrumento solo com acompanhamento orquestral. Bartók disse que chamou a peça de concerto em vez de sinfonia, devido à forma como cada seção dos instrumentos é tratada — sempre de forma solista e virtuosística. A obra foi escrita em resposta a uma encomenda da Fundação Koussevitzky (dirigida pelo maestro Serge Koussevitzky) após a mudança de Bartók da sua Hungria natal — de onde ele fugiu por causa da Segunda Guerra Mundial — para os Estados Unidos. Especulou-se que a obra anterior de Bartók, o Quarteto de Cordas nº 6 (1939), poderia muito bem ter sido a última se não fosse por esta encomenda, que deu origem a um pequeno número de outras composições, incluindo sua Sonata para Violino Solo e o igualmente belíssimo Concerto para Piano No. 3. Bartók revisou seu Concerto para Orquestra em fevereiro de 1945. A maior mudança ocorreu no último movimento, que ficou mais longo. Ambas as versões do finale foram publicadas, mas o finale revisado é quase universalmente o executado.
Bartók escreveu a seguinte nota no programa de estreia da obra:
O clima geral da obra representa uma transição gradual da severidade do primeiro movimento e da lúgubre canção de morte do terceiro, para uma afirmação de vida do último. (…) O título desta obra orquestral sinfônica é explicada por sua tendência a tratar os instrumentos orquestrais individuais de uma maneira concertante ou solística. O tratamento “virtuoso” aparece, por exemplo, nas seções fugato do desenvolvimento do primeiro movimento (instrumentos de sopro) , ou na passagem perpetuum mobile do tema principal no último movimento (cordas), e especialmente no segundo movimento, em que duplas de instrumentos aparecem consecutivamente com passagens brilhantes.
Uma história encantadora e raramente citada sobre esse segundo movimento é relatada pelo maestro Antal Dorati — regente desta gravação –, que estudou piano e composição com Bartók em Budapeste e que ocasionalmente visitava seu antigo professor em Nova York:
Uma vez, quando estávamos sozinhos, Bartók me perguntou:
— Você sabe qual é a interrupção no interrotto do intermezzo [do Concerto]?
— Claro que sim, professor. É da Viúva Alegre.
–Da Viúva Alegre?
A música de Lehár era totalmente desconhecida para ele… Ele simplesmente não havia entendido a que eu estava me referindo.
Então, evidentemente, não era uma citação de lá.
— O que é então?
Tendo extraído minha promessa solene de que não contaria a ninguém enquanto ele ainda estivesse vivo, ele confidenciou que estava caricaturando uma melodia da Sétima Sinfonia de Shostakovich, a “Leningrado”, que então gozava de grande popularidade na América e, na opinião de Bartók, mais do que merecida, pela luta contra o fascismo
— Então, dei vazão à minha raiva — completou ele.
Voltando, o Concerto para Orquestra segue o palíndromo empregado por Bartók em seu Quarto Quarteto de Cordas (1928), em que o movimento central lento é circundado por dois scherzos, que por sua vez são circundados por dois movimentos maiores.
É uma música linda, virtuosística e de conteúdo. É o trabalho mais popular do compositor e termina numa fuga espetacularmente complexa, antes da conclusão deliciosamente empolgante. No quarto movimento, o segundo scherzo, a orquestra parece rir duas vezes, coisa que Doráti consegue realizar esplendidamente nesta gravação.
Tamanha obra-prima veio acompanhada do Divertimento para Cordas, uma peça bem mais ou menos…
Mais interessante é o Scherzo para Orquestra. Em 1902, aos 21 anos, Bartók começou a trabalhar numa Sinfonia. Depois de tocar partes dela para professores e amigos, o compositor ficou inseguro de seu valor e, no final, decidiu orquestrar apenas o Scherzo. Para aqueles que estão familiarizados com as obras mais conhecidas dos últimos anos de Bartók, esta primeira peça de dez minutos será uma surpresa, principalmente por seu som típico de Richard Strauss. O Scherzo começa com um clima ensolarado, um ostinato animado que leva ao tema principal, uma valsa rápida de caráter um tanto brahmsiano. Alguns notaram sua semelhança com o segundo tema do primeiro movimento da Segunda Sinfonia de Brahms. Outros trechos de valsa aparecem ao longo do movimento. A orquestração de Bartók é bastante colorida, lembrando a música orquestral do Sibelius jovem. Na época, Bartók ainda não tinha desenvolvido a paixão pela música folclórica, o que explica motivo de este Scherzo ser livre de qualquer indício de sabores húngaros. Aqueles que ouvem esta pequena joia pela primeira vez, provavelmente não suspeitarão que seu compositor é o jovem Béla Bartók.
Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra / Divertimento para Cordas / Scherzo para Orquestra (Doráti, Lehel) #BRTK140 Vol. 13 de 29
1 Concerto for orchestra, Sz. 116, BB 123: I. Introduzione
orchestra:
Hungarian State Orchestra (Hungarian National Philharmonic Orchestra)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: I. Introduzione. Andante non troppo – Allegro vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1943)
part of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123
9:40
2 Concerto for orchestra, Sz. 116, BB 123: II. Giuoco delle coppie
orchestra:
Hungarian State Orchestra (Hungarian National Philharmonic Orchestra)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: II. Giuoco delle coppie. Allegretto scherzando
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1943)
part of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123
6:37
3 Concerto for orchestra, Sz. 116, BB 123: III. Elegia
orchestra:
Hungarian State Orchestra (Hungarian National Philharmonic Orchestra)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: III. Elegia. Andante non troppo
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1943)
part of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123
6:43
4 Concerto for orchestra, Sz. 116, BB 123: IV. Intermezzo interrotto
orchestra:
Hungarian State Orchestra (Hungarian National Philharmonic Orchestra)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: IV. Intermezzo interrotto. Allegretto
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1943)
part of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123
4:33
5 Concerto for orchestra, Sz. 116, BB 123: V. Finale
orchestra:
Hungarian State Orchestra (Hungarian National Philharmonic Orchestra)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: V. Finale. Pesante – Presto
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1943)
part of:
Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123
9:34
6 Divertimento for string orchestra, Sz. 113, BB 118: I. Allegro non troppo
orchestra:
Hungarian State Orchestra (Hungarian National Philharmonic Orchestra)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Divertimento for String Orchestra, Sz. 113, BB 118: I. Allegro non troppo
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
Divertimento for String Orchestra, Sz. 113, BB 118
9:40
7 Divertimento for string orchestra, Sz. 113, BB 118: II. Molto adagio
orchestra:
Hungarian State Orchestra (Hungarian National Philharmonic Orchestra)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Divertimento for String Orchestra, Sz. 113, BB 118: II. Molto adagio
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
Divertimento for String Orchestra, Sz. 113, BB 118
9:20
8 Divertimento for string orchestra, Sz. 113, BB 118: III. Allegro assai
orchestra:
Hungarian State Orchestra (Hungarian National Philharmonic Orchestra)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Divertimento for String Orchestra, Sz. 113, BB 118: III. Allegro assai
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
Divertimento for String Orchestra, Sz. 113, BB 118
7:39
9 Scherzo from symphony in E-flat major, BB 25, DD 68 for orchestra in C major: Scherzo
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Scherzo for piano & orchestra, DD 68, Sz. 28, BB 25 (Op. 2): II. Allegro. Scherzo
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Scherzo (Burlesque), DD 68, Sz. 28, BB 25, op. 2
PQP
El asunto de la Viuda Alegre lo he leído en varios sitios pero indicando que Bartok parodiaba a Chostakovich considerando la 7 Sinfonía como muy floja. Ironizaba sobre la gran consideración que tenía ese autor en aquellos momentos. Kousevinsky le abrumaba con sus alabanzas al ruso.
Ignoro si Bartok conocía mas música de Chostakovich o cual de ellas. A mí mi no me extraña, por el carácter severo del húngaro, que no le gustara.
Eso explica mejor que Bartok le pidiera a Dorati que guardara el secreto hasta su muerte. No quería que se supiese su mala opinión sobre la música del ruso.
Por cierto. En mis lecturas sobre el asunto resulta que Bartok parodiaba a Chostakovich usando a Lehar y, por lo tanto, asemejándolos.
Aprovecho para agradecerles cordialmente su trabajo.
Obrigado pelos esclarecimentos.