Robert Schumann
Dichterliebe – Liederkreis
Olaf Bär
Geoffrey Parsons
Esta postagem é também uma homenagem a Robert Schumann, por ocasião dos 210 anos desde seu nascimento.
Schumann nutria diversas paixões, afinal foi uma figura enorme do romantismo. Entre estas paixões estava a literatura, a música e (é claro) a pequena e linda Clara Wieck. Estas muitas paixões convergiram e no ano 1840 apenas, Robert (ouso tuteá-lo) deitou em papel cerca de 150 canções – einhundertfünfzig Lieder. Entre elas, as que foram compostas sobre os poemas de Heinrich Heine e Joseph von Eichendorff, que acabaram reunidas em dois ciclos: o Dichterliebe, Op. 48 e o Liederkreis, Op. 39. Dichterliebe significa Amor do Poeta, mas prefiro pensar em Os Amores do Poeta, uma vez que poeta merece certas regalias. Já Liederkreis é mais burocrático e significa Ciclo de Canções e este nome foi usado para outros grupos de canções.
O Dichterliebe é o mais famoso dos dois e acho que merecidamente, mas o outro ciclo tem suas muitas belezas.
Percebi na primeira vez que ouvi esta coleção de canções, na voz do inigualável Dietrich Fischer-Dieskau, que gostaria delas para sempre. Pois que há música da qual gostamos, mas que podemos deixar de gostar. A introdução brevíssima ao piano, seguida da frase ‘Im wunderschönen Monar Mai’ – No Maravilhoso Mês de Maio – é uma combinação matadora. Trata da chegada da Primavera, que no hemisfério norte inicia em maio.
Pleno de expectativas começa o ciclo, que se desenrolará para uma decepção amorosa, passando antes por algumas outras paradas. Entre elas, a majestosa Catedral de Colônia, próxima do Reno, com a imagem da Santa, cujos olhos, lábios e bochechas (palavra que em Português perde um pouco de seu romantismo) são tais quais os da amada. Já deu para sentir que vai rolar um pouquinho de ‘dor de corno’. Mas é parte do filme. Vá lá, ouça por você…
Do ponto de vista da música, o que eu acho maravilhoso no ciclo é a alternância de ritmos, uma canção mais lenta seguida de outra que dança e outra que acelera. Eu poderia ouvi-lo vez e mais outra e outra ainda. Sem cansar. Especialmente nesta linda, linda gravação do barítono Olaf Bär, acompanhado do excelente pianista Geoffrey Parsons, que teve o talento que não é dado a muitos, de saber acompanhar os cantores. De certa forma, Geoffrey fez o papel que foi exercido por Gerlad Moore uma geração antes. Pena ter ido embora relativamente cedo, em 1995. Olaf Bär esteve atuante nas décadas de 1980 e 1990 como cantor de ópera e de Lieder. Tem uma voz maravilhosa, curiosamente em algumas situações, bonita até demais. Eu não ouço mais sua gravação do ciclo Die Schöne Müllerin por isso. E também por que acho que ele se dá muuuiito tempo. Mas não é hora de me estender nestas coisas, trarei mais coisas dele aqui, provavelmente. Especialmente Hugo Wolf!!!
Ah, sim, o outro ciclo não conta assim, uma espécie de historinha, mas as canções se aninham umas as outras em função dos temas ligados à natureza, coisa que os germânicos são, por assim dizer, chegados.
Robert Schumann (1810 – 1856)
Dichterliebe, Op. 48
Ciclo de canções sobre poemas de Heinrich Heine
Liederkreis, Op. 39
Ciclo de canções sobre poemas de Joseph von Eichendorff
Olaf Bär, barítono
Geoffrey Parsons, piano
Gravação feita em julho de 1985
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FLAC | 188 MB
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MP3 | 320 KBPS | 123 MB
Este é um daqueles discos que pode ficar assim, eclipsado, pela busca recorrente de mais famosos cantores, como o já citado Fischer-Dieskau ou o tenor Peter Schreier, mas merece ser ouvido. Eu escolheria-o antes de muitos, muitos outros. Espero que você tenha a chance de ver por si mesmo.
Aproveite!
René Denon
Belíssimo!!